Fanfic: One More Day - 1D | Tema: One Direction

Capítulo 27 - Cerejas… de novo.

1 mês depois (sim, de novo!)

Melissa.

Hoje fazia uma semana que voltamos dos Estados Unidos. Passamos duas semanas lá, acompanhando os meninos em suas passagens por vários estados para a divulgação da banda, do novo CD e realização de shows.

Havíamos recebido instruções bem claras de todos os adultos responsáveis (meus tios, Paul, o empresário dos meninos que eu não guardei o nome…) na viagem para sermos discretos. Mas convenhamos: Louis, Liam, Harry, Zayn e Niall já chamam bastante atenção por aí, agora some os cinco comigo, Julia e Duda, que são tão discretas quanto uma manada de elefantes furiosos. Digamos que eu realmente senti pena do Paul e dos outros seguranças.

Foi tipo… louco. Me arrastaram para todos os lugares, desde passeios pelo parque até os backstages de entrevistas, shows e promoções em rádios. Quando chegava a noite (noite que eu digo, são quase duas da manhã), eu praticamente morria na cama, assim como Julia e Duda. Isso porque elas saíram até mais vezes do que eu, pois… ah, elas tem namorado. Sabe como é. Nessas ocasiões, eu ficava assistindo algum filme na televisão do quarto do hotel. Abafando o caso do dia em que Liam chegou com Danielle e viu eu e Harry assistindo algum filme no quarto dele. Ambos estávamos cansados demais para sairmos com os outros, então ficamos no hotel. Quando Liam chegou, ele tirou uma foto, postou no Twitter com a legenda "Esses dois ainda vão casar algum dia". Dizer que todas as fãs surtaram seria pouco para descrever a situação, e depois de ter que discutir com ele, quase roubar seu celular e fazer cara de cachorrinho que caiu da mudança (essa parte é infalível), ele apagou a foto.

Já que essas duas semanas foram super agitadas, os meninos receberam essa semana como uma “folga”. Mas amanhã eles já teriam uma entrevista em algum programa e logo depois um show. E, por motivos desconhecidos, hoje eles queriam ir ao shopping. Nenhum de nós gostava tanto assim de ir a shoppings, e mesmo eu tendo dito umas trinta vezes que não daria certo, que eles seriam perseguidos por fãs, mas eles insistiram e aqui estou eu, indo até o apartamento do Harry e Louis para irmos até lá encontrarmos o resto dos meninos.

Apesar de eu ser muito teimosa, admito que com eles não havia muita coisa a se discutir. Não importa o contexto, motivo, argumentos ou quem está certo, eles sempre me convencem e ganham a discussão. Gostaria de saber como eles fazem isso.

Ao chegar lá, como de costume, bati três vezes, depois mais duas na porta. Era meio que um código que eles me forçaram a usar sempre que fosse lá. E como eu sempre digo: com gente louca, não se discute.

– Entre! - ouvi a voz do Harry do lado de dentro.

Abri a porta cuidadosamente, mas isso não me ajudou a escapar do que veio a seguir. O que parecia ser uns dois litros de água voou na minha direção, encharcando minha camiseta e metade do meu cabelo.

– Mas…? O quê foi isso?! - exclamei. Eu estava praticamente pingando água!

Harry estava parado a alguns metros de mim, com uma daquelas armas de água enorme nas mãos, e um sorriso travesso no rosto.

– HARRY? O que você estava pensando? - gritei.

– Desculpe, eu não sabia que ia molhar tanto assim…

– Ah, jura?!

– Por quê fez isso? - perguntei.

– Não sei. - ele diz, encolhendo os ombros. - Achei que seria divertido.

Comecei a falar uma boa quantidade de palavrões em português mesmo. Agora eu teria que voltar novamente até a minha casa, procurar outra camiseta e voltar aqui.

– Espera. - Harry largou a arma no chão, se aproximou e segurou meus ombros e me balançou, o que funcionou para fazer com que eu parasse de praguejar. - Primeiramente, o que nós combinamos? - ele falou, como se estivesse dizendo para uma criancinha que ela não podia comer chocolate antes de jantar. (O que não faz sentido. Francamente, qual o sentido em controlar o horário de comer chocolate?)

