Fanfic: One More Day - 1D | Tema: One Direction

Capítulo 20 - Namorados?!

Uma semana depois.

Melissa.

A mensagem de ”Código Incorreto” apareceu pela milésima vez do dia enquanto eu tentava destravar a tela para responder a mensagem que Peter havia me mandado. Depois daquele dia, eu havia mudado a senha do meu celular, mas eu não conseguia me acostumar de jeito nenhum! Eu usava a mesma senha há mais de um ano, e insistia em digitar a antiga toda hora.

Eu sabia que qualquer dia (e ele não ia demorar a chegar) eu ia acabar desistindo e colocando a senha antiga de volta. É claro que graças à minha extrema teimosia, por enquanto eu ia continuar insistindo na senha nova mesmo.

Quando cheguei na sala para a aula de história (a professora havia faltado, então ia demorar algum tempo até encontrarem um substituto disposto a nos dar aula), encontrei Julia sentada na carteira dela, sorrindo enquanto digitava no celular, e Duda ao lado dela, parecendo indignada.

– O que aconteceu? - perguntei.

– Ela não me responde, estou tentando falar faz tempo. Ela está grudada nesse celular desde a primeira aula. - respondeu Duda.

Olhei para Julia, que continuava hipnotizada pelo celular. Então, fiz o óbvio: peguei o celular da mão dela e guardei na bolsa.

– Ei! - ela reclamou.

– Bom dia para você também.

– Ok, bom dia. Agora, devolve meu celular!

– Não até você dizer o por quê de estar tão feliz.

– Quem disse que estou feliz?

– Como se você costumasse sorrir desse jeito a essa hora da manhã.

Ela revirou os olhos.

– Eu não contei ainda? Achei que tivesse contado. Tenho quase certeza que contei e…

– Julia, você está passando tempo demais com a Mel. - disse Duda. - Você não sabe enrolar as pessoas.

Olhei para a Duda.

– É verdade. - ela disse, dando de ombros. - Conta logo!

Julia olhou para os lados, como se estivesse prestes a contar um grande segredo. Mas acho que seria no máximo um dos contos dela ”E era uma vez, na esquina…”

– Estou namorando! - ela diz.

– O QUÊ? - Duda e eu perguntamos ao mesmo tempo. - Desde quando? Onde? Como? Quem?

– Não, espera. Só consigo responder uma pergunta de cada vez. Desde ontem. Ele me levou para sair, e depois me pediu em namoro. Ah, eu já contei com quem? Essa é a melhor parte. Estou namorando o Louis!

– Com o Louis?! Desde quando vocês estão saindo juntos?

– Ah, teve uma vez no sábado, outra na sexta, depois na outra sexta e…

– Detalhes! - pedi.

– Tudo bem, mas cale a boca e me deixe contar. Ele havia me convidado para ir ao cinema com ele ontem. Eu aceitei, é claro. Não sou idiota nem nada. Aí ele chegou para me buscar em casa, e minha mãe atendeu a porta. Foi meio constrangedor, pois ela disse“Nossa filha, esse menino é igualzinho aqueles dos pôsteres na sua parede!”. Louis riu, e depois fomos para o carro em silêncio. Alguns minutos depois, ele disse “Então, você tem pôsteres meus na sua parede?” Eu respondi “Talvez. Só alguns”. Nós fomos ao cinema, e assistimos algum filme de comédia bobo. Depois ele me levou ao Starbucks que tinha ali perto. Assim que sentamos em uma mesa, uma garçonete veio e perguntou o que queríamos. Ele respondeu “Traga a encomenda!” Ela concordou e saiu. Eu perguntei a ele por que tinha falado daquele jeito, e ele respondeu “Eu gosto de falar assim, me sinto como um agente secreto internacional. Tipo James Bond.”

– Tomlinson, Louis Tomlinson. - disse Duda, numa imitação incrivelmente mal feita do Louis.

– Qual parte do “Cale a boca e me deixe contar” você ainda não entendeu? Obrigada. - ela disse. Maldito sarcasmo. - Enfim, aí a garçonete voltou com uma bandeja com tampa, e a colocou na mesa. Louis subiu na cadeira, e começou a bater um garfo no copo de plástico dele, para tentar chamar a atenção das três pessoas que ainda estavam no Starbucks aquela hora. Então ele disse “Eu quero a atenção de vocês, só por alguns minutinhos para um comunicado muito especial”, com aquela voz discretíssima, e todos pararam para olhar para ele. Então ele abriu a bandeja e dentro dela estava o Kevin segurando um anel muito lindo no bico, ele deu para mim e me pediu em namoro. - ela disse, estendendo a mão para mostrar o anel que estava no dedo dela.

