Fanfics Brasil - 12 A Madiadora aya adaptada

Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA


Capítulo: 12

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Capítulo 12


Vamos para casa. Aquele “Vamos para casa” tinha um ar tão aconchegante... Só que a casa na qual ambos estávamos vivendo ainda não me parecia exatamente como se fosse um lar. E como poderia? Eu só estava vivendo lá há uns poucos dias...


E por outro lado, claro, ele não tinha nada que estar vivendo lá...


De qualquer maneira, fantasma ou não fantasma, ele salvara a minha vida. Isto não se podia negar. E talvez só o tivesse feito para cortejar o meu lado bom, para que eu não acabasse por expulsá-lo completamente da casa.


Independentemente do motivo, o fato é que tinha sido muito legal da parte dele. Até então ninguém nunca tomara a iniciativa de me ajudar – principalmente, é claro, porque ninguém sabia que eu precisava de ajuda. Nem a Dulce, que estava presente quando madame Zara declarou que eu era uma mediadora, sabia por que eu aparecia às vezes na escola com olheiras, ou onde é que eu me metia quando faltava às aulas – coisa que eu fazia com bastante frequência. E eu não podia explicar o que estava acontecendo. Não que a Dulce fosse pensar que eu estava maluca ou alguma coisa assim, mas ela acabaria contando a mais alguém (a gente só consegue manter segredo sobre essas coisas quando estão acontecendo conosco), que por sua vez diria a mais alguém e eu sabia que em algum momento alguém acabaria falando à minha mãe.


E minha mãe surtaria. Claro que é isto que as mães costumam fazer, e a minha não é diferente das outras. Ela já tinha me obrigado a fazer terapia e eu tinha de me sentar lá e ficar inventando mentiras complicadas na esperança de explicar meu comportamento antissocial. E não tinha a menor intenção de ir parar num sanatório, que certamente era onde eu iria acabar se minha mãe alguma vez tivesse descoberto a verdade.


De modo que só podia me sentir agradecida por ter Poncho ao meu lado, embora ele me deixasse meio nervosa. Depois de toda aquela catástrofe lá na Missão, ele me acompanhou até em casa, um perfeito cavalheiro. E até insistiu em empurrar ele mesmo a bicicleta, por causa da minha ferida. Se alguém tivesse olhado pelas janelas das casas por onde íamos passando, teria pensado que estava vendo coisas: eu me arrastando com dificuldade e aquela bicicleta deslizando ao meu lado sem o menor problema – com o detalhe de que minhas mãos nem tocavam nela.


Ainda bem que na Costa Oeste as pessoas vão dormir cedo.


O tempo todo, enquanto voltávamos para casa, a única coisa em que eu conseguia pensar era o que havia saído errado no confronto com a Heather.


Não voltei a falar do assunto – já o havia feito bastante; não queria ficar parecendo um CD riscado, ou uma pianola quebrada ou o que quer que se usasse na época do Poncho. Mas era o único assunto em que eu conseguia pensar. Nunca, mas nunca mesmo, em todos aqueles meus anos como mediadora, eu havia encontrado um espírito tão violento e irracional. Eu simplesmente não sabia o que fazer. E eu sabia que precisava encontrar uma saída, e bem depressa; faltavam só umas poucas horas para começarem as aulas e Bryce cair direitinho na armadilha mortal que estava sendo preparada para ele.


Não sei se o Poncho percebeu por que eu estava tão calada, ou se ele estava pensando na Heather também... Só sei que de repente ele quebrou o silêncio e disse:


Não há no céu fúria comparável ao amor transformado em ódio, nem há no inferno ferocidade quanto a de uma mulher desprezada.


Olhei para ele.


— Está falando por experiência própria?


Ele deu um pequeno sorriso à luz da lua.


— É uma citação de William Congreve.


— Ah... Mas, como você sabe, às vezes a mulher desprezada está cheia de razões de ficar furiosa.


— E você, está falando por experiência própria? — quis saber ele.


Eu dei uma risada.


— Nem de longe.


Para te desprezar, é necessário que o cara tenha gostado de você antes. Mas não falei em voz alta. Não há a menor hipótese de que eu pudesse alguma vez dizer uma coisa dessas em voz alta. Não que eu estivesse preocupada com o que o Poncho podia pensar de mim. Por que haveria de me preocupar com o que um caubói morto podia pensar de mim? Mas eu não ia reconhecer diante dele que nunca havia tido um namorado. A gente não sai por aí dizendo coisas assim a caras gostosões como ele, mesmo que estejam mortos.


— Mas a gente não sabe o que aconteceu entre a Heather e o Bryce. No fundo, não sabemos. Ela podia ter muitas razões para estar ressentida.


— Ressentida com ele, acho que sim — disse Poncho, embora parecesse relutante em admiti-lo. — Mas não com você. Ela não tinha direito de tentar machucá-la.


