Fanfic: Sociedade Secreta lesbos - Adaptada | Tema: Portiñon

Capítulo 74

Entraram na casa enquanto Dulce foi mantida fora pelas amigas, parecia uma fera enjaulada, não ouvia os argumentos sensatos de Rachel, Angelique e Nicole que se esforçavam para convencê-la que perder a cabeça naquele momento não ajudaria em nada. A ruiva decidiu então dormir no seu barco, não se controlaria se visse mais uma vez a cara cínica de Ellen. Precisava apenas pegar seu capacete e as chaves da moto. Entrou na casa, e quando estava de saída, viu Ellen saindo da biblioteca com Rebeca, Meredith, acompanhada por Sandra e Anahi.

Os olhares das primas se cruzaram, a decepção de Dulce era notória, Anahi desviava o olhar, mas Ellen, essa mantinha sua postura vitoriosa, apesar da repreensão que acabara de sofrer das líderes da fraternidade. Dulce baixou a cabeça e se encaminhou para a porta quando foi interrompida por Rebeca:

-- Dulce, aonde você vai?

-- Não posso dormir aqui Rebeca, o ar está irrespirável.

-- Querida me desculpe, mas as saídas hoje estão suspensas, são as regras -- informou Rebeca.

-- Mas Rebeca...

-- As regras são para todas, Dulce, sinto muito.

Dulce balançou a cabeça negativamente e fez menção de subir as escadas quando Sandra lhe chamou e falou em particular:

-- Amanhã seu tio deve chegar de Nova Iorque com os documentos para você assinar, vá ao hotel no final da tarde.

-- Tudo bem, Sandra.

-- E... Dulce, releve, Anahi está fora de si... Dê um tempo a ela...

-- Sandra, conversamos depois. Não estou conseguindo olhar pra essas duas, desculpe-me.

Dulce não notou Ellen se aproximar enquanto ela guardava o seu capacete, apenas quando ouviu sua voz que para a ruiva era irritante:

-- Agora entendo por que você escolheu a Anahi, ela é deliciosa...

Ellen sequer viu quando a ruiva ergueu-se com o capacete na mão, direcionando-o para a cabeça dela, derrubando-a em cima da mesa de centro da sala. Não se contentou em ver a moça caída no chão sem forças para se levantar, partiu para cima dela, estapeando sua face com gosto, repetindo:

-- Você vai engolir esse sorrisinho com seus dentes juntos!

O sangue já jorrava do canto dos lábios de Ellen, quando Anahi apareceu gritando:

-- Para Dulce!

Ao ouvir a voz de sua amada, Dulce parou, levantou-se com um olhar triste, desviou-o para Anahi e disse com um tom de profunda mágoa:

-- Como você pôde? Justo com ela?

-- Dulce, por favor...

-- E ainda intercede a favor dela? Você esquece o que ela nos fez? Esquece quem é ela?

-- Será que você não vê, sua idiota?

-- O quê? Que me enganei com você?

Nesse momento Rebeca entra na sala ajudando Ellen a se levantar, ordenando que Dulce suba para seu quarto e não saia de lá até ser chamada por ela. Sandra tem autorização para passar a noite com a filha na casa, mas Anahi recusa a companhia da mãe, olha fixamente para Dulce que sobe as escadas enxugando as lágrimas misturadas ao suor do rosto. Rachel furiosa não só com Ellen, mas também com Anahi, segue a amiga depois de dizer à loirinha:

-- Espero que você esteja satisfeita. Agora Dulce será expulsa da fraternidade. Francamente Anahi... Quem é você?

Anahi sentiu-se tão culpada que tentou interceder por Dulce junto a Rebeca, que foi taxativa:

-- Você deve mesmo se sentir culpada, mocinha! Você foi inconsequente, mas como eu disse, as regras são para todas, não posso fazer nada por Dulce, apesar de contrariada, terei que pedir que ela deixe a casa. Agora suba para seu quarto, já que não quer a companhia de sua mãe, trate-se de curar essa bebedeira sozinha, se você faltar mais uma aula na universidade esse semestre, também questionarei sua presença nessa fraternidade.

