Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA
Capítulo 16
— Mataram meu carro.
Era tudo que Soneca parecia capaz de dizer. Ficou dizendo isso desde que havíamos nos arrastado para fora dos destroços do que tinha sido o Rambler.
— Meu carro. Mataram meu carro.
Não importava que o carro não fosse realmente de Soneca. Era o carro da família ou, pelo menos, o carro dos filhos.
E não importava que Soneca não parecesse capaz de dizer quem eram os seres misteriosos que ele suspeitava de terem assassinado seu carro. Só ficou repetindo isso. E o negócio é que, quanto mais ele falava, mais o horror da coisa ia aumentando.
Porque, claro, não era o carro que alguém tinha tentado matar. Ah, não. As supostas vítimas eram as pessoas dentro do carro.
Ou, para ser mais exata, uma pessoa. Eu.
Realmente não acho que esteja sendo vaidosa. Acho honestamente que a mangueira do freio do Rambler foi cortada por minha causa. É, ela foi cortada, de modo que todo o fluido tinha escorrido. O carro, que era mais velho do que minha mãe – ainda que não tão velho quanto o padre D – tinha só uma linha de freio, o que o tornava vulnerável a esse tipo de ataque.
Agora deixe-me ver quem eu acho que gostaria de me ver perecendo num incêndio feroz... Ah, espera aí, já sei. Que tal Josh Saunders, Carrie Whitman, Mark Pulsford e Felicia Bruce?
Dê um prêmio a essa garota aqui.
Claro que eu não podia contar a ninguém sobre as suspeitas. Não podia contar à polícia que apareceu e fez o relatório do acidente. Nem aos caras da emergência que não puderam acreditar que, além de alguns arranhões, nenhum de nós estava seriamente machucado. Nem aos caras que vieram rebocar o que restava do Rambler. Nem a Michael que, tendo saído do estacionamento minutos antes de nós, tinha ouvido o barulho e voltado, e foi um dos primeiros a nos ajudar a sair do carro.
E certamente não a minha mãe e meu padrasto, que apareceram no hospital com os lábios apertados e o rosto pálido, e ficavam dizendo coisas do tipo: “É incrível nenhum de vocês ter se machucado” e “De agora em diante vocês só vão andar no Land Rover”.
O que fez Dunga, pelo menos, se animar. O Land Rover era mais espaçoso do que o Rambler. Acho que ele imaginou que não teria mais tanta dificuldade de ficar na horizontal com Debbie Mancuso no Land Rover.
— Simplesmente não entendo — disse mamãe muito mais tarde, depois dos raios-X, dos testes nos olhos, das cutucadas e de o pessoal do hospital finalmente deixar que fôssemos para casa.
Ficamos sentados no salão do Península Pizza, onde Soneca trabalhava, que por acaso também parecia ser um dos únicos lugares em Carmel onde era possível conseguir mesa para seis – sete, se contar Gina – sem reserva. Para um estranho, devíamos estar parecendo uma grande família feliz (bem, a não ser Gina, que meio se destacava, ainda que não tanto quanto você possa pensar) comemorando alguma coisa, tipo uma vitória no futebol.
Só nós sabíamos que estávamos comemorando o fato de ainda estarmos vivos.
— Puxa, deve ser um milagre — continuou mamãe. — Os médicos acham. Quero dizer, o fato de nenhum de vocês ter se machucado.
Mestre mostrou a ela o cotovelo que tinha arranhado num pedaço de vidro enquanto saía do carro depois de ele ter parado.
— Este ferimento pode ser muito perigoso — falou, numa vozinha de menino machucado — se por acaso se infeccionar.
— Ah, meu doce. — Mamãe acariciou o cabelo dele. — Eu sei. Você foi muito corajoso quando eles deram os pontos.
O resto de nós revirou os olhos. Mestre vinha fazendo a ceninha por causa do ferimento a noite toda. Mas isso deixava ele e mamãe felizes. Ela havia tentado comigo aquele negócio de acariciar o cabelo, e eu quase quebrei meu braço tentando me livrar.
— Não foi milagre — disse Andy, balançando a cabeça — e sim pura sorte vocês não terem sido mortos.
— Pura sorte, nada — reagiu Soneca. — Minha capacidade superlativa de dirigir foi o que nos salvou.
Odiei admitir, mas Soneca estava certo. (E onde foi que ele aprendeu uma palavra como superlativa? Será que vinha estudando para as provas pelas minhas costas?) A não ser pela parte em que atravessamos a vitrine, ele havia dirigido aquele tanque – sem freio – como um piloto de Fórmula 1. Acho que sei por que Dulce não queria largar o braço dele e ficava olhando-o com adoração.
Devido ao respeito recém-descoberto por Soneca, nem olhei o que ele e Dulce estavam fazendo no banco de trás do Land Rover a caminho de casa.
Mas Dunga olhou. E o que quer que tenha visto o colocou no pior humor que já presenciei.
As batidas de pés e o som de Marilyn Manson no último volume no quarto, no entanto, só serviram para irritar seu pai, que passou de uma gratidão humilde por ter deixado de perder por pouco seus “garotos... e você, Any. Ah, e Dulce também”, a uma fúria apoplética ao ouvir o que ele chamava de “aquele abominável veneno mental”.
Sozinha em meu quarto – Dulce tinha desaparecido para algum paradeiro desconhecido na casa; bem, certo, eu sabia onde ela estava, só não queria pensar nisso –, eu não me incomodava com o nível de ruído no corredor do lado de fora da minha porta. Percebi que isso impediria que alguém ouvisse a conversa muito desagradável que eu estava para ter.
— Poncho! — gritei acendendo as luzes do quarto e procurando-o. Mas ele e Spike continuaram desaparecidos. — Poncho, onde você está? Preciso de você.
Os fantasmas não são cachorros. Não vêm quando a gente chama. Pelo menos nunca faziam isso. Não para mim. Só ultimamente (e isso era uma coisa que eu não tinha exatamente conversado com o padre Dom. Era meio esquisito pensar a respeito, se você quiser saber) os fantasmas que eu conhecia vinham aparecendo à menor sugestão deles na minha mente. Sério. Parecia que eu só precisava pensar no meu pai, por exemplo, e puf!, ali estava ele.
Não é necessário dizer que isso era bem embaraçoso quando por acaso eu estava pensando nele no chuveiro, lavando o cabelo, ou sei lá o quê.
Eu imaginava se isso teria algo a ver com o aumento de meus poderes de mediadora devido à idade. Mas, se fosse isso, daria para pensar que o padre Dom era um mediador muito melhor do que eu.
Mas não era. Diferente, mas não melhor. Certamente não mais forte. Ele não conseguia invocar um espírito com um simples pensamento.
Pelo menos eu achava que não.
De qualquer modo, ainda que os fantasmas não venham quando a gente chama, ultimamente Poncho sempre aparecia. Surgiu diante de mim com um tremor no ar, depois ficou me olhando como se eu tivesse acabado de sair do set de Hellraiser III com figurino completo. Mas será que devo dizer que não estava tão desgrenhada quanto me sentia?
— Nombre de Dios, Anahi — disse ele, empalidecendo visivelmente (bem, pelo menos para um cara que já estava morto). — O que aconteceu com você?
Olhei para mim mesma. Certo, então minha blusa estava rasgada e suja, e minhas meias 7/8 tinham perdido a aderência. Pelo menos o cabelo estava com aquele importantíssimo ar de varrido pelo vento.
— Como se você não soubesse — falei azeda, sentando-me na cama e tirando os sapatos. — Achei que você disse que ia ficar de babá deles o dia inteiro, até que o padre Dom e eu tivéssemos chance de trabalhar com o Michael.
