Fanfic: Acordo Sedutor Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance

Dez anos depois...

Anahí observava o caixão onde estava o pai. Ainda era difícil acreditar que estava morto, vítima de um ataque cardíaco repentino. Nenhum aviso. Nenhum dia de doença que ela soubesse. Aquele homem tão cheio de energia, agora morto. Estava paralisada pela dor. E ainda bem, pois a mãe tinha exigido dignidade absoluta durante o funeral.

Elas estavam em público. Tinham de ser motivo de orgulho para o pai.

Sir Leonard Herrera estava sendo homenageado hoje.

Havia equipes de TV na frente da catedral, filmando a chegada delas e, lá dentro, todas as pessoas poderosas que tinham vindo prestar suas últimas homenagens: políticos importantes, capitães de indústria e a fraternidade de corridas de cavalos. Ela os ouvia tomar seus lugares atrás dela, cumprimentando-se em tom de condolências.

Do outro lado da nave estavam as figuras mais importantes da empresa do pai — a outra família dele — que compartilharam os sonhos de um império de transportes e se envolvido em realizar seus grandes planos. Ele tinha passado mais tempo com eles do que conosco, pensou Anahí. Certamente estavam arrasados com a morte, sem saber quem substituiria o grande homem que já não estava mais lá.

Ela não tinha a menor noção dos negócios do pai. E nem Dulce, que estudava enfermagem. A mãe tinha dedicado sua vida para ser uma esposa perfeita, certamente a chefe em casa, mas só interessada em conservar sua posição social, que era o mais importante para ela. Elas tinham sido protegidas por uma grande riqueza, mas nenhuma delas sabia o que poderia acontecer agora.

Talvez houvesse respostas no testamento do pai. Amanhã iriam ao escritório do advogado para a leitura. A mãe estava furiosa porque o advogado se recusara a ler o testamento na privacidade da casa dela, alegando que seguia as instruções do próprio sir Leonard. Nenhum argumento prevaleceu contra isso. Nem sua mãe conseguia romper o domínio da vontade férrea exercida por Leonard Herrera sobre seus subordinados.

Porém, ele perdera o domínio sobre a vida; ela lhe fora tirada. Provavelmente a única coisa que lhe fora tirada. Exceto...

Anahí pensou em Alfonso Herrera. Apesar do que os pais lhe disseram, ela não acreditava realmente que a mãe dele o tivesse tirado do homem que agora estava no caixão. O pai tinha optado por abrir mão dele. Era só o que ela podia imaginar, principalmente porque ele não optara por tê-lo de volta. Era a única explicação plausível para o fato de Alfonso Herrera não ter se tornado parte integrante da vida deles.

Agora era tarde demais para equilibrar a balança, ela pensou triste.

Alfonso Herrera tivera um impacto tão forte sobre ela no seu único encontro, que ela muitas vezes imaginou como ele tinha lidado com a rejeição do pai. Devia ter sido muito doloroso. O golpe pessoal, porém, não o havia impedido de se tornar um empresário bem sucedido, por conta própria. Talvez o tivesse estimulado a se sobressair.

Ela lera sobre ele nos jornais de vez em quando, fechando negócios altamente lucrativos. Nas fotografias, nunca sorria, nem mesmo quando acompanhado de uma linda mulher numa festa. Seus olhos estavam sempre frios. Ela achava que era porque seu coração era frio, sem uma família para aquecê-lo.

Nenhuma chance agora de aquecê-lo pela aceitação ou aprovação do pai. A mídia tinha falado muito sobre a vida e a morte de sir Leonard ultimamente, e Alfonso tinha sido mencionado como o filho afastado. Isso a tinha feito sentir-se mal, por ter sido uma filha adotiva tão mimada.

A música cessou. Anahí olhou para o relógio. Era hora de começar a cerimônia fúnebre. Foram ouvidos os passos de um retardatário descendo a nave. Alguém que não se apressava, caminhando com dignidade. Quem quer que fosse, sua presença produzia uma certa agitação no ar. Os passos continuaram, chegando ao banco da frente.

Seria o bispo, fazendo algum tipo de entrada cerimonial? Pelo canto do olho, Anahí viu a mãe virar ligeiramente a cabeça — o que permitia a Anahí dar uma olhada de esguelha sem ser repreendida, já que a mãe fazia o mesmo.

Era um homem de terno preto e camisa azul. Havia parado no meio da nave, bem ao lado delas, e, pela respiração agitada da mãe, Anahí soube que era alguém que a mãe não aprovava. Instintivamente, Anahí se inclinou para ver o rosto dele, querendo identificar o problema.

Um choque a percorreu.

Alfonso Herrera!

Seu rosto bonito tinha uma expressão severa, um olhar azul gélido transmitia seu desprezo hostil pela mãe de Anahí, que imediatamente virou a cabeça, interrompendo qualquer contato visual com ele. Com um sorrisinho zombeteiro, ele olhou para Anahí, que estava tão atordoada pela sua presença, que só conseguia fitá-lo abertamente.

Por um instante ele a encarou também, e ela começou a arder, ficando toda ruborizada. Ele meneou a cabeça, parecendo satisfeito com a reação dela, e depois se virou, dirigiu-se para o banco do outro lado da nave, sentou-se diretamente defronte da mãe de Anahí, num lugar evidentemente reservado para ele entre os principais executivos da empresa.

Ele era o filho de sir Leonard Herrera. Será que pensavam que ele seria seu herdeiro? Isso não fazia sentido para Anahí. O afastamento tinha sido total... Ou não?

"GOL!" Pensou Alfonso, satisfeitíssimo. Ver o choque e a mortificação na fisionomia de Lady Ellen tinha feito valer a pena todo o seu planejamento. A ousadia da mulher, escrevendo-lhe uma carta dizendo que ele não seria bem vindo ao enterro de sir Leonard. Alfonso esperava que a sua presença ali penetrasse no coração mesquinho dela e destruísse aquele ar de arrogância.

Sentada ali, vestida na última moda, os cabelos louros com mechas sob o chapéu preto elegante. Devia ter uns 45 anos, mas a vida de luxo que levava sem dúvida contribuía para que só aparentasse trinta. A ninfeta de 18 anos que seduzira o pai dele tinha se saído bem na vida.

Não tão bem no futuro, Alfonso jurou para si mesmo.

As mulheres Herrera formavam um trio admirável: a loura, a ruiva e a morena. Ele só tinha visto Dulce ligeiramente, sentada ao lado de Anahí no banco da igreja.

Dulce tinha cabelos e olhos escuros e pele morena, bem diferente da beleza estonteante da irmã mais velha, mais linda agora do que aos 14 anos. A cascata gloriosa de cabelos vermelho ouro, a pele clara, que revelava todas as emoções, os olhos verdes fascinantes... Alfonso tinha de admitir que a mulher que se tornara provocava a fera que havia nele.