Fanfic: AnCelo é real | Tema: AnCelo

Angela acordou no meio da noite, virou para o outro lado da cama e percebeu que estava sozinha. Pensou em chamá-lo, mas o sono estava tão grande que não teve forças. Apenas fechou os olhos e voltou a dormir.

O telefone tocou quando Angela estava no banho. Cansada da noite anterior com Marcelo, só queria tomar um banho em paz. Não atenderia a chamada, caso não fosse o toque que havia colocado para quando Marcelo ligasse.

— Oi, Marcelo.
— Tá em casa ainda?
— Ainda estou no banho.
— Chego aí em 10 minutos.
— Aconteceu algo? — mas ele já havia desligado. Então terminou o banho rapidamente, se vestiu e, enquanto penteava os cabelos, ele tocou a campainha.

Ela abriu a porta e logo percebeu que algo tinha acontecido, estava em seus olhos. Aqueles lindos olhos verdes eram transparentes como o vento. Era explícito quando ele não estava bem.

— Tá tudo bem? — ela já estava preocupada.

Ele tirou uma folha de papel do bolso de trás da bermuda e entregou a ela. Assim que viu o que era, ficou sem palavras. Nada que falasse seria o suficiente para explicar o porque que havia omitido aquilo. Sabia que ele estaria mais magoado por não ter ficado sabendo por ela.

— Marcelo...
— Quando você ia me contar? — ele a interrompeu.

Angela se sentou no sofá. Estava nervosa, sabia que tinha errado e precisava organizar as ideias em sua cabeça para que pudesse falar com ele e explicar que aquilo tudo era um mal entendido.

— Senta aqui pra gente conversar direito. — pediu, quase implorando.

Marcelo não se moveu! Manteve seus olhos nela. Estava tremendo de raiva. Sua respiração acelerada era audível.

— Quando você ia me contar, Angela? — perguntou pausadamente.

— Antes de tudo, quero que você saiba que não tem nada a ver o que essa matéria tá falando! — pegou o papel e mostrou a ele. — Eu fui a um evento, conheci algumas pessoas, tirei fotos e só!

— E esse carinha falando no seu ouvido?

— Ai Marcelo, não tem nada a ver! — ela coçou a testa, impaciente. Queria explicar melhor, mas não estava encontrando palavras. — Foi só um cara que eu conheci lá e falou alguma coisa. Era besteira, Marcelo! Nem lembro o que ele disse.

— Então você vai a um evento, conhece um cara, deixa ele ficar falando só Deus sabe o que no seu ouvido e ainda me esconde isso? — Marcelo estava com o tom de voz alterado. A raiva que sentia só em lembrar da foto que haviam enviado a ele, fazia estremecer seu corpo inteiro. — Se não fosse pela porcaria dessa matéria, eu nunca iria saber disso, Angela!

— Eu não deixei ninguém ficar falando no meu ouvido! Para de ser tonto, Marcelo! — ela deu um tapa na própria perna. — Olha o que você está me falando!

Os dois se mantiveram em silêncio. Ele não iria ceder! Não estava errado, ela quem havia escondido aquilo. Ela queria falar, explicar, conversar. Mas precisava saber quais palavras usaria naquele momento. Ele estava estressado, magoado e com certa razão. Ela deveria ter contado antes e sabia disso.

— Só pra você saber, eu ia te contar! — ela disse por fim.

— Você teve um milhão de oportunidades, guria! — ele voltou a falar alto. — Esse evento foi quinta, hoje é terça, Angela!

— Marcelo, você chegou aqui ontem a noite e já foi me agarrando! — elevou a voz ao mesmo tom que o dele. — Saiu hoje de manhã cedo pra resolver suas coisas com o Carlos e só voltou agora! Como eu ia te falar?

— A gente se falou todos os dias pelo telefone.

— E desde quando resolvemos ou contamos coisas assim pelo telefone, Marcelo? Pára um pouco, meu! Escuta o que você tá falando!

Marcelo se sentou no sofá, mas manteve distância dela. Ficou de cabeça baixa, olhando para o chão. Não queria olhar para ela!

— Parece que você está desconfiando de mim, Marcelo!

Ele não disse nada, apenas olhou para ela. Angela pôde ver que era verdade, ele estava desconfiando dela. Aquilo a magoou profundamente! Ela havia deixado o orgulho de lado para ficar com ele. Como podia desconfiar dela depois de tudo?

— Então é isso? Você está desconfiando de mim? — sua voz estava embargada. Não podia acreditar naquilo! Queria lhe dar uns tapas e fazer com que ele enchergasse que aquela era mais uma tentativa de separarem eles.

Ele continuou quieto, em silêncio! Ela levantou, foi até a cozinha, pegou um copa d`água e voltou para a sala. Ficou andando de um lado para o outro sob os olhares de Marcelo. Estava se segurando para não chorar, mas sabia que era só questão de tempo para que as lágrimas escorressem por seu rosto.

— Você como pode desconfiar de mim depois de tudo, seu idiota? — ela gritava.

— Lê essa matéria, Angela! Olha esse título. — Ele levantou e colocou o papel em frente ao rosto dela. — Quando a Roberta me mandou isso, eu...

— A Roberta te mandou isso? — ela estava ficando cada vez mais estérica — Aquela que falou mal de mim, que faz questão de deixar explícito que é contra o nosso namoro, que nossos fãs odeiam pelas coisas que ela faz... Essa Roberta te mandou essa droga e você acreditou, Marcelo?

— Você vai me deixar ou vai ficar gritando?

— Eu não vou te deixar falar coisa nenhuma, Marcelo! — e foi andando em direção a porta com passos largos. — A única coisa que vou deixar você fazer agora, é ir embora da minha casa! — abriu a porta e apontou para que ele saísse. — Vai lá pra casa da sua amiga! A essa hora ela deve tá rindo horrores sabendo que causou tudo isso. Vai contar que ela conseguiu, mais uma vez, colocar um contra o outro! — enquanto falava, as lágrimas desciam pelo seu rosto e ela não fazia questão em escondê-las. — Aproveita e conta a ela sobre o quanto a noite passado foi boa e como você conseguiu deixar que ela estragasse tudo! Agora faça o favor de ir embora da minha casa!

— Marcelo? — ela acordou e ficou aliviada ao vê-lo ali, ao lado dela. — Onde você estava?
— Lá fora, no corredor. Tive que atender uma ligação e não queria te acordar.
— A essa hora?
— Era importante!

Ela não disse nada, apenas ficou olhando-o.
— Vem pra cá, volta a dormir. — ele a puxou para perto.
— Eu estava tendo um pesadelo terrível! — disse enquanto se aninhava em seu peito.
— Que pesadelo?
— De quando você foi embora do meu antigo apartamento.
— Volta a dormir! — disse baixinho. — Nada de ruim vai acontecer. Prometo que não vou deixar!

Havia algo estranho na voz dele. Parecia estar triste. Havia algo preocupando-o? Ela queria perguntar quem tanto ligava para ele, mas não era hora. Com o barulho apenas da respiração dele, ela voltou a dormir. Mas, dessa vez, nos braços do homem que ela tanto amava!

                                 https://twitter.com/issoebroxante