Fanfic: Mais que confidentes | Tema: Big Brother Brasil
Angela atirou as chaves sobre a mesa de centro e desabou no sofá.
— Foi tudo péssimo — resmungou, abraçando uma almofada. — Tenho certeza de que Gabriel me acha tão interessante quanto uma pata choca.
Marcelo fechou a porta e depois a observou. Estava frustrado por ter aguentado tanto desaforo de Angela pelo caminho, mas vê-la emburrada causou uma extrema vontade de rir.
— O que você está olhando? Tenho um cú na testa?
— Bocudinha, você fica linda emburrada, sabia?
Angela tacou a almofada e Marcelo desviou.
— Você é terrível.
— Poderia ser pior — Marcelo a consolou, tirando o paletó para se sentar na cadeira diante dela. — Ele poderia ter achado você tão interessante quanto uma pata choca e sem pena.
— Obrigada por tentar me animar — ela disse, inclinando a cabeça para olha-lo.
— Faço o meu melhor. — Marcelo desatou a gravata e começou a desabotoar a camisa. — O que você sabe sobre linguagem corporal?
— Não muito. Por quê?
— Todas as vezes que te vi conversando com Gabriel você mantinha os braços cruzados. Parecia que não queria ser tocada.
— Não era intencional...
Ele tirou a camisa e a pendurou no encosto da cadeira.
— Esse é o desafio, os gestos são inconscientes. Você se perdeu nas suas técnicas de sedução.
Angela ajeitou-se no sofá e cruzou os braços.
— Como posso perder algo que nunca aprendi? As coisas simplesmente acontecem.
— Postura defensiva. — Marcelo apontou para os braços cruzados enquanto tirava os sapatos. — Você acaba de me dizer com seu corpo que está odiando essa conversa.
— Em que revista pornográfica você leu essas dicas, Marcelo? — ela perguntou, sem descruzar os braços.
— Olha... — Ele se sentou perto dela. — Preciso te mostrar algumas técnicas de sedução, e se depois disso você disser que tudo não passa de bobagem, não direi mais nada. Combinado?
Usando apenas a calça do smoking, com todo aquele peitoral bem na sua frente, era difícil Angela se concentrar. Sentado confortavelmente no sofá, com a perna direita dobrada e apoiada sobre uma almofada, ele a encarava. Passou os dedos pelos cabelos curtos, num gesto absolutamente sensual.
Angela desviou os olhos tentando tirar aquela cena de sua mente e concordou.
— Vá em frente.
— Em primeiro lugar, não se sente desse jeito.
Ajeitou-a com delicadeza, virando-a em sua direção. A seguir, levou a mão direita dela até o colo, posicionando-a com a palma para cima. Por fim, com o joelho quase tocando o dela, Marcelo se inclinou, aproximando-se lentamente.
— Primeiro passo: invada o espaço pessoal. Segundo passo: contato visual.
— Estou achando tudo isso uma bobagem...
Mas Angela sentiu sua garganta secar.
— Olhe para mim — ele disse bruscamente. — Só com gestos um homem pode fazer com que uma mulher saiba que está interessado nela. Sexualmente interessado.
Marcelo abaixou os olhos, encarando os lábios dela, e desceu lentamente para o decote do vestido. Angela de repente sentiu vontade de se cobrir, mas quando os olhos dele voltaram a procurar os seus, a sensação incômoda havia passado, deixando-a com a boca ainda mais seca.
— Esse é o terceiro passo — ele explicou. — Se nessa hora a mulher não foi embora, já pode passar para o quarto passo: o toque. Tem de ser um toque gentil, ingênuo, como um aperto de mãos...
Ele ilustrou tomando a mão de Angela com delicadeza.
— E transformar o gesto simples numa carícia. — O polegar percorreu a pele dela num movimento tão intimo que Angela lembrou quando foi tocada por aquelas mãos a primeira vez, quando estavam longe de serem apenas amigos — Esse não é apenas um toque amigável. A mensagem é claramente sexual.
Angela olhou para própria mão enquanto ele continuava a carícia simples, mas muito, muito erótica. Ao erguer o rosto, observou-o percorrendo suas pernas com o olhar. Sem se intimidar, ele fez o olhar encontrar com o dela. Ela conseguiu ver desejo naqueles olhos. Mas lembrou que ele estava representando, e nada além disso. Cuidadosamente, afastou-se um pouco.
— Se a situação não permitir contato físico, a opção deve ser o toque simbólico. — Ele sorriu, revelando os dentes brancos. — Eu sei que parece loucura, mas não é.
Marcelo a encarou, mexendo na barra do vestido de Angela delicadamente.
— Isso envia uma mensagem clara de que eu preferia estar tocando você.
Ele umedeceu os lábios com a ponta da língua, e Angela desejou um copo de água.
— Marcelo... — começou, e a voz soou rouca. Ela cruzou os braços. — Você obviamente poderia escrever um manual sobre como conquistar as mulheres. O que não entendo é o que as técnicas masculinas de sedução têm a ver comigo.
— Gabriel estava enviando sinais esta noite e tudo que você fez foi ignorá-los. — Marcelo se levantou. — Vou pegar uma cerveja. Quer uma?
Ela fez que sim e observou-o seguir para a cozinha.
— Você tem que lembrar que tudo isso é inconsciente.
Marcelo enfiou as mãos sob o jato de água fria na torneira da pia. Ver Angela sentada no sofá, encarando-o, tendo tão perto... teve que usar todo o seu autocontrole para não tomá-la nos braços e joga-la naquela cama dela tão atrativa. Fechou os olhos, tinha imaginado tanta cena dos dois juntos naquele quarto...
Estava tremendo e arrepiado.
— Gabriel mostrou que estava interessado. — Sentou-se no sofá. — E o que você fez? Cruzou os braços e o rejeitou, da mesma forma que fez comigo minutos atrás.
Ele se recostou, colocando os pés sobre a mesa de centro antes de tomar um longo gole de cerveja. Angela esperou até que ele afastasse a garrafa da boca e socou-o de leve no braço.
— Eu não o rejeitei!
— Sim, você me rejeitou.
Tantas vezes que perdi a conta, Marcelo pensou.
— Onde você aprendeu tanto sobre linguagem corporal? — ela perguntou, com certa desconfiança.
— Não sei. Li alguma coisa a respeito e comecei a prestar atenção. Usei essas técnicas com algumas mulheres. Sempre funcionou.
— Aposto que sim — Angela sussurrou.
— Mas nós estamos fugindo do assunto. Você tem de reaprender seus truques femininos de sedução.
— Que são...?
— As palmas das mãos.
—Tenho até medo de perguntar o que isso significa. — Ela riu.
Com expressão séria, Marcelo virou as mãos com as palmas para cima.
— Mostrar as palmas das mãos é um gesto de rendição. Tem a ver com homens serem os ativos da relação e as mulheres as passivas.
— Isso foi muito machista. — Angela fez uma careta.
— Seja como for, é assim que funciona. Gabriel não leu o mesmo livro que eu, mas inconscientemente ele vai reconhecer qualquer um desses sinais que você envia.
— Então, você quer que eu caminhe até ele com as palmas das mãos erguidas? — ela perguntou zombando de Marcelo.
— Tente ser um pouco mais discreta. — Ele a encarou. — Tire o cabelo dos olhos.
Angela obedeceu.
— Veja, você acabou de me mostrar a palma da mão.
— Não fiz isso.
— Fez sim. No seu subconsciente, onde os hormônios são comandados, seu corpo reconhece que sou um homem.
— Hormônios? — ela ironizou. — Humm... O experiente da relação falando.
— Precisa mostrar as palmas das mãos. Você já sabe, invadir o espaço pessoal, contato visual... Ah, quase me esqueci das pernas...
Inclinou-se e puxou as pernas de Angela para frente.
— Marcelo, pelo amor de Deus! Pare com isso. — ela reclamou.
— Sente-se direito — ele disse com impaciência. — Agora, cruze as pernas.
O som suave das meias de seda roçando sob o vestido pareceu ecoar na sala. Marcelo sentiu que começava a suar de novo. A barra do vestido subiu, e Angela se apressou em puxá-la.
— Mostrar as pernas é uma forma de dizer que está se sentindo confortável.
— Se eu fizer isso durante meu trabalho com Gabriel, serei presa por atentado ao pudor.
— Sabe o que eu acho?
— Eu nunca sei o que você acha, Marcelo.
— Acho que com o seu trabalho você já deveria ter mudado sua linguagem corporal. Você tem medo que os seus movimentos pareçam vulgar, tem medo de passar a impressão errada.
— Obrigada, Marcelo, mas não preciso de uma aula de psicologia. Vai dizer que minha mãe é culpada nisso também e sou traumatizada?
— Se quer que Gabriel saiba que está interessada — Marcelo ignorou-a, terminando o último gole de cerveja. — tem de dizer a ele e a forma mais fácil de fazer isso é com o seu corpo.
Angela observou Marcelo com admiração que ele soubesse tudo isso.
— Você nunca me contou a terceira coisa — ela disse de repente.
Marcelo olhou para Angela confuso.
— Que terceira coisa?
— Sua mãe disse que havia três coisas que os homens precisavam saber para ter sucesso. Dançar, saber como fazer pesquisas... E a terceira?
— Diz respeito a fazer sexo. — Marcelo sorriu. — O tamanho do coração de um homem é mais importante que o tamanho do... você sabe. – E fez um gesto para a direção da sua virilha.
Angela enrubesceu.
— Ela não disse isso.
— Eu juro, são as palavras dela.
— Recuso a acreditar que alguém de classe como sua mãe tenha falado isso.
— Ela me deu uma caixa de preservativos em cada aniversário, começando quando eu tinha doze anos.
— Duvido.
— As aparências enganam. E essa foi a verdadeira lição que ela me ensinou.
Angela se lembrou da Sra. Zagonel, uma mulher de sorriso tímido que nunca mais tinha encontrado depois do programa.
— Eu sinto falta dela, pra te falar a verdade — ela disse com suavidade.
— Sim — ele disse. — Eu também.
— Meu Deus! — Angela empurrou o prato. — Estava faminta. Eu almocei hoje?
— Não enquanto eu estava olhando. — Marcelo se inclinou na cadeira de balanço para pegar outro pedaço de pizza.
— Estou com sono. Não sei se vou sobreviver por cinco semanas nesse trabalho.
— Qual é a agenda para amanhã?
— Algumas fotos que preciso tirar para a campanha — Ela fechou os olhos. — E Gabriel estará lá. O que devo vestir?
— O mesmo que está usando agora. Short e top. É muito sexy.
Surpresa, Angela olhou para ele, mas Marcelo estava ocupado apanhando o último pedaço de pizza da caixa.
— Marcelo?
— Sim? — perguntou sem erguer os olhos.
— Poderia me fazer um favor?
Ele a olhou, e o caramelo brilhante dos seus olhos em contraste com a pele bronzeada a afetou.
— Quer que eu faça massagem nas suas costas? — Posicionou-se ao lado do sofá.
Confusa, ela inclinou a cabeça. Ele parecia tão sério, olhando-a, sem sorrir. Ao ver que não responderia logo, Marcelo sentou-se perto dela no sofá, empurrando-a de leve para se acomodar. Ela deitou-se de barriga para baixo, apoiando a cabeça nos braços cruzados. Sentiu a perna de Marcelo pressioná-la quando ele afastou seus cabelos. E as mãos dele acariciaram suas costas.
Fechou os olhos. O toque dele era gentil, suave e quase íntimo. De repente, um flash lhe ocorreu quando estava no programa, tomando-se muito consciente da proximidade e se lembrou do primeiro passo: invadir o espaço pessoal da mulher...
Abriu os olhos e ergueu a cabeça para olhar Marcelo. Mas ele encarou apenas por um breve instante, ainda sem sorrir, e então desviou o olhar para as próprias mãos, que continuavam a massageá-la. Enquanto o observava, percebeu que Marcelo estava se contraindo como se ele estivesse apertando os dentes.
Angela voltou a apoiar o queixo nas costas da mão, convencida de que estava imaginando coisas. Marcelo não estava usando a linguagem corporal para lhe enviar mensagens escondidas. De jeito nenhum! Se estivesse, havia se esquecido do segundo passo: contato visual.
— Você promete não parar se eu fizer uma confissão?
— Uma confissão? — Marcelo hesitou. — Está bem — disse ele, escondendo a súbita aceleração do pulso. — Estou ouvindo.
— Massagem nas costas não era o favor que eu ia pedir.
E ele esperando que ela confessasse estar loucamente apaixonada...
— Não era?
— Era apenas um pensamento... — As mãos continuaram o movimento suave, e ela moveu o pescoço para lhe dar mais acesso.
— Quando você fazia as brincadeiras com a Polly no programa eu acabava imaginando se algum dia teria seu carinho de volta — Ele parou, e Angela virou-se para trás. — Sei que parece estranho falar disso agora, mas todas aquelas brigas, a forma que você se afastou, sinceramente não sabia como fazer você se aproximar outra vez de mim. Muitas coisas te deixaram distante e confesso que nunca me senti tão insegura quanto ao que poderia acontecer entre nós.
— Angela... — Marcelo disse, quase implorando. — Nós já tivemos essa conversa.
Ele retomou a massagem.
— Eu sei, só queria que você soubesse disso — ela disse calmamente. — Eu jamais quero voltar a ter aquelas brigas, tento esquecer todos os dias.
Ela fechou os olhos de novo. Marcelo manteve-se calado. Angela suspirou com o silêncio dele. E por fim, desistiu de insistir.
— Tenho que te agradecer por tudo, Marcelo, mas você sabe que algum dia nós vamos ter que terminar essa conversa.
— Sim — ele disse suavemente. — Eu sei.
Momentos depois, a respiração de Angela se tornou lenta e estável. Marcelo se levantou com cuidado e encontrou uma coberta para cobri-la.
Não resistiu e por um tempo Marcelo continuou vigiando Angela dormindo. Aquela cena tirou a sua respiração, era como observar um anjo, descansando e se fechando em seu próprio universo, um lugar que jamais poderia ser alcançado, um lugar onde ele jamais poderia estar. Eram opostos. Angela impulsiva e calculista. Ele sentimental e temperamental. E depois que ela tivesse conquistado Gabriel Valentin, não precisaria mais de Marcelo. Não haveria espaço em sua vida para ele.
Suspirou, lembrando-se de que, naquele momento, ela ainda precisava de ajuda. E talvez a situação não fosse tão desoladora quanto parecia.
Autor(a): anceloprasempre
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Na manhã seguinte, Angela acordou se sentindo desnorteada, havia dormido no sofá e tinha acordado na cama. Só podia ter sido Marcelo que a carregou até ali, imaginou. Depois lembrou como ele tinha ignorado sua tentativa de se redimir dos problemas que eles estavam evitando em falar, mas que ela precisava profundamente desabafar todo aquele conflit ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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nay_lovato Postado em 19/06/2014 - 00:44:34
Tô amando a sua web, você escreve super bem. Espero ansiosa o próximo cap. Kisses *-*
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natalia_cyreno Postado em 15/06/2014 - 19:53:26
Adoreei. Cade o capítulo 2?