Fanfic: Simplesmente | Tema: Portiñon
Olhei para Anahi antes de soltar sua mão e fiz um aceno de cabeça para que ela entrasse mais na sala. Só então fui abraçar a minha terceira e principal mãe. Olivia havia cuidado de mim apesar de ter dado tanto problema. Sentia como se abraçasse mesmo a minha mãe, meus olhos lacrimejavam e eu mal podia soltá-la, não queria, era tão reconfortante aquele abraço! Mas Olivia nos separou para poder segurar meu rosto entre as mãos e me deu aquele sorriso orgulhoso.
–Você está tão bem minha menina – ela murmurava contente – Mas venha, sente. Essa é sua amiga?
–Ah perdão! Olivia essa é Anahi, Anahi essa é Olivia a mulher que cuidou de mim e me fez o que é hoje – apresentei com um enorme sorriso.
–La signora deve ser incrível para ter tanta paciência com essa ragazza teimosa – Anahi comentou não deixando de me provocar.
–Ah, Dulce sempre foi muito hiperativa – Olivia concordou rindo.
Elas se abraçaram e eu sorri mais ainda. Foi então que decidi algo, sabia que Anahi poderia brigar comigo depois, mas eu queria que Olivia soubesse. Então, peguei a mão dela novamente, entrelacei nossos dedos e mesmo corando sorri sem jeito para Olivia.
–Bem... Ela não é apenas minha amiga – falei um tanto tímida.
Anahi me olhou surpresa por ter revelado. Olivia me olhava intrigada e logo sorriu grande. A senhora sabia, sempre soube, de minha opção sexual, talvez fosse a primeira a saber mesmo antes de mim. Quando beijei a primeira garota, fora para Olivia que eu tinha contado, não para meus pais adotivos.
–Oh, finalmente! – Olivia exclamou botando a mão no coração – Minha menina finalmente encontrou alguém para se aquietar. Você deve ser uma mulher e tanto minha jovem, porque Dulce nunca trouxe nenhuma outra para cá além de você.
Isso era verdade. Não havia percebido isso, apenas achava que seria bom Anahi conhecer o lugar que tinha sido criada e aproveitei a oportunidade. Mas... Eu nunca havia pensado nisso com as outras garotas, não mesmo! Quando a italiana me olhou, eu desviei o olhar encabulada, Deus, estava mesmo gostando dela, do tipo pra valer mesmo!
–Sentem-se meninas, vamos conversar um pouco! – pediu Olivia quebrando o momento.
Tirei o violão das costas e deixei encostado em uma das paredes, olhei para Anahi que já sentava em uma das cadeiras a frente da mesa e fiz o mesmo. Meu coração ainda estava disparado, ainda tentando entender o que eu havia feito tão naturalmente. Mas tive de empurrar isso tudo para depois quando Olivia começou a conversar com Anahi e conseqüentemente a contar todas as minhas traquinagens. Não preciso dizer que fiquei mais que vermelha e incomodada com a situação. Eu era um pequeno demônio quando criança e não havia dado sossego para a senhora a nossa frente, mas o que eu podia fazer? Não tinha mais culpa disso! Anahi se divertia, perguntava coisas e cativava Olivia cada vez mais, podia ver o brilho nos olhos de Olivia enquanto conversava, como se estivesse conhecendo sua nora.
–Já está na hora não? – perguntei um pouco emburrada.
–Ah sim, as crianças vão amar saber que você está aqui. Vou chamá-las e levá-las para a sala recreativa, espere lá sim? – Olivia disse levantando da cadeira.
Fiz que sim com a cabeça e a senhora saiu. Anahi pegou meu violão primeiro que eu e deu de ombros enquanto oferecia o seu braço para que eu pegasse.
–Só para deixar claro, você é a dama aqui ok? – reclamei mas mesmo assim enlacei meu braço no dela.
–Si mio cavaleiro – Anahi ria divertida – Eu adorei a signora Olivia.
Sorri ao escutar aquilo. Seguimos direto para uma sala, uma das maiores do lugar, onde havia varias mesas pequenas com cadeiras igualmente pequenas para crianças. Havia desenhos por todos os lados, brinquedos amontoados em um canto e livros em uma prateleira. Aquele foi o meu lugar predileto, sem sombra de dúvidas. Foi então que me lembrei de algo, caminhei até a prateleira e puxei algo que havia escondido a muito tempo atrás, provavelmente Olivia havia encontrado, mas deixado no mesmo lugar. Puxei uma folha de papel escondida atrás da madeira. O papel já estava velho, mas o desenho ainda estava perfeito. Sorri com as recordações de quando o fiz. Era uma casa perto de uma praia, não era grande, mas tinha duas janelas e um cachorro na frente. Tinha o sol sorrindo, nuvens mal feitas e até pássaros voando. Aproximei de Anahi com o desenho nas mãos, ela me olhava curiosa, mas esperou eu esticar a mão o oferecendo para poder pegar e ver o que era.
