Fanfic: Simplesmente | Tema: Portiñon

Pov Anahi

Se tiver um coração que pode quebrar a caixa torácica e saltar para o lado de fora de um corpo o meu estava quase conseguindo realizar isso. Havia ficado nervosa boa parte do dia por não conseguir encontrar o vestido perfeito para mim, por isso nos atrasamos um pouco. No fim estava usando o que me agradou mais que todos os outros. Um modelo branco tomara que caia, a parte de cima era totalmente colada ao meu corpo e valorizava bem meus seios. Mas a parte que mais gostava era que na lateral direita bordada e com algumas pedras brilhantes estava o desenho de uma roseira, quase igual à tatuagem que Dulce possuía. A saia era longa, com uma cauda que se arrastava no chão. Em minhas mãos estava um buquê de rosas de diversas cores que exalava um cheiro que me relaxava um pouco. Meu cabelo estava com um penteado simples, duas mechas frontais foram puxadas e trançadas atrás, meu cabelo estava mais encaracolado e com pequenas flores espalhadas. A maquiagem estava perfeita e meu salto, como sempre, era alto fazendo-me ficar alguns centímetros maior que Dulce.

O local era simples, mas estava decorado para o momento. Uma pequena passarela com tapete vermelho, arranjo de flores brancas e acentos acolchoados para os convidados. A frente uma mesa de madeira vermelho escura e atrás dela um senhor bem vestido, baixo e um pouco careca. Provavelmente era o juiz.

Dulce... Ela estava deslumbrante naquele terno, de forma alguma masculina, mas totalmente ela. O sorriso que me dava... Os olhos fissurados em mim iguais aos meus que estavam nela. Poderia dizer que nunca a vi tão linda, tão especial. De repente tive pressa de me aproximar, mas a Lindsay na frente atrapalhava meus planos. Respirei fundo e mantive a calma, mantendo meus passos ritmados com o dos outros. Porém assim que me aproximei ela fez tudo o que eu mais queria, driblou Lindsay e me abraçou apertado.

–Você está linda! – dissemos ao mesmo tempo.

Qualquer medo meu sumiu naquele momento. Quem há de dizer que não éramos feitas uma para outra? Nosso amor não tinha preconceitos ou limites para agüentar a intensidade de nossa ligação. Eu sei que apenas alguns encontravam algo tão especial assim, ou tão complicava e que testava tudo sobre lealdade, compromisso e compromisso. Alejandro pigarreou e despertamos daquele torpor que nos envolvia em uma realidade só nossa. Dulce revirou os olhos, pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, endireitou a postura e me levou para frente do juiz de paz.

–Estão todos aqui? – o senhor perguntou.

–Sim – Dulce respondeu um pouco trêmula.

–Então daremos inicio a união legal dessas duas belas jovens. Uma boa noite, eu me chamo Pierre Leroy e irei conduzir a cerimônia.

Eu sabia que Leonard e Maggie haviam dado algum jeito de burlar algumas regras. Um casamento civil levava no mínimo um mês para ser liberado devido ao processo burocrático. Mas pessoas no poder sempre tem favor a ser cobrado, o que fazia de meu pai um homem perigoso no passado. Mordi o interior de minha boca, por muito tempo havia sonhado com esse dia, com meu pai me levando até o altar. Bem, antes também sonhava me casar com um homem bonito e rico... Vejamos, saiu completamente ao contrário. Olhei para Dulce com o canto dos olhos e a vi concentrada, ou fingindo estar. Fiz um leve movimento com a cabeça e tornei minha atenção para o juiz que continuava a falar e a falar.

–Senhorita Dulce Maria Savinon – Leroy começou a parte mais importante da cerimonia, Dulce apertou ainda mais a minha mão – Você aceita a senhorita Anahi Portilla como sua legítima e única esposa?

Dulce virou para mim e me fitou intensamente... E nada falou. Meu coração entrou em desespero, apertei forte sua mão e ela piscou várias vezes.

–Desculpe, os olhos dela hipnotizam – ela disse corando forte, o que provava ser verdade cada palavra.

–Você aceita...

–Eu aceito – ela o interrompeu firmemente – Essa é a mulher de minha vida.