– "Fale numa língua em que a maioria das pessoas presentes entendam"– eu disse, numa péssima imitação de Harry.

– Isso. Segundo, não está tão molhada assim… - ele disse, olhando para minha camiseta. - Ah, esquece.

Boa Mel. Ótimo dia para você escolher vestir uma blusa branca, que por acaso costuma ficar transparente quando molhada.

– Droga. - sussurrei.

– Ainda não entendi as cerejas. - comentou Harry, parecendo meio avoado.

Só então percebi que ele estava olhando fixamente para meu sutiã, que por acaso era o mesmo que eles tinham tirado da minha mala uma vez, que na verdade parece ter acontecido há anos atrás, quando na verdade passou-se apenas alguns meses.

Cruzei os braços sobre o peito.

– Vou ter que ir até a minha casa trocar de blusa.

– A menos que você queira que o Niall devore sua mão, ou coisa do tipo, aconselho não demorar muito. - disse Louis. - Da última vez que nos atrasamos demais, ele quase nos matou. Ele disse que já está lá com a Duda, só está esperando por nós.

– Bom, então temos duas opções. Ou eu vou com essa blusa molhada mesmo, e provavelmente acabo com uma pneumonia, ou eu tiro a blusa e vou só de sutiã de cerejas. - eu digo. - Mentira, essa última parte está fora de cogitação.

Harry revirou os olhos.

– Acho que você devia fazer teatro, é muito talento para drama desperdiçado. - ele diz. - Eu posso te emprestar uma camiseta.

– Não precisa Hazza, é sério. Vão vocês, saímos juntos outro dia e…

– Não é uma opção. Você vai conosco.

– Ahm… então tudo bem.

Ele sorriu, e foi em direção ao seu quarto. Poucos minutos depois, reapareceu com uma camiseta escura nas mãos. Depois, entregou para mim.

– Vista-se logo, eu gosto de ter todos os dedos. - Louis pediu.

Fui até o banheiro e troquei as camisetas. Era óbvio que a camiseta dele ia ficar grande, e principalmente comprida em mim, mas não me importei. Só depois que a vesti, vi que era estampada. Tinha o símbolo daquela banda antiga, Ramones. Conheço essa banda mais ou menos, pois meu pai é fã e me forçava a ouvir algumas músicas de vez em quando. Me pergunto o que levou Harry a pegar essa camiseta em especial. Eu sabia que ele a adorava.

Como praticamente metade do meu cabelo agora se assemelhava a o pelo de um gato molhado, o prendi em uma trança com um elástico que tinha no bolso da minha calça e saí do banheiro.

– Tudo bem, vamos logo, não quero ser a responsável por nenhum caso de canibalismo, ou tendo que ligar para alguém ir buscar vocês na cadeia, ou coisa do tipo e… - parei de falar ao notar a expressão perplexa no rosto de Louis. O olhar dele alternava entre mim e Harry, como se não estivesse acreditando no que estava vendo.

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Eu odeio quando as pessoas ficam me encarando.

Estou dizendo isso porque hoje as pessoas estão parecendo que tiraram o dia pra me olharem esquisito. Eu até verifiquei se por acaso enquanto eu dormia alguém não desenhou um bigodinho de caneta permanente no meu rosto ou então colou algum papel nas minhas costas com a frase “Sou idiota” “Me chute” ou coisa do tipo.

Tudo bem, tenho que dar grande parte do mérito ao fato de estar acompanhada de Harry e Louis. Afinal, não é todo dia em que se vê uma menina comum andando por aí com Harry Styles e Louis Tomlinson. Mas foi difícil não verificar minhas costas e meu rosto novamente quando encontramos Liam, Duda, Niall e Julia. Os quatro, assim que nos viram assumiram a mesma expressão chocada em seus rostos. Liam e Niall se recompuseram rapidamente, enquanto Julia e Duda alternavam seus olhares de Harry até mim, com os olhos arregalados.

– Harry, você aprontou alguma coisa? - perguntei imediatamente.

– Não que eu saiba. - ele diz, reprimindo um sorriso. - Por quê?

– Sei lá, já é a segunda vez que olham pra mim com cara de que a invasão zumbi começou.

