Fanfic: Simplesmente | Tema: Portiñon
A seriedade deixava seus ombros tensos. Imitei o seu ato de sentar e a olhei desconfiada. Anahi me olhava sem jeito, parecendo procurar as palavras enquanto me fitava de um jeito incerto. Isso tudo me deixava ainda mais apreensiva.
–Fale logo – pedi sentindo ansiedade.
–Conheci Antony Franzoi. Ele é uma figura importante da política italiana, trabalha na embaixada e tudo o mais – Anahi começou a explicar assumindo uma postura neutra, quase a que ela usava quando estava trabalhando ou apresentando algo – Estava em um almoço ontem com os outros e ele pediu pra se sentar conosco, eu não sabia quem ele era e no espirito que estávamos pensamos que fosse outro estagiário. O assunto era polêmico, direito das mulheres em cargos altos e o preconceito em geral. Eu e ele entramos em um debate muito difícil, o homem sabe mesmo argumentar, mas eu sou teimosa demais e continuei com meu ponto de vista... E isso pareceu impressioná-lo.
–E...? – perguntei quando ela começou a hesitar em continuar.
–Hoje bem cedo, assim que entrei no encerramento do evento ele me chamou e se apresentou formalmente. Levei um baita susto, mas não pedi desculpas por ter me alterado um pouco. Então... Bem, ele me fez uma oferta de emprego.
–Como assim?
–Eu fiz quase a mesma pergunta – ela sorriu amarelo – Mas era algo direto, ele queria que eu trabalhasse com ele em Roma. É um cargo em que eu passaria seis meses para ganhar experiência e depois algo mais definitivo.
–Roma? – repeti um pouco surpresa.
Não fazia parte de nossos planos nos mudarmos ainda. Iríamos terminar a graduação, tínhamos emprego garantido em nossos estágios e que daria uma ótima renda mensal. Só depois iríamos ver no que dava. Anahi mordeu o lábio e mexeu no cabelo, um sinal de que estava ficando nervosa.
–Ele ficou impressionado com meu discurso espontâneo no almoço e disse que era um tipo de proposta única. É mais ou menos como o Leonard fez com você... Mas dessa vez ele deu um prazo muito pequeno. Era coisa do tipo pegar ou largar, ele tinha de por meu nome nos escalados até amanhã. Fui pressionada a dar uma resposta imediata e... e...
Eu estava paralisada no lugar. O fato dela ter de decidir algo tão importante sozinha estava me deixando angustiada. O que ela teria feito? Iria me deixar? Iria para a sua terra natal? Como seria as coisas? Deus, porque estava tão insegura? Acho que o jeito como eu estava a deixou ainda mais sem jeito.
–Seria um emprego muito, muito bom. Entraria direto para o que eu quero, sem rodeios ou ter de ir pelas beiradas até conseguir o que eu quero, como acontece um pouco na política. É minha grande chance e...
–Você aceitou? – a cortei, meu tom saiu mais frio do que eu pensei.
–Não – ela murmurou e seus ombros caíram – Eu fiquei só pensando em você. Ele disse que teria de terminar a faculdade a distancia e me mudar em uma semana. Minha mente ficou muito confusa, a excitação pela proposta, o terror de me lembrar como foram dois anos longe de você. Deus eu nem estava agüentando um final de semana longe! Eu simplesmente não consegui decidir isso sozinha apesar de saber que seria provavelmente a melhor oportunidade de minha vida.
Eu estava paralisada. Anahi era do tipo obsessiva em seus objetivos. Fazia de tudo para ser a melhor de um jeito justo e realmente conseguia fazer algo brilhante. Seu temperamento deixava apenas um charme e chamava mais a atenção. E ela estava deixando aquilo tudo por mim, por não conseguir me deixar. Da mesma forma que ela se sentia confusa, eu estava naquele momento. Eu sabia que era bom para ela, mas só de pensar que ela iria partir em uma semana me deixava louca!
–E o seu estágio? O contrato? – perguntei em um fio de voz.
–Está para acabar – respondeu e buscou minha mão como se procurasse por segurança – Seria perfeito, mas eu não vou deixar você.
–Eu não conseguiria – comentei distante – Eu não conseguiria ir, meu contrato vai até o fim da universidade, iria sofrer no mínimo uma multa, mesmo tendo o Leonard do meu lado.
–Eu sei! Também pensei nisso! – Anahi apertou mais minha mão – Eu não iria sem você.
