Fanfics Brasil - 53 A Madiadora aya adaptada

Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA


Capítulo: 53

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Capítulo 9


Com cuidado, tentei tirar minha mão de baixo da de Michael.


— Ah — disse ele, levantando a mão para poder segurar o volante. — Está chegando. Quero dizer, o lugar onde o acidente aconteceu.


Pavorosamente aliviada, olhei para a direita. Estávamos seguindo ao longo da autoestrada a uma boa velocidade. As areias da praia de Carmel tinham se transformado nos majestosos penhascos de Big Sur. Mais alguns quilômetros adiante pelo litoral chegaríamos aos bosques de sequoias e ao farol de Point Sur. Big Sur era um porto-seguro para quem gostava de trilhas, de acampar e praticamente qualquer pessoa que gostasse de vistas magníficas e uma beleza natural de tirar o fôlego. Eu gosto das paisagens, mas a natureza me dá calafrios... especialmente depois de um pequeno incidente com sumagre venenoso que tinha ocorrido cerca de uma ou duas semanas depois de chegar à Califórnia.


E nem me fale de carrapatos.


Big Sur – ou pelo menos a estrada de mão dupla que serpenteia ao redor – também tem algumas curvas bem fechadas. Michael seguiu mais devagar, rodeando uma da qual não se podia ver nada do outro lado, quando um trailer, vindo na outra direção, surgiu trovejando do outro lado do enorme penhasco.


Não havia exatamente espaço para os dois veículos, e considerando que tudo que nos separava da queda direta no mar era uma grade de metal, a coisa foi meio perturbadora. Mas Michael deu marcha a ré – nós não estávamos indo muito depressa – e depois parou, deixando o trailer passar com apenas uns trinta centímetros entre os veículos.


— Nossa! — falei, olhando para o trailer enorme. — Isso é meio perigoso, não é?


Michael deu de ombros.


— As pessoas deveriam buzinar quando chegam àquela curva. Para avisar a quem está atrás da pedra. O cara obviamente não sabia porque era um turista — Michael pigarreou. — Foi isso que aconteceu... Hã... Na noite de sábado.


Sentei-me mais ereta no banco.


— Foi aqui... — engoli em seco —... Que aconteceu?


— É — não havia qualquer mudança no tom de sua voz. — Foi aqui.


E foi mesmo. Agora que sabia, pude ver claramente as marcas pretas de pneus que o carro de Josh tinha deixado enquanto tentava não cair. Um grande trecho da grade de segurança já fora substituída, o metal brilhante e novo exatamente onde as marcas de pneu terminavam. Perguntei em voz baixa:


— Podemos parar?


— Claro.


Havia um mirante depois da curva, a menos de cem metros de onde os veículos tinham deixado de bater por pouco. Michael estacionou ali e desligou o motor.


— Ponto de observação — disse ele, apontando para a placa de madeira diante de nós que dizia: Ponto de observação. Proibido jogar lixo. — Muitos jovens vêm aqui nas noites de sábado. — Michael pigarreou e me olhou de modo significativo. — E param o carro.


Preciso dizer que até aquele momento eu não fazia ideia de que era capaz de me mover tão rápido como fiz ao sair daquele carro. Mas soltei o cinto de segurança e desci daquele banco antes que você possa dizer ectoplasma.


O sol tinha baixado quase completamente e o tempo já estava esfriando. Abracei-me na ponta dos pés para olhar por cima da beira do penhasco, com o cabelo chicoteando o rosto ao vento do mar, que era muito mais forte e frio aqui em cima do que na praia. A pulsação rítmica do mar lá embaixo era alta, muito mais alta do que os motores dos carros passando na Autoestrada 1.


Notei que não havia gaivotas. E nenhum tipo de pássaro.


Claro que esta deveria ter sido minha primeira pista. Mas, como sempre, deixei de ver.


Em vez disso, só consegui me concentrar em como o penhasco era íngreme. Dezenas e dezenas de metros, caindo direto nas ondas que se chocavam contra as pedras gigantescas derrubadas durante vários terremotos. Não era exatamente o penhasco de onde você veria alguém mergulhando. Nem mesmo Elvis em sua época de Acapulco.


Curiosamente, abaixo do lugar onde o carro de Josh tinha saído da estrada, havia uma pequena praia. Não do tipo onde você vai tomar banho de sol, mas uma bela área de piquenique se você estivesse disposto a arriscar o pescoço descendo até lá.


Michael deve ter notado meu olhar, pois falou:


— É, foi onde eles caíram. Não na água. Bem, pelo menos não na hora. Então chegou a maré alta e...


