Fanfic: " Segue Em Frente " - DyC ❤

~*~

Eu fiquei parado olhando aquela cena, completamente abismado com o que via, Então a raiva me atingiu e quis gritar com a Dulce.

- Eu não acredito que você fez isso!!! – Gritei dando um chute na garrafa que estava ao lado dela.

- Hey, eu conheço você. É o seu namorado, Dulce? – Poncho se pôs de pé. – Achei que tinham terminado.

Eu o conhecia e a verdade é que não o suportava! Era um dos “ amigos” de Dulce do seu antigo colégio.

- Você a embebedou! – Eu o acusei, estava pronto para pular em seu pescoço, mas nesse momento Dulce tentou ficar em pé e cambaleou para frente caindo nos meus braços, se eu não a segurasse com certeza teria caído no chão.

- Chrissss?? – Ela perguntou incerta, com um braço em volta do meu pescoço.

Eu olhei feio para Poncho e ele ergueu as mãos como se dissesse que era inocente.

- Qual é cara, não é como se eu tivesse enfiado álcool goela abaixo nela. Dulce queria. A garota estava precisando.

- Só some daqui! Ouviu? Some daqui! – Eu gritei para ele enquanto tentava manter em pé uma Dulce que parecia não ter mais pernas firmes.

Poncho deu de ombros.

- Tchau doce Dulce. A gente se fala...

- Se fala... – Dulce respondeu depois que ele já tinha se afastado.

Eu a guiei até o carro onde Joaquim, o motorista, esperava. Ele olhou de mim para Dulce e de volta para mim e eu soube que não importava o quanto implorasse, essa história chegaria aos ouvidos do meu pai. Joaquim me ajudou a colocar Dulce no banco de trás comigo e então voltou para a direção.

- Estou com muita raiva de você nesse momento, Dulce. – Eu falei a olhando sério. – Você tem o que nessa linda cabecinha, hein? Estou com tanta raiva que nem consigo falar direito, garota. Com muita raiva mesmo!

Ela simplesmente fechou os olhos e colocou a cabeça no meu ombro, parecia não ter escutado nada do que eu tinha dito.

- Você é inacreditável! – Falei sentindo uma mistura de raiva e carinho quando ela se aconchegou mais perto de mim.

~*~

Acho que eu tinha dormido ou estava tão mal que nem lembrava como tinha chegado em casa. Mas quando a água gelada me atingiu eu dei um pulo completamente desperta.

- Tá frio! – Reclamei tentando fugir da água, mas duas mãos me seguraram firme embaixo do chuveiro.

- Para quieta, Dulce. Você está molhando tudo!

Eu ergui minha cabeça e o vi na minha frente, tinha tirado a camisa da escola e a única peça de roupa que tinha era a calça jeans ensopada.

- Me solta! Tá frio! – Me joguei para o lado onde a água não alcançava – Eu só quero dormir... – Reclamei de novo. A camisa e a saia do uniforme grudavam no meu corpo e eu sentia mais frio ainda. Ah... eu só queria dormir embaixo de cobertas quentinhas.

- Depois você poderá dormir. Depois que não estiver tão bêbada! – Christopher berrou me puxando de volta para baixo a água. Minha cabeça ainda estava zonza, mas a minha visão não estava mais borrada e o mundo tinha parado de girar

- Eu não estou bêbada! – Gritei de volta zangada com ele. As palavras saíram sem enrolar dessa vez. Empurrei as mãos dele para longe de mim e ainda embaixo do chuveiro eu baixei minha saia e a joguei para o canto do box.

- O que está fazendo? – Ele perguntou atônito com os olhos cravados em minhas pernas. Quando comecei a desabotoar a camisa ele se virou de costas em um instante.

- Estou tomando banho, não era isso que você queria?

- Ótimo. Parece que você já consegue ficar em pé sozinha. Me chame se precisar de alguma coisa e tente não se afogar com a água do chuveiro, sua bebum.

- Idiota! – Eu joguei o sabonete nas costas dele. Deve ter doído, mas ele saiu do banheiro sem se virar para me xingar.

Assim que Christopher deixou o banheiro eu mudei a temperatura da água para quente. Tirei o resto de minhas roupas bem devagar, meu equilíbrio ainda não estava uma maravilha. Fiquei embaixo do chuveiro um longo tempo, quando finalmente saí do box o banheiro inteiro estava cheio de vapor. Vesti o roupão que estava pendurado perto da pia e então saí do banheiro.

Meu quarto estava cheirando a café. Havia uma xícara em cima do criado mudo com o vapor saindo do liquido quente, mas por mais que eu estivesse com vontade de beber aquilo eu fiquei parada, encarando Christopher que estava sentado na minha cama. Ele tinha colocado uma camiseta branca e trocado o jeans, mas ainda parecia estar com raiva de mim pelo modo como me olhava.

- Se você não se importa eu gostaria de ficar sozinha – Falei cruzando os braços. A bebedeira tinha passado e agora eu começava a sentir uma leve pontinha de vergonha, vergonha que crescia a cada minuto.

- Você só pode estar brincando – Ele se pôs de pé e se aproximou de mim – Quer que eu a deixe sozinha? Que eu simplesmente esqueça que te encontrei podre de bêbada na calçada de uma droga de cemitério?

Senti meu rosto esquentar de vergonha.

- Você não tem nada a ver com o que eu faço ou deixo de fazer.

- Eu talvez não, mas meu pai sim! Você mora na casa dele e ele com certeza ficará sabendo de um jeito ou de outro o que aconteceu. Por que fez isso? Odeia tanto estar aqui que resolveu se embebedar? Achei que você estava melhor hoje. Teve até aquele papinho de “Sr.,  obrigada por permitir que eu fique aqui e blá blá blá” . Sua tia e meu pai estão sendo legais com você, garota! E você agradece cabulando aula e saindo para beber e fumar?

- Você é um grande riquinho e careta!

- E você é uma estúpida! Se quer se embebedar faça isso direito, não deixa que os outros vejam, tá legal? Se quer aprontar faça isso de um jeito que o motorista do meu pai não fique sabendo! 

- Deveria ter me deixado lá! – Eu gritei – Não deveria ter se metido! Eu estava bem, se você não estivesse aparecido com a droga do motorista seu pai não ficaria sabendo!

- Eu apareci por que estava preocupado com você! Nunca imaginei que veria aquela cena. E deixar você lá? Você não estava bem, qualquer marginal podia ter te assaltado ou feito coisa pior e você nem iria perceber!

- Não era da sua conta...

Então ele estava na minha frente, o rosto transtornado de raiva e outras emoções que não consegui identificar.

- É claro que era da minha conta! Não era pra mim me importar? – Ele deu um murro na parede ao meu lado – Em que mundo você vive? Como pode não perceber que eu sempre vou me importar... – Ele respirou fundo e então me olhou nos olhos. – Eu não sei como foi para você depois daquele maldito dia em que terminamos, mas para mim não foi exatamente o paraíso, sabe. Você é importante para mim, conviva com isso.

- Mentiroso. Você é a droga de um mentiroso! – Eu comecei a bater nele em todos os lugares que conseguia alcançar. Por que ele tinha que dizer esse tipo de coisa? Não era verdade.

- Para, Dulce. Para garota! – Ele segurou meus pulsos e me empurrou até minhas costas estarem colocadas na parede. – Chega! – Ele gritou na minha cara.

- Você me traiu! Você na se importa comigo. Você me traiu! – Gritei de volta tentando soltar meus pulsos de suas mãos.

- Eu nem sequer lembro-me disso, porra! Eu não lembro daquela festa! Eu não fiquei com aquela garota em plena consciência do que estava fazendo! – Eu podia sentir o halito dele no meu rosto, seu corpo quase colado ao meu.

- Mentiroso! Eu odeio você! Nunca se importou, nunca sequer gostou de mim...

- Gostar de você? Eu te amava! – Ele apertou mais forte meus pulsos. E então ele deu um passo e colou seu corpo no meu. Eu ofeguei e olhei direto em seus olhos sentindo meu coração bater forte no peito. – Eu ainda... eu... eu...

E então sua boca estava sobre a minha, ele me beijou forte e desesperado e eu gemi surpresa. Ele soltou meus pulsos e suas mãos foram para minha cintura, Christopher forçou meus lábios a se abrirem e então eu estava correspondendo o beijo. Enterrei meus dedos em seus cabelos bagunçados e parei de pensar. Apenas senti. Fazia tanto tempo...
Deus, como eu senti falta dele! Seu cheiro tão perto, seu gosto, seu toque...

Tudo que lutei e sofri para enterrar dentro de mim nos últimos 5 meses voltou, tudo que sentia explodiu dentro de mim. Eu estava ali de novo, como se não tivesse passado um dia desde que estivemos juntos pela última vez. A raiva ainda estava ali, em nós dois. Mas outros sentimentos muito mais fortes se sobrepunham a ela.