Fanfic: " Segue Em Frente " - DyC ❤

` E talvez, não seja assim tão fácil,
Talvez assim seja melhor
Talvez, cada um reme pr`um lado
Mas os mares que te cercam...
Talvez sejam iguais aos meus
E a gente segue em frente...  `  

     Eu sabia que seria ruim, mas foi muito pior do que eu imaginava. Foi horrível. Foram poucos que olharam discretamente, a maioria não se deram ao trabalho de serem educados. Encararam-me, até mesmo apontaram e não pouparam comentários maldosos mesmo sabendo que eu conseguia ouvi-los. Provavelmente faziam isso exatamente por eu conseguir ouvi-los.

    Quando passei pelo pátio para chegar até o outro prédio da escola, os garotos foram abrindo caminho como se eu tivesse uma doença contagiosa. Não me importo, não me importo nadinha. Mas senti meu rosto vermelho com aquele tanto de olhares em cima de mim.

    - ... achei que ela não voltaria pra cá. – Ouvi uma garota comentar com a amiga quando passei – Olha só para ela, não se encaixa aqui. Não se encaixava antes... agora então.

    - Você acredita que foi o pai dela? Eu não. Aposto que era ela quem estava dirigindo...

    - Também acho. Que horror não é? Matou a própria mãe... assassina, é isso que ela é... Oh!

    Quando percebi já tinha largado minha mochila no chão e prensava a garota na parede com uma mão em sua garganta.

    - Sua idiota! Repete sua nojentinha... repete o que acabou de dizer sobre mim! – Eu gritei a segurando firme. A menina pareceu incapaz de produzir qualquer som, os olhos muito abertos de medo. Eu estava tremendo de raiva, o comentário dela só fez tudo o que eu estava tentando controlar vir à tona. Mas ela era só mais uma, se eu quisesse que parassem de falar sobre mim teria que bater na escola inteira! Simplesmente não valia a pena bater nessa pequena infeliz – Nunca mais fale isso, ouviu? Você não sabe nada sobre mim!

    A larguei e ela foi deslizando até o chão com a mão na garganta e os olhos ainda esbugalhados para mim. A amiga dela me olhou chocada antes de se ajoelhar ao lado da menina.

    Quando dei as costas para as duas vi que minha pequena cena tinha juntado um pequeno público. Ótimo.

    - Isso aí, agora vocês tem mais uma coisa para fofocar sobre mim! – Gritei para eles antes de abrir caminho empurrando duas garotas e sair quase correndo de volta para o pátio. Já tinha aguentado demais hoje, amanhã talvez eu conseguisse suportar até a primeira aula pelo menos. Hoje não.

    Passei correndo pelos grandes portões da escola e atravessei a rua sem me importar com as buzinas dos grandes carros de luxo dos pais e motoristas que vinham deixar crianças absurdamente ricas na escola. Corri, corri e corri. Não parei nem quando as lágrimas começaram a embaçar minha visão e as pessoas começaram a gritar xingamentos pra mim por quase serem derrubadas no caminho. Só parei aos portões do lugar onde eu passei mais tempo do que minha própria casa na última semana. O cemitério. Eu estava tão acostumada ao caminho que cheguei ao túmulo sem precisar pensar na direção que devia tomar.

    A margarida que eu tinha colocado ali ontem já estava murcha, mas eu não havia trazido nenhuma outra para trocar.

   - Amanhã eu trago outra, prometo. – Falei em voz alta tocando a foto do túmulo. Minha mãe adorava margaridas.

    Sentei ali e então chorei de verdade, ao ponto de soluçar e tremer. Eu odiava chorar. Sempre achei que quem chorava muito eram só as pessoas fracas. Se isso fosse verdade então eu já poderia me considerar a pessoa mais fraca do mundo! Por que Deus, eu havia chorado muito nas últimas semanas. Como um bebezinho. E não achava de jeito nenhum que a choradeira estava perto de terminar. Era minha mãe... Provavelmente eu choraria pelo resto da minha vida por ela.

    Ah mãe... Sinto tanto a sua falta... tanto! O que eu vou fazer sem você? Fazia duas semanas que ela tinha morrido. Duas semanas que minha vida tinha virado um inferno. Eu ainda tinha um machucado na bochecha e uma mão enfaixada por machucados resultados do acidente, mas não era nada. Eu preferia ter morrido lá. Teria sido melhor. Sem minha mãe nada estava no lugar.

    Estava tão distraída afundada em minha própria tristeza que só percebi que alguém estava se aproximando quando ele estava a alguns passos do túmulo. Fiquei de pé imediatamente passando a mão no rosto tentando secar as lágrimas, pronta para mandar pra longe quem quer que fosse. Eu não precisava escutar xingamentos até nesse lugar. Mas então eu vi seu rosto e as palavras que eu tinha morreram antes de sair de minha boca.