Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA
Capítulo 6
— Você quer que eu o quê?
— Só me deixe lá na ida para o trabalho. Não fica longe do seu caminho.
Soneca me olhou como se eu tivesse sugerido que ele comesse vidro ou algo assim.
— Não sei — disse ele devagar, parado na porta, com as chaves do Rambler na mão. — Como você vai voltar para casa?
— Um amigo vai me pegar — falei toda animada.
Era a maior mentira, claro. Eu não tinha como voltar para casa. Mas num instante pensei que poderia chamar Christian. Ele tinha acabado de conseguir a carteira de motorista, além de um New Beetle. Estava tão doido para dirigir que me pegaria em Albuquerque, se eu ligasse para ele de lá. Não acho que se importaria muito se eu ligasse para ele da mansão de Thaddeus Beaumont na Seventeen Mile Drive.
Soneca ainda estava em dúvida.
— Não sei... — disse lentamente.
Dava para ver que ele pensava que eu estava indo para uma reunião de gangue, ou alguma coisa assim. Soneca nunca pareceu muito empolgado comigo, especialmente depois do casamento dos nossos pais, quando ele me pegou fumando do lado de fora do salão de recepção. O que é totalmente injusto, já que desde então eu nunca toquei num cigarro.
Mas acho que o fato de ele ter sido recentemente obrigado a me resgatar no meio da noite quando um fantasma fez uma construção desmoronar em cima de mim não ajudou exatamente a formar algum laço de confiança calorosa entre nós.
Especialmente porque eu não podia contar a ele a parte sobre o fantasma. Acho que ele pensa que eu sou o tipo de garota em cima de quem os prédios caem o tempo todo.
Não é de espantar que não me queira no seu carro.
— Qual é — falei, abrindo meu casaco comprido, cor de camelo. — Que tipo de encrenca eu posso arranjar com esta roupa?
Soneca me olhou de cima a baixo. Até ele tinha de admitir que eu era o exemplo máximo da inocência com o suéter de tricô branco , saia pregueada vermelha e sapatos baratos. Até coloquei um cordão com uma cruz de ouro, que ganhei num concurso de redações sobre a Guerra de 1812 na aula do Sr. Walden. Achei que era o tipo de roupa que um cara velho como o Sr. Beaumont apreciaria: você sabe, esse negócio de colegial atrevida.
— Além disso — falei — é para a escola.
— Certo — disse Soneca enfim, parecendo que realmente queria estar em outro lugar. — Entre no carro.
Fui direto para o Rambler antes que ele tivesse chance de mudar de ideia.
Soneca entrou um minuto depois, sonolento como sempre. Seu trabalho numa pizzaria parecia exigente demais. Ou isso ou ele fazia um monte de hora extra. Dava para pensar que ele já teria economizado o bastante para aquele Camaro. Falei isso enquanto a gente ia deixando a entrada de veículos.
— É — disse Soneca. — Mas quero ela equipada com tudo, sabe? Som Alpine, caixas Bose. A coisa toda.
Eu tenho um negócio com relação aos caras que chamam seus carros de “ela”, mas não achei que valeria a pena pegar no pé de quem me dava carona. Em vez disso, falei:
— Uau. Maneiro.
Nós moramos nas colinas de Carmel, virados para o vale e a baía. É um lugar lindo, mas como estava escuro, eu só podia ver o interior das casas pelas quais íamos passando. As pessoas na Califórnia têm umas janelas bem grandes para deixar o sol entrar e, à noite, quando as luzes estão acesas, você pode ver praticamente tudo que elas estão fazendo. Ao contrário do Brooklyn, aqui ninguém fechava as cortinas. É meio familiar, na verdade.
— Para que aula é isso? — perguntou Soneca, me fazendo dar um pulo.
Ele falava tão raramente, em especial quando estava fazendo alguma coisa de que gostava, como comer ou dirigir, que eu meio esqueci que ele estava ali.
— O quê?
