Fanfic: Um amor desastrado - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA
Cinco minutos mais tarde, equilibrando o pacote de compras, ela olhou para a escada que teriam de subir. Estava exausta, e a decisão de dividir um quarto com Alfonso por uma semana parecia mais absurda a cada instante. A caminho do quarto tiveram de parar várias vezes para descansar, mas finalmente alcançaram o corredor escuro que passava por várias portas antes de chegar ao 410.
Anahi ouvia as ondas do mar quebrando na praia e, animada, debruçou-se sobre a balaustrada para tentar enxergar alguma coisa. Alfonso a enlaçou pela cintura e puxou-a para trás com um movimento brusco, quase desesperado. As costas de Anahi encontraram o peito masculino e ela emitiu uma exclamação de espanto. Depois de alguns segundos Alfonso a soltou e aconselhou-a em voz baixa:
— Nunca mais faça isso. Não confio nesta balaustrada, e não estou com disposição para visitar o hospital depois de tudo que já enfrentamos.
Com o coração disparado, Anahi riu de maneira uma risada nervosa e esperou enquanto ele lutava com a fechadura no escuro.
— Podiam pôr algumas lâmpadas por aqui — ele reclamou. Em seguida, empurrou a porta e acionou o interruptor.
Atônitos, pararam na soleira e olharam para o interior da suíte.
— Parece que todas as lâmpadas estão aqui — ele acrescentou. Anahi afirmou com um movimento de cabeça, sem fala. O quarto era uma ofuscante coleção de luzes coloridas, multiplicadas dezenas de vezes pelos espelhos que cobriam as paredes.
— É uma discoteca — ele resmungou.
A cama ocupava o centro do espaço. Enorme e circular, fora colocada sobre uma plataforma de madeira. Uma luminária presa à cabeceira lançava sua luz brilhante sobre o edredom dourado, e era óbvio que o objetivo do decorador não era estimular o hábito de ler.
— Pelo menos o carpete é novo — ela disse ao entrar.
— Sim, e devem ter pago uma fortuna por ele. Marrom desbotado é difícil de encontrar.
Ela olhou em volta, examinando a cozinha verde-abacate e a sala de estar composta por um velho sofá-cama e duas poltronas em forma de saco de feijão. O ambiente ficava separado do dormitório por duas cortinas orientais que não chegavam nem perto do chão, e a tevê fora colocada num ponto estratégico que podia ser visto de todas as partes da suíte.
— É espaçoso — ela observou. — E funcional.
— Sim... para orgias.
Rindo, Anahi deixou a bolsa e as compras sobre uma cadeira e foi inspecionar a cama. Tocou o edredom e viu os movimentos ondulatórios provocados pelo movimento sutil.
— É um colchão de água! — riu. — E veja isto — apontou, notando a garrafa apoiada sobre os travesseiros. — Licor de canela. Deve ser bom.
Alfonso suspirou e olhou em volta com ar de desgosto, como se estivesse procurando uma forma de passar a noite ali sem tocar em nada.
— Que droga! — irritou-se.
Anahi deixou a garrafa sobre a cama. Era uma repetição da cena que testemunhara na locadora de automóveis. Alfonso Herrera não aceitava menos que o melhor.
— Relaxe, Alfonso! Isto é divertido!
— Fale por você.
Erguendo os ombros, ela pôs as mãos na cintura e encarou-o:
— Por que não desce do pedestal e vem conhecer a vida do outro lado do mundo?
— O que está querendo dizer?
— Quero dizer que a vida nem sempre é de primeira classe, e você precisa aprender a lidar com as circunstâncias.
— Sou capaz de lidar com elas, desde que sejam boas.
— Alfonso, você não passa de um menino rico e mimado.
— Não gostei do que disse.
— Azar seu, porque é a pura verdade. — Levando a sacola com os objetos de uso pessoal, ela se dirigiu ao que parecia ser o banheiro. Ao abrir a porta, não pôde conter uma exclamação admirada. — Uau!
