Fanfic: Noites Sombrias
A noite está escura apesar de a lua cheia brilhar no céu. Do telhado da catedral vejo as pessoas caminhando de volta para as suas casas atentas a qualquer movimento suspeito. Não é de se admirar o medo que faz o coração de cada uma delas bater depressa. Pessoas estão desaparecendo, algumas são encontradas mutiladas, outras nem isso. A cidade de São Francisco costumava ser pacata, apenas mais uma, onde todos se conhecem e todo mundo sabe de tudo. Isso até um bando de lobisomens decidirem montar acampamento na floresta ao lado.
Apoio-me na parede de uma das torres e solto um suspiro. Nunca foi tão trabalhoso cumprir uma promessa. Fechei os olhos e esperei, não tinha muita opção a não ser ficar ali, ouvindo as batidas do coração de todo ser vivo a menos de cinco quilômetros, conversas, discussões, risos. Não tinha como ignorar nenhum ruído. Suspirei de novo. Como os humanos conseguiam ser tão tediantes? Um grito era o suficiente pra me fazer prestar atenção. E foi o que eu ouvi segundos depois.
Desci do telhado em um salto e corri, nenhum humano era capaz de me ver na velocidade em que eu estava. Com esse, seria o décimo lobisomem só essa semana. O cheiro deles é repugnante, principalmente para meu olfato aguçado. Cheguei ao lugar quase um minuto depois, mas já era tarde. A humana já estava sendo devorada por dois lobos. Encostei-me a uma parede e esperei. Estava cansada desse joguinho idiota! Maldito seja o líder do bando! Nós, vampiros, não conseguimos rastrear ou sentir o cheiro do líder de uma matilha, ou bando, o que preferir. A não ser que você seja da realeza.
Levantei o rosto e os observei. Um deles era mulher, centímetros mais baixa que o macho ao lado dela, longos pêlos vermelho, uma ruiva natural e de cabelos longos na forma humana e olhos dourados. O macho tem pêlos curtos e escuros, alto demais se comparado a outros da sua espécie e olhos verdes.
-Onde está o líder da matilha? – perguntei impaciente
Eles pareceram surpresos comigo. Não haviam sentido minha presença, novatos com toda certeza.
-Quem é você? – a ruiva perguntou
-Interessante... Ensinaram vocês a se comunicar enquanto estão transformados, mas não sabem como sentir a presença de um vampiro.
-Você é uma vampira? – o macho perguntou
Uma sonora gargalhada me deixou intrigada. O que ele achava tão engraçado?
-Não é educado ficar rindo quando os outros não sabem qual é a piada.
-Não vamos perder tempo com ela, precisamos voltar antes que Lian sinta nossa falta – a ruiva apressou
-Lian? Esse é nome do alfa de vocês?
-Vamos!
Eles me deram as costas e se prepararam pra correr.
-Que falta de educação! Não é legal deixar as pessoas falando sozinhas.
-Como...
Eles pareciam perturbados com a minha velocidade, tinha conseguido ficar na frente deles antes de darem o primeiro passo. Suspirei de novo e apoiei a espada no ombro.
-O que você é? – o macho perguntou
-Eu faço as perguntas aqui. Quem é Lian?
-Vamos Jesse, não podemos demorar.
-Jesse hein? Belo nome.
Antes que eles começassem a falar de novo ataquei a ruiva fazendo-a se desestabilizar para voltar à forma humana. Os lobisomens são instáveis quando estão transformados, geralmente levam anos para aprender a controlar a transformação. Quando o macho fez menção de atacar coloquei a espada no pescoço dela.
-Se eu fosse você ficaria paradinho no lugar onde está ou vou ter que arrancar a cabeça dela.
-O que você quer?
-Quem é Lian? - repeti
-Não fala...
Pressionei um pouco mais a espada e deixei escorrer uma linha fina de sangue pelo pescoço dela.
-Ora ora! Vocês não pretendem me dizer nada não é? – perguntei cansada
-Gil, ela vai te matar.
-Quem é você?
A pergunta dela saiu em um fio de voz. Suspirei, tinha esquecido de dizer meu nome.
-Desculpem minha falta de educação. Sou Ellen Casten, do castelo Norte.
Vi a expressão mudarem assim que ouviram meu nome. Interessante, onde será que eles ouviram?
-Parece que vocês já me conhecem. Posso perguntar de onde?
Um silêncio mórbido pairou enquanto eu esperava uma resposta. Eles são mais tediantes que os humanos. Empurrei a ruiva na direção do companheiro e voltei a apoiar a espada no ombro.
-Faremos um acordo então. Vocês me dizem onde e o que ouviram falar de mim, e eu os deixo saírem daqui. Então, o que acham?
O macho hesitou por um momento, mas a ruiva já sabia o que iria fazer.
-Ouvimos falar de uma vampira bastarda que se alimenta do sangue dos lycans. Pelo o que nos descreveram é uma ruiva, vestida com um manto negro e portadora de uma espada vinda do castelo Norte descendente de uma das quatro famílias da realeza, Ellen Casten. Ela desertou do clã Casten após ter assassinado o meio irmão Herón Casten, segundo escolhido para a sucessão do trono do Norte.
Não consegui me controlar e acabei rindo daquela história sem sentido. Herón era única pessoa que eu seria incapaz de machucar, embora ele sempre tivesse sido mais fraco do que eu. Mais não tinha nada relacionado à força, habilidades ou dons, era apenas porque eu não suportava ver meu irmão caçula ferido.
-Hã? Assassina do meu irmão? Então foi isso que o Anton inventou? Que falta de criatividade!
-Também ouvimos falar que é única vampira que não fica vulnerável na luz solar e não precisa de sangue humano, ninguém sabe de qual espécie sua mãe era, apenas que seu pai foi o ultimo rei do Norte, Adam Casten.
-Vocês ouviram bastante sobre mim, mas, faltou me dizer de quem vocês ouviram.
-Lian.
-O que nos faz voltar à primeira pergunta: quem é Lian?
Eles se entreolharam por um momento, o macho voltou ao normal. A história prometia ser interessante.
-Lian é um bastardo, assim como você, sabemos que tem sangue lycan, pois derrotou o antigo nosso antigo alfa mesmo com a transformação incompleta. Nosso beta atual nunca se transformou em uma luta, na verdade, ele nunca precisou. Mesmo com dois anos com Lian como alfa nunca descobrimos qual a outra linhagem do sangue dele.
Senti meu sangue começar a ferver, tanto o alfa como o beta desse clã me parecem forte o bastante para matar meu tédio por um tempo. Meus olhos começaram a mudar de cor e a expressão deles voltou a puro terror. Não é de se espantar, o vermelho dos olhos de vampiros são simples esferas preenchidas com a com do sangue, mas, não os meus. Meus olhos têm uma linha negra na vertical no centro de cada olho.
Balancei a espada, meu corpo todo vibrava de ansiedade. Uma luta digna dos poderes que herdei da minha mãe, poderia simplesmente reclamar o trono dos Casten desafiando Anton em duelo, mas não, meu irmão mais velho é apenas mais um vampiro tediante com suas malditas regras.
-Como eu havia prometido, vou deixar que vocês saiam. Sugiro que voltem a sua forma de lobo ou vou alcançá-los rápido demais.
-Você prometeu que nos deixaria sair.
-Exato, não me lembro de ter prometido que não os seguiria. Vou dar 15 segundos de vantagem.
Autor(a): mily96
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