Fanfics Brasil - Capítulo 2 Mais que confidentes

Fanfic: Mais que confidentes | Tema: Big Brother Brasil


Capítulo: Capítulo 2

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Marcelo havia planejado tirar a barba quando chegasse em São Paulo. Porém, quando viu seu reflexo no espelho do banheiro naquela manhã, duvidou que pudesse expor o rosto e a expressão triste e frustrada que os pelos negros escondiam.


Angela havia programado o relógio para despertá-lo às dez horas. Isso lhe deu tempo suficiente para tomar banho e preparar alguma coisa para comer antes de ir ao seu encontro. Mas a sensação que tinha era a de querer sair correndo e largar tudo para trás e deixar ela livre dos seus caprichos românticos, o que sabia que Angela tinha pavor.


Conhecia os medos dela e sabia que não era essa a vida que Angela desejava, pensou com desgosto ao colocar os óculos de sol. As botas e a jaqueta ainda estavam úmidas, mas vestiu-as mesmo assim.


Foi direto ao encontro de Angela, sua curiosidade para conhecer Gabriel Valentin era maior.


Caminhou até a sala de reuniões, que era um lugar bastante amplo. Um assistente estava a sua espera.


— Posso ajudar?


— Olá, Roberto — os olhos do rapaz se arregalaram de surpresa.


— Marcelo! Meu Deus, não sei se você entende, mas sabia que está coberto de pelos?!


Marcelo riu.


— É o meu novo estilo. Gostou?


Roberto cruzou os braços e o estudou de cima a baixo.


— Para um homem que costuma provocar desmaios das mulheres quando passa na rua, você está irreconhecível — disse por fim. — Para dizer a verdade, parece que acabou de ser resgatado de uma ilha deserta.


— O que é isso, onde está sua delicadeza? – disse Marcelo fingindo estar magoado


— Reservo a minha delicadeza para as madames que merecem e não para você. — Roberto abaixou a voz. — Sabia que a chefe não teve um único encontro desde que você esteve aqui da última vez?


Os dois se viraram para o outro extremo da sala, onde Angela estava parada perto da janela conversando com um homem que só podia ser Gabriel.


Marcelo sentiu o coração afundar. Era alto e forte, com ombros largos e corpo atlético. Parecia ser elegante.


No mesmo instante, sentiu vontade de entrar na sala e esmurrá-lo.


— Como você consegue manter um relacionamento platônico com alguém como a chefe é o maior mistério do mundo, Marcelo. — Roberto olhou no relógio. — Sente-se e fique à vontade. A reunião já vai começar.


Marcelo cruzou a sala na direção da mesa de conferências e ocupou uma cadeira imediatamente à esquerda da cabeceira, onde sabia que Angela se sentaria.


Observou-a conversar com Gabriel. Os ombros dela estavam tensos, assim como o restante do corpo, e ela era incapaz de manter contato visual com ele. Nunca a vira tão nervosa. As mãos apertavam com força a valise, que ela segurava de encontro ao peito como se fosse sua tábua de salvação. Por fim, Angela olhou para o relógio e disse alguma coisa. Os lábios se curvaram com timidez, o que não era nem sequer a sombra do seu sorriso habitual.


Marcelo se reclinou na cadeira. Se Angela não relaxasse, Gabriel veria apenas uma imitação insignificante dela. Os cabelos presos num coque abafavam toda a sua sensualidade inata.


Ela dirigiu-se à mesa e, ao se sentar em seu lugar, deu-lhe um sorriso.


— E pensar que tive todo aquele trabalho para encontrar o aparelho de barbear que deixei na pia do banheiro hoje cedo. Por que não tirou a barba?


— Estou gostando, e até pensando em deixá-la bem grande — ele provocou, sorrindo.


Sua atenção foi instantaneamente desviada para Gabriel quando ele ocupou o assento à sua direita, diante de Marcelo.


Marcelo ficou irritado quando seus olhares se encontraram por um breve instante, captou o brilho de desaprovação, ou talvez de provocação.


A flecha do ciúme que o atingiu tirou-lhe a respiração.


Respirando fundo, desviou a atenção e focou na reunião.


— Se houver alguma pergunta ou problema durante as campanhas, eu não estarei disponível — Angela disse alheia à turbulência emocional de Marcelo. — Procurem o Sr. Valentin se tiverem algum problema.


— Gabriel — ele corrigiu com um sorriso, voltando-se para Marcelo com um olhar que parecia dizer que ele não estava incluído nessa turma


— Bem, tudo certo, então? Vejo vocês no sábado. — Angela encerrou a reunião.


Ela permaneceu na sala por alguns instantes, organizando os papéis antes de guardá-los. Marcelo continuava sentado ao seu lado, sem intenção de ir a lugar algum. Os cabelos repartidos ao meio, caindo sobre os olhos, e a barba comprida emprestavam-lhe certo ar bíblico, como se fosse um dos apóstolos da Santa Ceia... Exceto pelo fênix tatuado no braço esquerdo, Angela pensou com um sorriso. Duvidava que algum dos seguidores de Cristo tivesse uma tatuagem.


— Bem, acho que tenho tudo de que preciso — disse Gabriel, interrompendo os pensamentos dela. — Vejo você no sábado à noite. O roteiro diz que devem chegar às cinco da tarde, é isso?


— Sim, estaremos lá. — Ela sorriu de volta.


— Quase me esqueci... — Gabriel retirou um envelope do bolso do paletó. — O Sr. Harcourt pediu para lhe dar ingressos para o jantar dançante que ocorrerá após o discurso.


— Eu não acho que... – disse Angela


— Ela vai ficar com eles, obrigado — interferiu Marcelo, retirando o envelope das mãos de Gabriel.


— Marcelo vai nos ajudar na publicidade da campanha — ela se apressou em explicar.


Marcelo notou que Gabriel o reavaliava enquanto apertavam as mãos.


— É um prazer conhecê-lo. — Os olhos escuros estavam muito mais amigáveis do que quando o tinham avaliado minutos atrás. — Então, vejo vocês no sábado.


Com outro sorriso para Angela, ele se afastou lentamente. Ela encontrou o olhar de Marcelo e sorriu.


— E então? O que achou dele? — perguntou ao fechar a porta da sala de conferência para ficarem a sós.


Marcelo se recostou à mesa e cruzou os braços.


— Ele parece ser... — Artificial? Sério? Tedioso? Todas as palavras pareciam certas, mas ele não ousou dizer em voz alta.


Em vez de falar, encolheu os ombros. Angela riu e também cruzou os braços.


— Marcelo, você definitivamente não tem o dom da palavra.


— Tem razão. Prefiro agir do que falar.


— Você acha que... — Ela hesitou, insegura. — Você acha que pelo menos ele sabe que eu existo?


Marcelo olhou para o chão, evitando encará-la.


— Honestamente?


— Não minta para mim, Marcelo. — O tom irritado traiu sua impaciência. — É claro que quero que seja honesto, seu idiota!


— Bem, nesse caso preciso dizer que se você quiser ser notada teremos muito trabalho pela frente.


Angela pareceu desanimar.


— Acho que é melhor eu esquecer essa história.


— Quer parar de se desvalorizar? — O volume da voz de Marcelo subiu um tom, e Angela o olhou espantada. — Você é uma mulher maravilhosa, inteligente, divertida, sensual e incrivelmente desejável — ele enumerou. — Um idiota como Gabriel deveria agradecer a sorte que tem por você estar interessada nele. Se quiser mesmo esse homem... Você realmente o quer?


Angela fechou a boca e assentiu.


— Ótimo! Você o terá. A partir de sábado, ele passará a notá-la em tempo integral.


Tomando o braço dela, Marcelo conduziu-a para a porta.


— Marcelo para onde você está me levando?


— Você vai tirar a tarde de folga.


— Mas eu não posso...


— Pode, sim — ele disse com firmeza.


Angela não desviou os olhos do espelho enquanto Jack, amigo de Marcelo, atacava seus cabelos com a tesoura.


— Mas eu não quero um permanente... — ela disse em tom de lamento. — Já fiz permanente uma vez, lembrar-se, Marcelo? Fiquei parecendo um poodle!


— E por acaso o cabeleireiro fui eu, querida? — Jack perguntou


Silêncio.


— Fui eu? — ele repetiu com impaciência.


— Não — Angela respondeu lentamente.


— Então, não tire conclusões precipitadas. — Jack endereçou-lhe um sorriso angelical e voltou a manejar a tesoura.


Angela relanceou o olhar para Marcelo, encostado ao balcão com os braços cruzados.


— E se eu odiar?


— Você não vai odiar — Jack prometeu. — Querida, posso garantir que você vai amar!


— Marcelo, você será o próximo a sentar na minha cadeira — o rapaz anunciou. — O estilo Tony Ramos está fora de moda, querido.


— Hoje não, Jack — Marcelo replicou. — Não temos tempo.


— Não levará mais do que quinze minutos. Posso cuidar dos seus cabelos enquanto o produto faz efeito em Angela.


— Mas eu ainda não concordei com...


— Não — Marcelo a interrompeu. — Tenho de fazer compras. Pretendo atualizar o guarda-roupa de Angela.


— Você?! — Ela começou a rir. — Você vai comprar roupas novas para mim?


Ele assentiu, com um sorriso que escondia um traço de tristeza.


— Sei do que os homens gostam.


— É disso que tenho medo... — Angela disse.


— Fique aqui e faça tudo o que Jack mandar. Venho apanhá-la dentro de... — Ele olhou para o cabeleireiro.


— Daqui a duas horas.


— Certo. Voltarei dentro de duas horas.


— Marcelo, você nem sabe meu tamanho — Angela protestou.


— Tamanho médio. Sapatos número 38, sutiã 42 e...


— Por Deus, Marcelo! Fale mais alto! Acho que as duas mulheres com a cabeça debaixo do secador de cabelos não conseguiram escutar — ironizou, irritada.


Porém, ele saiu e a largou falando sozinha.


— Estamos prontos para o nosso permanente? — Jack sorriu


— Você acha mesmo que vai ficar bom?


O sorriso se alargou no rosto bonito.


— Querida, "bom" não é exatamente o que tenho em mente. — Ele suspendeu algumas mechas dos seus cabelos. — Imagine só... Cachos suaves ao redor do seu rosto. Seus cabelos ganharão vida. Marcelo vai ficar maluco e não vai conseguir tirar as mãos de você. Isso é uma promessa.


— Marcelo e eu somos apenas amigos — ela se apressou em explicar.


— É claro que são — Jack respondeu com uma risada descrente.


Angela estudou seu reflexo no espelho por alguns segundos e suspirou.


— Está bem. Vamos lá — decidiu.


Marcelo colocou as últimas sacolas de compras no banco de passageiros do carro de Angela e voltou para o salão de beleza. Estava irritado e aborrecido. A ideia de estar comprando lingeries que provavelmente nunca veria o deprimiu, e a noção de que era Gabriel quem veria as peças de fina seda mal encobrindo o corpo sensual de Sandy o deixou louco.


Por que estava fazendo aquilo?


Porque amava Angela e queria que ela fosse feliz, concluiu. Porque parte dele ainda esperava que ela pudesse mudar de ideia, atirar-se em seus braços e declarar que era impossível amar Gabriel, já que ele era o dono do seu coração.


Ele abriu a porta do salão com uma força além da necessária. A lufada de ar frio do ar-condicionado o atingiu no momento em que entrou, e foi o que o salvou, ou teria se incendiado com a visão de Angela, sentada de costas para ele na cadeira diante do espelho.


Os cabelos estavam repartidos de lado, e cachos graciosos e leves caíam ao redor do rosto bonito. Uma cascata dourada se desdobrava sobre os ombros e costas.


Ela saboreava um sorvete e, enquanto conversava com Jack e a cliente na cadeira ao lado, Marcelo observou-a em silêncio. O movimente sutil da língua tocando o sorvete fez seus hormônios se manifestarem. Naquele momento, seus olhares se encontraram. Ele desviou os olhos com receio de revelar o desejo que o tomava. Respirou fundo ao caminhar na direção dela e forçou um sorriso.


