Fanfic: Sociedade Secreta lesbos - Adaptada | Tema: Portiñon

Capitulo 27

A reação de Anahi foi instantânea ao reconhecer quem lhe abordara. Empalideceu, as suas mãos gelaram, e a voz quase que inexistente murmurou:

-- Mam... Mãe?

-- A própria! Nem sua mãe você reconhece mais?

Anahi soltou a mão de Dulce imediatamente e correu para os braços daquela senhora elegante. Seu rosto lembrava muito o de Anahi, especialmente os olhos e a boca. Trajava um vestido sofisticado, cabelos presos em um coque, sem dúvida, uma bela mulher. Meio sem vontade, ainda visivelmente contrariada por encontrar sua filha naquele cenário, a mãe de Anahi retribuiu o abraço.

-- Mãe, por que a senhora não me avisou que viria aqui?

-- Porque, teoricamente, seria uma surpresa de aniversário, mas quem se surpreendeu fui eu, ao procurar você na Casa Beta-Lou e saber pela irmã presidente que você sequer se inscreveu para seleção, e que agora era uma Gama-Tau! Ora, Anahi, o que foi que ficou combinado ao você ser aceita em Prescott, mocinha?

-- Mãe, desculpa, sei que era a fraternidade da senhora, mas não tem nada haver comigo  mãezinha, me identifiquei mais com a Gama-Tau...

-- Identificou-se? Que absurdo, Anahi! Você não é...

-- Não sou o que mãe?

-- Você não é... Como elas...

-- Como elas? Mãe, sou uma Gama-Tau. O que eu não sou? Divertida? Amiga? Popular?

-- Anahi... Não dificulte as coisas... Nós vamos sair daqui agora, e vamos à Beta-Lou. Vou usar de minha influência como antiga presidente, pra elas aceitarem você lá. Vamos, depois saímos pra jantar e comemorar seu aniversário...

-- Não, mãe, para! Não vou a lugar nenhum! A Gama-Tau foi minha escolha, lutei pra entrar aqui e não vou sair só para agradar a senhora, sinto muito...

-- Lutou? Então, você teve que cumprir as tais tarefas?

-- É, mãe, só há essa forma de ingressar nessa fraternidade...

-- Meu Deus... Que castigo é esse comigo?

Dulce assistia a tudo calada, igualmente nervosa e pálida, mas manteve-se em silêncio, observando com atenção os gestos daquela mulher, sua expressão, e cada palavra daquela discussão, sem qualquer reação. Seu transe se encerrou quando Anahi se aproximou dela apresentando-a:

-- Mãe, para de drama, vai... Vem cá, quero que você conheça uma pessoa: essa é a presidente da Gama-Tau, Dulce Saviñon, Dulce, essa é Sandra Puente, minha mãe.

O olhar de Dulce e Sandra se cruzou imediatamente, ao ouvir o sobrenome Saviñon, a mãe de Anahi, que já estava abalada em encontrar a filha naquela fraternidade, deixou transparecer pavor, especialmente ao notar aqueles traços latinos tão familiares.

-- Saviñon?

-- É, senhora, muito prazer, Dulce Saviñon.

A ruiva foi seca, estendeu a mão com o olhar desafiador, como se quisesse falar através deles, que o nome Sandra Puente também não lhe era estranho. Sandra, por sua vez, atônita, não conseguia esconder seu desconforto diante de Dulce. Não retribuiu o gesto da ruiva, deixou apenas escapar quase que um sussurro:

-- Isso não pode estar acontecendo...

-- Mãe! Essa é a educação que os Puentes tem? Dulce está falando com a senhora!

-- Anahi, isso tudo é absurdo. Vamos pra outro lugar, vamos conversar, e não será na frente de estranhos...

Sandra não escondia seu mal estar diante do olhar fixo de Dulce, Anahi parecia ignorar o clima pesado entre as duas, mas foi firme:

-- Mãe, a Dulce não é uma estranha, e aqui é minha casa, somos todas irmãs de fraternidade, minha família aqui no campus, esqueceu? Não vamos a lugar nenhum, a senhora quer conversar, então ótimo, aja como uma dama que a senhora é, venha conhecer minhas irmãs e ser educada com todas, afinal hoje é meu aniversário...

