Fanfics Brasil - 10 A Madiadora aya adaptada

Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA


Capítulo: 10

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Capítulo 10


Era uma noite fresca e clara. De lua cheia. Ali, na frente da casa, eu a via sobre o mar, parecendo um lampião aceso – não um farol como o sol, mas uma daquelas lâmpadas de baixa potência que a gente põe em abajures na mesinha-de-cabeceira. O Pacífico, parecendo à distância um espelho tranquilo, estava negro, exceto numa estreita faixa iluminada pela lua, branca como papel.


À luz da lua eu podia ver a cúpula vermelha da igreja Missionária. Mas só porque eu estava vendo a cúpula não queria dizer que estava perto. Ficava a bem uns três quilômetros de distância.


Eu trazia no bolso as chaves do Rambler, que eu havia pegado meia hora antes. O metal estava quente pelo calor do meu corpo. O Rambler, que de dia era turquesa, ficava parecendo cinza naquela sombra.


Ei, sei perfeitamente que não tenho carteira. Mas se o Dunga pode...


Ok. Acabei vacilando. E não é melhor mesmo que eu tenha decidido não dirigir? Pois se não sabia como fazer... Quer dizer, não que eu não saiba dirigir. Claro que sei. É só que eu não tive muita prática, pois passei a vida inteira na capital mundial dos transportes públicos...


Ah, esquece. Dei meia-volta e caminhei em direção à garagem. Tinha de haver uma bicicleta em algum lugar. Três garotos, correto? Tinha de haver pelo menos uma bicicleta.


Acabei encontrando uma. Era uma bicicleta de homem, claro, com aquela barra imbecil e um assento duro demais. Mas parecia funcionar bem. Pelo menos os pneus não estavam murchos.


Então pensei: muito bem, lá vou eu vestida de preto, andando de bicicleta pelas ruas depois de meia-noite. O que está faltando?


Não esperava mesmo encontrar alguma fita fosforescente, mas fiquei pensando que um capacete não seria mau. Havia um pendurado num cabide ao lado da garagem.


Abaixei o capuz da blusa e pus o capacete. Uau! Charmosa e bem protegida, só mesmo eu.


E lá fui eu, descendo a ladeira. Cascalho não é exatamente o melhor terreno para andar de bicicleta, especialmente na descida. E logo ficou claro que o caminho todo era descendente, pois a casa, com vista para a baía, ficava num dos lados daquela espécie de outeiro.


Descer certamente era melhor que subir – eu nunca conseguiria voltar para casa pedalando ladeira acima; entendi perfeitamente que na volta teria de empurrar a bicicleta –, mas aquela descida dava uma aflição enorme. A colina era tão íngreme, o caminho era tortuoso e a noite estava tão fria que pedalei com o coração na boca quase o tempo todo, com lágrimas escorrendo pelas bochechas por causa do vento. E aqueles buracos...! Vou te contar! Como aquela porcaria daquele assento machucava quando eu passava por um buraco!


Mas a colina não era o pior de tudo. Quando cheguei lá embaixo, dei com um cruzamento de pistas. Dava muito mais medo que a colina, pois embora já passasse da meia-noite havia carros. Um deles buzinou para mim. Mas não foi culpa minha. Eu estava indo tão rápido por causa da colina e tudo mais, que se tivesse parado, provavelmente teria voado por cima do guidão. De modo que fui em frente, escapando por pouco de ser atropelada por uma picape e, de repente, nem sei como, eu estava entrando no estacionamento do colégio.


O lugar parecia muito diferente à noite. Para começar, durante o dia o estacionamento estava sempre cheio, com todos aqueles carros dos professores, alunos e turistas que visitavam a igreja. Mas agora estava vazio, não havia um único carro, e tão tranquilo que era possível ouvir, bem longe, o som das ondas na praia de Carmel.


Além disso, por causa do turismo, suponho, eles tinham instalado aqueles focos de luz para iluminar certas partes do prédio, como a cúpula – que estava toda iluminada – e o frontispício da igreja, com seu enorme pórtico de entrada. Mas a parte posterior do prédio, onde parei, estava bem escura. O que, afinal, me convinha perfeitamente.


Escondi a bicicleta atrás de uma lixeira, deixei o capacete pendurado no guidão e me aproximei de uma janela. A Missão foi construída há mais ou menos um quinquilhão de anos, quando não existia ar-condicionado ou aquecimento central e, para refrescar no verão e aquecer no inverno, as construções tinham paredes muito grossas. Com isto, todas as janelas do lugar tinham uma profundidade de uns trinta centímetros, com mais outros trinta de recuo na parte interior.