Dulce não esperou ser expulsa da Gama-Tau, as malas que ainda estavam arrumadas após Anahi expulsá-la do seu quarto não foram desfeitas, esperou o barulho cessar e desceu com as elas, deixando a mansão da fraternidade que ela já fora presidente.

O dia seguinte na Gama-Tau amanheceu com o clima pesado. Ellen foi obrigada a descer e cumprir com suas obrigações de estudante, mesmo com os hematomas pelo corpo e um dente a menos na boca. A mesma regra foi lembrada a Anahi, que desceu com cara de poucos amigos e olheiras enormes marcando seu rosto delicado. A ausência de Dulce foi percebida por todas, que se perguntavam preocupadas com a ex-presidente até Rachel informar a Rebeca o paradeiro da moça e esta comunicar às demais:

-- Segundo as regras dessa fraternidade, Dulce Saviñon não faz mais parte da Gama-Tau, ela desrespeitou o nosso estatuto e por isso deixou a casa. Isso serve de exemplo para todas, se uma ex-presidente tem que cumprir as regras, imaginem as demais... Portanto, nenhuma falta nas obrigações acadêmicas, nenhuma saída sem aviso, nenhuma intriga será tolerada por mim. Vocês querem ser tratadas como crianças? Pois muito bem, estão TODAS de castigo! Terminem o café-da-manhã, porque vamos TODAS juntas até a universidade, acompanharei as crianças à escola!

-- Mas isso é ridículo! -- exclamou Vanessa.

-- Só por causa de sua exclamação Vanessa, agora decidi, vão todas em fila indiana, de mãos dadas para todos no campus verem que vocês sabem ser disciplinadas e são de fato irmãs, o contrário do que as outras fraternidades testemunharam ontem... Que vergonha!

A cena logicamente foi hilária, Rebeca na frente e as Gama-Tau em fila indiana de mãos dadas pelo campus parando em prédios diferentes, adentrando aos trios em cada um segundo as orientações da líder que detinha os horários das meninas quentes de Prescott, que dessa vez ao invés de alvo de desejo e cobiça, eram alvo de risadas e piadas infames. Algumas das meninas encararam o clima jocoso, ignorando os comentários dos outros estudantes, outras pareciam crianças emburradas enquanto outras se escondiam dos olhares de todos.

Dulce chegou cedo à universidade, as aulas de música eram para ela especialmente importantes, ainda assim, não lhe deu o sorriso que típico nessas atividades. Sentia-se desfeita, pela primeira vez na sua vida não tinha planos, ao menos em outra época já tinha em sua cabeça uma meta, vingar-se de Sandra Puente; Agora, sentia-se sem energias para traçar novas perspectivas. Na saída de suas aulas, surpreendeu-se com a presença do conhecido Mercedes de Michelle parado à frente do prédio e a líder da Lesbos vindo em sua direção.

-- Se Maomé não vem à montanha...

Dulce permaneceu séria, de braços cruzados, e perguntou:

-- O que faz aqui, Michelle?

-- Você com essa mania de não atender as minhas ligações...

-- Já te ocorreu que não atendo porque não quero falar com você?

-- Não, não me ocorreu, porque simplesmente não me ocorre que você cometeria tal erro, já te disse: você é minha!

-- Não sou de ninguém, Michelle...

-- E a sua namoradinha?

-- Sua espiã parece que não te atualizou das fofocas... Mesmo que não seja da sua conta, não tenho mais namorada.

-- Não me surpreende... Aquela loirinha sem graça não é mulher para você. Não entendo como ela é uma Gama-Tau...

-- Já chega, Michelle... Com licença, tenho que ir.

