Fanfics Brasil - 15 A Madiadora aya adaptada

Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA


Capítulo: 15

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Capítulo 15


O almoço já tinha quase acabado quando finalmente consegui pegar o Christian de jeito. Eu tinha passado quase a aula inteira com a cara enfiada num computador na biblioteca. Ainda não tinha comido, mas a verdade é que não estava com a menor fome.


— Ei — chamei, sentando ao lado dele e cruzando as pernas de um jeito que minha saia preta subisse só um pouquinho. — Você veio de carro para o colégio hoje de manhã?


Christian bateu no peito. Ele tinha começado a beliscar um salgadinho no exato momento em que me sentei. Quando finalmente conseguiu engoli-lo, disse, todo orgulhoso:


— Claro que vim. Agora que estou com a minha carteira, sou uma verdadeira máquina de dirigir. Você devia ter saído com a gente ontem à noite, Suze. Foi o máximo! Depois que a gente saiu do Café Clutch, fomos dar uma volta pela Avenida Dezessete. Você já fez isso alguma vez? Cara, com a lua que estava fazendo ontem à noite, o mar estava tão bonito...


— Será que você topava me levar a um lugar depois da aula?


Christian levantou-se de repente, assustando duas enormes gaivotas que estavam perto do banco onde ele se sentara ao lado de Maite.


— Está brincando? Aonde quer ir? É só dizer, Any, e eu te levo. Las Vegas? Quer ir a Las Vegas? Nenhum problema. Eu tenho 16 anos, você tem 16 anos. Podemos nos casar lá com a maior facilidade. Meus pais deixam a gente morar com eles, sem problema. Algum problema em ficar no meu quarto? Juro que a partir de agora eu tomo cuidado com as coisas...


— Christian — interferiu a Maite. — Deixa de ser exagerado. Duvido muito que ela queira casar com você.


— Não acho uma boa ideia casar de novo antes de conseguir o divórcio do meu primeiro marido — concordei, com a cara mais séria. — O que estou querendo mesmo é ir ao hospital visitar Bryce.


Os ombros do Christian caíram.


— Ah — fez ele, sem conseguir esconder o desânimo. — Só isso?


Aí eu saquei que tinha dito a coisa errada. Mas não dava para voltar atrás.


Felizmente, Maite veio em meu socorro, dizendo, bem estudada:


— Sabe o que mais, uma matéria sobre Bryce e padre Dominic lutando bravamente para se recuperar dos ferimentos não seria uma má ideia para o jornal. Você se importa se eu for com você, Any?


— Claro que não — respondi, o que era, naturalmente, uma mentira.


Com Maite do lado, seria difícil fazer tudo que eu tinha de fazer sem precisar explicar um monte de coisas... Mas que escolha eu tinha? Nenhuma.


Como eu já tinha garantido a minha carona, comecei a procurar o Soneca.


Encontrei-o cochilando e o cutuquei com a ponta da bota para acordá-lo. Quando ele começou a piscar para mim por trás dos óculos escuros, eu disse que não esperasse por mim depois da aula, pois já tinha arranjado carona. Ele resmungou e voltou a dormir.


Dei um jeito então de achar uma cabine telefônica. É estranho quando a gente não sabe o telefone de nossa própria mãe. Quer dizer, eu ainda sabia de cor o nosso número lá no Brooklin, mas não tinha a menor ideia de qual era meu novo telefone. Ainda bem que o havia anotado em minha caderneta. Fui até a letra P, de Portilla, encontrei o número e disquei.


Eu sabia que não tinha ninguém em casa, mas queria me garantir por todos os lados. Aí deixei gravada na secretária eletrônica a mensagem de que talvez me atrasasse na volta do colégio, pois estava saindo com dois novos amigos. Eu tinha certeza de que a minha mãe ia adorar quando voltasse da estação e ouvisse aquela mensagem. Quando a gente ainda morava no Brooklin, ela estava sempre preocupada, achando que eu era antissocial. Estava sempre dizendo:


— Any, você é uma moça tão bonita... Não entendo por que nenhum rapaz telefona para você. Quem sabe se você não parecesse tão... bem, tão durona?... Que tal deixar a jaqueta de couro descansar um pouco?


Ela provavelmente morreria de alegria se estivesse no estacionamento depois da aula e ouvisse Christian quando me aproximei do seu carro.


— Olha só, May, aqui está ela — disse ele, abrindo a porta do carona do seu carro, que era simplesmente um New Beetle, o novo fusca (acho que os pais do Christian não estavam propriamente passando necessidade). — Venha, Any, você vai sentar bem aqui ao meu lado.


Através dos meus óculos escuros – como sempre, a bruma da manhã já se dissipara, e agora, às três da tarde, o sol estava castigando do alto de um céu de um azul perfeito – vi Maite esparramada no banco de trás.


— Hmm, é mesmo? — disse. — Mas a Maite chegou primeiro. Eu fico lá atrás mesmo. Não me importo.


— Não quero nem saber — cortou Adam, segurando a porta aberta para mim. — Você é que é a garota nova. A garota nova sempre senta no banco da frente.


— Isso mesmo, até se recusar a dormir com ele — soltou Maite lá do fundo. — Aí também será relegada ao banco de trás.


Christian retrucou com voz cavernosa:


— Finja que não está ouvindo esta voz das profundezas.


Sentei no banco da frente e Christian educadamente fechou a porta para mim.


— Está falando sério? — perguntei a Maite, virando-me para trás enquanto Christian dava a volta no carro para entrar.


Maite piscou por trás de suas lentes:


— Você acha realmente que alguém seria capaz de dormir com ele?


Tratei de processar a resposta.


— Quer dizer então que a resposta é não — disse.


— Acertou na mosca — respondeu Maite no exato momento em que Christian entrava no carro.


— Muito bem — disse o motorista, aquecendo os dedos antes de ligar a ignição. — Acho que essa história toda com a estátua, padre Dom e Bryce, deixou todo mundo muito estressado. Meus pais têm uma jacuzzi, o que é perfeito para a tensão que todos nós sofremos hoje, e sugiro então que a gente passe primeiro lá em casa para um bom banho...


— Sabe o que mais? — disse eu. — Vamos deixar a jacuzzi para outra vez e ir direto para o hospital. Talvez depois, se der tempo...


— Uau! — fez o Christian, parecendo que estava nas nuvens. — Existe um Deus lá no céu!


Lá do banco de trás, Maite cortou a animação dele:


— Ela disse talvez, seu otário. Minha nossa, tente se controlar.


Adam me deu uma olhada enquanto saía da vaga:


— Estou forçando a barra?


— Hmm — respondi. — Talvez...


— O problema é que há muito tempo não aparecia uma garota nem de longe interessante por aqui — enquanto Christian dizia isto, eu constatava aliviada que ele dirigia com muito cuidado. — Há dezesseis anos estou cercado de Kellys e Debbies. É um enorme alívio ter uma Anhai Portilla por perto para variar. Você simplesmente acabou com a Kelly hoje de manhã quando disse que anjos não deixam marcas de sangue.


Adam continuou com seu discurso até o hospital. Eu não entendia como Maite era capaz de aguentar aquilo. A menos que eu estivesse muito enganada, ela sentia por ele exatamente o mesmo que ele sentia por mim. Só que eu não achava que o interesse dele por mim era muito sério, pois se fosse, ele não estaria brincando com o assunto. Já o interesse da Maite por ele me parecia ser verdadeiro. Claro que ela o provocava e até o insultava, mas eu tinha olhado pelo espelho retrovisor umas duas vezes e vi que ela estava observando-o de um jeito que só podia ser considerado abobalhado.


Mas só quando ela sabia que ele não estava olhando.


 


 


 


Quando Christian estacionou em frente ao hospital de Carmel, pensei que tivesse parado num clube ou numa casa particular por engano. Claro que seria uma casa daquelas muito grandes mesmo, mas lá na Califórnia não seria assim nada de mais...


Foi então que eu vi uma discreta plaqueta com a inscrição “Hospital”. Saímos do carro e atravessamos um jardim impecável, com canteiros cheios de flores brotando. O lugar estava cheio de beija-flores e eu voltei a ver algumas daquelas palmeiras que nunca esperara ver tão ao norte do Equador.


No balcão de informações, perguntei pelo quarto de Bryce Martinson. Eu não tinha certeza de que ele havia dado entrada, mas sabia por experiência própria, infelizmente, que, em caso de acidente com ferimentos de cabeça, geralmente a pessoa passa a noite no hospital para observação. E estava certa. Bryce estava lá, assim como o padre Dominic, em quartos de frente um para o outro.


Nós não éramos os únicos a estar visitando os dois, nem de longe. O quarto do Bryce estava cheio. Aparentemente não havia limite para o número de pessoas autorizadas a entrar num quarto de paciente, e parecia até que quase toda a classe dos veteranos da Academia Missionária Junipero Serra estava ali com Bryce.


Bem no meio daquele quarto ensolarado e alegre, com flores por todo lado, Bryce estava deitado com o ombro engessado e o braço direito pendurado acima da cabeça. Estava com aparência muito melhor do que de manhã, principalmente, suponho, porque o haviam enchido de analgésicos. Quando me viu na porta, ele abriu aquele sorriso largo e disse, prolongando bem as sílabas:


— Any!


— Puxa, e aí, Bryce? — respondi, encabulada.


Todo mundo tinha se voltado para ver com quem ele estava falando. Praticamente só havia garotas ali. E todas fizeram o que garotas costumam fazer: me mediram da cabeça aos pés (eu nem tinha tomado banho ao acordar porque estava tão atrasada, de modo que não estava exatamente com o cabelo em seus melhores dias...). E todas deram aquele sorrisinho afetado. Não de um jeito que Bryce tivesse notado. Mas deram.


Mas ainda que não desse a menor bola para o que pudesse estar pensando de mim um bando de garotas que nunca tinha encontrado e provavelmente nunca voltaria a encontrar, eu fiquei vermelha.


— Pessoal — Bryce falou, meio alto, mas de um jeito simpático. — Esta é Any. Any, este é o pessoal.


— Ah — respondi. — Tudo bom?


Uma das garotas, que estava sentada na beira da cama do Bryce num vestido de linho branco muito engomadinho, foi dizendo:


— Ah, você é a garota que salvou a vida dele ontem. A meia-irmã do Ucker.


— Isso aí, eu mesma.


Não havia a menor, mas a menor possibilidade de que eu conseguisse perguntar ao Bryce o que precisava com todas aquelas pessoas ali no quarto. Maite tinha empurrado Christian para o quarto do padre Dom, para que eu pudesse ficar um pouco sozinha com o Bryce, mas parecia que não tinha adiantado nada. Não havia a menor possibilidade de eu conseguir ficar um minuto sozinha com o cara. A menos que...


A menos que eu pedisse.


— Bom — falei. — Preciso conversar com Bryce um instantinho. Será que vocês se importam?


A garota que estava na beira da cama foi apanhada de surpresa.


— Pode falar. Não somos nós que vamos impedir.


Eu a olhei bem nos olhos e disse, com minha voz mais firme de mediadora:


— Preciso falar com ele sozinha.


Alguém deu um assobio longo e profundo. Ninguém se mexeu. Até que o Bryce falou:


— Olha aí, rapaziada. Vocês ouviram o que ela disse. Podem ir saindo.


Deus abençoe a morfina, é tudo o que posso dizer.


A classe dos veteranos foi então saindo de má vontade, todo mundo me lançando olhares fulminantes. Bryce ergueu uma das mãos, que estava presa a alguma coisa, e disse:


— Vem cá, Any. Dá só uma olhada nisso.


Eu me aproximei da cama. Agora que estávamos sozinhos, dava para ver que Bryce conseguira um quarto bem grande. Era também muito alegre, pintado de amarelo, com a janela dando para o jardim.


— Viu só o que eu consegui? — perguntou Bryce, mostrando-me um pequeno aparelho que cabia na palma da mão, com um botão no alto. — Uma bomba de analgésico só para mim. A qualquer momento que eu sentir dor, basta apertar este botão e ela libera codeína direto no meu sangue. Legal, não?


O cara estava drogado. Estava mais que evidente. De repente, me dei conta de que minha missão não seria assim tão difícil, no fim das contas.


— Beleza, Bryce — respondi. — Fiquei mesmo muito triste quando soube do seu acidente.


— Uau! — fez ele, com um risinho de satisfação. — Pena que você não estava lá. Talvez pudesse ter me salvado como da outra vez.


— É — respondi, pigarreando meio sem jeito. — Parece que você está atraindo acidentes ultimamente...


— É mesmo — concordou ele, fechando os olhos e deixando-me em pânico ante a ideia de que estivesse adormecendo. Mas logo depois abriu os olhos e me olhou com ar meio triste. — Any, acho que não vou conseguir.


Eu fiquei olhando para ele. Caramba, que bebezão!


— Claro que vai. Você só está com a clavícula quebrada, mais nada. Não demora nada e vai ficar bom.


Ele deu um risinho:


— Não, não... Estou dizendo que acho que não vou conseguir ir ao nosso encontro de sábado à noite.


— Ah!... — falei, piscando. — Claro, claro que não. Eu nem estava mais pensando nisso. Preciso te pedir um favor, Bryce. Talvez você ache estranho... — na verdade, dopado do jeito que estava, duvido que achasse estranho — mas eu estava aqui me perguntando se, quando você e a Heather ainda namoravam, ela... ela lhe deu algo?


Ele ficou piscando para mim meio desorientado.


— Se ela me deu algo? Você quer dizer um presente?


— Sim.


— Claro. Ela me deu um suéter de caxemira no Natal.


Eu fiz que sim com a cabeça.


Um suéter de caxemira não ia adiantar nada para mim.


— Tudo bem. Mais alguma coisa? Talvez... um retrato dela?


— Ah, sim! — respondeu ele. — Claro, claro. Ela me deu seu retrato no colégio.


— É mesmo? — perguntei, tentando não parecer muito excitada. — E por acaso você está com ele aqui? Na sua carteira, talvez?


Era uma aposta arriscada, eu sabia perfeitamente, mas muitas pessoas só arrumavam suas carteiras uma vez por ano, se muito...


Ele fez uma careta. Provavelmente pensar era doloroso para ele, pois logo em seguida tratou de injetar o analgésico umas duas vezes. Em seguida, ficou com a expressão relaxada.


— Sim — disse então. — Ainda tenho a foto dela. Minha carteira está naquela gaveta ali.


Eu abri a gaveta da mesa ao lado de sua cama. E lá estava realmente a carteira, fininha, de couro preto. Eu a apanhei e a abri. A foto de Heather estava entre um cartão American Express e um bilhete de teleférico de estação de esqui.


Heather estava toda glamorosa, com toda aquela cabeleira loura caindo num dos ombros e olhando insinuante para a câmera. Nas minhas fotos de colégio, eu sempre fico parecendo como se alguém tivesse gritado “Fogo!”. Não conseguia entender como um cara que estava saindo com uma garota como aquela podia convidar alguém como eu para sair.


— Você me empresta esta foto? — perguntei. — Preciso dela só por um tempinho. Devolvo logo.


O que era uma mentira, mas achei que de outro modo ele não me emprestaria.


— Claro, claro — disse ele, sacudindo uma das mãos.


— Obrigada.


Enfiei a foto na minha mochila no exato momento em que uma mulher alta, com seus 40 anos, entrava, coberta de joias e trazendo uma caixa de doces.


— Bryce, querido — disse ela. — Onde estão seus amiguinhos? Eu fui até a padaria para trazer uns beliscos.


— Daqui a pouco eles voltam, mãe — respondeu Bryce meio sonolento. — Esta é a Any. Ela salvou a minha vida ontem.


A Sra. Martinson estendeu a mão direita, macia e bronzeada.


— Prazer em conhecê-la, Ana — disse ela, mal tocando os meus dedos. — Você consegue acreditar no que aconteceu com o pobrezinho do Bryce? O pai dele está furioso. Como se as coisas já não estivessem suficientemente complicadas, com aquela maldita garota... bem, você sabe. E agora isto. Juro que fica parecendo que aquele colégio está amaldiçoado ou algo assim.


Eu respondi:


— É. Bem, prazer em conhecê-la. É melhor eu ir.


E ninguém protestou contra minha partida: a Sra. Martinson porque pouco estava ligando, e Bryce porque tinha adormecido.


Encontrei Christian e Maite em frente a um quarto do outro lado do corredor. Enquanto eu estava me aproximando deles, Maite levou um dedo aos lábios:


— Ouça — disse ela.


Eu fiz exatamente o que ela sugeria.


— Simplesmente não podia ter acontecido em pior hora — dizia uma voz conhecida, de homem mais velho. — E agora que faltam menos de duas semanas para a visita do arcebispo...


— Sinto muito, Constantine — dizia o padre Dominic com a voz fraca. — Sei perfeitamente que isto deve estar sendo estressante para você.


— E ainda por cima com o Bryce Martinson! Sabe quem é o pai dele? Simplesmente um dos melhores advogados de Salinas!


— Padre Dom está levando uma bronca — sussurrou Christian para mim. — Pobre coitado.


— Ele bem que podia simplesmente dizer a monsenhor Constantine que fosse se afogar no lago — Maite comentou com os olhos faiscando.


Eu sussurrei:


— Vamos ver se a gente consegue ajudá-lo. Talvez vocês pudessem distrair o monsenhor. E aí vou ver se o padre Dom precisa de alguma coisa. Sabe como é, rapidinho antes de a gente ir embora.


Maite deu de ombros:


— Por mim tudo bem.


— Estou nessa — concordou Christian


Então chamei o padre Dominic em voz alta e fui entrando no quarto.


O quarto não era tão grande nem tão alegre quanto o de Bryce. As paredes eram bege, e não amarelas, e só havia um vaso de flores. Pelo o que pude perceber, a janela dava para o estacionamento. E ninguém tinha se dado ao trabalho de pendurar o padre Dominic em alguma máquina de bombear analgésicos. Não sei que tipo de plano de saúde os padres têm, mas posso dizer que não eram tão bons quanto deveriam.


Seria pouco dizer que o padre Dominic ficou surpreso com a minha entrada. Seu queixo simplesmente caiu. Ele não parecia capaz de dizer coisa alguma. Mas não tinha problema, pois atrás de mim entrou a Maite, que foi explicando:


— Puxa, monsenhor, estávamos procurando o senhor por toda parte. Gostaríamos de fazer uma entrevista exclusiva, se o senhor concordar, sobre as consequências do ato de vandalismo da noite passada na visita que o arcebispo está para fazer. Consequências negativas, certo? O senhor tem algo a dizer? Talvez o senhor pudesse vir até o corredor, onde eu e meu colaborador poderemos...


Meio atarantado, monsenhor Constantine acompanhou Cee Cee até a porta, bem irritado:


— Escute aqui, mocinha...


Eu mais que depressa me aproximei do padre Dominic. Não posso dizer que estava exatamente feliz por encontrá-lo. Quer dizer, eu sabia que ele provavelmente não estava lá muito satisfeito comigo. Foi em mim que Heather atirou a cabeça do padre Serra, e eu achava que ele sabia disto e muito provavelmente também não estava lá simpatizando demais comigo.


Pelo menos era o que eu pensava. Mas é claro que estava errada. Sou muito boa para imaginar o que as pessoas mortas estão pensando, mas ainda não consegui acertar muito com os vivos.


— Anahi— disse padre Dominic com sua voz meiga. — O que está fazendo aqui? Está tudo bem? Eu estava muito preocupado com você...