Subi num desses parapeitos, olhando ao redor para ver se alguém estava me vendo. Mas só havia por perto um par de guaxinins fuçando em volta da lixeira, em busca de algum resto do almoço. Levei as mãos ao rosto como uma viseira, para proteger os olhos da luz da lua, e olhei para dentro.


Era a sala de aula do professor Walden. Com o luar incidindo lá dentro, pude ver sua letra no quadro-negro e o grande cartaz de Bob Dylan, seu poeta favorito, pendurado na parede.


Não levei mais que um segundo para quebrar o vidro de uma das antiquadas vidraças de ferro, esticar o braço lá para dentro e abrir a janela. O mais difícil em matéria de arrombar uma janela não é propriamente o momento de quebrar o vidro ou mesmo de conseguir abrir a maçaneta. O pior é tirar a mão depois sem se cortar.


Eu tinha trazido meu melhor par de luvas caça-fantasma, daquelas bem espessas, de borracha preta com enchimento nas juntas, mas minha manga já tinha ficado presa uma vez, deixando meu braço todo arranhado.


Isso não aconteceu desta vez. Além disso, a janela abria para fora, não para cima, o que me facilitou a entrada. Já aconteceu de eu arrombar lugares que tinham alarmes – o que me obrigou a fazer pequenas e desconfortáveis viagens na parte traseira de caminhonetes do serviço público nova-iorquino – mas a Academia Missionária ainda não tinha chegado a este requinte em seu sistema de segurança. Na realidade, o sistema de segurança deles parecia consistir apenas em trancar as portas e janelas, e seja o que Deus quiser.


O que certamente me convinha.


Uma vez dentro da sala do professor Walden, fechei a janela pela qual havia entrado. Não tinha sentido em chamar a atenção de alguém que por acaso estivesse vigiando a região (até parece...).


Foi fácil passar por entre as carteiras, com todo aquele brilho da lua. E depois de ter aberto a porta e passado para a galeria, constatei que também não ia precisar da lanterna. O pátio estava inundado de luz. Concluí que a Missão deveria receber turistas até bem tarde, quando já escureceu, pois no beiral do telhado havia focos de luz amarela apontados em diferentes direções: a palmeira mais alta, aquela que tinha o maior arbusto de hibiscos em sua base; a fonte, que continuava ligada mesmo àquela hora; e, naturalmente, a estátua do padre Serra, com uma luz brilhando em sua cabeça de bronze e outra nas cabeças das indígenas americanas a seus pés.


Ainda bem que o padre Serra era uma boa pessoa e já estava morto. Eu tinha a sensação de que aquela estátua o teria deixado muito embaraçado.


O corredor estava vazio, assim como o pátio. Não havia ninguém por ali. Eu só ouvia o ruído da água da fonte e o canto dos grilos no jardim. Parecia mesmo um lugar bem tranquilo, o que não deixava de ser surpreendente. Quero dizer, nenhuma de minhas outras escolas parecia tranquila. Pelo menos aquela ali estava parecendo, até que ouvi aquela voz áspera atrás de mim:


— O que está fazendo aqui?


Dei meia-volta, e lá estava ela. Simplesmente recostada no seu armário – perdão, no meu armário – e de olho grudado em mim, os braços cruzados no peito. Estava usando um par de calças negras – bem elegantes – e um twinset de caxemira cinza. Trazia no pescoço um colar de pérolas, com uma pérola para cada Natal e cada aniversário de sua vida, certamente um presente de avós muito amorosos. Nos pés, um par de sapatos negros reluzentes. Seu cabelo, que brilhava tanto quanto os sapatos à luz amarelada dos refletores, parecia macio e dourado. Ela realmente era uma garota bonita.


Pena que tivesse estourado os miolos.


— Heather — falei, tirando o capuz. — Oi. Lamento te incomodar... — sempre ajuda pelo menos começar de uma maneira polida — ... mas acho que a gente precisa muito conversar, você e eu.


Heather nem se mexeu. Não, estou exagerando. Ela apertou um pouco os olhos. Tinham uma cor pálida, acho que meio acinzentada, embora fosse difícil saber, apesar dos refletores. Os longos cílios, escurecidos com rímel, tinham uma espécie de moldura de lápis negro de muito bom gosto.


— Conversar? — perguntou ela. — Ah sim, claro. Eu também quero muito falar com você. Estou te entendendo perfeitamente, Annie.