Senti um alívio sem igual. Meu sorriso crescia sem que eu conseguisse controlar. Eu podia sentir os flashes das câmeras, mas nem isso me incomodava. Ela tinha dito sim para mim, mesmo que eu tivesse certeza do que iria acontecer meu coração bobo e apaixonado estava louco dentro de meu peito, transbordando uma emoção que queria ser demonstrada em lágrimas. Mas as segurei o máximo que podia.

–Srta. Anahi Portilla, você aceita a Srta. Dulce Maria Savinon como sua legítima esposa? – o juiz perguntou pacientemente.

Igual a ela quando a fitei meu corpo e mente parecera parar de funcionar um pouco. Mas suspirei e logo respondi com uma voz embargada pela vontade de chorar:

–Sim, eu aceito.

Dulce me olhou com tanto carinho que eu poderia derreter ali mesmo. Sorrimos cúmplices e voltamos nossa atenção ao juiz de paz.

–Prosseguiremos com os juramentos e a troca de alianças.

Meus olhos se abriram em desespero. As alianças! Ficamos tão atordoadas com a viagem repentina, as decisões tomadas no calor da decisão que esqueci completamente daquele detalhe. Mas Dulce sorriu grande e olhou para Sean que se aproximou com uma caixa de veludo vermelha nas mãos. Só então também me lembrei de olhar para o resto. Lindsay e Karen choravam juntas enquanto os outros sorriam para nós.

–Claro que eu penso em tudo – Dulce comentou a minha surpresa – Nosso casamento tem de ser perfeito porque você é perfeita.

–Sua boba – murmurei emocionada.

Ela depositou a caixa aberta sobre a mesa do juiz. As alianças douradas eram lindas, mas o melhor de tudo era que cada uma tinha um pequeno símbolo de raio cravado nelas. Como Dulce conseguiu encontrar aquelas alianças ou quanto havia custado eu não fazia idéia, mas ver algo tão nosso quanto o significado da tempestade em algo que eu carregaria até a morte me deixou mais emocionada e quase sem conseguir segurar as lágrimas. O juiz pediu para que ela pegasse a aliança, dava para notar evidentemente a sua mão tremula segurando aquele item tão pequeno, mas quando ela pegou em minha mão e deixou à aliança perto de meu dedo ela se tornou firme e sem tremulações. Quando a fitei curiosa, seus olhos estavam mais brilhantes que nunca, seu sorriso o mais belo de todos. Eu poderia agarrá-la naquele instante por ser simplesmente a pessoa mais linda desse planeta.

–Repita comigo, srta Savinon – pediu o juiz – Eu te recebo como minha esposa, e prometo ser fiel...

–Eu te recebo como minha esposa repetiu olhando em meus olhos e colocando aos poucos o anel em meu anelar da mão esquerda. Em um momento eu não escutava mais o juiz, apenas ela. – Prometo ser fiel, te amar e te respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Todos os dias da nossa vida.

Quando olhei para minha mão lá estava o anel dourado em meu dedo. Eu estava estremecendo a cada segundo que passava e pensava que estava casada com a mulher mais perfeita que Deus poderia ter reservado para mim. Senti a mão de Dulce erguer meu rosto e enxugar as lágrimas teimosas que escaparam com carinho.

–Eu te amo – ela murmurou para que apenas eu escutasse.

Suspirei que nem uma boba apaixonada e peguei a aliança. O juiz fez o mesmo pedido, para que eu repetisse os votos junto com ele. Mas antes que me desse conta eu comecei a fazê-los em italiano.

– Io prendo te come mia sposa...

–A deixe continuar assim – Dulce falou para o juiz que olhou para mim confuso.

–Io prendo te come mia sposa. Prometto di essere fedele, di amarti e rispettarti, nella gioia e nel dolore, nella salute e nella malattia. – falei com a voz emocionada, algumas lágrimas escapando por não conseguir mais segurar aquele embalo forte que tomava todo o meu ser. Terminei de por a aliança no dedo dela e logo segurei sua mão entrelaçando nossos dedos - Ogni giorno della nostra vita.

–Pelos poderes a mim concedidos, eu vus declaro casadas. Bem... Dulce, pode beijar a noiva – Leroy finalmente declarou.