Mesmo com ela dizendo isso minha mente repetia as palavras “É minha grande chance”. Meu coração parecia se partir em pequenos fragmentos enquanto eu percebia o que tinha de fazer realmente. Levantei da cama quase que em um modo automático e olhei para o relógio. Era três da tarde, daria tempo para fazer tudo o que queria.
–Vou sair, me espere para o jantar – anunciei ainda em um modo desconhecido para mim.
–Para onde vai? Ficou chateada? Mas eu vou ficar Dulce! – Anahi saltou da cama me agarrando por trás – Não fique brava comigo.
–Não estou – garanti, mas me soltei – Só preciso espairecer um pouco. Prometo que volto, só... Preciso sair.
Não olhei para trás, simplesmente sair do quarto sem dizer mais nada, porém podendo escutar soluços reprimidos atrás de mim. Ela estava chorando. Apesar de toda brava e valente, a Anahi era bastante sensível. Porém se eu voltasse, se eu a olhasse iria desistir de fazer o que era certo, então corri praticamente para fora, indo até a garagem para pegar o carro sedan que tínhamos comprado com certo sacrifício. Podia sentir meu corpo gelado por dentro, meu coração gritava para que eu não fizesse isso, que eu voltasse e agarrasse a mulher de minha vida sem me importar em ser egoísta. Mas eu não podia fazer isso, eu não queria esse tipo de prisão para ela.
Foi pensando nisso que eu dirigi até a mansão de Leonard. Assim que me identifiquei no portão as enormes grades de ferro se abriram e eu dirigi por mais alguns metros até parar em uma entrada majestosa. O homem era realmente poderoso e rico afinal de contas. Já tinha estado ali algumas vezes, até mesmo com Anahi do meu lado para comemorarmos o desfecho de nosso romance conturbado. Quem abriu a porta foi Morris, um mordomo inglês que lembrava muito o Alfred do Batman.
–Boa tarde, Srta. Savinon – ele cumprimentou educado como sempre – O senhor a espera na sala principal queira me acompanhar, por favor.
Geralmente eu iria perturbá-lo por causa dessa formalidade toda, mas naquele momento nada passava em minha mente além do meu atual problema. Seguimos por um largo corredor até que o mordomo abrisse uma elegante porta de madeira negra e bem talhada. Aquela era a sala onde geralmente Leonard encontrava os seus visitantes, era ampla e cheia de acentos, além de um exótico tapete de cores vibrantes que ele disse ter comprado na Índia. Assim que entrei Leonard levantou de sua cadeira e veio me cumprimentar com um abraço apertado, desde que passamos a trabalhar juntos nossa relação foi ficando cada vez mais intima. Ele era como um pai que todo ser humano queria ter, gentil, atencioso e divertido. Notei que a sua esposa, Margareth, também estava ali e logo tratei de abraçá-la.
–O que a trás para uma visita tão inesperada? – Margareth, ou Maggie, como preferia ser chamada, logo perguntou desconfiada.
–Estou com um problema enorme e não tenho com quem conversar direito sobre isso – não fiz rodeios.
–Brigou novamente com a Anahi? – Leonard tentou adivinhar, ele sempre dizia que quando estava de mal-humor queria dizer que estava brigada com minha italiana, o que era verdade.
–Pior que isso – revelei e suspirei alto – Vamos sentar, é uma história pequena, mas bem problemática.
Eles dois sentaram em um sofá e eu em outro logo a frente. Morris pediu licença e logo se retirou do aposento nos deixando a sós. Eu esfreguei minhas mãos procurando palavras para reproduzir a minha angustia. Era tão complicado!
– Anahi viajou recentemente para a Holanda – comecei a falar um pouco distante – De forma resumida, ela conseguiu um contato muito importante. Um cara que trabalha na embaixada italiana. Pelo que ela disse tiveram uma discussão calorosa que obviamente ela brilhou e chamou atenção. Então ele propôs um emprego para ela do tipo... Do tipo a melhor oferta que ela poderia receber em anos.
–Isso não seria algo bom? – Leonard questionou confuso.
–Ele exigiu uma resposta imediata. Ela teria de estar em uma semana em Roma para cumprir seis meses de experiência – expliquei sentindo meu estômago revirar.
–Ela aceitou? – Maggie tinha os olhos bem abertos quando me questionou, estava surpresa.