Tremi nas bases. Não consegui me conter:


— Any — corrigi.


— Como quiser. Eu sei o que você está fazendo aqui.


— Ótimo, muito bem — respondi. — Neste caso não vou precisar explicar. Quer se sentar para a gente poder conversar?


— Conversar? Por que eu iria querer conversar com você? O que pensa que sou, burra? Meu Deus, você se acha mesmo muito esperta, não é? Acha que simplesmente pode ir entrando, assim...


— Como assim?... — fiz eu, piscando.


— Tomar o meu lugar — ela endireitou-se, afastou-se do armário e caminhou em direção ao pátio como se estivesse admirando a fonte. — Você, a garota nova — prosseguiu, olhando-me com o canto do olho. — A garota nova que acha que pode simplesmente tomar o lugar que me pertencia. Você já se apoderou do meu armário. Está querendo roubar minha melhor amiga. Eu sei que a Kelly te telefonou e te convidou para a porcaria da festa dela. E agora acha que pode roubar o meu namorado.


Coloquei as mãos na cintura.


— Ele não é mais seu namorado, lembra, Heather? Ele terminou com você. E é por isto que você está morta. Você estourou os miolos na frente da mãe dele.


Heather arregalou os olhos.


— Cala a boca — disse.


— Você estourou os miolos na frente da mãe dele porque era burra demais para entender que nenhum garoto, nem mesmo o Bryce Martinson, merece que a gente morra por ele — passei por ela, caminhando em direção a um dos corredores de cascalho que cortavam os jardins. Eu não queria reconhecer, nem para mim mesma, mas estava ficando meio nervosa de ficar ali naquele corredor coberto depois do que acontecera ao Bryce. — Você deve ter ficado com muita raiva quando se deu conta do que havia feito. Você se matou. E por uma coisa tão boba. Por causa de um cara.


— Cala a boca!


Dessa vez ela não estava só falando, estava gritando, tão alto que precisou cerrar os punhos, fechar os olhos e encolher os ombros. Gritou tão alto que meus ouvidos ficaram ressoando um bom tempo. Mas não veio ninguém correndo da reitoria, onde eu vira algumas luzes acesas. Os pombos que eu ouvira arrulhando no beiral da galeria não emitiam um único som desde que a Heather aparecera, e os grilos haviam tratado de adiar o resto de sua serenata.


As pessoas não ouvem fantasmas – bem, não pelo menos a maioria das pessoas –, mas o mesmo não se pode dizer dos animais e mesmo dos insetos. Eles são hipersensíveis a qualquer presença paranormal. Por causa de Poncho, Max, o cachorro dos Ackerman, nem chega perto do meu quarto.


— Não precisa gritar assim. Ninguém mais pode te ouvir além de mim.


— Grito o quanto quiser — berrou ela, e começou a gritar mesmo.


Bocejando, fui sentar-me num dos bancos de madeira junto à estátua do padre Serra. Percebi então que havia uma placa no pedestal. Graças aos refletores e à luz da lua, eu podia perfeitamente ler a inscrição.


Ao venerável Padre Junipero Serra, 1713-1734, dizia a placa. Seu comportamento exemplar e sua abnegação foram um exemplo para todos que o conheceram e receberam seus ensinamentos.


Hmm... Eu ia ter de olhar abnegação no dicionário quando voltasse para casa.


Fiquei me perguntando se abnegação era a mesma coisa que autoflagelação, algo pela qual Serra também era conhecido.


— Você está me ouvindo? — gritava Heather.


Eu olhei para ela.


— Sabe o que significa abnegação? — perguntei.


Ela parou de gritar e ficou olhando para mim. Depois deu uns passos adiante, com a expressão lívida de raiva.


— Escuta aqui, sua vaca — foi dizendo, parando de caminhar quando estava quase grudada em mim. — Quero que você simplesmente desapareça, está entendendo? Quero que desapareça desse colégio. Este armário é meu! A Kelly é a minha melhor amiga. E Bryce é o meu namorado! Vê se trata de desaparecer, de voltar para o lugar de onde veio. Estava tudo muito bem aqui antes de você chegar...


Eu tive de interromper.


— Sinto muito, Heather, mas as coisas não estavam nada bem antes de eu chegar aqui. E sabe por que sei disso? Porque você está morta. Entendeu? Você está morta. Os mortos não têm armários, nem amigas, nem namorados. E sabe por quê? Porque estão mortos.


