Fanfic: " Segue Em Frente " - DyC ❤

A única vez que tinha estado nessa casa fora no casamento e eu nem tinha entrado realmente aqui dentro, a cerimônia tinha sido no jardim. Em todo o tempo em que fiquei com Christopher eu evitei vir aqui. Esse lugar fazia com que eu me sentisse estranha, eu não pertencia a esse mundo de ricos e estar ali me deixava desconfortável. A casa era ainda maior do que eu lembrava por fora e por dentro era tudo muito grande e... Magnífico. Realmente não havia outra palavra para descrever. Bonita demais. Perfeita demais. E quando uma empregada de uniforme e tudo veio me ajudar com as malas eu tive vontade de rir e depois fiquei constrangida por uma estranha ter que carregar minhas coisas.

                Havia uma enorme escada que levava para o andar de cima e minha tia me guiou até ela.

                - Vem, vou mostrar o seu quarto. – Ela colocou a mão em meu ombro, mas eu me esquivei do seu toque. Tia Lia só franziu a testa e não disse nada. Ela sabia que eu estava ali contra minha vontade. Eu gritei, reclamei e até mesmo implorei, mas nada fez com que ela desistisse de me trazer pra cá. Lidou comigo como se eu fosse uma criança e de algum modo conseguiu  me por a fazer as malas. Só não a odiava mais nesse momento porque ela me deu alguns instantes para me despedir da Ana. Desnecessário dizer que rolaram lágrimas de novo... Eu estava ficando máster nesse negocio de choro.

                Enquanto caminhávamos até o meu futuro quarto eu não consegui deixar de olhar de esguelha para todos os lados a procura... dele.  Queria deixar claro logo que eu não havia escolhido isso, e que pra mim morar debaixo do mesmo teto que Christopher era incrivelmente bizarro e cruel. A verdade é que a ficha não tinha caído ainda, eu me sentia em uma espécie de transe, simplesmente deixando que minha tia me levasse. Eu estava em choque e sentia que se abrisse a boca para falar qualquer coisa começaria a gritar. Dentro de mim tudo estava uma bagunça.

                Quando Tia Lia abriu a porta eu dei um passo pra trás antes de ela me empurrar delicadamente para frente. O quarto era lindo, mas assim que pus os pés ali me senti deslocada. Era grande demais, como todo o resto. Não poderia de ser mais diferente do que meu antigo quarto.

                - Vou deixá-la sozinha para que você possa... situar-se. O jantar estará pronto em uma hora. – Ela parou por um momento na porta e arriscou um sorriso para mim. Não consegui devolvê-lo, ela ainda estava na lista das minhas pessoas menos preferidas o mundo. E continuaria por um longo tempo lá.

                Quando ela se foi eu caminhei até a cama que me era estranha e sentei na pontinha do colchão. Virei o pescoço dando uma olhada geral no quarto e soltei um suspiro. Deus, eu não conseguiria viver aqui. Mal conhecia minha tia e nem sequer tinha visto mais de uma vez seu marido. Eu moraria com estranhos! Só Christopher não seria desconhecido... e isso me confortava e aterrorizava ao mesmo tempo. Como eu conseguiria viver na mesma casa que ele? Isso era estranho demais! Tudo o que eu tinha feito nos últimos meses foi fugir dele, e agora isso...
                Minha vida tinha se tornado uma piada macabra.

                Arrastei-me até o meio da cama e me encolhi toda até meus joelhos tocarem meu peito e então fechei meus olhos.

                ~*~

                - E vocês não pensaram em me contar?? – Eu perguntei exasperado. Ainda chocado com a notícia – Deus, estou surpreso que não decidiram que eu deveria saber só quando topasse com ela pela manha de pijamas no corredor!

                - Acalme-se, Chris – Meu pai colocou a mão em meu ombro – Não contamos antes porque ainda não tínhamos certeza se ela viria para cá. Mas quando sua madrasta soube que o cunhado estava preso... – Ele balançou a cabeça melancólico – Pobre garota, para onde mais iria se não morar com a tia?

                - Eu gostaria de ter estado em casa quando ela chegou. – Falei carrancudo.

                Eu ainda estava absurdamente surpreso com tudo isso e não sabia muito bem o que pensar. Os últimos meses tinham sido... difíceis.
                Eu amara aquela garota. Amara tanto que algumas vezes chegara a doer! E quando aconteceu tudo aquilo, depois daquela festa que era um borrão na minha mente, e Dulce terminou comigo... eu sofri como um condenado. E por vezes desejei odia-la como ela parecia me odiar, mas eu não consegui. Fiquei longe porque era o que ela queria, mas por dentro continuava a sentir muito a falta dela. A verdade é que até hoje sinto.
                Todas aquelas vezes que eu a vi pela janela do escritório do meu pai chorando no cemitério... Nossa, aquilo acabou comigo! Tive que ter um autocontrole absurdo para não ir até ela. E agora Dulce estaria ali, morando comigo... Mais perto de mim do que estivera em todos os últimos 5 meses. Eu não sabia o que pensar ou sentir sobre aquilo.

                - Ela... ela está bem?  - Perguntei devagar para Lia. Sentia vontade de correr até o quarto em que ela estava, mas não me atrevia, tinha que lembrar-me que Dulce preferia que eu ficasse afastado sempre. O que aconteceu no cemitério hoje a tarde, quando deixou que eu me aproximasse, tenho certeza que foi só porque ela estava realmente mal. Não tinha esperança que aquilo se repetisse.

                - Estaria mentindo se dissesse que sim. Dulce passou por muita coisa ultimamente e não vê essa mudança pra cá como uma coisa boa. Eu tive de ser firme para trazê-la aqui ou se não ela não viria.  – Lia suspirou e meu pai tocou carinhosamente sua bochecha – Ela descerá para o jantar daqui a pouco e então poderá falar com ela. Vocês dois poderão.  Você é amigo dela, não é Chris?

                - Eu... não sou mais. A verdade é que Dulce não me suporta. - Respondi desconfortavel pela minha voz trair as emoções que sentia ao falar sobre isso.

                - Achei que vocês tinham se tornado amigos. – Lia franziu a testa – Contava que com você aqui ela veria essa mudança de um jeito melhor. O que aconteceu?

                - Aconteceu que eu fui um idiota... fiz uma besteira que sequer lembro porque fiz. – Falei sem encará-la. – Eu morar aqui não irá ajudar em nada.