Agora estão todos rindo. Depois de Louis ter que cutucar Julia, ambas voltam ao normal. Quer dizer, depende do que você considera normal. Se você considerar normais pessoas que jogam controles-remoto pela janela, imitam a “dancinha do remo” no meio do pátio do colégio e gritam “FUINHA” na sala de aula, então tudo bem.

Como agora estávamos todos juntos, fizemos o lógico: nos separamos novamente. Tudo bem, isso foi o oposto de lógico, mas como namorados irritantemente apaixonados, Julia e Louis e Niall e Duda tinham que fazer toda aquela coisa de andar de mãos dadas, dizerem coisas fofas um para o outro e tal. Eles foram em direção a praça de alimentação, provavelmente (mentira, é certeza) para alimentarem o irlandês saco sem fundo.

Eu, Harry e Liam fomos na direção oposta, passando por vários corredores de lojas as quais eu já conhecia, ocasionalmente entrando em uma loja ou outra. Harry e Liam tiveram um mini-surto na loja de videogames, mas logo depois Liam disse que eles já tinham jogos o suficiente e puxou a mim e ao encaracolado para fora da loja.

– Por quê ele faz isso? - perguntei a Harry.

– Ele acha que temos que ser responsáveis e blá blá blá. - diz ele, revirando os olhos e sorrindo logo depois.

Ah, e se você apostou que algum grupo de fãs loucas apareceria, já pode ir comprando sua passagem para Las Vegas ou Monte Carlo, você provavelmente ganhará muito dinheiro no pôquer e jogos do tipo.

O primeiro grupo foi completamente histérico, gritando coisas como “MEU DEUS É O HARRY” ou “LIAM SEU LIAMDO”. Ouvi até mesmo um “HARRY, MINHA MÃE ESTÁ DISPONÍVEL”. Isso me deixou um pouco irritada, mas é a carreira deles, afinal. Eles são gentis o tempo todo, autografam tudo o que elas entregam a eles, abraçam, tiram fotos e até têm uma conversa rápida.

O segundo grupo já é mais calmo, civilizado. Elas entregam um caderno a eles e pedem que o autografem. Eles assinam, e logo depois elas pedem uma foto. Tento ser prestativa e até me ofereço para tirar a foto, coisa que elas aceitam com felicidade. Ambas dizem “Eu te amo” para eles e vão embora.

Passeamos mais um pouco, até que o celular do Liam toca. Ele não diz quem é, apenas se afasta para ter privacidade em sua conversa com seja lá quem for.

Estou olhando para Liam, pondo em prática minhas quase inexistentes habilidades de leitura labial, quando Harry se inclina e sussurra no meu ouvido. Tento controlar os batimentos cardíacos, mas é inútil, assim como a tentativa de esconder o arrepio que percorre meu corpo quando ele fica tão próximo de mim.

– Está vendo como as bochechas dele estão coradas? Ele só fica assim quando fala com a Danielle.

– Isso é realmente muito fofo. - eu digo. Danielle tem uma agenda bem cheia também, pelo que eu saiba. Ela só pôde ficar alguns dias conosco nos Estados Unidos, enquanto passávamos por Los Angeles, e já teve que ir embora. Muitos ensaios, pelo que Liam contou. Era visível o efeito que a ausência dela tinha no Liam, o sorriso que ele mantinha no rosto sempre que os dois estavam juntos. Às vezes me pego desejando que alguém me ame tanto quanto ele a ama, mas assim que lembro do que aconteceu do Peter, e de meus recém descobertos sentimentos pelo Harry, o desejo some tão rápido quanto surgiu.

– Harry…

– O quê? - ele pergunta, ainda inclinado sobre mim, o que não colabora para que meu coração desacelere e bata em um ritmo normal.

– Quando chegamos, ou mesmo lá no apartamento… por quê nos olharam com aquela expressão de choque?

Ele fica reto novamente, e tenta desconversar, olhando para os lados, mexendo no cabelo.

– Sei lá. - ele diz, dando de ombros. Mas mesmo tentando parecer despreocupado, vejo que ele está mordendo o lábio, enquanto olha para qualquer lugar, menos para mim. Isso só confirma o que eu já sabia: que ele sabe, sim, o motivo de toda aquela surpresa, mas não quer, e muito provavelmente não vai me contar.