– Anw! Que coisa mais linda! - disse Duda. - E, bem, já que está no momento das revelações…

– O quê? Agora você vai me contar que está de casamento marcado com Niall e que está grávida do primeiro dos quinze filhos de vocês dois, e que pretendem fugir para serem mendigos em Nova York?

As duas riram.

– Não seja ridícula. Isso é um tanto impossível disso acontecer, mas seria bem legal. E quinze filhos é muita coisa, só dois para mim já está bom. Mas eu e o Niall meio que saímos algumas vezes e… nos falamos quase todos os dias pelo Skype, ou mensagens…

Meu Deus, daqui a pouco vou ligar para Isa e ela vai acabar me contando que está noiva de um garoto que estudou no mesmo colégio militar que ela estudou no ano passado.

– Então é isso? Você se encontrou com Louis todos esses dias e começou a namorar com ele, e você está se encontrando com Niall, e ninguém me contou NADA? Por quê? Não confia o suficiente em mim para contar? É claro, por quê a Melissa é sempre a última a saber das coisas. Para quê contar as novidades para a Melissa? Nunca ninguém conta nada para mim mesmo e…

– Ah, pare de reclamar. Eu teria te contado, mas você passou a semana inteira grudada no Peter, era praticamente impossível ficar a uma distância de dez metros de vocês dois. - Julia disse.

Senti meu rosto queimar, e a julgar pelo sorriso que Julia deu, era muito provável que meu rosto estivesse com uma tonalidade semelhante à pimentões queimados de sol.

– Ok, acabaram meus argumentos.

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.

.

Se você nunca tentou se concentrar na apostila de francês enquanto tinham quatro loucos à sua volta, eu posso garantir que não é legal. Eu geralmente sou boa com francês, mas agora as palavras pareciam estar escritas em árabe, ou latim. E considerando que para mim árabe são vários rabiscos e a única coisa que eu sei de latim é “Carpe Diem”, eu não estava fazendo muito progresso.

– Você está traduzindo errado. - comentou Harry, aparecendo de sei lá onde e se sentando ao meu lado.

– Como?

– Essa frase significa “Ela se mudou para a Itália” e não “Ela comprou uma toalha”.

– E você sabe disso como…?

– Eu sei falar francês fluente.

– Bem que você podia fazer a minha tarefa para mim.

Bom, ele não fez a minha tarefa, mas me ajudou a fazê-la. Já é um começo. Quem sabe da próxima vez eu não convenço ele a me passar cola na prova pelo celular.

– Vas happenin pessoal?! - chegou Zayn. - Então, vou fazer uma festa no sábado.

– Festa… onde? - perguntou Louis.

– Na minha casa nova.

– Você comprou uma casa nova? - perguntei.

– Sim, tem piscina e tudo mais.

– Zayn, você não sabe nadar. - disse Liam.

– Isso são apenas detalhes. - disse Zayn, animado. - E como sou muito legal, levem quem quiserem. - então ele olhou para mim. - Mel, você até pode levar seu namorado.

Os outros quatro pararam o que estavam fazendo e olharam para mim.

– Namorado…? - começou Liam.

– Que namorado?! - perguntou Harry.

Meu Deus, é hoje que eu morro.

Harry.

Namorado.

A Melissa… namorando.

Isso tem que ser mentira. Por favor.

– Ahm… é meu… namorado imaginário. O nome dele é Daniel.

– Mel, estou cada vez mais preocupado com sua sanidade mental. - disse Niall.

– Minha sanidade mental está ótima, obrigada. - ela disse. - E qual é o problema de se ter um namorado imaginário?

– Não há problema nenhum. Mas que eu saiba, namorados imaginários não deveriam usar alianças imaginárias? - disse Louis.

Ela ia responder, mas foi interrompida pelo toque do próprio celular. Quando ela o pegou para olhar quem estava ligando, reparei que era verdade. Ela estava usando uma aliança na mão direita. Ela olhou para o visor do celular, e ia guardá-lo novamente, mas eu o peguei da mão dela. Era aquele menino, Peter, quem estava ligando.

De repente, tudo começou a fazer sentido.

– Por favor, me diga que não é com ele que você está namorando. - eu disse, devolvendo o celular para ela. Eu não havia percebido, mas em algum momento nós dois tínhamos levantado e agora estávamos em pé no meio da sala.

– Harry, deixa eu falar…

– Quanto tempo? - perguntei.

– Hm? - ela parecia confusa.

– Quanto tempo vocês estão namorando?

Percebi que ela hesitou, como se considerasse dizer alguma outra coisa.

– Uma semana.