–Eu o fiz um pouco antes de sair daqui, antes de saber que iria sair – respondi a pergunta no olhar dela – Era uma atividade de onde queríamos morar um dia. Eu nunca tinha visto o mar na época, só nos desenhos e filmes que assistia às vezes.
Ela nada comentou, apenas olhou de mim para o desenho. O que ela pensava? Porque estava tão séria? Arqueei uma sobrancelha e quando ameacei pegar o desenho ela o afastou no ato.
–Agora é mio – ela decretou – Quero isso.
–Claro que não, é meu desenho! – reclamei – Isso são só rabiscos.
–Não é só isso. Eu quero para mim. Algo especial seu. Posso?
Aquele beicinho e olhar pidão. Tentei ficar brava, com todas as minhas forças. Mas eu só pude revirar os olhos e suspirar alto. Anahi pulou em mim e me deu um abraço, mas tomando todo o cuidado com o desenho. Assim que ela se afastou as crianças apareceram. A maioria eu já conhecia, havia umas cinco novas no mínimo. E o melhor? Todas elas se jogaram em cima de mim, fazendo montinho enquanto eu era esmagada por um bando de pequenos humanos. Anahi apenas ria e me deixava em meu momento. Foi Olivia que me salvou, porém eu não me movi, fingindo de morta. Então as crianças se aproximaram e eu dei um salto, assustando elas. Apresentei Anahi como uma amiga muito especial para mim e as crianças logo a saudaram animadamente.
–Tia Dulce! – chamou uma das garotinhas, essa se chamava Joana e não tinha como negar, era uma das minhas prediletas – Vai tocar hoje?
–Claro que sim, Anahi trás meu violão?
Sentei em uma das almofadas, não longe de mim Anahi fez o mesmo, a minha frente uma platéia de pequenas crianças, sendo Olivia a única a ficar de pé. Comecei cantando músicas infantis e alguns pedidos que elas fizeram. Cantei por um bom tempo, recebendo aplausos a todo o fim. Depois disso fomos fazer o lanche que como sempre foi tumultuado. O melhor de tudo? Anahi se dava mais que bem com as crianças. Interagia de uma forma mágica, como se fosse a fada mágica no meio de tantas pequenas sonhadoras. Ela fazia as crianças rirem, brincava, conversava e logo estava no meio como se sempre tivesse pertencido àquele lugar.
Foi no fim da tarde, depois do almoço e lanche da tarde claro, quando estávamos no jardim que eu finalmente pude parar para pensar. Estava sentada em um banco velho, observando Anahi brincar de cabra-cega, sendo ela a de olhos vendados que tentava pegar as crianças ao redor. Eu não podia por causa de minha perna, mas Anahi supriu toda a expectativa das crianças de um dia divertido. Será que ela havia percebido que a barra de seu vestido estava suja? Ou que o cabelo estava levemente bagunçado? Se sabia, não parecia se importar. Estava mais linda ainda para mim, exibindo uma aura fascinante enquanto brincava com as crianças. Ela... era perfeita. Mesmo com seus mimos, suas manias de princesinha e seu temperamento forte... Ela era perfeita assim. E eu estava terrivelmente apaixonada por ela. Não, isso era pouco para o sentimento que transbordava dentro de mim, muito mais forte, a tão ponto de sentir um friozinho na barriga só de pensar. Eu a amava.
Claro que no inicio houve apenas paixão. Desde antes mesmo de conversar com ela direito, antes daquela festa, da tarefa inusitada da professora, eu a desejava como metade do colégio. Apenas algo físico, ela era linda, charmosa, elegante, uma dama que aprecia fogosa por baixo daquelas máscaras sociais. Mas depois... Quando nos conhecemos, tudo foi se intensificando de uma forma tão rápida e forte que mal tive controle ou escolha. Estava simplesmente, profundamente, perdidamente amando uma garota. Esperei pelo medo, pela ansiedade, pelo desastre que seria ter me apaixonado de tal forma. Mas essa sensação não veio. Sempre tive certa desconfiança com o amor, desde pequena quando este foi me negado tantas vezes. Mas me descobrir sentindo isso não me assustava, pelo contrário, piorava todos os meus outros sentimentos. Queria proteger Anahi com todas as minhas forças, arrancar sorrisos dela todos os dias, estar com ela a todo o momento. Era como um vício. Uma necessidade que só era suprida com o contato dela.
