Fanfic: Sociedade Secreta lesbos - Adaptada | Tema: Portiñon

Capítulo 19

O casal seguiu para o salão. O universo outra vez conspirou a favor de Anahi, a banda começou a tocar um tango, ela nem precisou se esforçar para convencer o amigo a protagonizar a cena hollywoodiana. Os dois tinham até número ensaiado, coisas do tempo de escola, quando imitavam a cena do filme Perfume de Mulher com Al Pacino. O cenário não poderia ser mais cinematográfico. Em pouco tempo, os demais casais no salão pararam de dançar, tornando-se público para o desempenho de Anahi e Poncho. Movimentos sincronizados, esbanjando sensualidade, olhares fixos, jogo de pernas, e ao final, um beijo ardente arrancando suspiros de quem assistia.

Aplausos foram puxados surpreendentemente por Jonh, Poncho não podia deixar de jogar sedução naquele momento, curvou-se em direção ao rapaz como artista ao final do espetáculo. Anahi fixou o olhar em Dulce, que tomou a dose em um gole só da bebida que um garçom passou servindo. Encararam-se até outra música começar, e Poncho a puxar pelo salão mais uma vez em direção ao bar.

-- Primeira parte do plano executada com maestria, né, amiga?

-- Pelo jeito, não foi só eu que tirei vantagem disso, né?

-- Qual o próximo passo?

-- Preciso falar com ela... Saber o que está pensando...

-- Tenho uma ideia pra isso, mas... Você tem que cumprir sua parte também, topa?

-- Claro...

Poncho pediu uma bebida, e abraçou Anahi por trás, cochichando em seu ouvido:

-- Você sabe onde fica a central de energia desse prédio?

-- Sim, eu estava na comissão de som e iluminação da festa, precisei saber detalhes do abastecimento de energia elétrica.

-- Ótimo... Vamos até lá agora, preciso conhecer o caminho...

Seguiram para o subsolo do Windson sorrateiramente, quem viu os dois se afastando de mãos dadas, só poderia pensar que estavam buscando ficar a sós para interesses mais íntimos... Inclusive Dulce, que ignorava a presença de Michelle sempre próxima a ela. A ruiva só virava copos, visivelmente perturbada pelo casal Poncho e Anahi.

No caminho até o porão, Poncho olhava atento para corredores, portas, a fim de bolar o plano perfeito que atendesse a sua necessidade, e ao pedido da amiga.

-- Ok, Any, preste atenção no que vamos fazer: você vai até a central e quando eu cumprir minha parte te envio uma mensagem pro celular e aí você desliga a força, tudo bem?

-- Espera aí, Poncho, isso vai acabar com a festa! Não posso fazer isso, é a festa da minha fraternidade, precisamos arrecadar fundos e...

-- Ei, calma! Não vai durar mais que cinco minutos sem luz, é o tempo suficiente para você sumir com Dulce sem despertar a atenção de ninguém, muito menos sobre a veracidade de nossa paixão... E além do mais, assim posso sumir também com o quarter backer...

-- E qual será sua parte nisso?

-- Atrair nossas presas...

-- Você é horrível! Presas?

-- Isso... -- Poncho sorriu malicioso. -- Preste atenção, como você é a responsável por essa parte na organização da festa, vou dizer a Dulce que você desceu para resolver um problema com a eletricidade do salão e que ainda não voltou e que estou preocupado. Peço a Jonh para ir conosco procurar você, quando estiver a caminho, te envio o SMS, você desliga a força, aguarda três minutos, e religa.

-- Ótimo, como vou encontrar Dulce no escuro?

-- Você está vendo aquela porta ali? Ela dá acesso a quê?

-- Vamos ver...

Abriram a porta e se depararam com um depósito de móveis antigos, tapeçarias, todos cobertos com plásticos e panos. Poncho sorriu como se tivesse a certeza que o universo conspirava a favor deles naquela noite. A porta só se abria por fora, assim, estava perfeito para seu propósito.

-- Excelente, amiga... Trago Dulce para cá e te mando a mensagem, com tudo escuro, digo a Dulce para que fique lá enquanto vou com Jonh na central de energia. Você a religa em três minutos e vem para cá e encontra a Dulce, a essa altura estarei longe... A sós com Jonh, e aí é comigo -- arqueou as sobrancelhas com ares de malícia.

Voltaram para o salão a fim de dar início ao plano. Esperaram alguns benfeitores anunciarem doações, e só aí Anahi desceu para o porão. Como combinado, ao receber o SMS de Poncho desligou a chave da energia, contando no cronômetro do celular os três minutos que o amigo estipulara. Ao final desse prazo, religou a energia e se dirigiu até a tal porta do depósito.

De longe já se ouvia os gritos de Dulce pedindo ajuda. Apressou-se notando um tom desesperado na voz da ruiva. Destrancou a porta rapidamente, ao se deparar com Anahi, Dulce a abraçou forte, trêmula, estava pálida. Anahi se compadeceu vendo o estado daquela mulher sempre tão altiva. Parecia mais uma criança assustada naquele momento.

-- Ei, Dul, calma, já está tudo bem, estou aqui com você...

A ruiva continuou ali abraçada com Anahi, até ir recuperando a calma aos poucos. A novata, por sua vez, esquecera de qualquer plano armado ao sentir o corpo de Dulce aninhado no seu. Aquele perfume lhe envolvia de uma maneira quase que sobrenatural, uma vez que transportava Anahi interiormente para um universo paralelo, no qual só existiam ela e Dulce naquele depósito de quinquilharias, que num momento se transformara em um cenário cheio de romantismo.

Dulce permitia aquele aconchego desejando que o contínuo espaço-tempo fosse quebrado e aquele instante se eternizasse. Ali, tão perto do colo de Anahi, podia ouvir o coração da loirinha bater no mesmo ritmo que o seu. Esse som, esse clima, era o suficiente para esquecer qualquer jogo de intrigas, naquele momento só importava o que ela e Anahi sentiam.

Aos poucos a ruiva se desvencilhou dos braços de Anahi, encarando-a intensamente. A loirinha não fugiu daquele olhar, parecia bem mais que atraída pela faísca dele, estava hipnotizada, rendida aos olhos castanhos latinos de Dulce. A presidente da Gama-Tau baixou a cabeça e disse baixinho, evidenciando um toque de timidez por ter demonstrado tamanha fragilidade.

-- Desculpe-me, acho que tenho um certo pavor de escuro, de locais fechados... A aconteceu algo estranho...

-- Não precisa se desculpar, Dul, está tudo bem. E não se preocupe, sua imagem de mulher destemida está a salvo comigo -- Anahi a interrompeu num tom de brincadeira extremamente doce.

-- Seu namorado está a sua procura e me pediu que mostrasse onde era a central de eletricidade... E me deixou aqui saindo com Jonh, não entendi nada... O que houve?

-- Fui informada sobre oscilações no fornecimento de energia em alguns pontos do Windson, quis averiguar antes que acontecesse algo para prejudicar a festa, era apenas um fusível com mau contato... Providenciei o reparo com o pessoal da manutenção, mas na hora da troca a energia caiu de vez...

Dulce parecia confusa com a versão dos fatos segundo Anahi, mas queria ignorar os fiapos soltos da história, a fim de aproveitar aquele instante a sós com a loirinha.

-- Que bom então que não estragou a festa... Seu namorado está com Jonh... Devem estar trocando impressões a seu respeito...

-- Poncho é um cavalheiro, não fala de nossas intimidades com ninguém, especialmente com outro homem...

-- Se você diz... Deve conhecê-lo melhor que eu...

-- Com certeza... Melhor sairmos daqui, vou procurar meu namorado.

-- Espera, loirinha! Pra que a pressa? Medo de ficar a sós comigo?

-- Por que você insiste em não me chamar pelo nome? Você sabe que tenho um, não sabe? E a medrosa aqui não sou eu...

Dulce não conteve o riso vendo a irritação de Anahi. Ao notar um sorriso se desenhando nos lábios da ruiva, a novata também não conteve o sorriso, ambas baixaram a cabeça para que nenhuma fosse a culpada de dar o braço a torcer naquela discussão boba.

Alguns segundos de silêncio, e Dulce paralisou olhando por cima dos ombros de Anahi, sem fazer movimentos bruscos. Caminhou lentamente até ela, e disse quase que sussurrando:

-- Não se mova...

A orientação parecia surtir exatamente o efeito contrário, Anahi deu um salto, e uma aranha enorme que descia de um dos móveis empoeirados caiu sobre seus ombros, provocando uma série de gritos, que só se assemelhavam aos berros do filme “Aracnofobia”.

Dulce então, com um cabo de madeira, derrubou a aranha, empurrando um móvel pesado por cima do bicho, apressando-se em ir em direção a Anahi para tentar acalmá-la.

-- Ei... Só uma arainha de nada, me deixa ver se no seu ataque aconteceu alguma coisa ao seu ombro...

Dulce falou mansamente, deslizando as mãos nos ombros de Anahi. O ombro esquerdo, nu, estava vermelho, provavelmente não por efeito do contato com o bicho, mas pelas excessivas batidas que a loirinha deferiu contra ela mesma enquanto se debatia com medo da tal aranha.

Anahi não conseguia falar, respirava rápido, sentindo o toque suave das mãos de Dulce na sua pele, que imediatamente começava a queimar, mas não pelo contato acidental do bicho, e sim pelo desejo que emanava de seu corpo por Dulce.

A ruiva, por sua vez, estremecia diante da maciez da pele alva da novata. A vontade de tomá-la em seus braços era tanta, que o simples fato de ouvir a respiração acelerada de Anahi, já lhe arrepiava inteira.

Em segundos a testa de uma já estava colada na outra... Roçaram suas faces, as peles se eriçaram, as bocas se procuraram famintas, até se encontrarem num beijo pleno, intenso, urgente e sem reservas.

À medida que as línguas se buscavam num movimento sincronizado das bocas, as mãos de Dulce percorriam o decote do vestido de Anahi, esta, puxava para si a ruiva pela cintura se deliciando nas curvas dela, ousando explorar cada centímetro que sua mão pudesse alcançar. O beijo não cessava. A vontade contida, até aquele instante, não deixava brechas sequer para recuperar o fôlego, ambas pareciam querer mergulhar uma na outra.

Aquele momento foi interrompido com um barulho de alguém se aproximando pelos corredores do subterrâneo do Windson. Antes que Anahi e Dulce pudessem descobrir de quem se tratava, ouviram o barulho de portões rangendo, e o som característico de cadeados se fechando.

Entreolharam-se deduzindo o que acontecera, correram em direção à entrada do subterrâneo, mas foi em vão, os portões estavam trancados, e por mais que gritassem, não seriam ouvidas naquela altura.

Dulce, visivelmente contrariada, exclamou:

-- Ótimo... Agora estamos trancadas nesse porão...

-- Calma, vou ligar para Poncho...

-- Espera...

Não deu tempo de Dulce concluir o raciocínio, Anahi já estava com o celular nas mãos, discando.

-- Ai, não acredito! Estou sem bateria! Droga, descarregou...

-- É... Estamos presas aqui.