Uma enorme banheira vermelha dominava o espaço de azulejos claros. A pia, o chuveiro e o vaso sanitário pareciam ter sido encolhidos para acomodar o utensílio exótico, onde três adultos podiam banhar-se com todo o conforto.
— Humm — Alfonso resmungou atrás dela. — Mais uma novidade.
— Mas não a última — e ela apontou para a janela sobre a banheira.
O quarto que ocupavam era o último numa formação semicircular, o que conferia visão completa de todos os outros aposentos do andar. Num deles a cortina havia sido deixada aberta e podiam ver um casal idoso que obviamente desprezava a moderna indústria da confecção. Anahi olhou fascinada para as duas pessoas que, nuas, moviam-se pela cozinha com desembaraço.
— É como ver um desastre de automóvel — disse. — Ninguém quer olhar, mas é impossível conter-se.
A mulher virou-se de repente e, notando a presença dos vizinhos, cutucou o marido. Anahi e Alfonso ficaram paralisados, como dois animais pegos pelos faróis de um carro. O casal sorriu e acenou. Alfonso adiantou-se e fechou a cortina.
— É inacreditável — resmungou. — Aqueles dois têm idade suficiente para serem meus pais!
Anahi abriu a torneira de água quente. Os primeiros pingos de água pareceram enferrujados, mas depois de alguns segundos o jato normalizou-se e ela tampou a banheira, despejando nela um punhado de sais de banho que encontrou numa embalagem plástica.
— Nem todos perdem o interesse por sexo quando ficam mais velhos, Alfonso. — Os comentários que a amiga fizera sobre o relacionamento íntimo com o namorado invadiram sua mente. — Isto é, desde que algum dia tenham se interessado por sexo.
Levando os braços às costas, encontrou o zíper do vestido e começou a abri-lo. Então se lembrou que ele ainda estava no banheiro e parou.
— Alfonso, não tenho energia para jogá-lo para fora, mas saiba que vou me despir nos próximos trinta segundos. Se não quer ser embaraçado pela segunda vez na mesma noite, é melhor sair.
Pálido, ele saiu como se um fantasma o perseguisse. Anahi riu, abriu o zíper e livrou-se do vestido fétido e imundo. Depois de tirar a desfiada e o sutiã preto, entrou na banheira e deixou-se envolver pela água morna e perfumada.
— Ahhhh! — exclamou satisfeita, mergulhando até o pescoço. De olhos fechados, deslizou as mãos pelo corpo para remover a gordura, a poeira e o suor do dia tenebroso. Enquanto desfrutava do prazer proporcionado pelo banho, pensou em tudo que vivera nas últimas horas.
Alfonso Herrera era o homem mais conservador que já havia conhecido. Compreendia que sua personalidade fora desenvolvida de acordo com tradicional família a que pertencia, gente de dinheiro e poder que já haviam merecido até uma placa numa das principais praças da cidade, a praça Herrera. Diferente dela, que não tinha outra opção senão progredir, Alfonso era um pilar da comunidade.
E ali estavam eles, duas forças opostas, juntos num quarto de hotel de terceira categoria. Fósforos e papel. Rosas e espinhos. Centro e periferia.
Convidá-la para aquela viagem havia sido a coisa mais espontânea que Alfonso já fizera. Irônico era saber que ele era o único homem em Savannah capaz de convidá-la para qualquer coisa sem intenções sexuais. Anahi repousou a cabeça na banheira. Podia relaxar. O relacionamento com Alfonso Herrera jamais deixaria de ser platônico.
Alfonso passou a mão pelo rosto e caminhou até o outro lado do quarto. Não acreditava que fosse possível estar tão cansado e tão alerta ao mesmo tempo. A cabeça clamava por oito horas de sono para superar a ressaca, mas o resto do corpo respondia à presença de Anahi Portilla, o caracol Portilla, nua no aposento contíguo.