No fim, quando nos despedimos das crianças. Muitas já a abraçavam chorando e implorando para que viesse mais cedo. Ao que aparentava, eu não era a única a me descobri totalmente apaixonada pela Italiana. E o engraçado foi quando ela virou para as crianças e gritou um emocionado:
–Arrivederci!
As crianças se entreolharam e Olivia traduziu para elas. Então elas gritaram da melhor forma que conseguiriam pronunciar um arrivederci. Quando olhei para Anahi, pude ver os olhos dela lacrimejarem apesar do sorriso bobo que brincava em seus lábios. Peguei na mão dela e começamos a atravessar a rua.
–Acho melhor voltarmos de táxi, esta no horário de pico já. Mas vou ajudar a pagar ok? – ofereci encolhendo os ombros.
–Grazie – Anahi sorriu mas logo tornou a ficar um pouco séria – Você cresceu nesse ambiente, tão simples e aconchegante.
–Não se precisa de muito dinheiro para se sentir em um lar. Muitas vezes aquela instituição é melhor do que a própria casa – disse dando de ombros. Como estávamos perto do centro eu soltei a mão de Anahi e pus dentro do bolso, era perigoso encontrar algum conhecido – Por isso eu tenho planos de adotar crianças no futuro.
–Adoção? – repetiu Anahi surpresa – Já pensa nisso?
–Na verdade, eu já pensei em muita coisa – sorri sem jeito – Tenho de pensar, não posso ser tão irresponsável quando tenho Sean do meu lado. Tenho de pensar nele também.
–E quais seus planos?
–Bom, são coisas básicas, que tenho de conseguir de um jeito ou de outro. Entrar na faculdade, de preferência com algum tipo de bolsa. Continuar trabalhando enquanto estudo para poder sustentar o Sean e juntar dinheiro para coisas necessárias, um carro por exemplo. Quando me formar conseguir um bom emprego para conseguir comprar uma boa casa. Adotar crianças... Ter um cachorro. Sempre quis ter um cachorro.
–Hum. Nada de casar?
Olhei para Anahi e já ia responder que talvez. Mas era tão fácil agora imaginá-la ao meu lado em todos os planos que já fiz! Então senti novamente aquele friozinho na barriga enquanto sorria de forma tímida.
–Provavelmente irei casar sim – respondi toda boba – Apesar de não pensar assim até um tempo atrás.
–Ah...
Foi tudo o que ela disse, compreendendo a tudo e sorrindo de forma igual a mim, boba e apaixonada. Ao chegarmos ao ponto de táxi, não falamos mais nada, estávamos cansadas e com uma estranha felicidade nos dominando. Se amar era daquele jeito, eu preferia ficar apaixonada pelo resto de minha vida.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 111
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tryciarg89 Postado em 03/04/2024 - 16:55:29
Apaixonante e encantadora essa fic!!!
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aleatoria345 Postado em 30/11/2022 - 12:59:10
nossa simplesmente pefeita
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flowersportinon Postado em 30/06/2021 - 16:38:22
Oi ^•^ adorei sua história, me permitiria adapta-la para o mundo sariette??
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flavianaperroni Postado em 06/09/2015 - 20:22:59
Mais uma incrivel web,parabéns angel,você escreve maravilhosamente bem s2
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anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:17:58
Fanfic errada foi malz
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anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:15:56
Posta maais :-) :-) :-) :-)
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vverg Postado em 19/07/2014 - 14:06:41
Sem problemas senhorita! Vc faz boas escolhas para adaptar. Eu não tenho paciencia para adaptar, prefiro escrever as minhas hahahaha. Estou toda enrolada com as q escrevo, mas tah indo hahahahaha. Gosto de suas escolhas!!! =)
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angelr Postado em 19/07/2014 - 13:55:08
vverg - hahaha tbm curto mas dificil escrever cara a unica que é minha mesmo pretendo continuar ja ate escrevi um capitulo, mas as vezes me falta serenidade e inspiração to tentando vamos ver se rola e ai resolvo adaptar pq leio coisas acho bem bacana e gosto de compartilhar com vcs
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vverg Postado em 19/07/2014 - 13:06:23
Enfim! Familia feliz!!! Gostei desta adaptação, apesar de preferir estorias autorais rsrsrs. Mas uma linda fic, adorei toda a estoria *_*
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dyas Postado em 18/07/2014 - 09:53:37
Linda web. Parabéns Flor. :)