Fanfic: Uma Noiva de Sorte | Tema: Vondy

Capitulo 15 - quinta parte

— Sinto muito — Dulce murmurou. Ninel ergueu a xícara.

— Quer uma?

— Não obrigada, mas aceitaria uma bolacha salgada.

— Está enjoada?

— Um pouco. Começou alguns dias atrás. Bolachas ajudam.

— Sente-se. Vou apanhar um pacote.

Ninel abriu um armário e despejou as bolachas em um prato.

— Gostaria de comer mais alguma coisa?

— Não, obrigada.

— Você passou um mau pedaço.

Dulce sentiu os olhos marejarem. Fez um movimento afir­mativo com a cabeça.

— Casamento não é algo simples. Nós o imaginamos como um carrossel, mas ele é uma montanha-russa, na verdade.

Ninel estava amável aquela manhã. O que significaria aque­la conversa? Que ela fora aceita?

A porta se abriu naquele instante. Era Martin.

— Está tudo bem por aqui? — ele perguntou depois de olhar para Dulce e para a esposa.

— Sente-se, Martin — Ninel pediu. — Quero ter uma con­versa com vocês dois.

Dulce sentiu o enjôo aumentar.

— Pedi que Martin dormisse em outro quarto esta noite. Foi a primeira vez que dormimos separados desde que nos casamos, por um motivo que não fosse uma viagem. Martin pensou que a razão fosse você, Dulce.

Dulce olhou para o pai e engoliu em seco.

— Mas o problema estava em mim mesma — Ninel conti­nuou. — Eu sabia sobre você, Dulce.

Martin empalideceu.

— Eu o amava, Martin. Tinha filhos em quem pensar. Eles ainda eram pequenos. Treze e oito anos. Não queria que cres­cessem sem um pai. Então me calei e fiquei esperando que voltasse para mim.

— Você sabia que eu tinha uma filha e não me contou?

— Sabia que você teve um caso com outra mulher e descobri mais tarde que ela estava grávida. Não queria acreditar que você fosse o pai e procurei não pensar mais nisso. — Ninel virou-se para Dulce. — Tenho vivido na expectativa de que você resolvesse contar a verdade a Martin. Observei-a no casamento de Derrick e Maite. Você não parava de olhar para Martin, para Christian e para Jack. Soube naquela noite que você era a filha de Martin e que tinha conhecimento disso. Fiquei ansiosa, certa de que o procuraria. Você não o fez. Admirei-a por seu desprendimento e também a desprezei por me fazer sentir culpada.

— Eu obedeci a vontade de minha mãe — Dulce murmurou. — Sinto muito.

— Você foi inocente nessa história — Ninel respondeu. — E bem-vinda nesta casa. Espero que me perdoe um dia. Eu...

Martin se levantou naquele momento e tomou a esposa nos braços. Ela pôs-se a chorar.

Dulce se levantou para deixá-los a sós. Quando se aproximou da porta, Christian entrou.

— Christopher está aqui, Dulce. Ele quer falar com você.

— Tão cedo?

— Ele está com aspecto de quem não dormiu esta noite. Dulce não queria sentir pena de Christopher, nem preocupação, nem amor por ele. Mas as emoções lhe escaparam do controle.

— Há um lindo recanto no jardim, junto ao lago — Ninel informou. — Martin e eu resolvemos muitos problemas ali.

— Olá.

Foi um simples cumprimento, mas Christopher entendeu-o como uma esperança. Receará nunca mais ouvir a voz de Dulce.

— Você está horrível — ela disse.

— Deveria ter me visto antes de eu tomar banho e fazer a barba.

— Dormiu um pouco?

— A cama estava grande demais — ele murmurou e lhe estendeu um envelope.

Dulce aceitou-o sem comentários.

— Vamos dar uma volta.

Quando saíram para o jardim, Christopher tirou o casaco e colocou-o nos ombros de Dulce. Nunca a vira tão quieta.

— Por que não me contou sobre seu pai? — ela perguntou por fim.

— Não é uma boa desculpa, mas eu não sabia o que dizer. Vivi toda minha vida agarrado a sua lembrança.