— Você está maravilhosa! Eu não disse que Jack sabe o que faz?


Embaraçada, Angela abaixou o rosto e voltou a atenção para o sorvete.


A cliente que estivera conversando com ela era uma senhora cujos cabelos brancos molhados caíam sobre a testa. Pelo espelho, ela olhou de Angela para Marcelo.


— Seu namorado precisa de um bom corte de cabelos e tem de fazer a barba.


— Ele é muito teimoso quando se trata desse assunto. — Angela se virou para ele com um sorriso de provocação.


— Debaixo de todos esses pelos, deve haver um homem bonito — a mulher observou. — Mas não acho que seja seu tipo, querida. — Ela inclinou o corpo para o lado e abaixou a voz, como se Marcelo não pudesse ouvi-la. — Ele não tem classe.


— A senhora está enganada — ela respondeu. — Homens como Marcelo são raros. Na verdade, levei alguns meses para encontrar um que seja do mesmo nível quando comparado a ele.


A boca de Marcelo se curvou num sorriso.


— Vamos, Angel — chamou, tomando-a pela mão. — Jack, eu lhe devo um favor.


— De jeito nenhum, querido. — O cabeleireiro se virou quando eles seguiam para a porta. — Eu lhe devia um favor, lembra-se? Agora, estamos quites.


Marcelo piscou para o amigo e correu os dedos pelos novos cachos de Angela com tanta leveza que ela nem notou.


— Marcelo — A voz de Jack o deteve, e ele se voltou com a mão na maçaneta da porta.


— Sim?


— Ela é um amor.


— Eu sei.


Marcelo observou pela janela enquanto Angela entrava no carro.


— E ela disse que são apenas amigos.


— É verdade.


— Sim... — Jack riu. — E minha mãe é o Papa!


Marcelo colocou as sacolas de compras sobre a cama de Angela e saiu apressado do quarto.


— Vou pegar o restante das compras — disse por sobre o ombro, desaparecendo no corredor.


— Ainda tem mais? — Angela admirou-se, pondo-se a abrir os pacotes.


Extasiada, espalhou pela cama uma coleção de roupas para a noite, na maioria vestidos. Quando olhou para as peças, percebeu que sua boca estava aberta, e fechou-a. Então, começou a rir. Nunca, nem em um milhão de anos, teria comprado qualquer um daqueles vestidos. Não que fossem feios ou de mau gosto. Pelo contrário, todos eram elegantes e modernos. Porém, nunca teria escolhido nada que não a fizesse passar despercebida na multidão.


Mas aquele era o problema. Tinha de ser notada por Gabriel.


Abriu outra sacola e encontrou sapatos de diversos modelos e tamanhos de saltos, em várias cores para combinar com os vestidos. Quando abriu o pacote de lingeries, fechou-o rapidamente. Voltou a abrir mais devagar, enfiou a mão e retirou uma peça tão minúscula que cabia na palma de sua mão.


Marcelo entrou no quarto, e ela jogou a calcinha de seda preta de volta na sacola.


— Você espera mesmo que eu vista isso, Marcelo?


— Eu não teria comprado se achasse que você não usaria. — Ele se sentou perto dela na cama e colocou as sacolas restantes no chão. — Acho que você deveria usar o vestido branco no sábado.


Curiosa, Angela começou a abrir uma das sacolas que ele acabara de colocar no chão, e encontrou todo o tipo de maquiagem e perfumes.


— Vá em frente. Experimente suas roupas novas. — Marcelo ergueu os olhos para ela, ansioso, como se esperasse para ver um desfile de modas particular.


— Marcelo... Eu não tenho estilo para usar essas roupas.


— Você quer ser notada, não é?


Ela concordou.


— Angela, apenas coloque um dos vestidos. Se não gostar, não será obrigada a usar.


— Posso tentar.


Apanhou o vestido branco e sentiu o tecido suave. Na certa, ele havia pagado uma fortuna por aquela peça. Ela nunca usara nada parecido antes. Imaginou que se colaria ao corpo, evidenciando cada curva. Mas aquele era o objetivo, não era?


De repente, desejou saber como ficaria com aquele vestido, e olhou para Marcelo, esperando que ele saísse. Porém, ele se recostou na cama, deixando evidente que não iria a lugar algum.


— Angel — Ele a chamou quando fez menção de sair. — Não se esqueça disso — disse, sorrindo, e lançou uma calcinha branca e minúscula na direção dela.


Angela se trocou lentamente no quarto que havia transformado em escritório.


Escutou uma batida suave à porta, seguida pela voz de Marcelo:


— Você se esqueceu das meias e sapatos.


Quando ela abriu a porta, encontrou-o parado diante de si com os sapatos e a meia-calça nas mãos. Olhos percorreram-na de cima a baixo, de maneira apreciativa. Num gesto instintivo, cruzou os braços para se proteger.


— Você está...


Sem esperar que terminasse a frase, arrancou as meias e os sapatos das mãos dele e fechou a porta com força.


Quando abriu a porta Marcelo ainda estava esperando do lado de fora. Tomou-a pela mão e conduziu-a pelo corredor até a cozinha.


— Marcelo, espere! Eu ainda nem vi como fiquei e...


Sem dar ouvidos, ele a fez se sentar numa cadeira.


Marcelo espalhou todos os estojos de maquiagem sobre a mesa.


— Marcelo... — Angela respirou fundo, tentando soar racional e controlada. — Zagonel, o que está fazendo?


Ele a avaliava com olhar crítico.


— Vou maquiá-la — disse distraidamente enquanto estudava o rosto bonito. A expressão séria se desfez, e ele sorriu, encontrando os olhos dela. — Você não precisa de muito. Seu rosto é perfeito. Vou apenas realçar alguns traços.


Você?!


— Sim, eu mesmo. Trabalhei como assistente de maquiagem em alguns projetos.


— Você trabalhando como assistente de maquiagem? – Angela zombou


— Sou um homem de muitos méritos e habilidades.


— Alguém já mencionou sua modéstia? — ela ironizou.


— Erga a cabeça e feche os olhos — Marcelo ordenou, ignorando-a. — E a boca também, mocinha.


Angela obedeceu e sentiu os dedos em seu rosto. Para um homem tão grande, o toque era incrivelmente leve e gentil. Abriu os olhos e viu o rosto viril a poucos milímetros do seu. Os olhos intensos provocaram uma onda de calor em seu corpo. Marcelo estava quase sobre ela, as pernas longas tocando as suas. Encolheu-se involuntariamente, afastando-se do contato. Porém, não havia para onde fugir.


Então, fechou os olhos novamente, tentando relaxar. A voz dele era suave enquanto explicava o que estava fazendo, ou pedia que virasse a cabeça para o lado. A respiração dele batia em seu rosto.


— Pronto — ele disse — Espere um pouco! Esqueci de uma coisa... Mantenha a cabeça inclinada para trás.


Angela abriu os olhos de repente quando sentiu a mão dele entre os seios.


— Marcelo!


Ele estava ajoelhado diante dela com o tronco pressionado contra suas pernas.


— Fique quieta — ordenou enquanto passava esponja de pó entre os seios. — Esse é um velho truque que aprendi. Vai realçar.


Angela tentou ignorar o efeito daquele toque em sua pele, lutando bravamente contra a súbita consciência de cada milímetro sólido de músculos em contato com seu corpo.


— Você está perfeita. — Ele se afastou e avaliou-a com um sorriso satisfeito.


Angela o encarou, hipnotizada pela veemência que identificava nos olhos dele. Ele ainda estava muito próximo, e ela notou reflexos castanhos e verdes.


— Você tem olhos lindos, Marcelo — ela sussurrou.


Aquele era o momento oportuno para um beijo, se qualquer outro homem que não Marcelo Zagonel estivesse diante de si. Em vez de fazer isso, ele riu e se levantou.


— Venha!


Angela tentou não cair enquanto o seguia pelo corredor. Marcelo a esperava à porta do quarto e recuou um passo, fazendo uma mesura para que ela entrasse. Após alguns passos, deteve-se diante do espelho.


— Meu Deus! - exclamou, admirada.


Estava... linda! O vestido se ajustava a cada curva, deixando sua silhueta alongada e feminina.


Pelo espelho, viu Marcelo recostado à porta, com os braços cruzados.


— Marcelo, você realizou um milagre. — Virou-se para fitá-lo. — Um verdadeiro milagre.


— Nada disso. — Ele meneou a cabeça. — Eu só aproveitei o que você tem de melhor.


Angela se olhou mais uma vez.


— Eu só não sei se consigo usar isso.


— Por que não?


— Bem... — Ela se calou para procurar um argumento. — Para começar, fico muito alta com esses sapatos.


— Por favor, Angela!


— É verdade, Marcelo! Olhe para mim. Pareço um monumento!


— Um monumento maravilhoso da cabeça aos pés — ele completou. — E daí?


— Vou ficar mais alta do que todo mundo.


— Você não vai ficar mais alta que Gabriel. — Marcelo atravessou o quarto e parou ao lado dela. — Ele é tão alto quanto eu, não é?


— Talvez um pouco mais baixo.


Marcelo a puxou.


— Está vendo? Vocês vão combinar à perfeição. Ele vai adorar. Não vai resistir ao impulso de beijá-la.


Marcelo olhou para a mulher em seus braços. Por Deus, queria ficar segurando Angela por toda a eternidade... Ela o fitava como se ele tivesse perdido o juízo, com os olhos arregalados e os lábios suaves entreabertos de surpresa.


Angela teve a súbita consciência de que se sentia bem naqueles braços. Quando ele passou os dedos por seus cabelos, um arrepio percorreu sua espinha.


Porém, Marcelo se afastou e enfiou as mãos nos bolsos da calça.


— Acho que não posso usar essa roupa no sábado — ela insistiu.


— Você está sendo negativa. Comece a pensar positivamente.


— Seria diferente se eu tivesse um acompanhante. — Angela fez uma careta.


— Serei seu acompanhante.


— Com essa jaqueta de couro e calça jeans? Pode funcionar em Belém, Marcelo, mas estamos em São Paulo.


— Prometo usar roupas adequadas. Vai funcionar. — Marcelo disse — Se você for à festa acompanhada, ficará mais interessante aos olhos de Gabriel. Você sabe como funciona, o brinquedo dos outros meninos sempre parece mais interessante que o nosso.


— Bem, como posso resistir quando você coloca nesses termos? — Angela respondeu sarcasticamente, sentando-se na cama. — Está bem, mas você terá de fazer a barba.


— Fechado!


— E cortar os cabelos.


Ele fez uma careta e passou os dedos pelos fios longos.


— Gosto desse corte. Ter cabelo comprido é um estilo...


— Não na elite de São Paulo. — Angela olhou para o chão.


Marcelo observou-a por alguns instantes. Ele queria muito ir. Talvez Gabriel estivesse interessado em outra pessoa.


— Está bem. Por você, vou cortar os cabelos.


Angela se levantou com um sorriso.


— E eu me encarrego das roupas. Vou fazer o mesmo que você fez por mim.


— Certo, mas acho que você não terá muita escolha.


— Sim e essa jaqueta de couro preto não vai servir, Marcelo.


Marcelo riu, e dessa vez sentiu o riso chegar aos olhos. Talvez, com um pouco de sorte, Angela percebesse que era nos braços dele, e não nos de Gabriel, que preferia estar.



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Autor(a): anceloprasempre

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Marcelo sentou-se na cadeira com os olhos fechados, ouvindo o ruído do secador, enquanto deixava que Jack fizesse sua mágica. Havia acordado tarde naquela manhã, e fora ao salão cuidar dos cabelos e da barba. Sorriu. Estava pensando em como tinha gostado de maquiá-la e aquilo foi improvisado. Gostou de ficar tão perto dela, tocar a ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • nay_lovato Postado em 19/06/2014 - 00:44:34

    Tô amando a sua web, você escreve super bem. Espero ansiosa o próximo cap. Kisses *-*

  • natalia_cyreno Postado em 15/06/2014 - 19:53:26

    Adoreei. Cade o capítulo 2?


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