Estremeci e desviei o olhar.


— Há algum modo de descer até lá? — pensei em voz alta.


— Claro — disse ele, e apontou para uma parte aberta na grade de segurança. — Ali. Há uma trilha. Praticamente só o pessoal que faz caminhada usa. Mas algumas vezes os turistas tentam. A praia lá embaixo é incrível. Você nunca viu ondas tão grandes. Só que é perigosa demais para surfar. Tem muita correnteza.


Olhei para ele curiosamente ao crepúsculo roxo.


— Você já esteve lá? — perguntei.


A surpresa na minha voz deve ter sido evidente.


— Any— disse ele com um sorriso. — Eu moro aqui desde que nasci. Não há muitas praias que eu não conheça.


Assenti e puxei uma mecha de cabelo que tinha entrado na boca graças ao vento.


— E então, o que aconteceu exatamente naquela noite?


Ele franziu a vista para a estrada. Agora estava escuro a ponto de os carros acenderem os faróis. De vez em quando, a luz de um deles varria o rosto de Michael enquanto ele falava. Era difícil, novamente, ver seus olhos por trás do reflexo da luz nas lentes dos óculos.


— Eu estava indo para casa, vindo de um seminário no Esalen...


— Esalen?


— É. O Instituto Esalen. Nunca ouviu falar? — Ele balançou a cabeça. — Meu Deus, eu achava que o Esalen era conhecido no mundo inteiro. — Minha expressão devia estar vazia, porque ele disse: — Bem, de qualquer modo, eu fui a uma palestra lá. “Colonização de outros mundos, e o que isso significa para os extraterrestres aqui na terra.”


Tentei não explodir numa gargalhada. Afinal de contas, era uma garota que via fantasmas e falava com eles. Quem era eu para dizer que não existia vida em outros planetas?


— Bom, eu estava voltando para casa, acho que era bem tarde, e eles vieram com tudo naquela curva, e nem buzinaram nem nada.


Assenti.


— E o que você fez?


— Bem, desviei para evitá-los, claro, e acabei batendo naquele penhasco ali. Não dá para ver porque está escuro agora, mas meu para-choque da frente arrancou um bom pedaço do morro. E eles... bem, eles desviaram para o outro lado, e havia neblina, e a estrada devia estar meio escorregadia, e eles iam bem rápido, e...


Michael terminou, a voz sem tom, dando de ombros outra vez.


— E eles caíram.


Estremeci de novo. Não podia evitar. Eu tinha conhecido aqueles garotos, lembra? Eles não estavam exatamente nas melhores condições – na verdade estavam tentando me matar –, mas mesmo assim não conseguia deixar de sentir pena deles. Era uma queda longa, muito longa.


— Então o que você fez?


— Eu? — Ele pareceu estranhamente surpreso com a pergunta. — Bem, eu bati com a cabeça, você sabe, então apaguei. Só voltei a mim quando alguém parou e veio olhar. Foi quando perguntei o que tinha acontecido com o outro carro. E eles disseram: “Que outro carro?” E eu pensei que... você sabe... eles tinham ido embora, e tenho de admitir que fiquei bem irritado. Puxa, eles nem tinham se incomodado em chamar uma ambulância para mim, nem nada. Mas então nós vimos a grade...


Agora eu estava ficando realmente com frio. O sol tinha sumido por completo, embora o céu no oeste ainda estivesse com riscas de violeta e vermelho. Senti um calafrio e falei:


— Vamos para o carro.


E fomos.


Ficamos ali sentados olhando o horizonte assumir um tom de azul cada vez mais profundo. Os faróis dos carros que passavam ocasionalmente iluminavam o interior da perua. Dentro estava muito mais silencioso, sem o vento e o barulho das ondas lá embaixo. Outra onda de cansaço extremo passou por mim. Pelo brilho do relógio no painel dava para ver que logo estaria na hora do jantar. Meu padrasto Andy tinha uma regra muito rígida sobre o jantar. Você aparece na hora. E ponto final.


— Olhe — falei rompendo o silêncio. — O que aconteceu parece horrível. Mas não foi sua culpa.


Ele me olhou. Ao brilho verde dos instrumentos do painel dava para ver que seu sorriso era triste.


— Não foi? — perguntou ele.


— Não — falei séria. — Foi um acidente, sem dúvida. O problema é que... bem, nem todo mundo vê a coisa assim.


O sorriso desapareceu.


— Quem não vê assim? Os policiais? Eu dei meu depoimento. Eles pareceram satisfeitos. Tiraram uma amostra de sangue. O teste para álcool foi totalmente negativo. Para todas as drogas. Eles não podem...


— Não são os policiais — falei rapidamente.


Como é que eu ia dizer isso? Pô, o cara era obviamente um daqueles fanáticos por óvnis, por isso era provável que não teria problema com fantasmas, mas nunca se sabe.


— O negócio — comecei com cuidado — é que eu notei que, desde o acidente deste fim de semana, você andou meio propenso a... acidentes.


— É — de repente a mão de Michael estava outra vez em cima da minha. — Se não fosse você eu até poderia estar morto. Você já salvou minha vida duas vezes.


— Ahã — falei nervosa, puxando a mão e fingindo que estava com outro cabelo na boca e por isso precisava usar aquela mão em particular, você sabe, para tirá-lo. — Ah, mas, sério, você meio que não... quero dizer... se perguntou o que estava acontecendo? Tipo por que tantas... coisas estavam acontecendo de repente?


Ele sorriu outra vez. Os dentes, à luz do velocímetro, pareciam verdes.


— Deve ser o destino.


— Certo — falei. Por que eu? — Não digo esse tipo de coisa. Estou falando de coisas ruins. Como no shopping. E na praia ainda há pouco.


— Ah — então ele encolheu aqueles ombros incrivelmente fortes. — Não.


— Certo — falei de novo. — Mas se você pensasse, não acha que uma explicação lógica poderia ser... espíritos raivosos?


Seu sorriso se desbotou um pouco.


— O que quer dizer?


Dei um suspiro.


— Olha, aquilo lá não foi uma água-viva, e você sabe. Você estava sendo puxado para baixo, Michael. Por alguma coisa.


Ele assentiu.


— Eu sei. Não... eu estou acostumado com correntezas, claro, mas aquilo foi...


— Não foi uma correnteza. E não foi uma água-viva. E eu só... bem, acho que você deveria ter cuidado.


— O que você está dizendo? — Michael me espiou curioso. — Parece até que está sugerindo que eu fui vítima de algum tipo de... força demoníaca — ele riu. No silêncio do carro, o riso soou alto. — Provocado pela morte daqueles garotos que quase me jogaram para fora da estrada? É isso?


Olhei pela janela. Não dava para ver nada além das sombras roxas dos penhascos íngremes ao redor, mas mesmo assim continuei olhando.


— É. É exatamente isso.


— Any — Michael pegou a minha mão outra vez, e desta vez apertou. — Está tentando me dizer que acreditar em fantasmas?


Olhei-o. Olhei-o direto nos olhos. E falei:


— Sim, Michael. Estou.


Ele riu de novo.


— Ah, qual é! Você acha sinceramente que Josh Saunders e seus amigos são capazes de se comunicar do além-túmulo?


Alguma coisa no modo como ele disse o nome de Josh me fez... não sei. Mas não gostei daquilo. Não gostei nem um pouco.


— Quero dizer... — Michael soltou minha mão, depois se inclinou para a frente e ligou o carro. — Encare os fatos. O sujeito era um atleta idiota. A coisa mais impressionante que já fez foi mergulhar de um penhasco com outro atleta idiota e as namoradas igualmente tapadas. Não é uma coisa necessariamente tão ruim eles terem ido embora. Eles só estavam ocupando espaço.


Meu queixo caiu. Senti isso. No entanto eu parecia não ser capaz de fazer nada a respeito.


— E quanto a algum deles ser capaz de invocar qualquer poder das trevas — disse Michael, pondo aspas vocais nas palavras poder das trevas — para vingar suas mortes estúpidas e dignas de pena, bem, obrigado pelo aviso, mas acho que esse negócio tipo Eu sei o que você fez no verão passado já saiu de moda, não acha?


Encarei-o. Encarei de verdade. Não dava para acreditar. Esse é que era o Sr. Sensível. Acho que só gaguejava e ficava vermelho quando sua vida estava sendo ameaçada. Não parecia se incomodar muito com a dos outros.


A não ser, talvez, que fosse sair com a pessoa na noite de sexta, o que foi ilustrado pelo comentário quando estávamos para voltar à estrada:


— Ei — ele piscou. — Ponha o cinto.


bedlens: por vc eu vou continuar a postar fico feliz em saber que vc ama essa fic



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Autor(a): ponnymym

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 39



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  • maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12

    Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.

  • colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29

    Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)

  • colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49

    ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf

  • bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56

    NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3

  • bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01

    Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS

  • bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04

    Por favor, poste maaaaais

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20

    AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia

  • colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38

    eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00

    Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?

  • bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46

    E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais


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