Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA
Capítulo 11
— E o que, exatamente, devo procurar? — falei enquanto balançava a lanterna de um lado para o outro na trilha de areia.
— Não sei bem — respondeu o padre Dominic, alguns passos adiante. — Acho que saberá quando descobrir. Eu espero.
— Fantástico — murmurei.
Não era piada tentar descer uma encosta de montanha no escuro. Se soubesse que era isso que o padre Dom iria sugerir quando liguei, provavelmente teria adiado o telefonema. Provavelmente só teria ficado em casa e assistido ao Hellraiser III. Ou pelo menos tentaria terminar o dever de geometria. Puxa, eu já havia quase morrido naquela tarde. O teorema de Pitágoras nem parecia ameaçador, em comparação.
— Não se preocupe — escutei a voz de um cara atrás de mim, temperada com uma diversão tolerante. — Aqui não tem sumagre venenoso.
Virei a cabeça e lancei um olhar bem sarcástico para Poncho, mesmo duvidando que ele pudesse ver. A lua – se havia uma – estava escondida atrás de uma grossa parede de nuvens. Fios de névoa se esgueiravam pelo penhasco que estávamos descendo, juntando-se densos nas reentrâncias da trilha, redemoinhando sempre que eu pisava nela, como se estivesse se encolhendo diante da possibilidade de me tocar. Tentei não pensar nos filmes que tinha visto, em que aconteciam coisas terríveis com pessoas naquele tipo de névoa.
Você sabe de que tipo de filme estou falando.
Ao mesmo tempo, tentava não pensar em todo o sumagre venenoso que poderia estar roçando em mim. Poncho estava brincando, claro, mas de seu modo característico tinha lido meu pensamento: eu tenho um problema sério com erupções que desfiguram a pele.
E nem venha me falar de cobras, coisa que tenho todo motivo para acreditar que podem estar enroladas ao longo de todo esse caminho horroroso, só esperando para tirar um naco da parte macia da minha canela, logo acima dos sapatos Timberland.
— É — ouvi o padre Dom falar. A névoa tinha vindo e o engoliu inteiro. Só dava para ver a tira amarela que sua lanterna fazia à minha frente. — É, dá para ver que a polícia já esteve aqui. Este deve ser o lugar onde a grade caiu. Dá para ver as marcas no mato quebrado.
Continuei cambaleando às cegas, usando o facho da lanterna em primeiro lugar para procurar cobras, mas também para garantir que não cairia da trilha e mergulharia as várias dezenas de metros nas ondas turbulentas embaixo. Poncho já havia estendido a mão umas duas vezes, gentilmente, para me afastar da beira do caminho quando eu me desviava espiando algum galho suspeito.
Agora quase despenquei de vez, depois de dar uma trombada no padre Dom que tinha parado no meio da trilha e se agachado. Eu não o tinha visto, e ele e Poncho precisaram estender a mão e agarrar várias peças do meu vestuário para me deixar em pé outra vez. Foi um tanto embaraçoso.
— Desculpe — murmurei, sem graça pela falta de jeito. — Ah, o que o senhor está fazendo, padre Dom?
O padre Dominic sorriu, com aquele seu jeito tão paciente que irrita, e disse:
— Examinando alguma evidência do acidente. Você mencionou que sua mãe parecia saber de alguma coisa a respeito, e eu tenho a impressão de que sei o que é.
Puxei o zíper do meu casaco até em cima, para que meu pescoço não ficasse exposto ao ar frio do sereno. Podia ser primavera na Califórnia, mas não fazia mais de 4°C lá naquele penhasco. Felizmente eu tinha trazido luvas – principalmente por proteção, admito, de um possível contato com sumagre venenoso –, mas elas estavam trabalhando dobrado, pois também impediam que meus dedos congelassem.
— O que quer dizer? — Eu não tinha pensado em trazer também um gorro, então minhas orelhas estavam como picolés, e meu cabelo ficava balançando com o vento frio do mar e batendo nos meus olhos.
— Vejam isso. — O padre Dominic apontou sua lanterna para um trecho do solo, com cerca de dois metros de comprimento, onde a terra estava revirada e a grama amassada. — Acho que foi aqui que a grade veio parar. Mas você está notando alguma coisa estranha?
Tirei alguns fios de cabelo da boca e mantive o olhar atento para as cobras.
— Não.
— Esse pedaço particular parece ter caído inteiro. Um veículo teria de estar andando a uma velocidade considerável para romper uma cerca de metal tão forte, mas o fato de toda a seção ter cedido sugere que os parafusos que a mantinham no lugar devem ter se soltado.
— Ou foram afrouxados — sugeriu Poncho em voz baixa.
Pisquei para ele. Estando morto, Poncho não sentia tanto desconforto quanto eu. O frio não o afetava, se bem que o vento estivesse sacudindo um bocado sua camisa, abrindo-a e me proporcionando vislumbres de seu peito que, provavelmente não preciso acrescentar, era tão sarado quanto o de Michael, só que não tão pálido.
— Afrouxados? — Pela segunda vez naquele dia meus dentes tinham começado a bater. — O que provocaria uma coisa assim? Ferrugem?
— Eu estava pensando em algo feito pelo homem — disse Poncho em voz baixa.
Olhei do padre para o fantasma, e de volta. O padre Dominic estava tão perplexo quanto eu. Poncho não fora exatamente convidado para essa pequena expedição, mas tinha aparecido enquanto eu descia pela entrada de veículos até onde o padre Dom tinha dito que ia me pegar. A reação do padre Dominic às notícias que eu havia dado – sobre o atentado contra a vida de Michael na praia e seus estranhos comentários no carro mais tarde – havia sido rápida e imediata. Declarou que precisávamos achar os Anjos da RLS, e depressa.
E o modo mais fácil de conseguir isso, claro, era visitar o local onde suas vidas haviam se perdido, um local que, como observou Poncho, um padre de sessenta anos e uma garota de dezesseis não deveriam visitar sozinhos à noite.
Não faço ideia de contra o que Poncho achou que estaria nos protegendo ao vir junto: ursos? Mas ali estava ele, e aparentemente tinha uma ideia muito melhor do que eu sobre o que estava acontecendo.
— O que quer dizer com feito pelo homem? — perguntei. — Do que você está falando?
— Só acho estranho toda uma seção dessa grade ceder desse jeito, enquanto o resto, como vimos quando inspecionamos há pouco, nem se amassou com o impacto.
O padre Dominic piscou.
— Você está sugerindo que alguém pode ter afrouxado os parafusos prevendo que um veículo ia bater ali. É isso, Poncho?
Poncho confirmou com a cabeça. Saquei onde ele queria chegar, mas só depois de cerca de um minuto.
— Espera aí — falei. — Você está dizendo que acha que Michael afrouxou de propósito esse trecho da grade com o objetivo de jogar Josh e os outros do penhasco?
— Alguém certamente fez isso. Pode muito bem ter sido o seu Michael.
Fiquei indignada. Não com a sugestão de que Michael pudesse ter feito algo tão maligno, mas por Poncho tê-lo chamado de meu Michael.
— Espere um minuto aí... — comecei.
Mas o padre Dominic, de modo muito pouco característico, me interrompeu.
— Tenho de concordar com Anhai, Poncho. Certamente parece que a grade não cumpriu sua função. Na verdade, parece ter ocorrido uma falha séria no projeto. Mas sugerir que alguém possa ter mexido nela de propósito...
— Anhai — disse Poncho. — Você não falou que Michael parece não gostar das pessoas que morreram no acidente?
— Bem, ele me disse mesmo que eram um desperdício de espaço. Mas honestamente, Poncho, para que o que você está sugerindo funcionasse, Michael teria de saber que Josh e o pessoal estariam vindo. Como ele poderia saber disso? E teria de esperar por eles, e aí, quando começassem a fazer a curva, teria de pisar no acelerador de propósito...
— Bem — disse Poncho dando de ombros. — Sim.
— Impossível. — O padre Dominic se empertigou espanando a terra dos joelhos da calça. — Recuso-me até a considerar tal possibilidade. Aquele garoto, um assassino a sangue frio? Você não sabe o que está dizendo, Poncho. Ora, ele tem as melhores notas da escola. É membro do Clube de Xadrez.
Dei um tapinha no ombro do padre Dominic.
— Odeio dar a notícia, padre D, mas os jogadores de xadrez podem matar pessoas, como todo mundo — então olhei para a marca na terra, onde a grade de metal havia caído. — A verdadeira questão é por quê. Por que ele faria uma coisa dessas?
— Acho que, se andarmos logo, talvez possamos descobrir — disse Poncho.
Ele apontou. Olhamos. As nuvens no alto haviam se aberto o suficiente para permitir a visão de um pequeno trecho da praia na base do penhasco. O luar captou quatro formas fantasmagóricas num círculo em volta de uma fogueirinha digna de pena.
— Ah, meu Deus — falei enquanto as nuvens se fechavam de novo, obscurecendo rapidamente a visão. — É lá embaixo? Eu tenho certeza de que vou ser picada.
O padre Dominic já havia começado a descer rapidamente o resto da trilha.
Poncho, atrás de mim, perguntou curioso:
— Picada pelo quê, Anahi?
— Por uma cobra, claro — falei, evitando uma raiz que parecia meio serpenteante à luz da lanterna.
— As cobras não saem à noite — disse Poncho, e dava para notar, por sua voz, que ele estava contendo a vontade de dar uma gargalhada.
Isso era novidade para mim.
— Não?
— Geralmente não. E particularmente não em noites frias e úmidas como esta. Elas gostam do sol.
Bem, isso era um alívio. Mesmo assim eu não conseguia deixar de pensar em carrapatos. Será que os carrapatos saíam à noite?
Aquilo pareceu durar uma eternidade – e eu tinha certeza de que ia acordar cheia de farpas nos tornozelos – mas acabamos chegando ao fim da trilha, ainda que os últimos quinze metros, mais ou menos, fossem tão íngremes que eu praticamente desci correndo, e não de propósito.
Na praia o som das ondas era muito, muito mais alto – o bastante para cobrir totalmente o som de nossa chegada. O cheiro de sal estava pesado no ar. Percebi, quando nossos pés afundaram na areia molhada – bem, menos os de Poncho – por que não tinha visto nenhuma gaivota naquela tarde: os animais, inclusive os pássaros, não gostam de fantasmas.
E havia um bocado de fantasmas naquela praia em particular.
Estavam cantando. Sem brincadeira. Estavam cantando em volta da fogueirinha minguada. E você não vai acreditar no que eles cantavam. Ninetynine Bottles of Beer on the Wall. A cada vez que você canta, diminui uma garrafa. Eles estavam em 57.
Vou te contar, se é assim que eu vou passar a eternidade quando morrer, espero que apareça algum mediador e me arranque do sofrimento. Sério mesmo.
— Tudo bem — falei, tirando as luvas e enfiando nos bolsos. — Poncho, você pega os caras, eu pego as garotas. Padre Dom, simplesmente garanta que nenhum deles corra para a água, certo? Eu já nadei uma vez hoje, e acredite, essa água está fria. Não irei atrás deles.
O padre Dominic segurou meu braço enquanto eu começava a ir para o grupo iluminado pela fogueira.
— Anhai! — exclamou ele, parecendo genuinamente chocado. — Certamente você não... você não está sugerindo mesmo que nós...
— Padre Dom — olhei-o irritada. — Esta tarde aqueles idiotas ali tentaram me afogar. Perdão se acho que ir toda alegrezinha até eles e perguntar se gostariam de tomar um refrigerante conosco não é uma ideia muito boa. Vamos chutar uns traseiros sobrenaturais.
O padre Dominic apenas segurou meu braço com mais força.
— Anahi, quantas vezes preciso lhe dizer? Nós somos mediadores. Nosso trabalho é interceder pelas almas perturbadas, e não provocar mais dor e sofrimento com atos de violência contra elas.
— Vou lhe dizer uma coisa — falei. — Poncho e eu seguramos o pessoal enquanto o senhor faz a intercessão. Porque, acredite, é o único modo de eles ouvirem. Eles não são muito comunicativos.
— Anahi — o padre Dom repetiu.
Mas desta vez não terminou o que ia falar porque de repente Poncho interveio:
— Fiquem aqui, vocês dois, até eu dizer que é seguro ir em frente.
E começou a atravessar a praia na direção dos fantasmas. Bem. Acho que ele ficou enjoado ouvindo nós dois discutirmos. É, não se pode culpá-lo.
O padre Dominic olhou preocupado para Poncho.
— Minha nossa. Você não acha que ele vai fazer alguma coisa... drástica, acha, Anahi?
Suspirei. Poncho nunca fazia nada drástico.
— Não. Provavelmente só vai tentar conversar com eles. Acho que é melhor assim. Quero dizer, ele é fantasma, eles são fantasmas... têm um monte de coisas em comum.
— Ah — concordou o padre Dominic. — É, entendo. Muito sensato. Muito sensato mesmo.
Eles continuavam cantando, e estavam em 17 garrafas quando viram Poncho. Um dos garotos soltou um palavrão bem cabeludo, mas antes que qualquer um deles tivesse tempo de se desmaterializar, Jesse estava falando – e numa voz tão baixa que o padre Dom e eu não podíamos ouvir além do som das ondas. Só podíamos ficar olhando enquanto Poncho – luzindo um pouco, como costuma acontecer com os fantasmas – falava com eles e, lentamente, depois de um tempo, se abaixou na areia, ainda falando.
Olhando aquilo, o padre Dominic murmurou:
— Excelente ideia, mandar Poncho primeiro.
Dei de ombros.
— Acho que sim.
Acho que meu desapontamento por ter perdido o que provavelmente seria uma briga de primeira devia estar evidente, porque o padre Dominic parou de olhar o grupo em volta da fogueira e riu para mim.
— Com uma ajudazinha do Poncho a gente acaba transformando você numa mediadora — disse ele.
Como se fizesse alguma ideia de quantos fantasmas eu tinha mediado para fora da existência antes de conhecer qualquer um dos dois, pensei. Mas não falei em voz alta.
— E como sua amiguinha Dulce está se ocupando enquanto você está fora hoje? — perguntou o padre Dominic.
— Ah, ela está cobrindo minha saída.
O padre Dominic levantou as sobrancelhas – e a voz – numa desaprovação surpreendida.
— Cobrindo sua saída? Seus pais não sabem que você está aqui?
— Ah, sim, padre Dom — falei sarcástica. — Eu contei à minha mãe que vinha a Big Sur lidar com os fantasmas de alguns adolescentes mortos. Por favor!
Ele ficou perturbado. Sendo padre, o cara não gosta de desonestidade, em particular quando envolve os pais, que a gente do tipo dele vive dizendo para honrarmos e obedecermos. Mas acho que, se Deus realmente quisesse que eu seguisse essa regra específica, não teria me feito mediadora. As duas coisas não combinam, sabe?
— Mas evidentemente você não teve problema em contar a Dulce — disse o padre Dominic.
— Não. Ela meio que... sabe. Quero dizer, uma vez nós duas fomos a uma vidente e... — parei.
Ao falar de Madame Zara lembrei do que Dulce tinha contado sobre a história de um único amor por toda a vida. Seria verdade? Poderia ser? Estremeci, mas desta vez não tinha nada a ver com o frio.
— Entendo — disse o padre Dominic. — Interessante. Você se sente confortável contando aos amigos sobre sua capacidade extraordinária, mas não à sua mãe.
Nós já havíamos discutido isso – na verdade recentemente –, portanto apenas revirei os olhos.
— Amigos, não. Amiga. Dulce sabe. Mais ninguém. E ela não sabe tudo. Não sabe, por exemplo, sobre Poncho.
O padre Dominic olhou outra vez na direção da fogueira. Poncho parecia profundamente envolvido na conversa com Josh e os outros. Os rostos dos Anjos, alaranjados à luz da fogueira, estavam todos virados na direção de Poncho, os olhares grudados nele. Era estranho terem acendido aquele fogo. Não podiam senti-lo, assim como não podiam ficar bêbados com a cerveja que tinham tentado roubar, ou se afogar na água sob a qual tinham estado. Imaginei por que teriam se dado ao trabalho. Provavelmente fora necessário um bocado de força cinética para acendê-lo.
Todos os quatro luziam com o mesmo brilho sutil liberado por Poncho – não o suficiente para iluminar alguma coisa numa noite escura como aquela, mas o bastante para dizer que não eram exatamente... bem, humanos seria a palavra errada, porque é claro que eram humanos. Ou pelo menos tinham sido.
Acho que a palavra que estou procurando é vivos.
— Padre Dom — falei abruptamente. — O senhor acredita em videntes? Quero dizer, eles são de verdade? Como os mediadores?
— Tenho certeza de que alguns são.
— Bem — continuei rapidamente antes de mudar de ideia. — Uma vidente que Dulce e eu fomos consultar uma vez sabia que eu era mediadora. Eu não contei nem nada. Ela simplesmente sabia. E falou uma coisa estranha. Pelo menos Dulce disse que ela falou. Eu não lembro. Mas, segundo Dulce, ela disse que eu só teria um amor verdadeiro.
O padre Dominic me olhou. Seria minha imaginação ou ele achou aquilo engraçado?
— Você estava planejando ter muitos?
— Bem, não exatamente — falei, meio sem graça. Você também ficaria. Quero dizer, qual é! O cara era um padre. — Mas é meio estranho. Essa vidente, Madame Zara, disse que eu só teria um amor, mas que duraria tipo a vida inteira — engoli em seco. — Ou talvez tenha sido toda a eternidade. Esqueci.
— Ah — O padre Dominic não pareceu mais achar engraçado. — Minha nossa.
— Foi isso que eu disse. Puxa... bem, ela provavelmente não sabia do que estava falando. Porque parece meio besteira, não é? — perguntei esperançosa.
Mas, para meu desapontamento, o padre Dom falou:
— Não, Anahi. Não parece besteira. Pelo menos para mim.
Ele falou isso de um jeito... não sei. Alguma coisa no modo como ele falou me fez perguntar com curiosidade:
— O senhor já se apaixonou, padre Dom?
Ele começou a remexer nos bolsos do paletó.
— Hã...
Eu sabia o que ele estava procurando com tanta concentração: um maço de cigarros. Também sabia que ele não iria encontrar – tinha deixado de fumar há anos e só guardava um maço para emergências. E, por acaso eu sabia, estava em sua sala na escola.
Também sabia, pelo fato de ele ter começado a procurá-lo, que o padre Dom estava estressado. Ele só sentia ânsia de fumar quando as coisas não iam exatamente de acordo com os planos.
Ele tinha tido uma paixão. Dava totalmente para ver, pelo modo como evitava meu olhar.
Não fiquei realmente surpresa. O padre Dominic era velho, padre e coisa e tal, mas ainda era um gato, de um jeito maduro, tipo Sean Connery.
— Houve uma jovem, acho — disse ele por fim, quando sua busca terminou. — Há muito tempo.
Ahá. Visualizei Audrey Hepburn, por algum motivo. Você sabe, naquele filme que vive passando, em que ela fazia uma freira. Talvez o padre Dom e seu verdadeiro amor tenham se encontrado numa escola de padres e freiras!
Talvez o amor deles fosse proibido, como no filme!
— O senhor conheceu ela antes de... hã... ser ordenado, ou sei lá como chamam isso? — perguntei, tentando parecer casual. — Ou depois?
— Antes, claro! — Ele pareceu chocado. — Pelo amor de Deus, Anahi.
— Eu só estava pensando — mantive o olhar em Poncho perto da fogueira, para que o padre Dom não ficasse tão sem graça pensando que eu o estava encarando, ou sei lá o quê. — Quero dizer, a gente não precisa falar nisso, se o senhor não quiser. — Só que eu não conseguia evitar. — Ela era...
— Eu tinha a sua idade — disse o padre Dominic, como se quisesse acabar com aquilo depressa. — Estava no segundo grau, como você. Ela era um pouco mais nova.
Tive dificuldade para visualizar o padre Dominic no segundo grau. Eu nem sabia de que cor era seu cabelo antes de virar o branco atual.
— Foi... — continuou o padre D, com uma expressão distante nos olhos azuis e luminosos. — Bem... nunca teria dado certo.
— Eu sei — falei. Porque subitamente sabia. Não sabia como sabia, mas alguma coisa no modo como ele disse que nunca teria dado certo me revelou, acho. — Ela era um fantasma, certo?
O padre Dominic respirou com tanta força que por um segundo achei que ele estava tendo um ataque cardíaco, ou algo do tipo.
Mas antes que eu tivesse chance de pular e começar uma manobra de ressuscitação,Poncho se levantou junto à fogueira e começou a vir em nossa direção.
— Ah, olha — disse o padre Dominic com um alívio óbvio. — Aí vem o Poncho.
Eu tinha superado a irritação que costumava sentir com Poncho quando ele aparecia de repente, em geral quando eu menos esperava – ou queria. Agora quase sempre ficava feliz em vê-lo.
Menos naquele momento específico. Naquele momento específico desejei que Poncho estivesse longe, bem longe. Porque tinha a sensação de que nunca conseguiria que o padre Dom se abrisse de novo sobre esse assunto.
— Certo — disse Poncho, quando tinha chegado suficientemente perto para falar conosco. — Acho que agora vão ouvir o senhor, padre, sem tentar fugir. Eles estão bem amedrontados.
— Eles não pareciam amedrontados quando tentaram me matar hoje à tarde — murmurei.
Poncho me olhou com um ar de diversão nos olhos escuros – ainda que eu não saiba o que era tão engraçado em eu quase me afogar.
— Acho que, se você ouvir o que eles têm a dizer, vai entender por que se comportaram daquele jeito.
— Veremos — respondi, fungando.
colucciwake:pode entrar sempre que puder eu tambem nao tive tempo meu computador tava formatando nao vou excluir nao
Autor(a): ponnymym
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 12 Acho que eu estava meio que de mau humor porque Poncho tinha interrompido minha pequena conversa de coração aberto com o padre Dominic. Mas isso não era motivo para ele vir atrás de mim enquanto eu andava na direção do grupo e sussurrar no meu ouvido: — Comporte-se. Dei-lhe um olhar irritado. — Eu s ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 39
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maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12
Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.
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colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29
Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)
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colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49
ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf
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bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56
NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3
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bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01
Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS
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bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04
Por favor, poste maaaaais
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bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20
AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia
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colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38
eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante
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bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00
Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?
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bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46
E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais