Fanfic: Titanium - O Que Resta Da Monarquia | Tema: Sherlock
Música do capítulo: http://youtu.be/lUniEfa3ecE
Emma estava atônita, tudo aquilo envolvendo Moriarty, um detetive e as joias de sua avó, sempre fora assim que ela se referia as joias da coroa britânica. Moriarty foi inocentado e o tal detetive levou a culpa por tudo, por ter inventado todo esse jogo, dizia-se ser tudo uma farsa.
Tudo havia acontecido enquanto Emma estava viajando, cumprindo sua agenda, obras de caridade, comparecimentos em eventos, chás e cafés com políticos. Tudo por uma boa relação Reino Unido – Mundo. Emma era a 8ª na linha de sucessão e como princesa, tinha deveres a cumprir. Ela nasceu Emma Elizabeth Victoria Sophie, filha do filho caçula da Rainha, uma forte garota que lutou pela vida desde sua primeira respiração. Emma nasceu prematura e praticamente sem chances de sobreviver, mas aqui estava ela, viva, 24 anos depois. Foi uma gravidez complicada, resultando em seu nascimento antes do tempo e na impossibilidade de sua mãe gerar outros filhos. Emma era dura na queda, forte, nunca reclamava, encarava tudo e lutava, lutava como uma louca pelo que queria. Era uma pequena ruiva de olhos azuis, corpo esguio, cabelos compridos e andar altivo. Apelidaram-na de Lady Titanium após términos de relacionamentos e por parecer sempre impassível, Emma apenas se considerava uma mulher forte, como se esperava e como tinha que ser.
Finalmente de volta a sua casa, em frente ao notebook, ela lia a matéria sobre o suicido de Sherlock Holmes, havia até um vídeo da queda feito pelo celular de alguém. Ela não o conhecia, ou melhor, só o havia visto pessoalmente uma vez em Buckingham, fazendo não sabe-se o quê, enrolado a um lençol.
Sorriu ao lembrar-se como Mycroft quase havia arrancado seu lençol. Seria uma bela visão, se ele não o tivesse segurado. Ela o viu, mas ele não a viu.
Se esse havia sido o único momento em que pôs seus olhos sobre ele, porque se sentia estranha? Ele nem sequer soube que ela esteve lá, não a viu, eles não se falaram e mesmo assim ela se sentia como se um buraco estivesse se abrindo em seu estômago.
Emma não conseguiu ver o vídeo, não teve literalmente, estômago. Continuou lendo a matéria, lá dizia-se que o enterro de Sherlock Holmes seria na manhã do dia seguinte.
— Gibbs! – Emma gritou por seu amigo e guarda-costas de muitos anos – Gibbs!
— Senhora? – Respondeu prontamente ao seu chamado o homem alto, de porte militar, cabelos loiros e grandes olhos verdes.
— Preciso que faça algo por mim e que ninguém saiba que fui eu.
— O que a senhora precisar. – Gibbs era proibido de dirigir-se a ela como alteza, a menos que fosse na presença de sua avó.
— Preciso que envie uma coroa de flores.
— Endereçada a quem? – Perguntou com um bloquinho e caneta em mãos.
— Sherlock Holmes.
— Sher-Sherlock Holmes? Tem certeza? – Perguntou.
— Tenho.
— Quer que seja escrito algo?
— Sim. I believe in Sherlock Holmes.
Gibbs arqueou a sobrancelha e pôs-se a escrever em silêncio.
— E também preciso que me leve até lá amanhã. Eu sei... – Disse interrompendo-o antes que algum som saísse por sua boca aberta. – Vou da mesma forma.
— Teremos que ser discretos, muito discretos. Com certeza a imprensa estará lá.
— Eu não me importo. Ficaremos dentro do carro, verei de longe.
No dia seguinte lá estavam eles no cemitério, mantendo distância suficiente para que ninguém olhasse para dentro do carro. Emma conseguia ver, mesmo de longe, duas pequenas fileiras de cadeiras, todas ocupadas, embora ela não conseguisse reconhecer ninguém além de Mycroft Holmes e o amigo de Sherlock, que ela havia visto no Palácio de Bukingham. Ele parecia destruído. Havia alguns curiosos, repórteres e fotógrafos, que queriam certamente ver se ele estava realmente morto ou se seria outra farsa, mas o caixão jazia ali fechado.
Ela viu o caixão ser carregado pelo irmão, Mycroft e o amigo de Sherlock, John Watson, os outros homens que ajudavam ela não conhecia, duas senhoras precisavam ser amparadas, uma parecia ser a mãe de Sherlock e a outra, Emma não fazia ideia de quem fosse. Ela assistiu a todo enterro de longe, cantalorando uma música que ela havia conhecido a pouco tempo em Portugal, ela não sabia o que significavam aquelas palavras mas lhe parecia tão triste, combinava com o buraco aberto em seu estômago.
“Que será
Da minha vida sem o seu amor
Da minha boca sem os beijos teus
Da minha alma sem o teu calor
Que será
Da luz difusa do abajur lilás
Que nunca mais vier a iluminar
Outras noites iguais?”
A sepultura foi fechada e aos poucos todos partiram, Emma desceu do carro e se dirigiu até onde ele jazia, ela usava um vestido preto e um sapato rosa de salto, a coroa de flores que havia enviado estava ao lado da lápide, se aproximando ela tocou a fita dando um pequeno sorriso ao ler o que estava escrito: “I believe in Sherlock Holmes. – LT”, Gibbs fizera como ela havia pedido e ainda assinado. Ela caminhou até ficar frente à lápide, respirou fundo e tirou uma mecha de cabelo que lhe cobria o rosto.
— Eu não sei por que estou aqui, só sei que deveria estar. – Falava olhando para a lápide negra com letras douradas. – Eu... Eu... – Seu Iphone tocou, ao tira-lo da bolsa, olhando pro visor, viu que Matthew, seu namorado era quem ligava e rejeitando a chamada, continuou. – Eu só espero que esteja bem. Isso parece loucura, nós não nos conhecíamos mas espero que esteja bem. – Se aproximando mais e pousando sua mão sobre a lápide. – Eu acredito em você. – Disse por fim girando nos calcanhares e fazendo o caminho de volta para o carro. E voltando a cantarolar:
“Procurar
Uma nova ilusão não sei
Outro amor
Não quero ter além daquele que sonhei
Meu amor
Ninguém seria mais feliz que eu
Se tu voltasses a gostar de mim
Se teu carinho se juntasse ao meu”
Entrou no carro em silêncio e assim Gibbs deu partida. Emma tinha que comparecer ao brunch de Franz, seu amigo de colégio. Franz é alemão, mas mora na Inglaterra desde muito novo e também é um nobre, um visconde, mesmo que na Alemanha os nobres tenham uma vida mais “normal”. O brunch seria em comemoração ao lançamento de sua marca de roupas, que levava seu nome. Após algum tempo perdida em seus pensamentos, Emma foi despertada com o som de um sms de Franz.
“Cadê você, bitch?! FVP” – Depois de rir do desaforo, respondeu.
“Cuidado! Posso mandar te prender, desgraçado! rs Estou chegando, não se preocupe. EW”
“Diga para Gibbs correr, você tem 5 minutos. FVP”
— Gibbs, por favor, vá mais depressa. – Pediu, o homem apenas assentiu.
“Já pedi, se acalme, estou chegando. EW”
Poucos minutos depois, Gibbs diminuiu a velocidade, estacionando o carro em frente ao The Langham e abrindo a porta para que eu descesse. Entrando no hotel, fui logo levada ao grande salão onde acontecia o brunch. O salão tinha lindas cortinas, de cor bege e dourado, colunas coríntias e um grande lustre de cristal. Mesas redondas de várias cadeiras, ocupadas por inúmeras pessoas, não saberia dizer quantos convidados estavam presentes.
Franz vinha em sua direção para recepciona-la.
— Franz Von Preussen. – Disse sorrindo.
— Emma Elizabeth Victoria Sophie! – Disse abraçando-a e gargalhando. – Você está linda!
— OK, chega. – Sorriu.
— Que bom que você chegou, venha, Vivian chegou a pouco tempo. – Falou tomando-lhe a mão e levando-a até uma das mesas onde estava uma baixinha de pele alva, cabelos negros, olhos castanhos e usando óculos. – Finalmente ela chegou, Vivian!
Vivian levantou e abrindo um sorriso enorme, abraçou-a. Conheciam-se desde a faculdade, onde dividiram o dormitório, ela é formada em Direito e uma advogada incrível. Trabalha no escritório de advocacia de seu pai e seu avô, os Campbell eram conhecidos como advogados brilhantes, os melhores de toda a Inglaterra.
— Emma, o que você tem? – Perguntou franzindo a testa. – Parece que vejo nuvens nos seus olhos.
— Não tenho nada Vivian, está tudo bem. – Disse sorrindo, sentando-se ao lado dela e imediatamente sendo servida de chá e pediu que lhe trouxessem uma torta doce. – Sério, está tudo bem.
Conversaram durante um bom tempo, entre xícaras de chá e bolinhos, depois champagne e algumas fotos com Franz, Vivian e algumas modelos. O brunch correu bem, um sucesso, como Franz definiu, repleto de grandes personalidades do mundo da moda e seus amigos. Ele fez uma pequena apresentação de sua coleção de lançamento e foi amplamente aplaudido. Ele estava muito feliz e Emma também, por ele.
Lá pelas seis horas da noite Emma e Vivian subiram para o quarto de Franz, conversando e rindo no elevador.
— Franz eu não acredito na saia justa que você se meteu! – Emma gargalhava. – Como você coloca no mesmo salão a modelo e o modelo que está saindo? Por Deus!
— Você não tem amor a vida! Se eles descobrissem, aí sim, eu queria ver você se safar. – Vivian sorria tanto que se amparava na parede do elevador com uma mão e a outra pousada na barriga.
— Vivendo intensamente, bitches! – Riu saindo do elevador e passando o cartão na fechadura da porta do enorme quarto em que ele estava. O primeiro desfile da sua marca seria no dia seguinte, no mesmo hotel.
Entraram, deixando Gibbs junto a porta do lado de fora. Viviane e Emma sentaram-se no sofá, enquanto Franz sentava em uma poltrona de frente para elas, abrindo uma garrafa de champagne, depois lhes servindo.
— Pensei que você não viria, demorou tanto. – Comentou Vivian.
— Eu tive que fazer uma coisa antes.
— Que coisa? O que poderia ser mais importante do que o brunch do seu melhor amigo? – Franz perguntou se fazendo de horrorizado.
— Eu... fui ao enterro de Sherlock Holmes.
— O QUÊ?! – Ele perguntou incrédulo, se engasgando um pouco.
— É, eu sei.
— Mas vocês nem se conheciam. – Vivian começou. – Ou se conheciam?
— Não nos conhecíamos mas eu senti que deveria ir.
— Alguém te viu?
— Ninguém me viu, fiquei no carro. Só mandei uma coroa de flores.
— Hum. – Franz coçou a garganta.
— O quê?
— Nada, olha, os vestidos de vocês já chegaram. Ninguém vai ao meu desfile usando a roupa de outro! – Todos riram. – Quem você vai trazer, Emma?
— Harry. – Disse bebericando a champagne. Harry era seu primo, 3º na linha de sucessão.
— Opa, Harry. – Franz disse com um sorriso cheio de malícia. Vivian estava curvada sobre o braço do sofá em meio a uma crise de risos.
— Você não tem jeito! – Falou.
— Me deixe viver, por Deus! – Gargalhava – Não é minha culpa ele ser aquele homem enorme, ruivo e rosado... vocês sabem o quanto eu amo ruivos! – Franz tinha verdadeira fixação por ruivos, Emma sempre achou que isso se devia ao fato de ele não ser ruivo, coisa que ele sempre quis ser. Franz era alto, loiro e tinha grandes olhos verde esmeralda. — Mas você não deveria trazer Matthew?
— É, mas eu pensei, o que seria melhor para a divulgação do trabalho do meu melhor amigo do que trazer o famoso Harry?
— Um príncipe é melhor do que um barão. A imprensa vai fazer esse desfile ser transmitido na TV! – Vivian ria.
— Melhor eu ir, estou precisando dormir. – Emma falou se despedindo e abraçando os amigos – E ainda tenho que achar o Harry!
— Aqui, seu vestido. Te espero amanhã. – Franz falou lhe entregando o vestido no cabide e coberto por uma capa negra, com cara de nervoso.
— Não se preocupe, vai dar tudo certo. – Beijou sua bochecha, pegou o vestido e encaminhou-se para a porta.
Foi para casa, mandou um sms para Harry e foi dormir. Um sono sem sonhos e que a fez recuperar as forças, ao acordar começaram os preparativos para o desfile, chegaram cabeleireiro e maquiador para produzi-la. Após os profissionais terminarem e irem embora, Emma estava descalça e usando um roupão, pensando em que joias usaria, a campainha tocou, foi até a porta e ao abri-la, era Harry.
— Você ainda está assim, priminha? – Perguntou beijando sua testa – Desse jeito só chegamos lá para varrer a passarela. Eu quero conhecer as modelos, desse jeito você não me ajuda. – Falava sorrindo.
— Calma, vai dar tempo, prometo que você vai conhecer algumas. Só cuidado com Franz, ele é ciumento. – Falou passando a mão por seu ombro, ele usava um terno preto ajustado com gravata da mesma cor e uma camisa branca.
— Não saia de perto de mim hoje, aconteça o que acontecer.
— Pode deixar – Sorriu – Me dê dez minutos, só vou me vestir e vamos.
Foi até o closet e pegou o vestido ainda no cabide, não tinha colocado os olhos nele ainda, abriu a capa e viu que não iria precisar de muito mais do que um brinco pequeno de diamantes, o vestido em si, era uma joia. Preto com um tecido fino todo rendado, um dourado que lembrava puro ouro e um cinto fino. Tirou o roupão e vestiu-o, calçou um salto alto preto e colocou os brincos de diamantes. Pegou uma clutch preta e saiu, chegando na sala, viu Harry sentado no sofá com Matthew ao seu lado.
— WOW. – Harry disse e Matthew nada falou.
— Vamos? – Perguntou a Harry.
— Emma, nós precisamos conversar. – Matthew começou.
— Agora é impossível, estamos de saída. Se você quiser me esperar, fique a vontade. – Falou dando um selinho no rapaz. – Vamos Harry?
— Vamos. Foi bom te ver Matthew. – Disse estendendo a mão à ele. – Até qualquer dia.
— Foi bom te ver também Harry. – Falou sério.
Emma e Harry saíram porta a fora, seguidos por Gibbs e os dois guarda costas de Harry. Ele parecia querer dizer algo mas se conteve. Ao entrarem no carro, não conseguiu segurar.
— Ok, o que está acontecendo?
— Nada Harry, esse é só Matthew sendo temperamental. E acho que ver você lá me esperando piorou. – Matthew era incrivelmente ciumento. – Depois converso com ele.
— Ele ainda tem ciúmes de mim? Somos praticamente irmãos!
— Na cabeça dele isso não significa nada e eu não estou afim de discutir isso com ele.
Fizeram o resto do trajeto rindo e comentando de coisas que viam pelas ruas em que passavam de carro até chegar ao hotel. Desceram do carro e foram recebidos por fotógrafos.
— Eu odeio isso. – Disse por entre dentes, me segurando pela cintura.
— Eu sei Harry, só sorria e acene.
Ele pôs seu melhor sorriso amarelo disfarçado e logo seguimos para onde nossos lugares ficavam, encontramos Vivian perto de lá usando um vestido lilás de um ombro só e o cabelo em um coque.
— Vivian, é sempre um prazer. – Harry disse com um sorriso completamente diferente do que ele havia dado aos fotógrafos.
— Olá Harry. – Ela respondeu corando veementemente – Emma, venha, nossos lugares estão ali – Disse me pegando pela mão e me levando ao lugar marcado com meu nome na primeira fila, Harry ficou ao meu lado esquerdo e ela ao meu lado direito.
Ficamos conversando, Harry entretido olhando algumas moças do outro lado da passarela, o tempo passou rápido e o desfile começou depois de Franz dizer algumas poucas palavras de apresentação.
— Olá queridos, essa coleção foi preparada com muito cuidado visando o glamour e o requinte. Não vou me estender, deixarei que meus modelos falem por mim. Apreciem finalmente minha marca, Franz. – Disse por fim, seguido de aplausos, desceu da passarela e veio sentar-se próximo a nós, ao lado de Vivian.
O desfile aconteceu sem problemas, tudo perfeito, como o perfeccionista Franz exigira, ficamos encantadas com os vestidos, as composições femininas e as masculinas. Foi um verdadeiro sucesso. Após o desfile, houve um pequeno coquetel para alguns poucos convidados, que incluíam a mim, Harry e Vivian. Claro, as modelos estavam lá e Harry foi logo socializar, digamos assim.
Bebi um pouco mas não me demorei muito, Matt me esperava.
— Amado, tenho que ir, foi lindo o desfile e tenho certeza que será um sucesso completo, você verá. – Falou se despedindo e abraçando o amigo depois de ter se despedido de Vivian.
— Mas já?
— Já, tenho que resolver algumas coisas com Matt.
— Está bem. E Harry?
— Ele vai ficar, cuide dele pra mim. – Respondeu sorrindo.
— É só o que quero fazer. – Disse se abanando com a mão direita.
Emma fez sinal para Gibbs e ele a seguiu.
— Vamos Gibbs.
Gibbs abriu a porta para Emma e pegou a chave do carro com o manobrista, entrou e deu partida.
— Mas sem pressa Gibbs. – Ele assentiu diminuindo a velocidade do carro.
Emma esperava que ao chegar Matthew houvesse cansado-se de espera-la e ido embora. Mas triste foi o fim da ilusão de Emma ao abrir a porta e dar de cara com Matthew ainda sentado no sofá de sua sala.
Ela entrou, virou-se para fechar a porta respirando fundo e revirando os olhos, esse definitivamente não era um namoro dos mais fáceis.
Autor(a): prisholmes
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).