— Babá? — Poncho franziu as sobrancelhas escuras, revelando que não era familiarizado com a palavra. — Eu fiquei com os Anjos o dia inteiro, se é isso que quer dizer.
— Ah, certo. O que você está dizendo? Que foi com eles na visitinha ao estacionamento da escola para cortar a mangueira do freio do Rambler?
Poncho sentou-se ao meu lado na cama.
— Anahi — seu olhar escuro estava grudado no meu rosto. — Aconteceu alguma coisa hoje?
— É melhor acreditar.
Contei o que havia acontecido, ainda que minha explicação sobre exatamente o que fora feito ao carro tenha sido meio superficial, dada minha completa ignorância de tudo que fosse mecânico e a falta de conhecimento de Poncho sobre o funcionamento de um automóvel. Quando ele era vivo, claro, os únicos meios de transporte eram o cavalo ou a carroça.
Quando terminei ele balançou a cabeça.
— Mas, Anhai, não podem ter sido Josh e os outros. Como disse, eu fiquei com eles o dia inteiro. Só os deixei agora porque você me chamou. Eles não poderiam ter feito o que você descreveu. Eu teria visto e impedido.
Apertei os olhos.
— Mas se não foram Josh e aquele pessoal, quem poderia ter sido? Puxa, mais ninguém me queria ver morta. Pelo menos não agora.
Poncho continuou me encarando.
— Você tem certeza de que era a vítima pretendida, Anahi?
— Bem, claro que era eu.
Sei que parece esquisito, mas quase me senti ofendida pela ideia de que poderia haver alguém no planeta que merecesse o assassinato mais do que eu. Devo dizer que sinto orgulho do número de inimigos que adquiri. No negócio de mediadora sempre considerei um sinal de que as coisas iam bem se houvesse um punhado de pessoas querendo me ver morta.
— Quero dizer, quem poderia ser, além de mim? — Ri. — O quê, você acha que alguém está a fim de acabar com o Mestre!
Mas Poncho não riu.
— Pense, Anahi. Não havia mais ninguém naquele carro que alguém poderia querer ver bastante machucado ou mesmo morto?
Estreitei os olhos para ele.
— Você sabe de alguma coisa — falei em tom categórico.
— Não — Poncho balançou a cabeça. — Mas...
— Mas o quê? Meu Deus, odeio quando você vem com esse tipo de aviso cifrado. Diga logo!
— Não — ele balançou a cabeça rapidamente. — Pense, Anahi.
Suspirei. Não havia como discutir com Poncho quando ele ficava desse jeito. Na verdade não dava para culpá-lo, acho, por querer bancar o Sr. Miyagi para o meu Karatê Kid. Ele não tinha muitas outras coisas para fazer.
Soltei o ar com força suficiente para fazer minhas madeixas voarem.
— Certo — falei. — Pessoas que talvez não estivessem muito felizes com alguém, além de mim, naquele carro. Deixe-me ver. — Empertiguei-me. — Debbie e Kelly não estão muito satisfeitas com Dulce. Elas tiveram um pequeno interlúdio maldoso no banheiro feminino logo antes daquilo acontecer. Quero dizer, o negócio do carro.
Então franzi a testa.
— Mas não acho que aquelas duas cortariam a mangueira do freio para tirá-la do caminho. Para começar, duvido de que saibam o que é uma mangueira de freio, ou onde encontrá-la. E em segundo lugar, poderiam se dar mal entrando embaixo de um carro. Sabe, quebrar uma unha, sujar o cabelo com óleo ou sei lá o quê. Debbie provavelmente não se importaria, mas Kelly? Esqueça. Além disso, elas saberiam que poderiam acabar matando Dunga e Soneca, e não iriam querer isso.
— Claro que não — disse Poncho.
Foi a falta de expressão com que ele pronunciou as palavras que me deu a dica.