— O trabalho que você está fazendo. — Ele afastou os olhos da estrada por um segundo e me espiou. — Você disse que era para a escola, não disse?
— Ah. Claro. É. É... hmm... uma matéria que eu estou fazendo para o jornal da escola. Minha amiga Maite é a editora. Ela me designou para fazer.
Ah, meu Deus, eu sou tão mentirosa! E não posso parar numa mentira só. Ah, não. Tenho de ir empilhando. Sou doente, vou te contar. Doente.
— Maite — disse Soneca. — É aquela mina com quem você fica no almoço, a albina, certo?
Maite teria uma embolia se ouvisse alguém chamando-a de “mina”, mas como tecnicamente o resto da frase estava correto, falei:
— É.
Soneca grunhiu e não disse mais nada durante um tempo. Seguimos em silêncio, com as grandes casas com janelas cheias de luzes passando pela Seventeen Mile Drive, no trecho que deveria ser tipo a estrada mais linda do mundo, algo assim.
O famoso campo de golfe de Pebble Beach fica na Seventeen Mile Drive, junto com uns cinco outros clubes de golfe e um punhado de locais turísticos, como o Cipreste Solitário, que é um tipo de árvore crescendo numa pedra, e a Pedra da Foca, onde há – você adivinhou – um monte de focas.
A Seventeen Mile Drive também é onde você pode verificar as correntes do que chamam de Mar Inquieto, já que o oceano ao longo dessa parte da costa é cheio demais de ondas cruzadas e correntes submarinas para alguém poder nadar. É todo feito de ondas gigantescas se chocando e minúsculos trechos de areia entre grandes pedras em que as gaivotas vivem largando mexilhões e outras coisas, esperando rachar as conchas. Algumas vezes surfistas também são rachados ao meio ali, se forem estúpidos a ponto de pensar que aguentam as ondas.
E, se você quiser, pode comprar uma mansão realmente grande num penhasco dando para toda essa beleza natural, por meros, ah, um zilhão de dólares, mais ou menos.
O que aparentemente era o que Thaddeus “Red” Beaumont tinha feito. Ele havia conseguido uma daquelas mansões.
Realmente grande, vi quando Soneca finalmente parou na frente dela. Tão grande, na verdade, que tinha uma pequena guarita junto ao enorme portão de lanças diante de um caminho comprido, comprido, com um guarda dentro assistindo à TV.
Olhando o portão, Soneca falou:
— Tem certeza de que é aqui?
Engoli em seco. Pelo que Maite tinha dito, eu sabia que o Sr. Beaumont era rico. Mas não achava que fosse tão rico.
E pense só, o filho dele me chamou para dançar agarradinho!
— Hmm — falei. — Talvez eu devesse apenas ver se ele está em casa, antes de você sair.
— É, acho que sim.
Saí do carro e fui até a pequena guarita. Não me importo em dizer que me sentia uma idiota. O dia inteiro estivera tentando falar com o Sr. Beaumont, e sempre diziam que ele estava numa reunião ou atendendo a outro telefonema. Por algum motivo eu tinha achado que um toque pessoal poderia funcionar. Não sei o que estava pensando, mas acho que isso envolvia tocar a campainha e depois olhar simpática a cara dele quando ele fosse atender à porta.
Isso, dava para ver agora, não ia acontecer.
— Hmm, com licença — falei no pequeno microfone na guarita. À prova de bala, notei. Ou o pai de Tad tinha gente que não gostava dele ou era simplesmente um pouco paranoico.
O guarda ergueu os olhos da TV. Deu uma avaliada em mim. Eu deixara o casaco aberto para garantir que ele visse a saia pregueada e os sapatos. Depois ele olhou para além de mim, para o Rambler. Isso não era bom. Eu não queria ser julgada por meu irmão adotivo e seu carro caído.
Bati de novo no vidro para atrair a atenção do guarda.
— Olá — falei ao microfone. — Meu nome é Anahi Portilla, e estou no primeiro ano na Academia Missionária. Estou fazendo uma matéria para o jornal da escola sobre as dez pessoas mais influentes de Carmel e gostaria de entrevistar o Sr. Beaumont, mas infelizmente ele não respondeu aos meus telefonemas, e a matéria tem de ser entregue amanhã, por isso imaginei se ele estaria em casa e se me receberia.
O guarda me olhou com expressão perplexa.
— Eu sou amiga de Tad, Tad Beaumont, o filho do Sr. Beaumont. Ele me conhece, de modo que, se o senhor quiser... sabe... que ele me veja pela câmera de segurança ou algo parecido, tenho certeza de que ele poderia, assim, verificar minha identidade. Quero dizer, se minha identidade precisar ser verificada.
O guarda continuou me encarando. Era de pensar que um sujeito rico como o Sr. Beaumont poderia pagar guardas mais inteligentes.
— Mas se for uma hora ruim — falei, começando a recuar — acho que posso voltar depois.
Então o guarda fez uma coisa extraordinária. Inclinou-se para frente, apertou um botão e disse, pelo alto-falante:
— Querida, você fala mais depressa do que qualquer pessoa que já ouvi na vida. Poderia repetir tudo isso? Devagar, dessa vez?
Falei de novo meu pequeno discurso, mais devagar dessa vez, enquanto atrás de mim Soneca estava sentado ao volante com o motor ligado. Pude ouvir o rádio berrando dentro do carro, e Soneca cantando junto. Ele devia achar que o carro era à prova de som com as janelas levantadas.
Cara, ele estava muito errado!
Depois de eu fazer o discurso pela segunda vez, o guarda, com uma espécie de sorriso no rosto, falou:
— Espere aí, moça — em seguida pegou um telefone branco e começou a dizer coisas que eu não pude ouvir.
Fiquei ali parada, querendo estar usando um moletom, em vez de meia calça, porque minhas pernas estavam congelando no vento frio que vinha do oceano, e imaginando como podia ter pensado que essa era uma boa ideia.
Então o microfone estalou.
— Certo, moça — disse o guarda. — O Sr. Beaumont vai te receber.
E então, para minha perplexidade, o grande portão duplo, cheio de lanças, começou a se abrir.
— Ah — falei. — Ah, meu Deus! Obrigada! Obrigada...
Então notei que o guarda não podia me ouvir, porque eu não estava falando ao microfone. Por isso voltei correndo ao carro e abri a porta.
Soneca, no meio de uma sessão concentradíssima tocando air guitar, parou e ficou sem graça.
— E? — perguntou ele.
— E — falei batendo a porta do carona depois de entrar. — Estamos dentro. Só me deixe na casa, certo?
— Claro, Cinderela.
Demoramos cinco minutos para ir até o fim da entrada de veículos. Eu nem estou brincando. Era longe. De cada lado havia umas árvores enormes formando uma espécie de alameda. Uma alameda de árvores. Era bem legal. Fiquei pensando que durante o dia provavelmente era linda. Haveria alguma coisa que Tad Beaumont não tinha? Beleza, dinheiro, um lugar lindo para morar...
Só precisava de uma euzinha toda bonitinha.
Soneca parou o carro na frente de uma entrada pavimentada, com palmeiras enormes de cada lado, meio tipo o hotel Polynesian na Disney World. De fato, todo o lugar tinha um jeito meio Disney. Sabe, realmente grande e tipo moderno e falso.
Havia um monte de luzes acesas, e no fim de todas as pedras do pavimento eu pude ver uma gigantesca porta de vidro com alguém espreitando atrás. Virei-me para Soneca e disse:
— Certo, estou numa boa. Obrigada pela carona.
Soneca olhou todas as luzes, palmeiras e coisa e tal.
— Tem certeza de que você tem como voltar para casa?
— Tenho.
— Certo — enquanto saía do carro, ouvi quando ele murmurou: — Nunca tinha entregado pizza aqui antes.
Subi rapidamente a entrada pavimentada, consciente, enquanto Soneca ia embora com o carro, de que podia ouvir o oceano em algum lugar, ainda que, na escuridão do outro lado da casa, não pudesse vê-lo. Quando cheguei à porta, ela se abriu antes que eu pudesse procurar uma campainha e um japonês de calças pretas e um negócio branco parecendo roupão fez uma reverência e disse:
— Por aqui, senhorita.
Eu nunca tinha ido a uma casa onde um empregado atendia à porta – quanto mais sendo chamada de senhorita – por isso não sabia como agir. Segui-o até uma sala gigantesca onde as paredes eram feitas de pedras de verdade, sobre as quais água de verdade pingava em riachos minúsculos, que eu supus que eram para ser cachoeiras.
— Posso pegar seu casaco? — perguntou o japonês, por isso eu o tirei, mas fiquei com a bolsa de onde o caderno de anotações estava espiando para fora. Queria ter a aparência do personagem, você sabe.
Então o japonês fez outra reverência e disse:
— Por aqui, senhorita.
Ele me levou até uma porta dupla de vidro, deslizante, que dava num comprido pátio aberto onde havia uma enorme piscina iluminada de turquesa no escuro. Subia vapor da superfície. Acho que era aquecida. Havia uma fonte no meio dela, e uma formação rochosa de onde a água jorrava, e em toda volta havia plantas, árvores e arbustos de hibisco. Um lugar muito legal, pensei, para eu ficar depois da escola com meu maiô Calvin Klein e minha canga.
Então estávamos dentro de novo, num corredor de aparência surpreendentemente comum. Foi nesse ponto que meu guia fez uma terceira reverência e disse:
— Espere aqui, por favor — e desapareceu numa das três portas que havia no corredor.
Então eu fiz o que ele disse, mas não pude deixar de me perguntar que horas seriam. Não uso relógio, já que todos os que eu tinha acabavam sendo despedaçados por algum espírito maligno. Mas não havia planejado gastar mais do que alguns minutos do meu tempo com esse cara. Meu plano era entrar, dar a mensagem da morta e depois sair. Falei à minha mãe que estaria em casa por volta das nove, e já devia ser quase oito.
Gente rica. Simplesmente não se importa com o toque de recolher dos outros.
Então o japonês reapareceu, fez uma reverência e disse:
— Ele vai recebê-la agora.
Epa. Eu imaginei se deveria me ajoelhar.
Contive-me. Em vez disso, passei pela porta – e me vi num elevador. Um elevador minúsculo com uma cadeira e uma mesinha de canto. Havia até uma planta na mesa. O japonês tinha fechado a porta atrás de mim, e agora eu estava sozinha num cômodo minúsculo que definitivamente se movia. Eu não tinha como saber se estava subindo ou descendo. Não havia números na porta para indicar a direção que a coisa estava tomando. E só havia um botão...
O cômodo parou de se mexer. Quanto estendi a mão para a maçaneta, ela girou. E, quando saí do elevador, me peguei numa sala escura com grandes cortinas de veludo sobre as janelas, contendo apenas uma escrivaninha enorme, um aquário ainda maior e uma única poltrona de visita, evidentemente para mim, diante daquela escrivaninha. Atrás da escrivaninha estava sentado um homem. O homem, ao me ver, sorriu.
— Ah — disse ele. — Você deve ser a Srta. Portilla.
Autor(a): ponnymym
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Capítulo 7 — Ahn — respondi. — É. Era difícil dizer, porque estava escuro demais no cômodo, mas o homem atrás da mesa parecia ter mais ou menos a idade do meu padrasto. Uns quarenta e cinco anos. Estava usando suéter sobre uma camisa abotoada, meio como Bill Gates sempre usa. Tinha cabelos castanhos obviamente fic ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 39
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maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12
Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.
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colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29
Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)
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colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49
ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf
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bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56
NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3
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bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01
Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS
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bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04
Por favor, poste maaaaais
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bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20
AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia
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colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38
eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante
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bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00
Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?
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bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46
E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais