Fanfics Brasil - 25 A Madiadora aya adaptada

Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA


Capítulo: 25

13 visualizações Denunciar


Capítulo 5


Sentei-me totalmente desperta. Ela estava de volta. Ainda mais alterada do que na noite anterior. Eu tive de esperar um tempo enorme antes que a mulher se acalmasse o bastante para falar comigo.


— Por quê? — perguntou ela, quando parou de gritar. — Por que você não disse a ele?


— Olha — falei, tentando usar uma voz tranquilizadora, como o padre Dom quereria que eu fizesse. — Eu tentei, certo? O cara não é a pessoa mais fácil de achar. Vou contatá-lo amanhã, prometo.


Ela tinha meio que tombado de joelhos.


— Ele se culpa. Ele se culpa pela minha morte. Mas não foi culpa dele. Você tem de dizer. Por favor.


Sua voz embargou horrivelmente no por favor. A mulher estava um trapo. Quero dizer, eu já vi um bocado de fantasmas na pior, mas essa ganhava o prêmio, vou te contar. Juro, era como Meryl Streep fazendo aquela tremenda cena de choro de A escolha de Sofia ao vivo no tapete do seu quarto.


— Olha, dona — falei.


Em voz tranquilizadora, lembrei a mim mesma.


Tranquilizadora.


Mas não há nada realmente tranquilizador em chamar alguém de dona. Assim, lembrando-me de como Jesse tinha ficado meio furioso comigo por não ter perguntado o nome dela, falei:


— Ei. Por sinal, qual é o seu nome?


Fungando, ela só dizia:


— Por favor. Você tem de contar a ele.


— Eu disse que vou contar. — Minha nossa, o que ela achava que eu estava fazendo aqui? Algum tipo de serviço amador? — Me dê uma chance, certo? Essas coisas são meio delicadas, a senhora sabe. Eu não posso ir simplesmente abrindo a boca e falando. A senhora quer isso?


— Ah, meu Deus, não — disse ela, levando a mão fecha da à boca e mordendo-a. — Não, por favor...


— Então certo. Esfrie um pouco. Agora diga...


Mas ela já tinha ido embora.


Uma fração de segundo depois Poncho apareceu. Estava aplaudindo baixinho como se estivesse assistindo a um teleteatro.


— Esse foi o seu melhor desempenho até hoje — disse ele, baixando as mãos. — Você parecia envolvida, ainda que enojada.


Olhei-o furiosa.


— Você não tem umas correntes para chacoalhar por aí? — perguntei mal-humorada.


Ele veio até minha cama e se sentou. Eu tive de puxar os pés rapidamente para não serem esmagados.


— E você não tem algo que queira me contar?


Balancei a cabeça.


— Não. São duas da manhã, Poncho. A única coisa que eu tenho na cabeça agora é dormir. Você se lembra do que é dormir, não é?


Poncho me ignorou. Ele faz isso um bocado.


— Eu também recebi uma visita há pouco tempo. Acho que você conhece. Um certo Sr. Henrique Portilla.


— Ah.


E então – não sei por que – caí deitada de novo e puxei um travesseiro sobre a cabeça.


— Não quero saber disso — falei, com a voz abafada debaixo do travesseiro.


A próxima coisa que vi foi que o travesseiro tinha voado das minhas mãos – mesmo que eu o estivesse segurando com força – e caído com violência no chão. Com o máximo de violência que um travesseiro pode cair, o que não é muito.


Fiquei ali, piscando no escuro. Poncho não tinha se mexido um centímetro. Esse é o negócio com os fantasmas, veja só. Eles são capazes de mover coisas – praticamente qualquer coisa que queiram – sem levantar um dedo. Fazem isso com a mente. É bem assustador.


— O que é? — perguntei irritada, com a voz mais esganiçada do que nunca.


— Quero saber por que você disse ao seu pai que há um homem morando no seu quarto.


Poncho parecia furioso. Para um fantasma, até que ele tem um temperamento bem tranquilo, de modo que quando fica furioso é bem óbvio. Para começar, a cicatriz na sobrancelha fica branca.


