Fanfic: Simplesmente | Tema: Portiñon
Pov Dulce
10 anos depois.
O transito estava terrível e o tempo parecia imperdoável, eu sabia que já estava atrasada, mas como tudo poderia parecer complicar ainda mais a minha situação? Eu podia facilmente imaginar o rostinho emburrado dela e o jeito chateado que a deixava ainda mais fofa. Ainda assim exigiria de mim toda a chantagem possível para poder ter pelo menos um sorriso dela. Buzinei impaciente, porque aqueles carros simplesmente não andavam?!
O resultado disso foi que quando estacionei o carro enfrente a escola ela já esperava lá, de braços cruzados e olhar entediado pela espera. Tudo bem, estava atrasada quase uma hora então eu iria merecer toda a raiva dela. Respirei fundo e tomei coragem para sair do carro e me aproximar de um jeito até mesmo desleixado.
–Se eu pedir desculpas vai me perdoar? – perguntei hesitante.
–Não! Eu to com fome, mamãe!
Ela partiu em disparada para o carro me ignorando. Definitivamente ela havia puxado esse lado charmoso e briguento da Anahi. Sorri de lado e balancei a cabeça, de uma coisa eu tinha certeza: aquelas duas juntas eram a perdição de minha vida. Corri para o carro e tentei ignorar o jeito emburrado dela, mas não dava para não dizer que aquele bico era idêntico ao da Anahi. Aquela garotinha de cabelos claros e rebeldes era a nossa filha mais velha, Alexia, e estava no auge de seus sete anos de pura birra e mimos.
Foi uma das decisões mais difíceis e complicadas que tivemos. Depois de dois anos casadas veio aquele desejo de ser mães. Passamos meses para decidir se seria por doação ou inseminação artificial. No fim sabia que Anahi seria a carregar o bebê por nove meses, afinal de contas ela que foi criada para ser a esposa e mãe moderna perfeita, enquanto eu simplesmente sobrevivia. Porém o pior veio com a burocracia jurídica, conseguir por em cartório que uma criança teria duas mães e um pai que não teria direito nenhum sobre a filha. Foi um processo longo que valeu a pena quando Alexia nasceu. Eu ainda me lembrava do dia em que a bolsa de Anahi estourou e eu tive de dirigir feito uma louca para o hospital, aparentemente mais desesperada que minha própria mulher. Não tinha saído um segundo sequer de seu lado, apesar de ter vertigens a cada vez que ela apertava a minha mão com força e gritava com a dor da contração. Eu fiquei lá até escutar o primeiro choro de nossa menina.
Nossas vidas mudaram completamente com a chegada de Alexia. Primeiro que por trabalhar mais em casa fazendo os desenhos por conta própria eu meio que acabei tendo mais tempo com a pequena. O que não resultava em uma coisa ideal, eu não tinha o jeito totalmente materno e delicado de Anahi, nem sua postura de mãe autoritária. Afinal se era para ser ameaçada e exigida, era Anahi quem conseguia por ordem em Alexia. Eu era como aquela mãe bobona e coruja, que fazia traquinagem junto com a filha ao invés de ensiná-la a não fazer. Anahi chegava a brigar comigo dizendo que eu ensinava Alexia a como burlar as regras ao invés de mostrar como segui-las.
–Pronta para as negociações? – perguntei enquanto dirigia para casa.
–Isso não vai funcionar, mamma – Alexia resmungou baixo.
–Nem mesmo com um pote de sorvete extra? – arrisquei.
–Você quer que eu leve bronca da mamma Anahi? – Alexia me olhou desconfiada.
–Ela nunca saberia – sorri travessa para minha filha – Porque vou levar você e os meninos para o parque mais tarde!
Aquilo a fez vacilar em seu olhar briguento. Foi naquele momento que soube que havia conquistado a minha menina. Alexia podia ser difícil a maior parte do tempo, mas era apenas uma criança muito ativa e que gostava de aventurar-se, exatamente como eu. Sabia que Anahi iria chegar mais tarde em casa e como teria um tempo livre iria levar nossas crianças para passear como não tinha feito nesse mês ainda. Assim que chegamos em casa Alexia saltou do carro sem me esperar, sendo prontamente atacada por Luna, nossa cadela da raça pastor alemão.
–Luna, senta! – ordenou Alexia com todo um ar mandão, que nem a mãe, a cachorra prontamente obedeceu e ganhou um carinho dengoso na cabeça – Boa menina! Mamma, chegamos!