-- Não vai se juntar ao trenzinho da escolinha de Rebeca?

Michelle apontou para as Gama-Tau reunidas em fila atrás de Rebeca no campus, prontas para voltar para casa. Dulce estranhou a cena, mas sequer tinha energia para sorrir das antigas irmãs, de longe observou Anahi caminhar cabisbaixa, até que a loirinha ergueu a cabeça e viu sua ex-namorada ao lado de Michelle. Rebeca ao ver as duas caminhou na direção delas, cumprimentou Michelle secamente e disse a Dulce:

-- Nós ainda temos que conversar Dulce, ligue-me para marcarmos uma hora e o local.

-- Claro Rebeca, preciso que você me autorize também pegar meus equipamentos e instrumentos do estúdio.

-- Combinaremos tudo, ligue-me. Com licença.

Os olhos de Anahi permaneceram fixos na conversa das duas, Michelle insistia:

-- Mas o que foi isso, afinal? Como assim marcar hora e local?

-- Por que ainda te dou explicações, hein Michelle? -- retrucou Dulce demonstrando impaciência -- Não sou mais uma Gama-Tau, pronto, falei, agora me deixa em paz!

-- Uau! Isso sim é notícia quente. Precisamos comemorar...

-- Ai, me poupa Michelle, estou indo, passe bem.

-- Ei, espere um pouco. Vou viajar, passar um tempo fora do país, mas farei uma reuniãozinha com as amigas mais íntimas e quero um momento a sós com você.

Michelle falou mais perto de Dulce, mexendo nos cachos de seus cabelos. Interessada nessa viagem de Michelle como uma possível fuga, Dulce prolongou a conversa:

-- Viajar?

-- Sim, vou acompanhar Aaron em uma viagem de negócios para Ásia e Europa, devemos passar um bom tempo fora.

-- Claro... E essa reunião será como aquelas?

-- Será divertida, falta acertar alguns detalhes, confirmar presenças, mas dessa vez, você será só minha. As outras vezes compartilhei você por que queria te punir mesmo por se comportar mal comigo.

Michelle mordeu os lábios evidenciando sua vontade contida de beijar a ruiva ali mesmo. A fim de atiçar aquela fogosa mulher provocando-a a falar mais sobre a suposta reunião, Dulce perguntou:

-- Onde e quando será essa reunião?

-- Sexta-feira, às 22h, no Hotel Columbia Beach, entregue essa senha na garagem do hotel, e levarão você até mim.

Imediatamente Dulce informou a Rebeca sobre a tal reunião, certamente se tratava de mais um círculo da Lesbos. Rebeca por sua vez comunicou a agente Madson a informação, o FBI teria apenas dois dias para montar uma operação que flagrasse a reunião secreta da Lesbos.

A ruiva seguiu para o hotel, conforme combinado com Sandra na noite anterior. O abraço no seu tio foi confortador, segurou as lágrimas por puro orgulho, mas sentiu vontade de desabar naquele gesto.

-- Estou sabendo do que houve minha querida, não se preocupe, tudo ficará bem, Anahi tem a cabeça dura, mas tem um coração de ouro...

Dulce suspeitou que o tio não soubesse de tudo, a julgar pela sua defesa da filha, apenas esboçou um sorriso amarelo, e sentou-se perto de Sandra.

-- Vou conversar com ele melhor depois, Dulce -- informou Sandra.

Peter foi orientando a sobrinha sobre o conteúdo dos documentos que ele preparara, oferecendo-se para explicar qualquer dúvida de Dulce que escutava atenta as instruções do tio sobre aplicações em dinheiro, propriedades e sua parte nas empresas dos avós paternos. Leu cada documento que assinava, perguntando a Peter sobre termos técnicos que ela desconhecia. Os três conversavam sobre as investigações do acidente que vitimara Wiliam quando Anahi chegou à suíte surpreendendo-se com a presença de Dulce.

-- Olá querida! Cadê meu abraço?

Anahi foi fria com o pai, o que entristeceu Peter, não cumprimentou nem a mãe, muito menos Dulce, o que irritou seu Peter:

-- O que é isso, Anahi Não foi essa educação que lhe dei...

-- Pai eu só vim falar com o senhor rapidamente, mas tenho que voltar logo à fraternidade, as regras agora são rígidas, não posso me ausentar sozinha.

-- Mas Dulce está aqui, vocês podem voltar juntas.

-- Não faço mais parte da Gama-Tau, tio Peter.

Anahi esboçou um sorriso irônico ao ouvir sua ex-namorada chamar seu pai de tio, percebendo a atmosfera pesada ali, Peter tratou de cobrar explicações:

-- Mas o que está acontecendo aqui? Sandra?

-- Peter venha comigo ao quarto, Dulce você pode nos esperar um momento? Anahi não saia daí.

-- Era só o que me faltava mãe...

-- Alto lá, mocinha! Isso é jeito de falar com sua mãe?

-- Venha Peter, por favor -- disse Sandra com uma voz mansa e entristecida.

Dulce e Anahi ficaram a sós na antessala da suíte espaçosa, evitavam olhar-se, instalando-se um clima desagradável para ambas, até Anahi quebrar o silêncio.

-- O que você faz aqui? Posso saber?

-- Vim assinar os papéis para o reconhecimento legal de minha parte na herança de meu pai.

-- Agora você tem dinheiro e mesmo assim ainda se encontra com aquela mulher... O que acontece? Você sente falta de ser espancada por ela?

Dulce balançou a cabeça incrédula pelo que estava ouvindo de sua prima e respondeu:

-- E você? Gosta de ser enganada, por isso transou com a Ellen?

Anahi ficou desconcertada, balbuciou algum som, mas nenhuma palavra saiu, e Dulce continuou:

-- Até agora me pergunto quem é a menina que me apaixonei... Não é essa que estou vendo, caramba Any, justo com a Ellen? Você queria se vingar de mim? Queria me ferir? Você me odeia tanto assim?

-- E o que eu fiz pra você me odiar a ponto de querer me magoar, me ferir propositalmente?

-- Não era você que eu odiava, era sua mãe!

-- E mesmo apaixonada por mim ia me usar para vingar-se dela, o que me dói é que você só desistiu do plano de vingança por que descobriu que minha mãe não teve culpa, não desistiu porque me amava!

-- Eu não tinha mais tanta certeza de continuar essa vingança quando me dei conta o quanto te amava, não sabia se teria coragem de ferir você e arriscar te perder... Mas isso não interessa mais, ontem eu vi que não restou em você qualquer consideração por mim, não vale a pena discutir isso.

-- Eu também vi hoje sua consideração. Já estava em público com a mulher que você se fazia de vítima dizendo que ela te chantageava, te maltratava...

-- Não é nada disso que você está pensando, Any!

-- Como não? Eu vi Michelle se derretendo toda pra você, entregar papelzinho e tudo mais, era um bilhetinho de amor doente? Mas como você mesma disse, não me interessa, não temos mais nada uma com a outra.

-- É isso mesmo! Não te interessa com quem eu saio, com quem eu durmo. Você escolheu seguir justo com a Ellen, até foi defendê-la quando eu ia arrancar mais uns três dentes daquele sorrisinho cínico dela.

-- Deixa de ser idiota! Eu estava tentando impedir você de ser expulsa da fraternidade, estava protegendo você e não ela!

Dulce levantou os olhos e fixou-os em Anahi que parecia arrepender-se de revelar sua intenção. Sem pestanejar, Dulce aproximou-se da loirinha como um impulso, segurando-a pelos cabelos roubou-lhe um beijo absolutamente apaixonado, cheio de saudade e desejo. Anahi retribuiu à altura, entregando-se ao momento intensamente.