As coisas não estavam se sacudindo naquela hora, mas a cicatriz praticamente luzia no escuro.


— Ahn — falei. — Na verdade, Poncho, há um cara morando no meu quarto, lembra?


— É, mas... — Poncho se levantou da cama e começou a andar de um lado para o outro. — Mas eu não estou realmente morando aqui.


— Bem. Só porque, tecnicamente, Poncho, você está morto.


— Eu sei disso.


Poncho passou a mão pelo cabelo, de um jeito meio frustrado. Já contei que Poncho tem um cabelo bem legal? É preto, curto e parece meio eriçado, se é que você me entende.


— O que eu não compreendo é por que você falou com ele sobre mim. Eu não sabia que te incomodava tanto eu estar aqui.


A verdade é que não. Não incomoda, quero dizer. Incomodava, mas antes de poncho salvar minha vida umas duas vezes. Depois disso eu meio que superei.


Só que me incomoda quando ele pega meus CDs emprestados e não coloca de novo na ordem certa quando acaba de ouvir.


— Não — falei.


— Não o quê?


— Não me incomoda você morar aqui — eu me encolhi. Má escolha de palavras. — Bem, não que você more aqui, já que... quero dizer, não me incomoda que você fique aqui.


— Só que...


— Só que o quê?


Falei rapidamente antes de perder a coragem:


— Só que eu não consigo deixar de ficar pensando em por quê.


— Por que o quê?


— Por que você está aqui há tanto tempo.


Ele só me olhou. Poncho nunca me contou nada sobre sua morte. Na verdade nunca me contou nada sobre sua vida antes da morte. Poncho não é o que você pode chamar de comunicativo, mesmo para um cara. Quero dizer, se você levar em consideração que ele nasceu cento e cinquenta anos antes do programa da Oprah e não sabe nada sobre as vantagens de compartilhar os sentimentos – que é bom não manter as coisas trancadas por dentro – isso meio que faz sentido.


Por outro lado, eu não podia deixar de suspeitar de que Jesse estava perfeitamente em contato com suas emoções, e que simplesmente não tinha vontade de me falar delas. O pouco que eu havia descoberto sobre ele – como seu nome completo, por exemplo – fora a partir de um velho livro que Mestre conseguiu, sobre a história do norte da Califórnia. Eu nunca tive coragem realmente de perguntar a Poncho isso. Sabe, sobre a história de que ele deveria se casar com a prima, que por acaso amava outro, e de como Poncho desapareceu misteriosamente a caminho da cerimônia... Não é o tipo de assunto que a gente possa puxar.


— Claro — falei, depois de um curto silêncio, durante o qual ficou claro que Poncho não ia me dizer coisa alguma — se você não quiser conversar sobre isso, tudo bem. Eu esperava que a gente pudesse ter, você sabe, um relacionamento aberto e honesto, mas se é pedir demais...


— E quanto a você, Anahi? — disparou ele de volta. — Você tem sido aberta e honesta comigo? Acho que não. Caso contrário, por que seu pai viria atrás de mim daquele jeito?


Chocada, sentei-me um pouco mais ereta.


— Meu pai foi atrás de você?


— Nombre de Dios, Anahi — disse Poncho irritado. — O que você esperava que ele fizesse? Que tipo de pai ele seria se não tentasse se livrar de mim?


— Ah, meu Deus — falei completamente sem graça. — Poncho, eu nunca disse uma palavra sobre você com ele. Juro. Foi ele quem puxou o assunto. Acho que ele anda me espionando, ou sei lá o quê. — Essa era uma coisa humilhante de admitir. — Então... o que você fez? Quando ele foi atrás de você?


Poncho deu de ombros.


— O que eu poderia fazer? Tentei me explicar do melhor modo possível. Afinal de contas, minhas intenções são as melhores possíveis.


Droga! Mas espera um minuto.


— Você tem intenções?


