Fanfic: Simplesmente | Tema: Portiñon
Revirei os olhos e continuei a me concentrar no nosso experimento de química. Tudo ocorreu bem e recebemos uma ótima nota. Adorava Henry por causa disso, podia ser rico, jogador do time de futebol, mas era dedicado e delicado a sua maneira. Ele me acompanhava até o estacionamento quando encontrei Lindsay e Anahi em uma Mercedes conversível.
–Não se esqueça de que quando for beijá-la, dar tudo de si para fazer inesquecível. Ai se ela não for pelo menos bi, acaba se tornando! – Henry sussurrou em meu ouvido.
Dei outro tapa no ombro dele e o garoto se afastou rindo, acenando para as garotas. Quando me aproximei apenas cumprimentei rapidamente e entrei no carro, ficando no banco traseiro. Fomos direto para a escola de Sean, as deixei conversando animadamente sobre moda, garotos, festas... Estava completamente distraída com a idéia de Henry, pensando e imaginando o que devia e não devia. Até porque eu nada sabia sobre qual era a marca de bolsas do momento ou qual era o novo corte de cabelo de algum famoso. Apesar de tudo elas ainda eram burguesinhas por natureza. Quando chegamos, pedi para elas esperarem no carro. Era uma escola pública e não era lá muito legal duas garotas da alta sociedade aparecerem assim do nada. Fui direto para o pátio, onde geralmente Sean me esperava.
Mas então uma confusão enorme estava acontecendo. Várias crianças se aglomerando em um círculo, não havia nenhum professor por perto. Meu coração parou. Eu já tinha visto aquilo algumas vezes e rezei por dentro para não ser o que eu estava imaginando. Infelizmente Deus parecia não estar me ouvindo naquele dia. Quando empurrei as crianças, encontrei Sean sendo segurado por dois garotos enquanto um terceiro ia começar a socá-lo. Segurei o braço do garoto, que devia ter a mesma idade de Sean, mas já era mais alto que a maioria ali. Ele me olhou por um momento confuso e surpreso, o empurrei com força para o chão e olhei furiosa para os outros dois garotos que seguravam meu irmão. Eles o soltaram e já estavam prestes a correr quando os professores enfim chegaram junto com a diretora.
–O que é isso?! – gritou a diretora.
–Eu que pergunto – disse sem controlar a raiva – Quando cheguei os garotos estavam prendendo meu irmão para que esse o batesse. Onde estavam os adultos dessa escola?
–Isso é verdade? – um professor me olhou desconfiado.
–Ah, não, imagina. Um monte de criança em uma roda gritando briga não é nada! – ataquei furiosa – Isso não é a primeira vez que acontece. Eu juro que se atacarem meu irmão novamente eu entro com um processo aqui!
–Ela é uma anormal! Meu pai disse isso! – o garoto alto que tentou bater em meu irmão gritou – E se ela é anormal o irmão também é. Mal de família, ta no sangue deles!
Mais uma vez aquilo. Meu sangue gelava ao mesmo tempo em que meu coração bombardeava toda a ira da discriminação que estava sofrendo, o pior era escutar aquelas palavras vindo de uma boca infantil, que devia ser pura e inocente. Mais que isso, meu irmão fora motivos do preconceito posto em ação. Puxei Sean para mais perto, contendo minha vontade de esmagar aquele imbecil não me importando com a idade dele. Mas a necessidade de proteger meu irmão era mais forte.
–Você deve ter entendido errado Brian – a diretora tentava amenizar as coisas.
–Não! Ela gosta de garotas, fica com elas. Isso é errado! – o garoto, Brian, continuou – Ele não pode ficar aqui, eu não vou estudar em uma escola que tem bichas!
–Oh, fala isso porque ainda não saiu do armário, quando você tiver coragem de beijar um garoto, vai virar mocinha rapidinho – Sean provocou e eu tive de puxá-lo para longe do ataque do outro.
–Parem com isso – os professores tiveram de segurar o Brian – Nessa escola não é permitido brigas!
–Mas é permitido preconceito?
Virei surpresa ao ver Anahi parada de braços cruzados. Minha surpresa ali foi superada por ver a raiva nos olhos azuis claros dela, agora intensos e realmente perigosos. Mesmo estando fofa em um vestido babado azul claro, os braços cruzados e o olhar briguento dava a ela uma aparência até assustadora.
–Senhorita, não é nada disso... – o professor começou – E de onde você veio? Por favor, se retire...
–Eu sou filha de Antony Portilla promotor de justiça – Anahi foi irredutível em seu tom de voz – E como Dulce disse, se isso voltar a se repetir, ela terá acesso completo aos melhores advogados da cidade e qualquer pai que reaja com preconceito será processado. O que me diz disso diretora? Ao menos assim poderemos manter a aprendizagem de tolerância ao modo antigo.
–Srta. Portilla, não é bem isso, foi apenas uma questão que fugiu um pouco do controle – a diretora tentava conter a situação, virou para os encrenqueiros e finalmente ordenou – Os três em minha sala, receberão detenção e convocarei uma reunião com os pais de vocês.