— Dunga? — Lancei-lhe um olhar incrédulo. — Quem quereria ver Dunga morto? Ou Soneca? Quero dizer, aqueles caras são tão... idiotas.
— Algum deles não fez alguma coisa que poderia deixar alguém com raiva? — perguntou Poncho no mesmo tom inexpressivo.
— Bem, claro. Não tanto o Soneca, mas Dunga? Ele vive fazendo coisas imbecis tipo dar chave de cabeça nas pessoas e jogar os livros delas para todo canto... — Minha voz ficou no ar.
Depois balancei a cabeça.
— Não. Isso é impossível.
Poncho me olhou.
— É?
— Não, você não entende.
Levantei-me e comecei a andar pelo quarto. Em algum ponto de nossa conversa Spike tinha atravessado a janela. Agora sentara-se no chão aos pés de Poncho, lambendo-se vigorosamente com sua língua que parecia lixa.
— Quero dizer, ele estava lá — expliquei. — Michael estava lá, logo depois do que aconteceu. Ele nos ajudou a sair do carro. Ele... — Minha última visão de Michael naquela tarde tinha sido no momento em que a porta da ambulância se fechou comigo, Dulce, Soneca e Dunga dentro. O rosto de Michael estava pálido – mais do que o normal – e preocupado.
Não.
— Isso simplesmente... — Fui até o sofá-cama de Dulce e girei para encarar Poncho outra vez. — Michael nunca faria uma coisa assim.
Poncho riu. Mas não havia humor no riso.
— Não? Eu posso pensar em quatro pessoas que devem ter uma opinião muito diferente sobre o assunto.
— Mas por que ele faria isso? — balancei a cabeça de novo, com ênfase suficiente para fazer as pontas dos cabelos voarem. — Quero dizer, Dunga é um bundão, verdade, mas a ponto de alguém sentir vontade de matá-lo? Para não falar de várias pessoas inocentes com ele? Inclusive eu? — Levantei o olhar indignado da visão de Spike mastigando o próprio pé, tentando tirar sujeira de entre as unhas. — Michael não ia querer me ver morta. Eu sou a melhor chance que ele tem de uma acompanhante no baile de formatura!
Poncho não falou nada. E no silêncio me lembrei de uma coisa. E o que lembrei me tirou o fôlego.
— Ah, meu Deus — falei, e, segurando o peito, deixei-me cair no sofá-cama.
A expressão neutra de Poncho se transformou em preocupação.
— O que foi, Anahi? — perguntou ele, preocupado. — Você está doente?
Confirmei com a cabeça.
— Ah, sim — Falei olhando para a parede, sem ver nada. — Acho que vou vomitar. Poncho... ele perguntou se eu queria uma carona. Logo antes de aquilo acontecer. Insistiu que eu fosse. Na verdade, quando Soneca disse que eu tinha de ir com ele, caso contrário contaria a mamãe, achei que os dois iam ter uma briga de socos.
— Claro — disse Poncho num tom que, para ele, era muito seco. — A... como foi que você disse? Ah, sim. A acompanhante para o baile de formatura estava para ser exterminada.
— Ah, meu Deus! — Levantei-me e comecei a andar de novo. — Ah, meu Deus, por quê? Por que Dunga? Quero dizer, ele é um panaca e coisa e tal, mas por que Michael iria querer matá-lo?
Poncho respondeu em voz baixa:
— Talvez pelo mesmo motivo pelo qual matou Josh e os outros.
Parei de andar. Virei lentamente a cabeça para ele. Mas não o vi, não o vi de verdade. Estava me lembrando de uma coisa que Dunga tinha dito – parecia que há semanas, mas tinha sido há apenas uma ou duas noites. Estávamos conversando sobre o acidente que havia matado os Anjos da RLS e Dunga falou alguma coisa sobre Mark Pulsford. A gente foi a uma festa junto. No mês passado, no Vale.
A mesma festa no Vale, imaginei com o sangue ficando subitamente frio, em que Lila Meducci tinha caído na piscina?
Um segundo depois, sem dizer outra palavra a Jesse, abri a porta do quarto, dei os três passos pelo corredor até o quarto de Dunga e bati na porta com toda a força.
— Calma aí! — gritou Dunga lá de dentro. — Eu já abaixei!
— Não é por causa da música — respondi. — É outra coisa. Posso entrar?
Ouvi o som de halteres sendo recolocados nos suportes. Então Dunga grunhiu:
— Pode.
Pus a mão na maçaneta e virei-a.
Eu gostaria de fazer uma observação aqui. Eu já estive no quarto de Mestre. Na verdade muitas vezes, porque ele é sempre o meio-irmão que eu procuro quando tenho um problema de dever de casa que não sei resolver, apesar de ele estar três séries atrás de mim. E já estive no quarto de Soneca, porque em geral ele precisa de umas sacudidas para acordar de manhã a tempo de nos levar para a escola.
Mas nunca, jamais, tinha estado no quarto de Dunga. Para dizer a verdade, sempre rezei para nunca ter motivo para atravessar aquela soleira específica.
Mas agora tinha um motivo. Respirei fundo e entrei.
Estava escuro. Isso por causa da decisão de Dunga de pintar três de suas paredes de roxo e uma de branco, as cores do time de luta-livre da Academia Missionária. Ele havia escolhido um roxo tão escuro que era quase preto. A escuridão daquelas três paredes só era aliviada por um pôster ocasional de Michael Jordan insistindo para o espectador: Just Do It.
O piso do quarto de Dunga era um grosso tapete de meias e cuecas sujas. O odor era pungente – uma mistura de suor e talco de bebê. Não era necessariamente desagradável, mas não era um odor que eu particularmente gostaria de que permeasse meu guarda-roupa. Mas Dunga não parecia se importar.
— E aí?
Ele estava esticado de costas num banco levemente acolchoado. Acima do peito havia um haltere nos suportes. Eu não gostaria de ter de adivinhar quanto ele estava levantando, mas deixe-me garantir que, com repetições suficientes, Dunga não teria problema em carregar Debbie Mancuso pela janela no caso de um incêndio. O que é tudo que uma garota realmente precisa de um namorado, se você quer saber.
— Dun... — Respirei fundo outra vez. Por que o talco de bebê? Espera. Não me conte. Não quero saber. — Brad. Você esteve naquela festa no Vale em que Lila Meducci caiu na piscina?
Dunga tinha estendido as mãos e apanhado o haltere. Agora levantou-o dando-me um vislumbre de suas axilas excessivamente cabeludas. Tentei não sair correndo ao vê-las.
— Do que você está falando? — grunhiu ele.
— Lila Meducci.
Dunga havia baixado o haltere até estar logo acima do peito. Seus bíceps tinham se inchado até o tamanho de melões. Deixe-me observar que, normalmente, a visão de bíceps masculinos daquele tamanho teria feito meus joelhos enfraquecerem. Mas aqueles eram de Dunga, por isso só pude engolir em seco e esperar que as fatias de pizza de pepperoni que eu tinha jantado ficassem onde estavam.
— A irmã mais nova de Michael — expliquei. — Ela quase se afogou numa festa no Vale no mês passado. Eu estava imaginando se era a mesma festa onde você falou que esteve, quando encontrou Mark Pulsford.
O haltere subiu.
— Pode ter sido. Não sei. Por que você quer saber?
— Brad. É importante, quero dizer, se você tivesse estado lá, acho que você saberia. Deve ter aparecido uma ambulância.
— Acho que sim — disse ele entre os movimentos de supino. — Quero dizer, eu estava muito bêbado.
— Você acha que aquela garota quase se afogou na sua frente? — Nas melhores circunstâncias eu não tinha muita paciência para Dunga. Nesse caso em particular minha tolerância por sua estupidez havia descido ao ponto mínimo.
Dunga deixou o haltere cair de volta no suporte, fazendo barulho. Em seguida se sentou e me olhou irritado.
— Olha — disse ele. — Se eu falar que estive lá, o que você vai fazer? Correr para contar a mamãe e papai, certo? Então por que eu contaria? Puxa, sério, Any. Por que eu contaria?
Fora a grande surpresa de ver Dunga também chamar minha mãe de mamãe, eu estava preparada para a pergunta.
— Não vou contar. Juro que não vou contar, Brad. Só que preciso saber.
Ele continuou suspeitando.
— Por quê? Para poder contar àquela sua amiga albina esquisita, e ela colocar no jornal da escola? “Brad Ackerman ficou ali parado como um panaca enquanto a garota quase morria.” É isso?
— Juro que não é.
Ele encolheu os ombros fortes.
— Ótimo. Sabe de uma coisa? Eu nem me importo. Não é como se minha vida já não fosse uma droga. Quero dizer, eu não tenho esperança de chegar a 168 antes das secionais, e agora está bastante claro que a sua amiga Dulce gosta mais de Ucker do que de mim — ele me encarou. — Não é?
Mudei o peso do corpo de um pé para o outro, desconfortável.
— Não sei. Acho que ela gosta dos dois.
— É — disse Dunga com sarcasmo. — Por isso ela está aqui comigo, agora, em vez de trancada com Ucker, fazendo sei lá o quê.
— Tenho certeza de que eles só estão conversando.
— Certo — Dunga balançou a cabeça.
Eu estava meio atordoada. Nunca o tinha visto parecendo tão... humano. Nem sabia que ele tinha objetivos. O que era esse negócio de 168? E ele realmente gostava tanto de Dulce a ponto de achar que sua vida era uma droga só por não achar que ela gostava dele também?
Esquisito. Negócio esquisito de verdade.
— Quer saber sobre aquela festa no Vale? — perguntou ele. — Eu estava lá. Certo? Está feliz agora? Eu estava lá. Como falei, estava muito bêbado. Não vi quando ela caiu. Só notei quando alguém começou a puxar a garota para fora — de novo ele balançou a cabeça. — Aquilo foi feio, sabe? Quero dizer, ela nem deveria estar lá. Ninguém convidou. Se você não aguenta bebida, não tem de beber, está sabendo? Mas essas garotas fazem praticamente qualquer coisa para ficar perto da gente.
Franzi as sobrancelhas.
— “Da gente”?
Ele me olhou como se eu fosse imbecil.
— Você sabe. Os atletas. O pessoal popular. A irmã de Meducci – eu não sabia que era ela até que sua mãe falou no outro dia, no jantar – era uma dessas garotas. Sempre por perto, tentando fazer com que algum de nós a convidasse para sair. Para poder ser popular também, saca?
Eu sacava. Subitamente sacava bem demais.
Foi por isso que saí do quarto de Dunga sem dizer mais nenhuma palavra. O que havia para falar? Eu sabia o que fazer. Acho que soubera o tempo todo. Só não queria admitir.
Mas agora sabia. Como Michael Meducci, eu achava que não tinha outra opção.
E, como Michael Meducci, precisava ser impedida. Só que não achava isso. Pelo menos naquela hora. Exatamente como Michael.
Autor(a): ponnymym
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 17 Dulce estava no meu quarto quando voltei da visita a Dunga. Mas Poncho e Spike tinham ido embora. O que para mim era ótimo. — Ei — disse Dulce erguendo o olhar da unha do pé que estava pintando. — Aonde você foi? Passei por ela e comecei a tirar as roupas com que tinha ido à escola. — Ao quarto de Dung ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 39
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12
Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.
-
colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29
Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)
-
colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49
ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf
-
bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56
NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3
-
bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01
Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS
-
bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04
Por favor, poste maaaaais
-
bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20
AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia
-
colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38
eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante
-
bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00
Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?
-
bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46
E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais