Fanfic: Muito Quente para dormir(adaptada AyA) | Tema: ANAHI E ALFONSO/ AyA

CAPÍTULO XVI

Concentrar sua atenção dirigindo o trânsito da movimentada avenida
principal para o estacionamento da igreja era uma tarefa difícil. Isso
principalmente quando Alfonso queria ver Anahi chegando a pé, e o carro preto
de Manuel.
A cerimônia já devia estar quase ao meio e nada do carro preto com um
rapaz dirigindo. Quando o estacionamento ficou praticamente cheio, Alfonso
deixou o trânsito da avenida a cargo de outro oficial e preparou-se para
verificar se tudo estava bem com os carros estacionados. Nesse instante viu
uma nuvem azul. Anahi?
Sorriu. Anahi. Ela usava um vestido azul e segurava o chapéu para não
voar, devido à pressa com que caminhava. Parou ao lado de um carro branco e
começou a experimentar uma série de chaves para abrir a porta. Alfonso correu
por entre as fileiras de carros e gritou:
— Anahi!
Ela virou a cabeça, os olhos arregalados.
— O que faz você aqui?
— Trabalho voluntário para a igreja, madame — ele respondeu
calmamente. Deus, como é linda! Não, magnífica, com seus cabelos brilhantes
caindo pelos ombros… — E você, o que faz aqui fora?
— A noiva esqueceu os documentos no carro, no assento dianteiro. Pode
ver?
— Posso.
— Mas nenhuma destas chaves abre a porta.
— Este é um Toyota — disse Alfonso. — E essas chaves me parecem ser de
Ford.
— Maite me deu as chaves erradas.
Alfonso sacudiu a cabeça e tirou do bolso uma ferramenta.
— Não posso fazer isso para qualquer pessoa. Mas, considerando-se que a
conheço e que se trata de emergência, farei uma exceção.
— Obrigada! — ela exclamou quando a porta se abriu. O sorriso que
acompanhou o agradecimento consistiu para Alfonso numa recompensa mais do
que suficiente. — Bem… foi bom vê-lo de novo. — A voz de Anahi estava
ligeiramente trêmula.
Alfonso tocou a beirada do boné e seguiu-a com o olhar até ela desaparecer.
Ia voltar para seu posto, mas quando o colega se prontificou a ficar, tirou o
boné e entrou na igreja. Subiu as escadas e acomodou-se num pequeno balcão
vazio.O cortejo começou a entrar na nave da igreja, as damas de honra na
frente, a noiva seguindo-as. O organista iniciou a marcha nupcial. Alfonso
imaginou Anahi sendo a noiva, aproximando-se do altar com seus
movimentos suaves. Mas franziu a testa ao projetar a figura do desconhecido
Manuel ao lado dela. Como seria ele?
Alfonso olhava para Anahi o tempo todo durante a cerimônia. Ela estava
embevecida, prestando solene atenção às palavras do celebrante. Pensaria em
seu próprio casamento?
A cerimônia parecia ir prosseguindo muito bem, com sorrisos e
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cumprimentos, quando uma agitação no fundo da igreja chamou a atenção de
todos. Alfonso não podia ver nada do lugar onde se achava, mas seus instintos
concluíram logo o que se passava pelas expressões de pânico e horror no rosto
das pessoas. Inclinou-se no balcão e viu um homem gritando:
— Maite, você não pode se casar com ele!
— Darren! — a noiva protestou —, você não devia estar aqui.
O noivo ficou rubro de ódio. Então, como qualquer rapaz de respeito faria,
avançou para o desordeiro.
Porém, quando o agressor puxou uma faca, o noivo parou e os convidados
afastaram-se.
— Venha — o homem enlouquecido gritava para o noivo, brandindo a faca
no ar. — Eu o preveni de que, para se casar com Maite, teria antes de passar
sobre meu cadáver.
Num segundo Alfonso avaliou a situação. Não poderia simplesmente sacar
sua arma, pois não seria uma atitude digna na igreja. Mas logo encontrou uma
solução.
Bateu na cabeça do rapaz com uma cadeira de metal dobrável, que
encontrara no balcão. Quatro minutos mais tarde a faca estava jogada no
tapete e o homem deitado ao lado dela, gemendo, com um corte sangrando na
testa.
Anahi presenciou tudo. E, quando viu sangue, seus instintos de
enfermeira a fizeram aproximar-se.
— Com licença. Com licença. Sou enfermeira.
Ela pisou em cima da faca, ajoelhou-se no chão e examinou o ferimento.
Sentiu, mais do que viu, Alfonso Herrera atrás de si. O oficial tinha uma
habilidade de estar sempre… por perto. E quando foi mesmo que ela começara
a gostar daquilo?
Com economia de movimentos Alfonso pegou a faca com um lenço e enroloua.
Emanava uma autoridade calma.
— Todos se afastem — disse, fazendo um gesto com a mão.
— Refiro-me a madame também — ele sussurrou no ouvido de Anahi.
Tirou do bolso um par de algemas e ajoelhou-se no chão.
— Ele pode ter sofrido uma concussão cerebral — Anahi admitiu.
— E pode sofrer uma sentença de morte já — disse Alfonso. — Se tentar ferir
você, terei de atirar. Portanto, por favor, dê um passo atrás até que eu
coloque as algemas no homem.
Anahi pensou em discutir, mas ficou convencida pela sinceridade da
expressão de Alfonso. Ele fazia-a sentir-se… com os pés no chão. E segura. E
muito, muito, excitada. Anahi engoliu em seco e obedeceu.
— Quer segurar isso para mim, madame? — Alfonso estendeu-lhe a faca
enrolada no lenço.
Anahi surpreendeu-se com o peso da faca. Como um incrível herói cheio
de calma, Alfonso algemou os pulsos do homem e prendeu-os nas costas,
justamente quando Neil, o noivo, aproximava-se com uma chorosa Maite.
— Obrigado, oficial — disse Neil, com Maite em lágrimas pendurada em
seu braço.
Anahi deu um passo à frente e disse:
— Neil Childers e Stancey Alexander, este é o oficial Alfonso Herrera. Alfonso…
é… um amigo.
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— Está aqui com Anahi? — o noivo perguntou.
— Eu cuidava da organização do tráfego para a hora do casamento. —
Alfonso apresentou-se. — Todos conhecem este homem?
— Sim — os convidados responderam em uníssono.
— Darren Haney e eu fomos namorados há dois anos atrás — Maite
explicou.
— Ainda amo voeê, Maite — o homem algemado gemeu, os olhos quase
fechados.
— Acho que preciso cuidar de algumas formalidades a respeito do caso —
Neil disse.
— Eu cuidarei de tudo — Alfonso se prontificou. — Mais tarde você
preencherá alguns papéis, mas não permitirei que estrague sua festa. Pode se
levantar? — Alfonso perguntou a Darren.
— Não sei.
— Tente — Alfonso ajudou-o. Depois pediu a Anahi que o auxiliasse a levar
o rapaz para fora do salão da igreja.
— Nós esperaremos aqui até vocês voltarem — disse Maite, sorrindo
agora.
— Não! — Anahi protestou. — Isso pode levar um pouco de tempo. Me
encontro com você no salão de festa.
— Manuel conseguiu chegar? — Maite lhe perguntou.
— Acho que não.
— Nesse caso, leve o oficial Herrera. Guardaremos para ele uma garrafa
de champanhe como um pequeno presente de agradecimento. — Neil uniu-se
ao convite de Maite.
— Vou convidá-lo. — Anahi hesitava. — Mas acho que ele não poderá ir.
É um homem muito ocupado.
— Obrigada por nos ajudar nesta confusão — disse Maite a Alfonso, assim
que teve chance. — Aguardaremos por ambos no Clube de Campo.
Anahi e Alfonso saíram da igreja, carregando o homem algemado.