Fanfic: Sociedade Secreta lesbos - Adaptada | Tema: Portiñon

Capítulo 91 

Como de costume, Sandra acordou mais cedo para dar as instruções sobre o café da manhã a Lucia e se surpreendeu quando a cozinheira entregou-lhe o bilhete deixado por Dulce. No mesmo momento, Sandra ligou para Anahi, acreditando que a filha também não sabia da partida da ruiva.

-- Oi mãe, o que aconteceu pra senhora me ligar tão cedo?

-- Filha, é a Dulce.

-- O que tem a Dul? Piorou? Aconteceu algo com ela? -- perguntou Anahi nervosa.

-- Não filha, nada disso, a saúde dela está perfeita. Dulce partiu para Los Angeles hoje ao amanhecer, sem se despedir.

Anahi ficou muda, sentindo seu peito apertar tamanha era sua sensação de perda.

-- Anahi? Anahi? Minha filha você está aí?

-- Sim mãe, estou.

-- Você sabia que ela ia embora hoje?

-- Não mãe, há dias não converso com Dulce.

-- E você não vai fazer nada?

-- O que eu posso fazer mãe? Ela tomou a decisão dela, escolheu a carreira, farei o mesmo.

Anahi desligou o telefone antes de sua mãe contra argumentar algo. Abraçou seu próprio corpo contra o travesseiro e amargou um pranto de saudade e arrependimento sufocado.

Dulce chegou à noite em Los Angeles. No cais, Alicia a esperava com a alegria peculiar de sempre, saltando nos braços da ruiva cobrindo seu rosto de beijos:

-- Seja bem-vinda, minha ruiva!

-- Essa sua recepção me lembra de um cachorrinho que eu tinha quando criança, ele fazia exatamente assim quando eu voltava da escola... -- disse Dulce limpando sua face das marcas de batom da cantora.

-- Está me comparando a um cachorro Dul?

-- Mais ou menos, está faltando você abanar o rabinho... Requebra aí minha estrela!

Alicia beliscou o braço de Dulce fingindo estar ofendida, em seguida, a ruiva sorriu abraçando a amiga, dessa vez com ternura.

-- Ainda bem que você veio me receber Alicia, não foi fácil para eu vir para cá.

-- Imagino Dul... Deixar aquela loirinha cabeça dura deve ter sido difícil...

-- Alicia, gostaria de pedir que você não tocasse no nome de Anahi nunca mais, quero esquecê-la, para seguir minha vida.

-- Você manda! Bom, então vamos, eu sei que você tem grana pra se hospedar na suíte presidencial do Hilton, até pra comprar uma mansão em Bevely Hills, mas hoje você fica comigo no meu apartamento, temos muito que conversar e trabalhar também!

-- Até parece... Ficarei no meu barco mesmo, tem tudo o que preciso aqui, você sabe que não gosto de luxos. Por hoje fico com você, adoro sua companhia.

Os primeiros dias em Los Angeles para Dulce foram de intenso trabalho, rapidamente se adaptou à nova universidade, se desdobrando dias e noites trabalhando com Alicia e sua banda em ensaios ela se realizava como produtora musical. Mantinha contato com Peter e Sandra, mas mudava de assunto quando ambos tocavam no nome de Anahi.

Anahi por sua vez, evitava tocar no nome de Dulce, mas timidamente ouvia a conversa dos pais no telefone, orgulhando-se do desempenho da sobrinha no seu início de carreira. A tristeza no olhar da loirinha comovia seus pais, que mesmo preocupados com a filha, não puderam mais adiar a volta para Nova Iorque.

Indo para a casa de praia a qual seus pais estavam hospedados, a fim de despedir-se deles, Anahi viu o farol piscar suas luzes, pontualmente às 21h, parou na estrada e sentou-se na areia da praia, relembrando o momento que Dulce lhe contara a história do marinheiro e da pianista, e foi tomada de uma saudade que despertara facilmente as lágrimas fazendo-a esquecer-se do tempo se reportando até aquele instante. Horas depois, foi surpreendida por uma voz conhecida, que lhe tirara daquele êxtase de lembranças:

-- Um doce pelos seus pensamentos.

E uma mão delicada estendeu um bombom para Anahi que imediatamente virou seu rosto:

-- Angel! O que você faz aqui?

-- Fiquei preocupada, seus pais ligaram perguntando por você, já do aeroporto, como você saiu de casa dizendo que viria se despedir deles e não apareceu, resolvi te procurar.

-- Meu Deus! Que horas são? Preciso encontrá-los no aeroporto então!

-- Tarde demais loirinha, a essa hora eles já embarcaram, depois que vi seu carro e você aqui sentada, avisei para eles que havia te encontrado, mais tarde você liga para eles e explica tudo.

-- Ah que pena... Que cabeça a minha.

Anahi foi se levantando batendo a areia da calça, fazendo menção de sair dali quando Angelique puxou o assunto:

-- Até quando você vai viver de lembranças?

Anahi segurou seus cabelos, balançou a cabeça negativamente indignada com a pergunta da loira:

-- Você acha que é fácil esquecer um amor?

-- Não, não é fácil, a prova disso é que continuo aqui, esperando qualquer migalha de esperança para tentar te amar... Mas sabe o que é pior nisso? É ver você sofrendo e não poder fazer nada...

-- Angel me desculpe... Mas, eu nunca te enganei...

-- Não, a mim não, mas enganou a si mesma, colocando seus planos de carreira à frente do seu amor por Dulce, e agora fica amargando as lembranças de um passado com ela quando poderia estar construindo um presente.

-- Dul tomou a decisão dela, não esperou que eu tomasse a minha, foi embora daqui como se quisesse fugir, só o que restou do meu amor com ela foram as lembranças, porque sequer uma despedida ela se dignou a me dar.

-- E é com elas que você quer ficar? Só com as lembranças?

Anahi baixou a cabeça sem saber o que responder a Angelique, que saiu caminhando pela areia em direção ao seu carro, quando ouviu a voz da loirinha lhe chamar:

-- Angel! Espere.

Anahi andou rápido em direção à loira, e beijou-lhe com intensidade no que obviamente foi retribuída:

-- Não quero só as lembranças, quero uma nova história, dessa vez com você.

Angelique com os olhos marejados abraçou Anahi com força, experimentando uma felicidade inédita.