Fanfics Brasil - 64 A Madiadora aya adaptada

Fanfic: A Madiadora aya adaptada | Tema: Ponny AyA


Capítulo: 64

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Capítulo 19


— Não foi nem um pouco assim que eu imaginei passar as férias de primavera — disse Dulce.


— Ei — ergui os olhos do exemplar da Cosmo que ela havia trazido. — Eu pedi desculpa. O que mais você quer?


Dulce pareceu surpresa com a veemência do meu tom de voz.


— Não estou dizendo que não me diverti. Só estou dizendo que não foi assim que eu visualizei.


— Ah, certo — joguei a revista de lado. — É, foi bem divertido me visitar no hospital.


Eu não podia falar muito rápido por causa dos pontos no lábio. E não conseguia pronunciar muito bem. Não fazia ideia da minha aparência – mamãe tinha instruído todo mundo, inclusive os funcionários do hospital, a não me permitir acesso a espelhos, o que, claro, me levou a acreditar que estava medonha; mas provavelmente foi um gesto sensato, pensando em como eu fico quando estou com uma espinha. Mesmo assim, uma coisa era certa: eu soava como uma estúpida.


— São só mais umas horas — disse Dulce. — Até eles pegarem o resultado da segunda ressonância magnética. Se for normal, você vai estar livre para ir embora. E nós duas podemos ir à praia de novo. E dessa vez — ela olhou para a porta do quarto particular para garantir que estivesse fechada e ninguém pudesse ouvir — não vai ter nenhum fantasma intrometido para estragar tudo.


Bem, isso era verdade. A prisão de Michael, ainda que fosse um anticlímax, tinha satisfeito aos Anjos. Eles provavelmente prefeririam vê-lo morto, mas assim que o padre Dominic os convenceu de que um garoto sensível como Michael acharia terrível o sistema penal da Califórnia, eles abandonaram imediatamente a fúria assassina. Até pediram ao padre Dominic para dizer a mim e a Poncho que lamentavam ter nos espancado até virarmos picadinho.


Eu, de minha parte, não estava exatamente pronta a perdoá-los, mesmo depois de o padre Dom ter me garantido que os Anjos tinham se mudado para seus destinos pós-vida – quaisquer que fossem – e não me incomodariam mais.


Desconheço a opinião de Poncho. Ele não se dignou a honrar o padre Dom ou a mim com sua presença desde a noite em que os Anjos tinham nos atacado.


Achei que devia estar muito chateado comigo. Eu não o culpava, exatamente, sabendo que a culpa de tudo tinha sido minha. Mesmo assim gostaria de que ele aparecesse, nem que fosse para gritar mais um pouco comigo. Sentia saudade. Mais do que era provavelmente saudável.


Maldita Madame Zara, por estar tão certa!


— Você deveria ouvir o que todo mundo está falando a seu respeito na escola — disse Dulce.


Ela estava empoleirada na beira da cama hospitalar, já de biquíni, sobre o qual tinha posto um minivestido com estampa de onça. Queria perder o mínimo de tempo possível quando finalmente chegássemos à praia.


— Ah, é? — Tentei arrastar os pensamentos para longe de Poncho. Não foi fácil. — O que estão dizendo?


— Bem, sua amiga Maite está escrevendo uma matéria sobre você no jornal da escola... sabe?, a abordagem tipo detetive amadora, como você sacou que foi Michael que cometeu todos aqueles crimes hediondos e fez uma armadilha para ele...


— Coisa que tenho certeza de que ela ouviu de você — falei secamente.


Dulce fez ar de inocência.


— Não sei do que você está falando! Christian mandou aquilo — Dulce apontou para um enorme buquê de rosas cor-de-rosa no parapeito da janela — e o Sr. Walden, segundo Ucker, está fazendo uma vaquinha para comprar uma coleção completa dos livros de Nancy Drew para você. Parece que ele acha que você tem uma fixação por solucionar crimes.


O Sr. Walden estava certo sobre isso. Mas minha fixação não era por solucionar crimes.


— Ah, e o seu padrasto está pensando em comprar um Mustang para substituir o Rambler.


Fiz uma careta. E me arrependi. Era difícil fazer qualquer tipo de expressão com o lábio machucado, para não mencionar os pontos no couro cabeludo.


— Um Mustang? — Balancei a cabeça. — Como é que nós todos vamos caber num Mustang?


— Não é para vocês. Para ele. Ele vai dar o Land Rover a vocês.


Bem, pelo menos isso fazia sentido.


— E quanto a...


Eu queria perguntar sobre Poncho. Afinal de contas ela estava dividindo um quarto com ele. Sozinha, graças ao fato de eu ter passado a noite no hospital, em observação. Só que Dulce não sabia. Quero dizer, sobre o Poncho. Eu ainda não tinha contado.


E agora, bem, não parecia haver motivo para contar. Pelo menos agora que ele não estava mais falando comigo.


— E Michael? — perguntei em vez disso.


Nenhum dos meus visitantes (mamãe e meu padrasto, Soneca, Dunga e Mestre; Maite e Christian; até mesmo o padre Dom) queria me falar qualquer coisa sobre ele. Os médicos tinham dito que o assunto poderia ser “doloroso demais” para discutir comigo.


Até parece! Quer saber o que é doloroso? Vou dizer o que é doloroso. Ter duas costelas quebradas e saber que durante semanas você vai ter de usar um maiô na praia para esconder os hematomas.


— Michael? — Dulce deu de ombros. — Bem, você estava certa. Aquilo que falou sobre ele manter coisas no computador.


A polícia conseguiu um mandado e confiscou o PC, e estava tudo ali: diários, e-mails, o esquema do sistema de freio do Rambler. Além disso, acharam a chave inglesa que ele usou. Você sabe, nos parafusos que prendiam a grade de proteção. Combinaram com as marcas no metal. E o alicate que ele usou para cortar a mangueira de freio do Rambler. Eles encontraram fluido de freio nas lâminas.


Parece que o cara não limpou muito bem a sujeira. Eu que o diga.


Foi preso sob quatro acusações de assassinato – os Anjos da RLS – e seis de tentativa de assassinato: cinco para nós que estávamos no Rambler na tarde em que os freios pifaram e uma pelo o que a polícia se convenceu de que fora um atentado contra minha vida no Ponto.


Não os corrigi. Quero dizer, não dava para ir lá e dizer: “Ah, sabe dos meus ferimentos? É, não foi o Michael. Não, os fantasmas de suas vítimas fizeram isso porque eu não queria deixar que elas o matassem.”


Achei que não fazia mal deixar que pensassem que Michael era o responsável por minhas costelas quebradas e os quatorze pontos na cabeça... para não falar dos dois no lábio. Quero dizer, afinal de contas, ele ia me matar.


Os Anjos só tinham interrompido. Se você pensar bem, eles tinham salvado minha vida. É. Para poderem me matar.


— Então escute — estava dizendo Dulce. — Seu castigo, você sabe, por ter saído sem autorização e entrado num carro com Michael quando sua mãe mandou expressamente que não fizesse isso, só deve começar depois de eu ir embora. Portanto digo que devemos passar os próximos quatro dias na praia. Tipo, de jeito nenhum você vai à escola. Pelo menos com essas costelas quebradas. Não vai poder se sentar. Mas certamente pode deitar, sabe, numa toalha. Eu posso convencer sua mãe a deixar isso, pelo menos.


— Parece bom.


— Ex — disse Dulce.


Aparentemente queria dizer excelente, só que tinha abreviado. Do modo como Soneca costumava abreviar as palavras porque era preguiçoso demais para falar as sílabas inteiras. Assim pizza virava “za”, Dulce virou “Dul”. Percebi que minha amiga tinha mais coisas em comum com Soneca do que eu supunha.


— Vou pegar uma Diet Coke — disse ela, descendo da cama com cuidado para não sacudir o colchão porque a enfermeira já havia entrado duas vezes e dito para não fazer isso. Como se eu não tivesse consumido Tylenol com codeína suficiente para bloquear a dor. Alguém poderia jogar um cofre na minha cabeça e eu provavelmente não iria sentir.


— Quer? — perguntou Dulce, parada à porta.


— Claro. Só veja...


— Sei, sei — disse ela por cima do ombro enquanto a porta se fechava lentamente. — Eu acho um canudinho por aí.


Sozinha no quarto, ajeitei os travesseiros cuidadosamente e fiquei ali sentada, olhando para o vazio. As pessoas que tomam tantos analgésicos quanto eu costumam fazer isso.


Mas não estava pensando no vazio. Estava pensando no que o padre Dominic tinha falado quando me visitou algumas horas antes. No que só poderia ser a mais cruel das ironias: na manhã depois da prisão de Michael, a irmã dele, Lila Meducci, acordou do coma.


Ah, ela não se sentou e pediu uma tigela de Cheerios nem nada. Ainda estava péssima. Segundo o padre Dom, demoraria meses, talvez anos de reabilitação para voltar ao que era antes do acidente – se é que voltaria. Iria passar muito tempo até poder andar, falar, talvez até comer sozinha como antes.


Mas estava viva. Viva e consciente. Não era um grande prêmio de consolação para a pobre Sra. Meducci, mas já era alguma coisa.


Foi enquanto eu estava refletindo nas arbitrariedades da vida que ouvi algo farfalhando. Virei a cabeça bem a tempo de pegar Poncho tentando se desmaterializar.


— Ah, não, você não vai fazer isso — falei enquanto sentava. E provocava uma tremenda dor nas costelas. — Volte aqui agora mesmo!


Ele voltou, com uma expressão acanhada.


— Achei que você estava dormindo. Por isso decidi retornar mais tarde.


— Mentiroso. Você viu que eu estava acordada, por isso ia retornar mais tarde quando tivesse certeza de que eu estaria dormindo.


Não dava para acreditar.


Não dava para acreditar no que eu o tinha apanhado tentando fazer. Descobri que isso doía mais do que as costelas.


— O que é, agora você só vai me visitar quando eu estiver inconsciente? É isso?


— Você passou por uma situação muito difícil. — Poncho parecia mais desconfortável do que eu já o tinha visto. — Escutei sua mãe, na casa, dizer a todo mundo que ninguém deveria fazer nada para te perturbar.


— Ver você não vai me perturbar.


Eu estava magoada. De verdade. Puxa, tinha consciência de que Poncho estava furioso comigo pelo que eu tinha feito, você sabe, aquela coisa de enganar Michael para ir ao Ponto para que os Anjos da RLS pudessem matá-lo, mas não querer nem mesmo falar comigo...


Bem, isso era barra!


A dor que eu sentia deve ter aparecido no rosto, porque quando Poncho falou, foi na voz mais gentil que eu já o ouvi usar.


— Anahi, eu...


— Não — interrompi. — Deixe eu falar primeiro. Poncho, desculpe. Desculpe aquilo tudo ontem à noite. Foi culpa minha. Não acredito que fiz aquilo. E nunca, jamais, vou me perdoar por ter arrastado você para lá.


— Anahi...


— Eu sou a pior mediadora — assim que dei o pontapé inicial, achei difícil parar. — A pior que já existiu. Deveria ser expulsa da organização dos mediadores. Sério. Não acredito que fiz uma coisa tão estúpida. E não culparia você se nunca mais falasse comigo. Só que...


Olhei-o de novo, sabendo que havia lágrimas nos meus olhos. Mas dessa vez não estava com vergonha de ser vista.


— Só que você precisa entender: Michael tentou matar minha família. E não dava para deixar que ele ficasse numa boa. Dá para entender?


Então Poncho fez uma coisa que nunca tinha feito. E duvido que faça outra vez.


E aconteceu tão depressa que depois nem tive certeza de que aconteceu de verdade ou se, cheia de remédios nas ideias, eu imaginei.


Mas tenho quase certeza de que ele se esticou e tocou minha bochecha. Só isso. Desculpe se dei esperanças a você. Ele só tocou minha bochecha, a única parte de mim, imagino, que não estava arranhada, cortada ou partida. Não me importei. Ele tinha tocado minha bochecha. Roçado, na verdade, com as costas dos dedos, e não as pontas. Depois baixou a mão.


— Sí, querida — disse ele em espanhol. — Eu entendo.


Meu coração começou a bater tão depressa que tive certeza de que ele podia ouvir. Além disso, provavelmente não preciso dizer, minhas costelas doíam, doíam de verdade. Cada pulsação parecia fazer o coração se chocar contra elas.


— E o único motivo por eu ter ficado tão furioso foi porque não queria que isso acontecesse com você.


Ao falar a palavra isso, ele sinalizou para o meu rosto. Percebi que o negócio devia estar muito ruim. Mas não me importava. Ele tinha tocado minha bochecha. Seu toque foi gentil, e, para um fantasma, quente.


Eu sou patética ou o quê, para um simples gesto assim me deixar de cabeça para baixo de tanta felicidade?


Falei, feito uma idiota:


— Eu vou ficar bem. Disseram que nem vou precisar fazer plástica.


Como se um cara nascido em 1830 soubesse o que era uma plástica. Meu Deus, eu sei estragar um clima ou não sei?


Mesmo assim, Poncho não se afastou exatamente. Ficou ali me olhando como se quisesse dizer mais alguma coisa. E eu estava perfeitamente disposta a deixar que ele dissesse. Especialmente se me chamasse de querida de novo.


Só que não me chamou de nada. Porque nesse momento Dulce entrou de novo no quarto segurando duas latas de refrigerante.


— Adivinha só? — disse ela enquanto Poncho tremulava e, com um sorriso para mim, desaparecia. — Encontrei sua mãe no corredor e ela mandou dizer que a segunda ressonância foi normal, e que você pode começar a se preparar para ir para casa. Ela está cuidando da papelada agora. Não é fantástico?


Ri para ela, mesmo que meu lábio doesse com isso.


— Fantástico.


Dulce me olhou com curiosidade.


— Por que você está tão feliz?


Continuei rindo.


— Você disse que eu posso ir para casa.


— É, mas você estava feliz antes de eu falar isso — Dulce estreitou os olhos para mim. — Any. Qual é? O que está acontecendo?


 


— Ah — respondi sorrindo. — Nada.


 



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Autor(a): ponnymym

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 39



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  • maryangel Postado em 20/03/2015 - 17:15:12

    Continuaaaaa! Amooo essa fic, leio á muito tempo e é uma das minhas prediletas.

  • colucciwake Postado em 19/08/2014 - 19:51:29

    Continua pf eu n tive muito tempo essa semana e entro sempre que posso :)

  • colucciwake Postado em 08/08/2014 - 23:34:49

    ñ exclui ññññññnññññ ;~continua pf

  • bedlens Postado em 08/08/2014 - 19:59:56

    NÃOOOOOOOOOO!!! NÃO EXCLUA, POR FAVOR!!! EU AMO ESSA FIC <3

  • bedlens Postado em 04/08/2014 - 20:41:01

    Pressinto fortes emoções... POSTE MAAAAIS

  • bedlens Postado em 30/07/2014 - 21:55:04

    Por favor, poste maaaaais

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 23:31:20

    AAAAAAH! EU AMO O PONCHO <3 Algo me dizia que ele iria aparecer. Adeus Tad! Olá possível possibilidade de Ponny finalmente acontecer! Estou ansiosa para saber o que vai acontecer durante essa temporada da Dulce na Califórnia

  • colucciwake Postado em 28/07/2014 - 20:08:38

    eeeeee !!!! Dulce vai vim agora ss começa a ficar interessante

  • bedlens Postado em 28/07/2014 - 14:51:00

    Esse cara é um psicopata O.O Cadê o Poncho para salvar a Any? Cadê? Cadê?

  • bedlens Postado em 27/07/2014 - 16:41:46

    E eu que pensava que o Marcus era bonzinho. Cadê o Poncho para salvar a Any do tio maluco do Tad? Posta maaaaaais


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