Ele parecia tão furioso com aquilo que achei melhor mudar de assunto. No fundo, eu é que devia ter ficado furiosa com o fato de Heather ter tentado me matar, porém sabe como é, já estou meio acostumada a lidar com gente irracional. Tudo bem, não tão irracional como a Heather, mas vocês sabem o que quero dizer. E se há uma coisa que eu já aprendi, é que não se pode tomar as coisas pelo lado pessoal. Certo, ela tinha tentado me matar, mas como é que eu vou saber se ela tinha algum discernimento? Quem pode garantir como eram os pais dela, afinal de contas? E se eles eram do tipo que saía por aí matando o primeiro capaz de contrariá-los?...


Depois de ver aquele colar de pérolas, no entanto, fiquei duvidando que eles fossem desse tipo.


Enquanto estava pensando nessas matanças, acabei me perguntando por que Poncho ficara tão indignado. Foi aí que me dei conta de que provavelmente ele tinha sido assassinado. Ou então tinha se matado. Mas não achava que ele fosse capaz de se matar. Achava que ele poderia ter morrido de alguma doença arrasadora...


Talvez não tenha sido muito delicado da minha parte (de qualquer forma eu nunca fui propriamente famosa pela delicadeza), porém acabei indo em frente e perguntei, quando estávamos subindo a longa ladeira coberta de cascalho até em casa:


— Mas e você? Como foi que morreu mesmo?


Poncho não disse nada. Provavelmente eu o tinha ofendido. Já pude notar que os fantasmas não gostam muito de falar sobre como morreram. Às vezes nem se lembram. Vítimas de acidentes de carro geralmente não têm a menor ideia do que lhes aconteceu. Por isso é que eu sempre as vejo vagando em busca das outras pessoas que estavam no carro com elas. Tenho então de explicar o que aconteceu e tentar de alguma maneira imaginar onde podem estar as pessoas que elas estão procurando. E isto é também um bocado doloroso, pode acreditar. Tenho de me abalar até a delegacia onde foi registrado o acidente, fingir que estou fazendo um trabalho para o colégio ou algo assim, copiar os nomes das vítimas e tentar descobrir o que aconteceu com elas.


Posso garantir que às vezes parece que meu trabalho nunca chega ao fim.


Seja como for, Poncho ficou calado por um momento e eu achei que ele não ia me contar. Ele estava olhando bem para a frente, na direção da casa – a casa onde tinha morrido, a casa onde haveria de ficar rondando até que... bem, até que pudesse resolver o problema que o estava retendo neste mundo.


A lua ainda estava à vista, bem alto lá no céu, e eu podia ver o rosto do Jesse como se fosse dia. Ele não parecia muito diferente do habitual. Sua boca, que era mais para larga, de lábios finos, parecia estar meio carrancuda, o que, até onde eu sabia, era o normal. E por baixo daquelas espessas sobrancelhas negras, seus olhos, de cílios tão densos, eram tão reveladores quanto um espelho – quer dizer, eu provavelmente seria capaz de ver meu reflexo neles, mas não adivinharia nada sobre o que ele estava pensando.


— Hmm... Sabe o que mais? Esquece. Se não quiser, não precisa me contar...


— Não — ele respondeu. — Tudo bem.


— É só que eu estava meio curiosa, só isso. Mas se achar que é uma coisa muito pessoal...


— Não, não é.


Nós já havíamos chegado à casa. Ele empurrou a bicicleta até o ponto onde ela devia ficar e a recostou no muro da garagem. Estava mergulhado na sombra quando afinal falou:


— Como você sabe, nem sempre esta casa foi o lar de uma família.


Como se fosse a primeira vez que ouvia falar daquilo, exclamei:


— É mesmo?!


— Sim. Houve uma época em que era um hotel. Quer dizer, mais uma estalagem propriamente do que um hotel.


Perguntei então, toda animada:


— E você estava hospedado aqui?


— Sim.


Ele saiu da sombra da garagem, mas em vez de olhar para mim quando voltou a falar, estava com o olhar apertado voltado para o mar. Eu tentei animá-lo:


— E... Aconteceu alguma coisa quando você estava aqui?


— Sim — e ele olhou para mim. Ficou me olhando por um longo momento. Depois, disse: — mas esta é uma longa história, e você deve estar muito cansada. Vá se deitar. Amanhã de manhã decidiremos o que fazer sobre a Heather.


Pode ser mais injusto?


— Espera um pouco — interrompi. — Não vou a lugar nenhum enquanto você não acabar de contar essa história.


Ele balançou a cabeça:


— Não, já é muito tarde. Eu conto outro dia.


— Puxa vida! — Eu devia estar parecendo uma garotinha recebendo ordens da mãe para ir-se deitar cedo, mas estava pouco ligando. Estava brava demais. — Você não pode começar uma história assim e não terminar de contá-la. Você tem de...


Agora Poncho estava rindo de mim.


— Vá se deitar, Anahi— ordenou ele, empurrando-me suavemente para a escada. — Você já foi assustada suficientemente esta noite.


— Mas você...