Irritado, arrancou a gravata e jogou-a do outro lado do quarto. Quando viu o próprio reflexo num dos inúmeros espelhos, parou e surpreendeu-se com a raiva estampada em seu rosto. Orgulhava-se de estar sempre calmo, qualquer que fosse a situação, mas naquele dia... Naquele dia fora posto em prova por duas mulheres diferentes. A risada foi breve e amarga. Se não as conhecesse bem, suspeitaria de uma conspiração.
O estômago roncou, o que o levou a ligar para a recepção. A voz aborrecida de Twiggy ecoou do outro lado.
— Sim?
— Meu... nosso pacote inclui refeições, e gostaria de saber se o restaurante do hotel ainda está aberto.
— Acabou de fechar.
— Oh, não! Estamos famintos! Posso pedir serviço de quarto? Twiggy suspirou.
— O que vai querer?
— Dois filés e uma garrafa de vinho.
— Verei o que posso fazer.
— Obrigado.
Como sua secretária havia conhecido esse lugar? Pensar nisso o fez pensar na necessidade de encontrar acomodações para o resto da semana e ele chamou o serviço de recados de Linda, deixando uma mensagem para entrar em contato urgentemente. Depois telefonou para a locadora de automóveis, que prometeu substituir o veículo defeituoso na manhã seguinte.
Tentando esquecer os eventos das últimas horas, Alfonso removeu a faixa que mantinha a camisa dentro da calça do fraque e despiu-se até a cintura, dobrando as peças com cuidado e deixando-as nas costas de uma cadeira da cozinha. Depois tirou os sapatos e as meias, e no carpete desbotado, executou cinqüenta flexões. Ofegante, levantou-se e torceu o nariz para o cheiro do próprio suor. Uma ducha antes do jantar seria como visitar o paraíso.
— Anahi? — chamou, batendo na porta do banheiro. — Pedi nosso jantar no quarto. A comida já deve estar sendo trazida.
Ela não respondeu. Impaciente, imaginou se Anahi teria adormecido na banheira, e já estava pensando em chamá-la novamente quando a porta se abriu e ela apareceu triunfante, segurando as pontas de uma toalha muito fina sobre os seios, os cabelos molhados e a pele brilhante. De repente Alfonso teve a impressão de que as paredes o sufocavam. Anahi sorriu:
— Deixei minhas roupas aqui fora — e apontou para uma sacola no chão.
Ao vê-la passar, Alfonso sentiu o perfume do óleo do banho e estremeceu. Era impossível não acompanhá-la com os olhos. As pernas longas e bem torneadas pareciam não ter fim, e seu coração ameaçou parar quando a toalha, um pouco mais baixa nas costas, exibiu a cintura estreita e o começo do...
— Adstringente — ela murmurou.
— O que disse?
— Lembre-me de comprar adstringente quando formos às compras amanhã — ela explicou, abaixando-se e mostrando mais da metade das coxas.
Alfonso sentiu que os joelhos fraquejavam e olhou para o teto, buscando forças.
— Está bem — respondeu.
— E um secador de cabelos.
— Entendido. — Ele arriscou mais uma olhada. Anahi permanecia de costas, inclinada sobre a sacola, quase totalmente exposta diante de seus olhos. Fechando-os, suprimiu um gemido.
— Está sentindo alguma coisa?
Alfonso abriu os olhos. Anahi o fitava com uma mistura de espanto e curiosidade.
— Oh, apenas fome e cansaço. Como você, suponho.
— Vai sentir-se melhor quando tomar um banho.
Grato pela desculpa, ele escapou para o banheiro e fechou a porta, apoiando-se nela em busca de um pouco de controle. Mas ainda estava descomposto minutos mais tarde, quando se colocou sob o jato frio do chuveiro. Qualquer outro homem teria arrancado aquela toalha e levado Anahi para a cama. Por que não ele? Suspirando, massageou os músculos tensos da nuca. Porque Anahi teria recebido com entusiasmo qualquer outro homem, mas o tratava como a um irmão mais velho. Um ser assexuado. Caso contrário, não teria desfilado pelo quarto seminua, como se ele não estivesse presente. Não reconhecia sua masculinidade nem mesmo Para manter um mínimo de modéstia. Só porque não era como os Neanderthals com quem ela costumava sair, não precisava tratá-lo como se estivesse morto.