Sean me olhou como se perguntasse quem era aquela louca de sotaque engraçado. Mas eu apenas sorri de leve e com um aceno de cabeça o pedi para me acompanhar. Anahi seguia ao meu lado, a passos pesados e silenciosa. Apenas quando estávamos dentro do carro, o qual Sean arregalou os olhos ao ver, ela explodiu. Mas falando em italiano sem que ninguém entendesse, gritando coisas como “Quel ragazzo meritava una punizione medievale!” ou então “Gli insegnanti irresponsabili!”. O pior foi que ela ficava fofa daquele jeito, brigando e com os olhos azuis tão vividos. Saber que era por minha causa que ela estava furiosa me deixava estranhamente contente.
–Anahi! Não sabemos italiano ainda, apesar de ter certeza que xingou tanto nessa sua frase – Lindsay a interrompeu rindo – Mas agora me diga o que aconteceu.
–Exatamente, o que aconteceu Sean? – perguntei virando para meu irmão, eu e ele estávamos no banco de trás.
Ele acuou e olhou para o chão. Era desconfortável falar sobre aquilo na frente delas. Mas eu tinha de saber o que aconteceu, apesar de já imaginar o que havia se passado. Ele passou a mão sobre o cabelo cacheado e me olhou com tanto pesar que meu coração se apertou.
–Eles são uns idiotas – Sean começou a falar apesar de ainda ficar olhando para Anahi e Lindsay – Sempre fazem piadinhas sobre a Dulce e... Eu aprendi a ignorar, mas o Brian falou aquilo de novo e eu partir pra cima dele.
–Espero que o tenha batido muito – falei com raiva contida.
Eu sabia o que Brian tinha falado e o que meu irmão não queria repetir. Havia me chamado de monstro e mencionado que nossos pais havia nos abandonados por minha causa. Para uma criança de dez anos assustada e morando com uma irmã lésbica era um dos ataques psicológicos mais pesados que eu já havia visto. Sean sorriu de lado e mostrou os punhos vermelhos.
–Acertei na barriga para que a diretora não visse hematomas no rosto – ele explicou contente.
–Violência não resolve nada – Lindsay comentou um pouco séria.
– Deveriam processá-los, seria o mais correto – Anahi completou em mesmo tom.
–Sim, sei que é – falei com calma, fitando aqueles olhos azuis preocupados – Contratar um advogado, denunciar o preconceito na escola. Mudar o mundo. Não é tão fácil assim, ainda mais quando não temos dinheiro e suporte. Esfregam isso em nossa cara, cospem e dão risada. Então aprendemos a lutar para nos defender quando somos atacados.
–Minha irmã não está errada! – Sean logo me defendeu – Eles que são idiotas! Ela é melhor do que qualquer adulto!
O olhei meio surpresa. Não que não soubesse disso, mas sempre me emocionava quando o escutava falar dessas coisas tão sincero e espontâneo. Olhei para Anahi que também parecia surpresa e confusa, revirei os olhos e avancei para meu irmão, bagunçando o cabelo dele e começando a fazer cócegas para descontraí-lo.
–Já passou – dei fim àquilo – Tudo o que precisa fazer agora é relaxar, a casa da Anahi tem piscina, trouxe o calção de banho não é?
–Claro! A piscina é grande?
–Muito, você vai gostar – Anahi sorriu doce.
–E você gosta de jogar? – Lindsay logo aproveitou a deixa – O irmão da Anahi tem um play 3 e um monte de jogos. Sou viciada neles.
–Ah, saberá o quanto eu sou bom quando eu derrotar você! – Sean provocou já relaxado.
Suspirei aliviada, encostando no banco e o olhando um tanto orgulhosa. Ele havia aprendido a ficar forte e convicto do que queria. O melhor era saber que eu havia ensinado isso a ele.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 111
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tryciarg89 Postado em 03/04/2024 - 16:55:29
Apaixonante e encantadora essa fic!!!
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aleatoria345 Postado em 30/11/2022 - 12:59:10
nossa simplesmente pefeita
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flowersportinon Postado em 30/06/2021 - 16:38:22
Oi ^•^ adorei sua história, me permitiria adapta-la para o mundo sariette??
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flavianaperroni Postado em 06/09/2015 - 20:22:59
Mais uma incrivel web,parabéns angel,você escreve maravilhosamente bem s2
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anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:17:58
Fanfic errada foi malz
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anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:15:56
Posta maais :-) :-) :-) :-)
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vverg Postado em 19/07/2014 - 14:06:41
Sem problemas senhorita! Vc faz boas escolhas para adaptar. Eu não tenho paciencia para adaptar, prefiro escrever as minhas hahahaha. Estou toda enrolada com as q escrevo, mas tah indo hahahahaha. Gosto de suas escolhas!!! =)
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angelr Postado em 19/07/2014 - 13:55:08
vverg - hahaha tbm curto mas dificil escrever cara a unica que é minha mesmo pretendo continuar ja ate escrevi um capitulo, mas as vezes me falta serenidade e inspiração to tentando vamos ver se rola e ai resolvo adaptar pq leio coisas acho bem bacana e gosto de compartilhar com vcs
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vverg Postado em 19/07/2014 - 13:06:23
Enfim! Familia feliz!!! Gostei desta adaptação, apesar de preferir estorias autorais rsrsrs. Mas uma linda fic, adorei toda a estoria *_*
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dyas Postado em 18/07/2014 - 09:53:37
Linda web. Parabéns Flor. :)