--Anahi... É melhor vocês conversarem a sós, toma a chave do Studio, você pode entrar pelas escadas laterais externas, não precisa entrar na mansão... Depois se sua mãe desejar, você a traz para conhecer a nós todas, mas saia pelas escadas laterais e entre pela porta principal. Você sabe que não é permitido pessoas de fora da fraternidade conhecer os outros andares da casa...

Anahi concordou, e quase que por impulso beijou a face de Dulce, e chamou sua mãe para acompanhá-la:

-- Vamos, mãe?

-- Entrar nessa casa... -- Sandra manifestou seu desgosto, quase pânico de entrar na mansão Gama-Tau.

-- É minha casa, mãe... E se a senhora que falar comigo, tem que ser aqui. Dulce está sendo muito gentil permitindo isso, é uma exceção que ela está abrindo só porque é pra mim, não é, Dulce? -- Anahi deu uma piscadela para Dulce que sorriu amarelo.

-- Isso é completamente absurdo, nunca imaginei sofrer tamanha decepção com você, Anahi!

-- Ok, vamos subir, aí a senhora termina esse melodrama...

Dulce acompanhou somente com os olhos mãe e filha subindo as escadas externas da casa, ainda sob a emoção daquele encontro inesperado. Ficou cara a cara com o alvo de sua vingança, um misto de memórias e sentimentos vieram à tona, fazendo com que a ruiva concluísse que não estava preparada para aquele momento. Era necessário um momento para ela se recompor e não denunciar sua ligação com a mãe de Anahi. Entrou na mansão, as demais irmãs as aguardava para dar início à festa surpresa. Se surpreenderam ao ver a presidente entrando sozinha. Angelique logo a abordou:

-- Onde está Anahi? O que você fez com ela, Dulce?

O tom preocupado de Angelique surpreendeu a todas, especialmente pela entonação agressiva da loira, incomum quando se tratava de se dirigir à presidente da Gama-Tau. Angelique, no entanto, não se intimidou com a expressão de Dulce e seguiu perguntando:

-- Fala, Dulce... Cadê a Anahi?

-- Calma, Angelique, ao contrário do que você pensa, não fiz nada com ela. A mãe de Anahi estava aguardando-a aqui na frente, saíram pra conversar, mas ela vem daqui a pouco...

A loira respirou aliviada, mas sem graça por ter sido impertinente com Dulce. Rachel, ao contrário, não ficou nada aliviada, apreensiva aproximou-se de Dulce, perguntando:

-- A mãe de Anahi viu vocês chegando juntas? Você falou com ela?

-- Sim, Rachel... Viu... E sim, falei com ela. Na verdade, só eu falei, porque a perua simplesmente me ignorou... Mas tremeu quando ouviu meu sobrenome...

No estúdio, Anahi e sua mãe iniciavam uma conversa tensa, especialmente para Sandra, que olhava para aquele lugar como se fosse familiar, atentava para cada detalhe, e pensou alto:

-- Isso aqui está muito diferente...

-- Anh? Diferente? Então a senhora já conhece esse estúdio?

-- Quis dizer que é diferente do que eu pensava...

--Ih, mãe... Essa cara da senhora está esquisita... A senhora está me escondendo algo...

-- Escondendo nada, menina! Quem me escondeu algo, foi você! Quando você pretendia me contar que estava nessa fraternidade de...

-- De o que, mãe? Fala! A senhora não é mulher de reticências, por que todo esse escarcéu por eu não ter entrado na fraternidade que a senhora queria? Sempre me orgulhei de ter uma mãe que respeitasse minhas escolhas, por que isso agora?

-- Anahi, porque essa escolha que você fez foi totalmente errada! A Gama-Tau não é para uma Puente, especialmente para você!

-- Por que, mãe? O que a senhora sabe da Gama-Tau?

-- O que todos no campus sabem, Anahi... Que as meninas quentes de Prescott só sabem dar festas, são cheias de rituais secretos, e o principal são... Você sabe...

-- Lésbicas? É isso, mãe?

Sandra Puente paralisou, arregalou os olhos para a filha, engoliu seco e respondeu desviando o olhar, mexendo na sua bolsa Mark Jacobs:

-- É isso aí mesmo que você falou... Um absurdo, você não é isso!

-- Mãe, não era assim que eu pretendia ter essa conversa com a senhora, mas eu sou...

Sandra mais uma vez arregalou os olhos para a filha, interrompendo-a:

-- Não conclua essa frase! Você não é isso!

-- Mãe, sou uma Gama-Tau, sou lésbica e estou apaixonada!

Continua...