Luna e Alexia foram as primeiras a entrar, eu ainda demorei um pouco por ter ido pegar as sacolas no fundo do carro contendo o sorvete prometido e derretido além de outros petiscos que iriam estragar a alimentação de meus bebês. Assim que entrei em casa escutei um grito de guerra e dois seres pequenos saltando em minha direção me derrubando.
–Ataque furioso de cosquinhas! – gritou Leo.
Os dois garotos de quatro anos começaram o ataque que um dia já foi minha especialidade. Eles começaram a fazer cócegas em locais estratégicos e escapavam de minhas tentativas de afastá-los. Eles estavam ficando mais rápidos! Leonard e Daniel eram gêmeos, tínhamos adotados eles quando Alexia tinha três anos. Eles ainda eram bebês pequenos, tinham apenas oito meses quando os trouxemos para casa. Aqueles dois tinham o mesmo cabelo negro e olhos castanhos claros, não tão dourados quanto os meus, mas em um tom que lembrava vagamente. A pele era levemente amorenada, tinham quase a mesma altura, porém Daniel era ainda mais alto que Leo. Como eu os diferenciava? Pelo amor de mãe e muita intuição, até aquele momento eles eram absurdamente idênticos.
–Aaaah, eu me rendo! Eu me rendo! – desisti de tentar impedi-los – Por favor, parem eu vou... eu vou....
E então me fingi de morta, caindo no chão e fechando os olhos. Os dois sussurraram entre si e senti uma mão pequena tocando meu rosto como se estivesse averiguando o que tinha acontecido. De supetão levantei e agarrei ao Daniel que estava mais próximo e comecei o meu contra-ataque. Leonard tentava salvar o irmão pulando em mim, bagunçando meu cabelo, mas logo eu soltava um para agarrar o outro e encher de beijos e cosquinhas. O que resultava em uma verdadeira bagunça na sala.
–Crianças, parem – Anahi ordenou, ergui meu olhar e a encontrei na porta da cozinha – Vão lavar as mãos, vou servir o almoço. E quando falo crianças você está incluída Dulce.
Eu e os gêmeos suspiramos ao mesmo tempo. Sorri para os dois e logo fiz uma aposta de quem chegaria primeiro no banheiro. Não havia dúvidas de que eu era do tipo que ficava o tempo todo brincando com os filhos, de que queria estar ao lado deles e cuidar de uma forma boba e carinhosa. Eu já não conseguia imaginar minha vida sem a felicidade de ter aqueles três fazendo uma verdadeira bagunça em meu cotidiano. Ajudei aos dois meninos a se limparem e eles correram de volta para a cozinha, chegando primeiro e já sentando em seus costumeiros lugares. Alexia já estava lá jogando alguma coisa e sendo interrompida por Leonard que queria ver o que ela estava fazendo. Fui ajudar Anahi a por a mesa, mas assim que entrei na cozinha parei tendo uma daquelas visões de tirar o fôlego.
Ela estava linda e casual. Seu cabelo estava mais curto, abaixo do ombro e mais ondulado. O ar de maturidade a circulava e parecia mostrar que agora era uma mulher na faixa etária dos trinta, terrivelmente bela, malditamente conquistadora com seu sorriso. Anahi usava um vestido até um pouco curto, estava fazendo um dia calorento e que pedia por pouca roupa. O que por sorte era seu dia em que iria trabalhar apenas mais tarde, ai sim ela teria de usar um daqueles terninhos femininos que a deixava extremamente sexy e séria. Eu? Parecia que havia mudado pouco apesar da idade estar evidente em meus traços, trajava uma calça despojada e uma regata velha que já havia ficado folgada em meu corpo.
–Alexia não estava resmungando quando chegou, o que você fez para contorná-la já que está tão atrasada? – Anahi perguntou enquanto terminava de fazer a salada.
–Não vou dizer meus truques, ainda uso eles com você também – expliquei e me aproximei dela a abraçando por trás, mesmo assim ela não parou de cortar o tomate – Eu já cheguei a mencionar que tenho a mulher mais gostosa e linda desse mundo?
Apesar de não olhar seu rosto eu sabia que nesse momento ela estava sorrindo de lado. Mas logo como resposta eu recebia uma cotovelada suave em minha barriga, um sinal claro que eu deveria me afastar.
–Não venha com seu charme, ainda estou chateada com você. Faz duas semanas que disse que ia levar o carro para lavar e que ia falar com a Samantha para ficar esse final de semana tomando conta das crianças – ela reclamou do mesmo jeito que Alexia tinha feito no carro.
–Eu vou fazer essas coisas meu amor, mas nada nesse mundo poderia me irritar, estou encantada por você. Hoje eu vou cansar bem as crianças para que possamos ter uma noite só nossa, que tal?
–Eu não acredito que depois de tantos anos eu ainda caio nessa sua lábia.
–Na verdade, você adora todo o trabalho que minha boca faz...
–Dulce!
Ela corou e virou para terminar de arrumar as coisas agitada pelo que eu tinha dito. Acabei rindo e indo realmente ajudá-la. Doze anos haviam se passado desde que tínhamos mesmo começado uma vida juntas e eu ainda tinha esse lindo efeito sobre minha italiana. De deixá-la sem jeito com minhas palavras e malicia, assim como ela poderia roubar meu fôlego com seu sorriso. Quando sentamos a mesa foi uma verdadeira bagunça que eu amava, os gêmeos falando ao mesmo tempo, Alexia contando o dia na escola e de como havia respondido todas as perguntas da professora de matemática graças a minha ajuda nos deveres. Anahi buscando sempre manter o controle de um jeito sutil e rindo das coisas que as crianças fazia. Sem contar que Luna estava embaixo da mesa pegando os restos de comida que as crianças deixavam cair, de propósito ou sem querer.
Aquela estava sendo a minha vida. Como tínhamos planejado desde a lua-de-mel, agora morávamos em uma casa que tínhamos construído com todo um esforço e paciência. Uma casa que ficava quase de frente para o mar, em uma vizinhança calma o suficiente para as crianças poderem brincar fora de casa em um bairro de classe média. Não éramos propriamente ricas, mas conseguíamos nos manter com uma folga que sempre deixava que comprássemos um capricho para as crianças ou para nós.
Eu mantinha a minha linha de trabalho, mas construí uma filial a rede da Dodgers, independente, mas com uma parceria que deu lucro para ambos os lados. Leonard ainda mantinha contato e por ter sido um verdadeiro anjo nas nossas vidas no passado o nosso pequeno tinha recebido o nome dele em sua homenagem. Ainda mantinha contato com o senhor, mas infelizmente Maggie se encontrava em uma situação delicada por causa da fraqueza da idade. Anahi ainda trilhava o seu caminho almejando ser uma diplomata, enquanto isso ela trabalhava na área jurídica e simplesmente brilhava em tudo o que fazia. Ela era do tipo esforçada e não aceitava nada menos que um trabalho muito bem feito e elaborado. O que rendia horas de dedicação e noites sem dormir, além de um estresse extra pela sobrecarga. No ano passado tínhamos brigado muito por causa disso, ela se tornou ausente e até as crianças passaram a sentir falta dela. Foi quando o seu trabalho passou a exigir mais do que ela poderia oferecer, foram dias de briga dentro do quarto, ameaças e noites de choro. Mas ela percebeu o quanto as crianças sentiam a falta dela quando Alexia apresentou um desenho na escola sobre o que mais queria no momento. O que resultou em um desenho de toda a família reunida na praia, mas com Anahi a abraçando. Isso desmanchou qualquer defesa de Anahi e ela admitiu, mesmo com um bico, de que tinha de remanejar os seus horários.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 111
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tryciarg89 Postado em 03/04/2024 - 16:55:29
Apaixonante e encantadora essa fic!!!
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aleatoria345 Postado em 30/11/2022 - 12:59:10
nossa simplesmente pefeita
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flowersportinon Postado em 30/06/2021 - 16:38:22
Oi ^•^ adorei sua história, me permitiria adapta-la para o mundo sariette??
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flavianaperroni Postado em 06/09/2015 - 20:22:59
Mais uma incrivel web,parabéns angel,você escreve maravilhosamente bem s2
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anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:17:58
Fanfic errada foi malz
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anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:15:56
Posta maais :-) :-) :-) :-)
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vverg Postado em 19/07/2014 - 14:06:41
Sem problemas senhorita! Vc faz boas escolhas para adaptar. Eu não tenho paciencia para adaptar, prefiro escrever as minhas hahahaha. Estou toda enrolada com as q escrevo, mas tah indo hahahahaha. Gosto de suas escolhas!!! =)
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angelr Postado em 19/07/2014 - 13:55:08
vverg - hahaha tbm curto mas dificil escrever cara a unica que é minha mesmo pretendo continuar ja ate escrevi um capitulo, mas as vezes me falta serenidade e inspiração to tentando vamos ver se rola e ai resolvo adaptar pq leio coisas acho bem bacana e gosto de compartilhar com vcs
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vverg Postado em 19/07/2014 - 13:06:23
Enfim! Familia feliz!!! Gostei desta adaptação, apesar de preferir estorias autorais rsrsrs. Mas uma linda fic, adorei toda a estoria *_*
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dyas Postado em 18/07/2014 - 09:53:37
Linda web. Parabéns Flor. :)