As batidas na porta do reservado do chuveiro o assustaram.
— Alfonso?
Perplexo, virou-se e cruzou as mãos sobre as partes íntimas num gesto instintivo.
Autor(a): ayaremember
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Anahi piscou. Havia visto corpos regulares e bons, mas quem teria imaginado que aquele magnífico exemplar percorrera as ruas de Savannah durante tantos anos difarçado de Alfonso Prish? Ombros amplos e musculosos, peito definido, abdome plano... Se pelo menos ele tirasse as mãos do caminho.Através da porta embaçada, o rosto estava contorcido ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 74
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maralima Postado em 02/05/2015 - 00:46:02
- web , muito legal . Amei.
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ponnynobre Postado em 10/07/2014 - 21:13:59
Uma pena que tenha acabado essa web é muito engraçada morri de rir com eles dois até no parto. E claro que vou acompanhar a nova
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daninha_ponny Postado em 10/07/2014 - 14:24:45
ahhhhhhhhhhhhhhh amei a web kkkk ri muito me enantou do começo ao fim bjos.... :)
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vanessap. Postado em 10/07/2014 - 02:34:13
Nem acredito que passou assim tao rapido!! :O amei cada capitulo da web!! Foi extremamente linda!! Parabeeeens *----*
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Angel_rebelde Postado em 10/07/2014 - 02:08:58
Adooorei sua fic ! Poncho com ciúmes do Manny kkkkkkkkkk e só relaxou quando a Anny falou q o amigo é gay. Mas a parte mas hilária foi quando ele disse amar ela e do nada ela soltar q tá grávida fazendo ele desmaiar kkkkkkkkkkkkkkkk. Esse *P* foi o mais hilário kkkkkkkkkkkk. Tanto mistério pra acabar virando nome do filho deles kkkkkkkkkkkkkkkkkk. 2 figuras. Deu dó do Poncho que tomou bolo no jantar. Eu bem sabia q a Lucy nem ia ligar pelo fato dele amar a Annie e ainda ia dar força pros 2. Sua fic foi hilária. Dei muita risada aqui. Já favoritei a outra e vou acompanhar. Eu tbm tenho uma, se quiser ler o link é esse ~> http://fanfics.com.br/fanfic/35111/saudade-de-um-amor-que-nao-acabou-anahi-e-alf onso-aya-ponny
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vondy4everponny Postado em 10/07/2014 - 01:44:04
Nossa, como eu vou sentir falta dessa web. Com certeza eu vou ler ela de novo mais pra frente, porque eu amei deeeemaaaais! Ta de parabéns pela adaptação, sério. Eu ri muito com ela no parto kkkkkkkkk e o casamento tb kkkkkkkk Annie doida!Agora é rumo a nova web u.u <3
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edlacamila Postado em 09/07/2014 - 23:23:45
KKKKKKKKKKKKKKK Ai amei o fim *-* presley KKKKKKKKKKK
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dessita Postado em 09/07/2014 - 22:58:05
Eu amei o fim... kkkkk coitado do Poncho sempre apanhando! Amei mesmo
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camile_ponny Postado em 09/07/2014 - 22:16:12
Amei cara simplesmente Perfeito! ^_^ Amei a parte do parto ri muitooo com a Anahi brigando com ele e ele concordando... kkkk tenho nem palavras. Bom demais sério mesmo. Agora partiu pra sua proxima fic ;)
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daninha_ponny Postado em 09/07/2014 - 00:51:56
kkkkkkkkkkkk morrri quase de tanto rir....kkk nossa ele fez a tatuagem na bunda com o nome dela jajjaja aiii ele tem que ir atras dela pow amando a fic posta maisssss bjos