–Até que fim – Dulce sussurrou.

Ela me puxou pela cintura e beijou-me com um vigor que me assustou de inicio por estarmos na frente de todo mundo. Mas quem seria eu para negar um toque tão intenso da mulher que eu amava? De minha mulher, em todos os sentidos e registros. Eu senti o gosto salgado em meus lábios e soube que aquela garota durona estava chorando enquanto me beijava, suspirei agüentando ainda as minhas lágrimas e deixei o beijo mais calmo e carinhoso, mas não longo o suficiente, pois logo trataram de nos separar.

Depois disso vieram o registro propriamente dito, assinar a certidão de casamento junto aos padrinhos e testemunhas. Alejandro veio cheio de elogios para o meu vestido de noiva, mas foi quando Dulce se aproximou depois de assinar e tocou a roseira bordada que eu sorri mais ainda, se é que isso é possível.

–Isso me lembra algo – ela brincou.

–Por isso eu soube que este seria perfeito – respondi e mais uma vez suspirei bobamente – Você está tão linda nesse terno, eu quis correr para você assim que eu ti vi.

–Eu teria corrido, se não tivesse travado no lugar por ter esquecido até de como respirar quando você apareceu. Não ria, eu estou falando sério! Vou morrer e você ainda vai ter esse efeito sobre mim.

–Assim espero, la mia signora sposa.

Ela não resistiu e me agarrou novamente em um abraço forte e vários beijos simples por todo o meu rosto.

–Quanto fogo meu Deus! – Sean perturbou.

–Olha quem fala, o garoto na puberdade – Dulce provocou ainda me segurando em seus braços – Veja e aprenda mano, pra você se casar com uma garota tão linda e especial assim.

–Ou um garoto – brincou Brandon.

–Eu me sinto estranho sendo hetero perto de vocês – Sean reclamou.

–Não está só, companheiro – Karen concordou com ele.

Rimos e tiramos mais algumas fotos daquele momento histórico e mais feliz da minha vida. Estranhei quando apenas Henry seguiu conosco para um carro alugado.

–Vocês vão para o hotel se arrumar para irem para Mônaco. A gente vai para a festa, é claro! – Lindsay exclamou animada.

–Não acredito que vão fazer uma festa de meu casamento e eu não vou – protestei prontamente.

–Teremos uma festa só nossa – Dulce murmurou em meu ouvido.

–Henry, vamos logo? – mudei completamente o meu discurso.

Dulce sorriu e abriu a porta do carro para mim feito um cavalheiro. Fomos ambas no banco de trás, naquele momento éramos pior que cola, não queríamos ficar longe uma da outra depois de tantas interrupções consecutivas feitas principalmente pela minha melhor amiga.

–Depois de tudo o que a gente passou... – Dulce começou a falar, seu rosto perto do meu para que apenas eu escutasse.

–Foi muita coisa não é? O preconceito, a briga na rua, meu pai, o tempo e a distância... Gerrad, meu pai de novo e agora mais uma vez o tempo – comecei a listar com certo pesar – Eu vou sentir tanta a sua falta, mio amore.

–É algo que vamos superar. Sempre estaremos lutando contra algo, porque lutamos por nossa felicidade. Eu te preparei bem para essa vida meu amor – Dulce disse fazendo carinho em meu rosto – Eu tenho orgulho de você, um orgulho imenso da mulher que eu tenho e que acabei de me casar, que vai ser mãe de meus filhos e que nunca vai deixar meus dias serem totalmente normais.

–Ragazza stupida, está me fazendo chorar de novo, vou borrar a maquiagem toda!

–O melhor de tudo é que posso imaginar nós duas velhinhas e você ainda me chamando de ragazza stupida.

–Perché você é!

Ela riu e me abraçou forte. O cheiro dela, o calor daquele corpo que se completava perfeitamente no meu haviam se tornado o meu calmante natural. Eu não poderia imaginar como seria minha vida em Roma sem ela, mas sabia que não seria para sempre e que depois tudo teria valido a pena. Porém por hora só havia uma coisa em minha mente: a noite de núpcias em Mônaco.

Pronto elas casaram