— Quem sabe outro dia... — insistiu ele.


Já me havia conduzido na direção da varanda e agora eu estava no primeiro degrau, virando-me para vê-lo rindo de mim.


— Você promete?


Seus dentes brilharam no luar.


— Prometo. Boa noite, hermosa.


— Já disse para não me chamar disso — resmunguei, subindo os degraus batendo os pés.


 


Mas já eram quase três horas da manhã e o máximo que eu conseguia era fingir indignação. É bom lembrar que eu ainda estava no horário de Nova York, três horas na frente. Já era difícil levantar na hora para ir para a escola quando eu conseguia dormir oito horas inteirinhas. Como é que seria com apenas quatro horas de sono?


Entrei na casa o mais discretamente possível. Felizmente, todo mundo, menos o cachorro, dormia profundamente. Ao me ver, ele levantou a cabeça no sofá onde se havia espichado e começou a sacudir o rabo. Grande cão de guarda. E minha mãe, que não queria saber de vê-lo dormindo no sofá branquinho... Mas eu é que não ia transformar Max em inimigo, enxotando-o dali. Se bastava deixar que ele continuasse dormindo no sofá para impedir que avisasse à casa inteira que eu tinha saído, valia a pena.


Fui me arrastando como podia escada acima, pensando o tempo todo no que haveria de fazer com Heather. Provavelmente teria de me levantar cedo e telefonar para o colégio, avisando ao padre Dom que fosse ao encontro do Bryce assim que ele pusesse os pés no campus e o mandasse de volta para casa. E decidi que nem mesmo me oporia se fosse necessário recorrer aos piolhos. No fim das contas, a única coisa que interessava era impedir que Heather conseguisse o que queria.


Ainda assim, a simples ideia de ter de levantar cedo para fazer alguma coisa – mesmo que fosse salvar a vida do cara com quem eu tinha um encontro no sábado à noite – não parecia das mais atraentes. Agora que a adrenalina toda já havia passado, eu me dava conta de que estava morta de cansaço. Fiz mais um esforcinho e consegui chegar até o banheiro para vestir o pijama – claro, pois embora tivesse certeza de que Jesse não estava me espionando, ele ainda não havia dito como tinha morrido, e portanto eu não ia arriscar nada. Ele bem que podia ter sido enforcado por voyeurismo, uma pena que eu acreditava ter sido aplicada algumas vezes uns cento e cinquenta anos antes.


Foi só no momento em que decidi mudar a atadura no meu pulso que prestei atenção no que ele havia usado.


Era um lenço. Antigamente todo mundo usava lenço de pano, pois não havia lenços de papel. E as pessoas pareciam dar a maior importância, costurando neles as suas iniciais, para que não se perdessem ao serem lavados.


Só que o lenço de Poncho não tinha as suas iniciais, conforme pude notar ao lavá-lo e tentar tirar o sangue o melhor que pude.


Era um grande quadrado de linho, branco (bom, já então meio cor-de-rosa) com um debrum de delicada renda branca. Meio delicadinho para um cara como ele. Eu teria ficado meio cismada com a orientação sexual de Poncho se não tivesse visto as iniciais que estavam bordadas num dos cantos.


Os pontos eram minúsculos, linha branca sobre tecido branco, mas as letras propriamente eram enormes, numa caligrafia floreada: MDS. Isso mesmo. MDS. Nada de P.


Estranho. Muito estranho.


Pendurei o lenço para secar. Não precisava me preocupar com a possibilidade de alguém vê-lo. Para começo de conversa, só eu usava o meu banheiro, e além disso ninguém era mesmo capaz de ver Poncho, portanto ninguém poderia ver o seu lenço.


Amanhã de manhã ele estaria lá exatamente como agora. E talvez eu decidisse exigir explicações sobre aquelas letras antes de devolvê-lo. MDS.


Só quando estava começando a adormecer é que me dei conta de que MD devia ser uma garota. Caso contrário, por que tanta rendinha? E aquelas letras todas caprichadas? Será então que Poncho não tinha morrido num tiroteio, como eu acreditava inicialmente, e sim em alguma briga de amantes?


Não sei por que, mas o fato é que esta ideia me deixou bem perturbada. Por causa dela fiquei acordada uns três minutos. Até que virei para o outro lado, senti falta da minha antiga cama por um instantinho só e caí no sono.



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Autor(a): ponnymym

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Capítulo 13 Minha intenção, naturalmente, era acordar cedo e telefonar para o padre Dominic e avisá-lo sobre Heather. Mas de boas intenções o inferno está cheio e vai ver eu não presto mesmo para nada, pois só fui acordar com minha mãe me sacudindo, e àquela altura já eram sete e meia e minh ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 39



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  • maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12

    Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.

  • colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29

    Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)

  • colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49

    ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf

  • bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56

    NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3

  • bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01

    Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS

  • bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04

    Por favor, poste maaaaais

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20

    AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia

  • colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38

    eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00

    Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?

  • bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46

    E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais


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