–Não. Disse que ficou muito feliz, mas começou a pensar em mim. Eu nunca poderia ir com ela, tenho o contrato do estágio que se estende até o fim da graduação. Ela não conseguiu me deixar.
Respirei fundo sentindo meus olhos lacrimejarem. Olhei um pouco para o alto tentando contê-las, não podia chorar, precisava ser forte para o que estava prestes a fazer. Meu pé batia freneticamente no chão denunciando o meu nervosismo, eles me deram um tempo para respirar e logo eu retornei a falar.
–Quais as chances que eu tenho em Roma? – perguntei encontrando minha voz.
–O que quer dizer? – Leonard indagou.
–Que assim que terminar a universidade vou para Roma. Anahi tem de ir agora, ela não vai perder essa chance por minha causa. Mas eu preciso ter certeza de que estarei lá daqui a três meses ou até antes se conseguir adiantar algumas coisas – contei o meu plano – Por mais que me doa, eu não posso ser responsável por prendê-la a mim e fazê-la perder uma chance dessas.
–Seria complicado remanejar você dentro da rede. Ao menos de inicio levaria um bom tempo e a burocracia é muita – Leonard inclinou em minha direção e me olhou confiante – Mas Dulce você faz uma arte muito bonita e significativa, a sua visão espacial e de mundo faz com que seus desenhos de arquitetura sejam como ouro. Você conseguiria um bom emprego em qualquer lugar. Além é claro de uma carta de recomendação feita diretamente por mim. É uma perda muito imensa para a Dodgers, mas é uma saída e você um dia voltará até mesmo com uma experiência melhor. Ainda acho que será minha sócia um dia.
Eu não consegui agüentar mais as lágrimas. A confiança dele em minha capacidade me abalou profundamente. Primeiro porque eu sempre fui esforçada, mas como era muito sozinha na adolescência era pouco elogiada. Leonard era o homem que eu mais admirei nessa vida, tanto em personalidade quanto como meu chefe. Se ele dizia que eu iria conseguir, quem era eu para questioná-lo? O problema mesmo era pensar que Anahi teria de ir embora dali a uma semana, que passaríamos novamente um tempo longo sem nos ver. Porém naquele conflito interno uma idéia cruzou minha mente como em um raio.
–Posso pedir um favor estranho? – pedi com os olhos brilhando.
–Diga criança – Maggie confirmou com carinho em seu tom.
–Vocês tem uma casa na França não é? – perguntei hesitante.
–Sim, nossa casa de férias – Leonard confirmou curioso, franzindo o cenho e me fitando intensamente – O que está planejando?
–Em seqüestrar minha noiva – respondi sorrindo verdadeira pela primeira vez – Vou fazer ela se casar comigo antes de viajar!
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 111
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tryciarg89 Postado em 03/04/2024 - 16:55:29
Apaixonante e encantadora essa fic!!!
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aleatoria345 Postado em 30/11/2022 - 12:59:10
nossa simplesmente pefeita
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flowersportinon Postado em 30/06/2021 - 16:38:22
Oi ^•^ adorei sua história, me permitiria adapta-la para o mundo sariette??
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flavianaperroni Postado em 06/09/2015 - 20:22:59
Mais uma incrivel web,parabéns angel,você escreve maravilhosamente bem s2
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anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:17:58
Fanfic errada foi malz
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anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:15:56
Posta maais :-) :-) :-) :-)
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vverg Postado em 19/07/2014 - 14:06:41
Sem problemas senhorita! Vc faz boas escolhas para adaptar. Eu não tenho paciencia para adaptar, prefiro escrever as minhas hahahaha. Estou toda enrolada com as q escrevo, mas tah indo hahahahaha. Gosto de suas escolhas!!! =)
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angelr Postado em 19/07/2014 - 13:55:08
vverg - hahaha tbm curto mas dificil escrever cara a unica que é minha mesmo pretendo continuar ja ate escrevi um capitulo, mas as vezes me falta serenidade e inspiração to tentando vamos ver se rola e ai resolvo adaptar pq leio coisas acho bem bacana e gosto de compartilhar com vcs
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vverg Postado em 19/07/2014 - 13:06:23
Enfim! Familia feliz!!! Gostei desta adaptação, apesar de preferir estorias autorais rsrsrs. Mas uma linda fic, adorei toda a estoria *_*
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dyas Postado em 18/07/2014 - 09:53:37
Linda web. Parabéns Flor. :)