Na manhã seguinte.
Quando Maite entrou no quarto de William, tomou um susto ao ver que ninguém estava na cama. Engoliu seco e não quis acreditar na hipótese dele ter fugido do hospital levando seu filho. Abriu a porta para chamar um médico, mas uma onda de alívio caiu em si, ao ouvir a risada do Nick vindo do banheiro. Urfa!
Ela caminhou até lá, e abriu a porta. E mais um susto. William, estava dando banho na criança. Até aí, nada demais, não é? Mas relembrando que ele está todo machuco, por conta do acidente.
— William! Mas como você é sem noção, você tá ficando maluco? — Maite ficou ao lado dele, ajudando-o dar banho na criança que não parava quieta.
— Ué, ele é meu filho, queria cuidar dele...
— Você é quem está precisando de cuidados agora, seu mula! — deu um leve tapa na cabeça de William, que riu.
— Eu tô bem, já disse! Para mim foram só alguns arranhões.
— Mamãe, já que o papai tá dodói você pode dar banho nele, igual faz comigo. — Nick e sua inocencia, sugeriu.
Maite sentiu seu rosto queimar. Olhou para William, que mordeu os lábios. Ficou mais corada ainda. É cada coisa que falam as crianças...
— Filho, não... não diga besteiras. — ela não conseguia olhar nos olhos de Nick.
— Por que? Papai precisa dos teus cuidados, mamãe.
— É, eu preciso... — William piscou, deixando Maite mais sem graça ainda.
Ela engoliu seco e resolveu terminar com aquele assunto de vez. Desligou o chuveiro e pegou o menino no colo, levando-o devolta para o quarto. William acompanhou ela e ficou reparando em como estava bonita. Mesmo estando com uma cara de sono, de noites mal dormidas, estava linda. Com aquele corte de cabelo curto, com o rosto mais de mulher do que quando a conheceu.
Ela vestia o menino, e sentia o olhar de William atravessando-a. Estava insegura. O que será que ele estava pensando? Será que queria outro beijo? Ou que estava achando ela feia? Ela fechou os olhos por um instante, querendo afastar esses pensamentos loucos de si.
— Pronto, filho! Hora da escola.
— Papai, depois a gente vai se ver, tá bom? — o menino sorriu e deu um beijo no rosto de William.
— Tá ótimo, filho! Vai lá, e estuda direitinho... daqui uns anos eu vou te ensinar a pegar as garotinhas na primeira série.
— WILLIAM! — Maite pôs a mão na cintura. Onde já se viu? Falar essas coisas para uma criança?
— Calma! — ele riu. — Eu só estou brincando, credo.
— Quer transformar o menino num mini William, é? Runf!
— Filho de peixe, tem que ser peixinho, né...
— Vamos, filho... não fique ouvindo as besteiras que saem da boca dele.
Maite pegou na mão do menino e ia deixando o hospital. Quando ia entrar no carro, sentiu uma mão pegar no seu braço, e se virou.
— Você por aqui? — perguntou com espanto.
— É, eu só quero saber como William está. — Pauliana perguntou, sem ter realmente a mínima vontade de saber.
— Para quê? Para ir contar pro seu pai, que os planos de acabar com William não deu certo? Olha, só quero te dizer que tudo o que vocês planejaram, foi em vão... William agora sabe de tudo.
— De tudo é? De tudo o quê?
— Bom, começando pela armação que você e seu pai fizeram, para ele acreditar que não era o pai do meu filho. Parece que ele ia ir embora, e passou na sua casa antes, não é? Só que você não deve saber usar os neurônios, e acabou falando tudo ao telefone, enquanto ele estava ali... que vacilo... algo assim não se comenta por telefone.
— É verdade! Isso tudo é a mais pura verdade. Se dependesse de mim, ele nunca saberia dessa criança.
— Mas que ótimo que não depende não é? E tem mais... você sabe que isso é crime não é?
Pauliana ao ouvir isso perdeu totalmente a pose e o sorriso. Maite estava certa. O que Pauliana e seu pai, César fizeram, eram um crime e tanto. E Cláudio também poderia ir para a cadeia, como cumplice. A cor de Pauliana foi sumindo e Maite riu:
— Que foi, queridinha? Isso tudo é medo de ir presa? Pode ficar tranquila. Não vou estragar minha carreira, denunciando você, nem seu pai, nem aquele médico de quinta que é seu amante. Não vale a pena. E eu acho que William não quer isso também. O que ele mais quer agora, é distancia dos Évora. — Maite deu as costas e entrou no carro. Deixando Pauliana ali fora, imóvel e pensativa. Antes de partir para a escola do filho, ela abaixou o vidro do carro e sorriu para a loira. — Ah, eu até acho que cadeia seria muito pouco para você. Você vive da riqueza, do luxo, e do "poder" que acha que tem... mas não notou até agora, que é uma... parasita nas costas do papai. Olha, sinceramente, se eu fosse você, parava de gastar em jóias, roupas de grife e restaurantes caros... e investia num curso, ou faculdade... de modelo, claro! Haha, pois cérebro para algo como "direito" ou "medicina" eu sei que você não tem.
— E por que eu deveria fazer isso? Nasci em berço de ouro, nunca precisei "ser alguém", pois já nasci sendo.
Maite sorriu.
— Pauliana, meu amor... um tempinho atrás eu conversei com algumas pessoas, que conhecem seu pai... andei pesquisando bastante para saber se era verdade ou não, e sabe o que eu acabei descobrindo? Seu querido papai, no qual você tanto se orgulha, está falindo.
A loira ficou pasma. Arregalou os olhos e não acreditava no que estava ouvindo.
— Eu não acredito em uma só palavra.
— Se eu fosse você, acreditava. — sugeriu. — Estou sendo sua amiga, lhe falando a verdade. — Maite fechou o vidro e levou o menino para o colégio.