Olhei para Zayn, que estava com uma expressão de culpa. Era mais do que óbvio que ele sabia e não me contou.

– E você sabia, não é Zayn?

– Ah… meio que sim… só metade da história.

– Você gosta dele?

Melissa estava encarando fixamente o chão, como se estivesse desejando que ele se abrisse e a engolisse. Depois ela olhou para mim novamente, e abriu a boca como se fosse responder, mas eu a interrompi. Eu não sei se aguentaria ouvir a resposta.

– Harry, eu queria te contar, juro! Mas eu tinha medo que sua reação fosse exatamente essa!

– Como assim “essa”?

– Você está olhando para mim com essa cara de cachorrinho sem dono, está fazendo eu me sentir culpada e… - ela continou a falar, muito rápido e provavelmente em português, porque ninguém estava entendendo nada.

– Hm, Mel… fale em nosso idioma, por favor? - pediu Louis.

Ela ficou vermelha.

– Não, não precisa traduzir. Eu já entendi tudo. Aliás, eu já sabia desde o começo, afinal, que tipo de pessoa se dispõe a dar aulas de violão para alguém como você?!

– Como assim “alguém como você”?

– Não muda de assunto! - eu disse, meu tom de voz subindo. Eu já não tinha certeza mais do que estava sentindo, se era tristeza, mágoa, raiva… talvez até ciúme. - Você sabe muito bem do que eu estou falando! Aliás, Niall, a culpa é sua também!

– Minha?!

– Sim, você podia ter ensinado ela!

Niall não respondeu, só revirou os olhos.

– Para quê tudo isso, Harry? - Mel perguntou, e agora ela também estava falando alto, quase gritando.

– Porque você sabe muito bem que ele é um idiota que vai acabar te magoando!

– Como pode saber disso? Você nem o conhece!

– Presta atenção. Ele é um idiota que está te iludindo, pode esperar, ele vai te trair com a primeira garota que ele conhecer em alguma festa, sem pensar duas vezes. Só você não percebeu isso ainda!

Eu não me lembro muito bem o que mais eu falei. Eu estava muito bravo, e também magoado. Mas não sabia o por quê, só estava.

Eu continuei falando, até que percebi que haviam lágrimas nos olhos dela. E me arrependi de tudo no mesmo segundo.

– Mel… - dei um passo na direção dela, mas ela recuou. - Me desculpe, eu… não sei o que aconteceu e…

– Não, tudo bem. Eu já entendi o que você queria dizer. - ela disse, num tom tão baixo que eu quase não ouvi. Era óbvio que ela estava tentando segurar as lágrimas, mas não estava conseguindo.

Parabéns, Harry. Você acaba de perder uma amiga!

Eu queria muito abraçá-la e pedir desculpas, mas eu sabia que não adiantaria. As coisas que eu disse para ela foram horríveis, eu já tinha quase certeza que ela nunca mais iria querer falar comigo.

Melissa se virou, e andou até o quarto dela de cabeça baixa, e fechando a porta atrás de si.

Me joguei no sofá, pensando no que eu faria agora.

– Você não acha que exagerou um pouco? - comentou Liam.

– Não acho, tenho certeza. - eu disse.

As horas seguintes do dia pareceram arrastar-se. A Mel continuou trancada no quarto o dia todo, e eu estava começando a ficar preocupado. Já eram quase meia-noite, e ela não havia saído do quarto nenhuma vez.

Eu sabia que ela podia muito bem jogar algo pesado e quebrável na minha cabeça depois de tudo o que eu tinha dito, mas resolvi tentar falar com ela.

– Mel? - chamei, batendo de leve na porta.

Nenhuma resposta.

– Mel? É o Harry. Você está bem?

Demorou alguns segundos para que eu percebesse a pergunta idiota que eu havia feito. É lógico que ela não estava bem. E a culpa era completamente minha.

Bati novamente na porta.

– Mel… abre, por favor.

Nada.

Mexi na maçaneta, e percebi que a porta estava destrancada. Abri a porta e vi uma cena que seria engraçada, se você não considerasse a situação toda.

Mel devia ter tentado ler para se distrair, ela sempre faz isso. Ela estava dormindo em cima de um livro, e haviam algumas apostilas e um estojo jogados no chão. A luz estava acesa.

Eu sorri minimamente. Depois, com cuidado, peguei o livro e o coloquei na escrivaninha, junto com os outros materias dela. Apaguei as luzes. Tentaria cobri-la com um cobertor, mas decidi que estava abusando demais da sorte.

Estava quase fechando a porta do quarto, quando dei uma última olhada nela. E então me peguei pensando se um dia ela poderia me perdoar, e possamos voltar a ser… amigos.