Parecia que a Heather ia começar a berrar de novo, mas eu me adiantei, dizendo com toda suavidade e clareza:


— Eu sei que você cometeu um erro. Você cometeu um erro terrível, horrível mesmo...


— Não fui eu que cometi o erro — atalhou ela, cortante. — Foi Bryce que cometeu o erro. Foi ele que rompeu comigo.


Eu respondi:


— Tudo bem, não era desse erro que eu estava falando. Estava me referindo ao fato de você dar um tiro na cabeça porque um garoto imbecil terminou com você...


— Se acha que ele é tão imbecil assim — respondeu ela, com uma expressão de zombaria — por que vai sair com ele no sábado? Isso mesmo. Eu o ouvi te convidando. Aquele desgraçado. Ele provavelmente não foi fiel nem durante um dia enquanto a gente estava saindo.


— Sensacional. Mais um motivo para você se matar por causa dele...


Eu vi que havia lágrimas se acumulando por baixo das pestanas dela.


— Eu o amava — suspirou ela — se não pudesse tê-lo para mim, eu não queria viver.


— E agora que você está morta fica achando que ele devia ir ao seu encontro, não é mesmo? — perguntei, já cansada.


— Não gosto deste lugar — disse ela calmamente. — Ninguém me vê. Só você e o padre Dominic. Eu me sinto tão sozinha...


— Certo. É compreensível. Mas, Heather, mesmo que você consiga matá-lo, ele provavelmente não vai gostar muito de você por ter feito isto.


— Eu sei como fazer para que ele goste de mim — disse ela, confiante. — Afinal, seremos só eu e ele. Ele vai ter de gostar de mim.


Eu balancei a cabeça:


— Não, Heather, não funciona assim.


Ela olhou bem fixo para mim.


— O que quer dizer?


— Se você matar o Bryce, não há a menor garantia de que ele acabe ficando com você. O que acontece com as pessoas depois que morrem... bem, eu não tenho muita certeza, mas acho que é diferente para cada pessoa. Se você matar Bryce, ele vai mesmo para onde tem de ir. Céu, inferno, a próxima vida – não sei ao certo. Mas sei que ele não vai se juntar a você. Não funciona assim,


— Mas... — ela parecia furiosa. — Não é justo!


— Muita coisa não é justa, Heather. Não é justo, por exemplo, que você tenha de sofrer por toda a eternidade por causa de um erro que cometeu no calor da hora. Tenho certeza de que se você soubesse como era estar morta, não teria se matado. Mas não tem de ser assim, Heather.


Ela ficou olhando para mim. As lágrimas pareciam congeladas, como pedacinhos de gelo.


— Não tem mesmo...?


— Não. Não tem — respondi.


— Você quer dizer... está querendo dizer que eu posso voltar?


Fiz que sim com a cabeça.


— Pode sim. Você pode começar de novo.


Ela fungou.


— Como?


Eu respondi:


— Só precisa tomar a decisão.


Uma sombra passou em seu lindo rostinho.


— Mas eu já decidi que é isto o que quero. Tudo o que eu quero desde... desde o que aconteceu... é ter minha vida de volta.


Balancei a cabeça.


— Não, Heather. Você não entendeu o que estou dizendo. Você nunca vai ter de volta a sua vida, a sua antiga vida. Mas pode começar outra. E ela poderá ser melhor do que esta, melhor do que ficar por aí sozinha para sempre, vagando enfurecida, machucando as pessoas...


Ela gritou:


— Você disse que eu poderia ter minha vida de volta!


Naquele instante eu me dei conta de que ela estava perdida.


— Eu não estava querendo dizer a sua antiga vida. Quis dizer uma vida...


Mas já era tarde demais. Ela estava surtando.


Agora eu estava entendendo por que os pais do Bryce o haviam mandado para Antígua. Até eu gostaria de estar lá – ou em qualquer outro lugar, desde que fosse longe da ira daquela garota.


— Você disse — gritava ela — você disse que eu podia ter a minha vida de volta! Você mentiu para mim!


— Heather, eu não menti! Só estava querendo dizer que a sua vida... bem, a sua vida acabou. Heather, você mesma acabou com ela. Eu sei que é uma droga, mas, puxa, você devia ter pensado nisso.


Ela me interrompeu com um gemido meio... sobrenatural, claro.


— Não vou permitir... Não vou deixar você tomar a minha vida! — berrou.


— Heather, eu já lhe disse, não estou tentando tomar a sua vida. Eu tenho a minha própria. Não preciso da sua...


Com os grilos e os pássaros calados, o som da água borbulhando na fonte a poucos passos dali era o único ruído no pátio – à parte os gritos da Heather, claro. Mas de repente o som da água ficou estranho. Parecia que havia alguma coisa estalando.


Olhei na direção da fonte e vi que estava saindo uma fumaça. Eu não teria estranhado tanto – afinal, estava bem frio, e a temperatura da água podia estar mais quente que a do ar – se não tivesse visto uma enorme bolha rebentar de repente na superfície da água.


Foi aí que me dei conta. Ela estava fazendo a água ferver. Estava fervendo a água com a força da sua fúria.


— Heather — falei, sentada no banco. — Heather, me escute. Você precisa se acalmar. Não podemos conversar com você assim...


— Você... Você disse... — e eu via com alarme que seus olhos estavam revirando para trás. — Que eu... Que eu podia... Começar de novo!


Tudo bem. Estava na hora de fazer alguma coisa. Eu não precisava ficar ali sentada naquele banco que começava a tremer com tanta força que quase fui jogada ao chão. Deu para sacar que era a hora de me levantar.


E foi o que fiz, bem depressa. Bem rápido, para não ser atingida pelo banco. Tão rápido que Heather nem teria chance de perceber que eu ia derrubá-la com um soco de direita bem em seu queixo.


Para minha surpresa, no entanto, ela nem pareceu sentir. Estava em outra. Em outra muito diferente. O soco não teve o menor efeito – só serviu para me deixar com os dedos doendo. E é claro que pareceu deixá-la ainda mais furiosa, o que sempre ajuda quando estamos lidando com uma pessoa perturbada demais.


— Você vai se arrepender disto — proferiu ela numa voz cavernosa que não tinha nada a ver com seus gritinhos de líder da torcida.


De repente a água da fonte chegou ao ponto de ebulição, projetando ondas enormes para o lado de fora. Os jatos, que normalmente iam a uma altura de apenas um metro e meio, de repente começaram a subir a até três, seis metros, caindo de volta num verdadeiro caldeirão borbulhante e fervente. Todos os pássaros saíram voando das árvores ao mesmo tempo, formando momentaneamente uma nuvem que bloqueou a luz do luar.


Eu estava com uma estranha sensação de que a Heather estava falando sério. Pior ainda, tinha a sensação de que ela seria mesmo capaz. Não precisaria nem levantar um dedinho.


O que foi confirmado quando de repente a cabeça de Junipero Serra foi brutalmente arrancada do corpo da estátua. De verdade. Simplesmente saltou longe, como se aquela sólida peça de bronze fosse uma folha de caderno amassada. E sem o menor barulho. Por alguns instantes, ela ficou flutuando no ar, com sua expressão de suave compaixão transformada numa careta demoníaca. E, de repente, enquanto eu estava ali completamente paralisada, vendo as luzes se refletirem na bola de metal, ela caiu... e mergulhou na minha direção, zunindo tão depressa na noite que parecia até um cometa ou...


Eu nem tive tempo de pensar com o que mais aquilo se parecia, pois uma fração de segundo depois uma coisa dura atingiu o meu estômago e me jogou no chão, onde fiquei, olhando para o céu estrelado. Que estava lindo. A noite estava tão escura, e as estrelas, tão frias e distantes, piscando...


— Levante-se — disse asperamente uma voz de homem no meu ouvido. — Pensei que você fosse boa nisso!


Alguma coisa explodiu no chão a menos de um palmo da minha bochecha. Virei o rosto e vi a cabeça de Junipero Serra rindo grotescamente para mim.


Quando vi, Poncho estava tentando me pôr de pé e me empurrava na direção do corredor.




 


bedlens:acho que vc vai gostar dos proximos capitulos e e bom saber que graças a mim vc nao tem medo de fantasmas e eu tambem espero que apareça um para mim eu te falo se aparecer obrigado pelos comentarios



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Autor(a): ponnymym

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  Capítulo 11 Nós conseguimos voltar para a sala do professor Walden. Não sei como, mas conseguimos, com a cabeça da estátua zunindo atrás de nós o tempo todo a uma tal velocidade que chegava a fazer um apito medonho, como se o padre Serra estivesse gritando. A cabeça bateu com a força de uma bala de canh& ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 39



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  • maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12

    Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.

  • colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29

    Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)

  • colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49

    ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf

  • bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56

    NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3

  • bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01

    Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS

  • bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04

    Por favor, poste maaaaais

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20

    AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia

  • colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38

    eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00

    Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?

  • bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46

    E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais


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