Sei que é patético, mas neste ponto da vida, até mesmo ouvir dizer que o fantasma de um cara pode ter intenções – ainda que sejam as melhores possíveis – era meio legal. Bem, o que você esperava? Eu tenho dezesseis anos e nunca ninguém me convidou para sair. Dá um tempo, certo?


Além disso, Poncho era gato demais, para um morto.


Mas infelizmente suas intenções para comigo pareciam ser apenas platônicas, se o fato de que ele pegou o travesseiro que tinha jogado no chão – dessa vez com as mãos – e atirou na minha cara servisse de indicação. Isso não parecia o tipo de coisa que um cara loucamente apaixonado por mim faria.


— Então o que meu pai disse? — perguntei quando tinha afastado o travesseiro. — Quero dizer, depois de você garantir que suas intenções eram as melhores possíveis?


— Ah — Poncho respondeu, sentando-se de novo na cama. – Depois de um tempo ele se acalmou. Eu gosto dele, Anahi.


Funguei.


Todo mundo gosta. Ou gostava, quando ele era vivo.


— Ele se preocupa com você, você sabe.


— Ele tem coisas muito maiores com que se preocupar — murmurei.


Poncho piscou, curioso.


— Como o quê?


— Ah, não sei. Que tal o motivo para ele estar aqui em vez de no lugar aonde as pessoas devem ir depois de mortas? Essa pode ser uma sugestão, não acha?


Poncho falou em voz baixa:


— Como você tem certeza de que não é aqui que ele deve estar, Anahi? Ou eu, por sinal?


Encarei-o.


— Porque a coisa não funciona assim, Poncho. Talvez eu não saiba muito sobre esse negócio de mediação, mas disso eu sei. Esta é a terra dos vivos. Você, meu pai e aquela dona que esteve aqui há um minuto não pertencem a este lugar. O motivo para estarem presos aqui é porque há alguma coisa errada.


— Ah. Sei.


Mas ele não sabia. Eu sabia que ele não sabia.


— Você não pode dizer que está feliz aqui — falei. – Você não pode dizer que gosta de estar preso neste quarto por cento e cinquenta anos.


— Não foi muito ruim — ele respondeu com um sorriso. — As coisas melhoraram recentemente.


Eu não tinha certeza do que ele queria dizer com isso. E como tinha medo de minha voz ficar esganiçada de novo se perguntasse, preferi dizer:


— Bem, sinto muito o meu pai ter ido atrás de você. Juro que não contei a ele.


— Tudo bem, Anahi — Poncho respondeu baixinho. — Eu gosto do seu pai. E ele só faz isso porque se preocupa com você.


— Você acha? — Puxei o lençol. — Eu tenho minhas dúvidas. Acho que ele faz isso porque sabe que me chateia.


Poncho, que estivera me olhando puxar o lençol, subitamente estendeu a mão e segurou meus dedos.


Ele não deveria fazer isso. Bem, pelo menos eu vinha tentando lhe dizer que ele não deveria fazer isso. Talvez tenha me escapado da mente. Mas, de qualquer modo, ele não deveria fazer isso. Quero dizer, me tocar.


Veja bem, apesar de Poncho  ser um fantasma e ser capaz de atravessar paredes e desaparecer e reaparecer à vontade, ele ainda está... bem, ali. Pelo menos para mim. É isso que me torna – e ao padre Dom – diferente de todo mundo. Nós não somente podemos ver os fantasmas e falar com eles, também podemos senti-los – como se eles fossem uma pessoa. Uma pessoa viva, quero dizer. Porque para mim e para o padre Dom os fantasmas são como qualquer pessoa, com sangue, entranhas, suor, mau hálito e sei lá o quê mais. A única diferença real é que eles meio que têm um brilho em volta – uma aura, acho que é como se chama.


Ah, e eu já falei que um monte deles tem força sobre-humana? Em geral eu esqueço de dizer isso. É por isso que, na minha linha de trabalho, frequentemente levo umas porradas feias. E também é por isso que fico meio pirada quando um deles – como Poncho estava fazendo naquela hora – me toca, ainda que de modo não agressivo.


E quero dizer, sério, só porque, para mim, os fantasmas são tão reais quanto, digamos, Tad Beaumont, isso não significa que eu queira dançar agarradinha com eles nem nada.


Bem, certo, no caso de Poncho, eu ia querer, só que você não acha que seria bem estranho dançar agarradinha com um fantasma? Qual é! Ninguém além de mim iria poder vê-lo. Eu iria falar: “Ah, deixe-me apresentar meu namorado”, e não haveria ninguém ali. Que mico! Todo mundo ia achar que eu estava inventando o cara, que nem aquela dona naquele filme que eu vi no canal Lifetime, que inventou um filho extra.


Além disso, eu tenho quase certeza de que Poncho não gosta de mim desse modo. Sabe, do modo de dançar agarradinho.


O que infelizmente ele provou virando minhas mãos e segurando-as ao luar.


— O que há de errado com os seus dedos?


Olhei para eles. A erupção estava pior do que nunca. Ao luar eu parecia deformada, como se tivesse mãos de monstro.


— Sumagre venenoso — falei, amarga. — Você tem sorte de estar morto e não poder encostar nisto. Queima. Ninguém me falou disso, você sabe. Sobre o sumagre venenoso. Sobre palmeiras, claro, todo mundo disse que havia palmeiras, mas...


— Você deveria tentar pôr um unguento de folhas de grindélia — interrompeu ele.


— Ah, certo — falei, conseguindo não parecer sarcástica demais.


Ele franziu a testa para mim.


— É uma planta com flores amarelas pequenas. Cresce no campo, Tem propriedades curativas, sabe. Há algumas naquele morro atrás da casa.


— Ah. Quer dizer aquele morro onde ficam todos os pés de sumagre venenoso?


— Dizem que pólvora também funciona.


— Ah. Sabe, Poncho, talvez você fique surpreso em saber que a medicina avançou além dos unguentos de plantas e pólvora no último século e meio.


— Ótimo — disse ele, largando minhas mãos. — Foi só uma sugestão.


— Bem. Obrigada. Mas vou colocar a fé na hidrocortisona.


Ele me olhou durante um tempo. Acho que provavelmente estava pensando em como eu sou esquisita. Eu estava pensando em como era estranho o fato de que aquele cara tinha segurado minhas mãos escamosas e sumagrentas.


Ninguém mais aceitaria tocá-las, nem minha mãe. Mas Poncho não se incomodou. Mas afinal de contas, ele não iria pegar a doença.


— Anahi — disse ele finalmente.


— O quê?


— Vá com cuidado com essa mulher. A mulher que esteve aqui.


Dei de ombros.


— Certo.


— Estou falando sério. Ela não é... ela não é quem você acha.


— Eu sei quem ela é.


Ele ficou surpreso. Tão surpreso que foi meio insultuoso.


— Você sabe? Ela contou?


— Bem, não exatamente. Mas você não precisa se preocupar. Eu estou com as coisas sob controle.


— Não. — Ele se levantou da cama. — Não está, Anahi. Você deve ter cuidado. Desta vez deve ouvir o seu pai.


— Ah, certo — falei muito sarcástica. — Obrigada. Você acha que poderia ser mais assustador com isso? Tipo será que você podia babar sangue ou alguma coisa assim?


Acho que talvez eu tenha sido um pouco sarcástica demais, porque em vez de responder ele simplesmente desapareceu.


Fantasmas. Não aguentam uma brincadeira.v



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): ponnymym

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

  Capítulo 6 — Você quer que eu o quê? — Só me deixe lá na ida para o trabalho. Não fica longe do seu caminho. Soneca me olhou como se eu tivesse sugerido que ele comesse vidro ou algo assim. — Não sei — disse ele devagar, parado na porta, com as chaves do Rambler na mão. — Como voc ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 39



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12

    Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.

  • colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29

    Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)

  • colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49

    ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf

  • bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56

    NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3

  • bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01

    Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS

  • bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04

    Por favor, poste maaaaais

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20

    AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia

  • colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38

    eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00

    Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?

  • bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46

    E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais