— Ele não apresenta nenhuma melhora. — Maite, visivelmente triste, pegou o filho no colo e se sentou.
— Ainda está muito recente, filha. Ele provavelmente está dormindo com remédios... — Helena passou a mão no cabelo da filha.
— Maite, qualquer coisa... estamos aqui, viu? — Ucker se aproximou, tocando o ombro da amiga.
Maite estava se segurando para não chorar. Não na frente de Eugenio. O que ele pensaria dela? Chorando pelo ex? Ah, talvez ele não aguentasse. Ela abraçava Nick, sentindo William nele. Precisava estar em contato com uma parte pequena dele, e tinha essa parte em seus braços. O pobre menino não estava entendendo tudo o que acontecia, mas sabia que era grave, então resolveu ficar quietinho nos braços de sua mãe.
— Vocês podem ir. Eu fico!
— Mas filha...
— Mãe, por favor. Eu quero ficar. Ahm, rapazes. Qualquer coisa, eu ligo para vocês, está bem?
— Claro, Maite. Seja lá que horas for, ligue para um de nós. Vou tranquilo, sabendo que William ficará em boas mãos. — Poncho, sempre gentil, respondeu.
A Banda levou Helena e Nickolas para casa. Descansar seria o melhor para eles. Eugenio compreendeu Maite, e quis ficar ao lado dela, naquele momento tão difícil.
Maite não aguentou a pressão. Cobriu seu rosto e chorou. Como uma criança que acabava de perder seu brinquedo preferido. Eugenio não sentiu ciúmes da situação. Entendia como doía. Fez carinho em Maite e lhe disse baixinho:
— Ele vai ficar bem. Você vai ver...
— Eugenio me desculpa, mas eu não consigo parar de chorar. — soluçou. — Você deve estar me odiando, por me ver chorando pelo meu ex. Eu sinto muito, mas é inevitável para mim.
Eugenio mordeu os lábios. Não podia mais prender Maite. Não podia mais se enganar. Ele não queria aquilo. Não queria estar com ela daquela forma. Ela ainda amava William, o que seria mais um motivo para ambos não estarem juntos.
— Linda, sabe o que eu acho? — ele tocou a mão dela, e com a outra, ela limpou o rosto.
— O quê?
— Que você deveria voltar com William.
COMO ASSIM? Maite pensava. Eugenio estava ficando louco? Ele era namorado dela. Que tipo de conselho é esse? Pedir para sua namorada voltar com o ex? Ela havia escutado direito? Quis estar sonhando. É, é isso. Se considerou num sonho. Mas logo, acordou para a realidade. Tudo aquilo era real. Eugenio realmente estava dizendo isso.
— Eugenio, você ficou louco? Você é meu namorado! Mas que raios de sugestão é essa? — ele tentava abrir a boca para falar algo, mas era interrompido por Maite. E com razão. Ela estava assustada. — Olha, não sei que tipo de homem é você, mas...
— O tipo de homem que... gosta do mesmo sexo.
Os olhos de Maite ficaram imensos. Sua cara foi no chão, e ela não sabia se estava ficando louca. Eugenio? Gay? Ah, não é possível.
— E-e-eugenio? Vo-você tá brincando né?
— Não. — sentindo-se culpado por ter enganado ela, ele abaixou a cabeça. — Sei que não é hora, nem lugar, para falarmos sobre isso. Mas isso tá me matando, Mai! Eu sou gay. Mas não queria que ninguém soubesse. Sempre disfarcei o máximo para que nem meus pais, tivessem esse... desgosto.
— Mas, querido! — ela falava nervosa, com a situação. — Você não precisava ter ... mentido pra mim.
— Me desculpe! — seus olhos encontraram o de Maite, que ainda estava muito assustada. — Meus pais me criaram para ser hétero. Então... eu vesti essa roupa, sem querer. Pode gritar comigo, se quiser... você estará em seu direito.
Maite olhou pro nada. Não havia motivos para julga-lo. Tentou compreender o máximo seu lado. Ele não escolheu isso. Ele nasceu assim. Mas foi reprimido por sua família, antes mesmo deles viverem para saber a verdade.
Ela, com todo o carinho que sentia por ele, o abraçou. Passou a mão em seus cabelos cor de mel, e em seguida, deu um beijo eu seu rosto.
— Eu não entendo. Você não demonstrava nojo em me beijar.
Ele riu baixinho, sem jeito. Era tão fofo e delicado.
— Não sou um gay fresco. Tive que ficar com muitas meninas... não sinto nojo, mas... prefiro homem entende? E por sorte, nosso relacionamento nunca chegou numa fase mais. — ele pigarreou, sem saber como tocar no assunto.
— Mais intima. — Maite completou.
— É. Ahm... não me julgue mal. Mas eu não iria conseguir.
Maite sorriu e deitou a cabeça no ombro dele.
— Mesmo você sendo gay, continua sendo o cara mais fofo do mundo, sabia? Ah e tem mais... — ela voltou a olhar para o amigo. — Nossa amizade não mudará. Fica tranquilo!
Eugenio se sentiu aliviado ao ouvir aquilo. Estava na hora de se sentir tranquilo em relação aquele grande segredo. Amou o jeito compreensivo de Maite. Agora, ele a admirava ainda mais. Tinha um carinho imenso por ela. E se fosse hétero, com certeza, se casaria com ela. Ela merecia.
Os dois seguiram para a lanchonete do hospital. Eugenio havia obrigado Maite a comer, pois entre esses dois acidentes, ela não tinha comido muita coisa. Mesmo forçada, ela comeu. Se não, passaria mal a qualquer momento. Ela tentou convencer Eugenio a ir para a casa. Mas ele insistiu em ficar.
Foram para o quarto de William, assim que acabaram.
William estava acordando. Desnorteado, sem saber onde estava. Com uma única preocupação em mente: seu pequeno filho.
— Nickolas? — seus olhos andavam pelo quarto, procurando algum sinal do menino. Algum sinal de alguém.
— Williaaaam, que bom que você acordou. — Maite correu até ele. Havia entrado no quarto no momento em que ele tinha acordado.
— Maite! Cadê ele? Cadê meu filho? — estava ansioso demais. Precisava se acalmar. Repetia o nome do menino a todo momento.