Fanfic: Sonhe Um Breve Sonho Comigo - Mini Web | Tema: Ponny, Médico, Filha

Aparentemente aquilo tudo não foi o suficiente e o diário é para ser diário mesmo. Assim literalmente.

Isso cansa. Gasta neurônios. Vou precisar deles quando voltar a trabalhar. Estou aqui praticamente escrevendo um livro. Aposto que o Dr. Ramirez vai usar tudo o que estou escrevendo para escrever um livro. Quer ficar famoso com o que eu escrevo. Haha! Quem vai querer saber o que eu penso sobre eu mesmo? É meio egoísta... Ou talvez narcisista. Tanto faz.

Vamos pensar em algo interessante então para escrever.

Quem sabe a história da minha bebe? Ela, sim, vale a pena falar sobre. Não que bebês sejam extraordinários e complexos. O extraordinário em si é passar horas entretido olhando para um bebê sem se cansar. O fato é que não é chato olhar para eles. Tão gordinhos, babões, cheios de dobras.

Minha pequena Any é linda. Se parece exatamente com a mãe. Com aqueles olhos azuis enormes que me hipnotizam. Ultimamente ela é a única capaz de me acalmar, seja por um olhar, seja pelo seu choro; consegue agarrar minha alma e trazer à vida.

Como não dedicar um livro a quem faz esse tipo de coisa tendo apenas alguns meses de vida. Alguém que acabou de descobrir seus próprios dedinhos e mãozinhas, e está no caminho de descobrir os pés. Uma pessoa tão pequena que ainda terá uma vida inteira de lutas e dificuldades, e que, por mais que eu queira lhe dar tudo o que puder comprar, não será o suficiente para o que ela realmente vai necessitar.

A verdade é que temo pelo seu futuro e espero conseguir fazê-la sentir todo o amor que ainda reside em mim.

Posso ver o futuro acusando as diferenças na sua vida. Muitos duvidam se um homem é capaz de criar uma filha sozinho. Às vezes eu mesmo duvido, eu mesmo não tenho fé em mim. Não tive a habilidade para segurar sua mãe conosco, e agora você junta os pedaços em que foram quebrados meu coração.

Lembro como se fosse ontem o dia em que conheci sua mãe. Tão linda e encantadora, com um sorriso cativante que logo arrebatou meu coração.

Esse “logo”, é claro, demorou algum tempo. Não foi amor à primeira vista, nem à segunda ou terceira. Talvez algo como 2 meses, pelo menos, até que começássemos a nos falar de verdade. Porque na primeira vez que nos falamos, não foi uma conversa muito amistosa. Nós havíamos nos trombado no corredor do hospital. Fiquei furioso na hora. Eu estava trabalhando e me chamaram na emergência, portanto eu corri. Enquanto vidas me esperavam para serem salvas, eis que uma moça surge cruzando o corredor que eu percorria. Não deu tempo de falar nada. Tentei desviar, mas ela não estava olhando para a frente e acabamos nos batendo. Ela se levantou, nem olhou para trás, e correu enquanto gritava um “desculpe”.

Eu não sabia quem era, mas na minha cabeça já tinha toda a certeza de que era uma daquelas filhinhas de papai que fazem trabalhos voluntários para contar como crédito estudantil. Já logo a desprezei. Me levantei e fui para a emergência.

Esse foi o primeiro contato com sua mãe, depois conto o resto porque estou ficando com sono.

Já disse que isso mata neurônios!