Eu deveria ter esperado isso. Padre Dominic não estava zangado comigo, absolutamente. Só estava preocupado. Mas era ele o verdadeiro motivo de preocupação. Além daquele horrível corte acima de um dos olhos, ele estava completamente pálido. Ou melhor, cinzento, parecendo muito mais velho do que era. Só os olhos, azuis como o céu lá fora, continuavam como sempre foram, brilhantes e cheios de bom humor inteligente.


Ainda assim, fiquei de novo furiosa por vê-lo daquela maneira. Heather ainda não sabia, mas ia se ver comigo, e como!


— Preocupado comigo? — perguntei, olhando fixo para ele. — Por que está preocupado comigo? Não fui eu que quase fui esmagada hoje de manhã por um crucifixo.


Padre Dom sorriu, pesaroso.


— Não, mas acho que você talvez precise explicar uma coisa. Por que não me contou, Anahi? Por que não me contou o que pretendia fazer? Se soubesse que pretendia aparecer na Missão sozinha no meio da noite, nunca teria permitido.


— Foi exatamente por isso que eu não lhe contei. Ouça, padre, sinto muito pela estátua e pela porta da sala de aula do professor Walden e tudo mais. Mas eu precisava tentar falar com ela pessoalmente, entende? De mulher para mulher. Eu não sabia que ela ia ficar completamente ensandecida comigo.


— Mas o que você podia esperar? Anahi, você não viu o que ela tentou fazer com aquele rapaz ontem?...


— Sim, mas aquilo dava para entender. Quer dizer, ela gostava muito dele. Ela realmente o ama loucamente. Mas eu não imaginava que fosse me perseguir também. Afinal, eu não tinha nada a ver com aquela história. Só estava tentando mostrar quais eram as opções dela...


— O que era exatamente o que eu vinha fazendo desde que ela começou a aparecer na Missão.


— Certo. Mas a Heather não está a fim de aceitar nada que lhe propomos. É como estou lhe dizendo, a garota pirou. Agora está quietinha porque acha que conseguiu matar Bryce e provavelmente também está exausta, mas daqui a pouco vai começar a atacar de novo, e só Deus sabe o que poderá fazer agora que sabe do que é capaz.


Padre Dominic ficou me olhando com curiosidade, completamente esquecido da sua preocupação com a chegada do arcebispo.


— Como assim, “agora que sabe do que é capaz”?


— Bom, dá para perceber que a noite passada foi apenas um ensaio geral. Pode estar certo de que muito pior virá da Heather, agora que ela sabe o que pode fazer.


Padre Dominic balançou a cabeça, confuso.


— Você a viu hoje? Como sabe tudo isto?


Eu não podia falar sobre Poncho para o padre Dominic. Não podia mesmo. Não era da conta dele, para começo de conversa. Mas eu também tinha a impressão de que poderia chocá-lo, saber que havia um sujeito vivendo no meu quarto. Sabe como é, padre Dom era um padre...


— Escute só — eu disse. — Tenho pensado muito nisso, e não vejo outra maneira. O senhor já tentou argumentar com ela e eu também. E veja só no que deu. O senhor está no hospital e eu preciso ficar o tempo todo prestando atenção ao redor, onde quer que vá. Acho que chegou a hora de resolver isto de uma vez por todas.


Padre Dom piscou:


— O que está querendo dizer, Anahi? De que está falando?


Respirei fundo.


— Estou falando do que nós, mediadores, fazemos como último recurso.


Ele ainda parecia confuso.


— Último recurso? Acho que não estou entendendo o que você quer dizer...


— Fazer um exorcismo.



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Autor(a): ponnymym

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Capítulo 16 — Nem pensar — disse padre Dominic. — Padre — tentei argumentar. — Não vejo outra saída. Nós sabemos perfeitamente que ela não irá por vontade própria. E ela é perigosa demais para ficar por aí perambulando indefinidamente. Acho que vamos precisar dar um empurrão ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 39



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  • maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12

    Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.

  • colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29

    Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)

  • colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49

    ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf

  • bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56

    NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3

  • bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01

    Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS

  • bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04

    Por favor, poste maaaaais

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20

    AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia

  • colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38

    eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00

    Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?

  • bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46

    E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais


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