Fanfic: An angel in my life | Tema: James Blunt
É de manhã.
Ambos abrem os olhos, contemplam o rosto do outro com expressões sonhadoras.
Ele estica a mão e afasta uma mecha de cabelo dela para trás da orelha.
- A cor de seus olhos é ainda mais bonita à luz do dia.
Ela sacode a cabeça, um tanto sem graça.
- Talvez seja só porque você pode vê-los melhor.
O silêncio se instala. Ele a observa deslumbrado, pensando em como alguém pode ser tão adorável. Por um instante, ele reflete que ela poderia perfeitamente ser a pessoa que inspirava todas as suas canções de amor. Era perfeitamente aceitável sofrer por alguém assim.
Ela, por sua vez, encarava seus olhos sem saber o que falar. O que poderia ser dito depois de tudo o que acontecera? Ela nem mesmo acreditava num todo que aquilo era real, que ela estava ali, com ele, com seus braços ao redor dela. Então ela lembrou-se de algo. Algo em que ela pensara um milhão de vezes repetidamente enquanto ouvia as músicas dele na solidão de seu quarto. Agora ele estava tão perto que ela não pode deixar de imaginar...
- Sinto que você quer me dizer alguma coisa. - disse ele após observar a expressão em seu rosto por algum tempo.
Ela olhou-o na defensiva, como se ele tivesse acabado de ler seus pensamentos.
- Por que você diz isso? - perguntou.
Ele deu de ombros.
- Eu vejo pelo modo como me olha.
- Estou decepcionada com o quanto você já pode me ler com tanta facilidade.
- É sério. - disse ele, com uma decidida certeza - Você pensou em algo e quer me dizer. Eu estou curioso.
Ela balançou a cabeça veementemente, o rosto vermelho e envergonhado.
- Não. É infantil. E constrangedor.
Ela desviou o rosto, mas ele delicadamente puxou-o de volta, olhando no fundo de seus olhos.
- Eu ainda quero saber. Por favor.
Ela olhou-o de volta por algum tempo, respirou fundo e rendeu-se. Não podia lutar com aquele tom de voz. Muito menos com aquele olhar.
- Está bem. - ela suspirou, derrotada. - Mas se você rir de mim eu ficarei muito chateada.
Ele sacudiu a cabeça, sorrindo.
- Eu não vou.
Ela mudou de posição, sentando - se reta.
- Eu costumava ouvir suas canções antes de dormir. - ela deu um meio sorriso - Foi assim que me tornei sua fã. Suas letras, sua voz, me tocavam profundamente, me traziam paz como se fosse uma carícia. E eu ficava imaginando, fantasiando... - ela corou em um vermelho profundo, e ele não podia imaginar nada mais lindo que aquilo. - ... que seria maravilhoso... você... do meu lado ali, cantando em meu ouvido. Só para mim.
Ele abriu um largo sorriso, que foi mal interpretado por ela.
- Tudo bem, eu disse que era constrangedor. Sabia que você ia rir de mim.
- Não. - ele contestou - Não há nada de constrangedor nisso. Muito pelo contrário. É um pensamento bem típico de uma fã. Você não sabe quantas delas me pedem em casamento todos os dias. Mas agora eu tenho uma pergunta. Você ainda acha que isso seria maravilhoso? Ou é algo que já passou?
Ela não hesitou na resposta.
- Acho que você sabe a resposta.
Ele inclinou-se para ela, aproximando-os ainda mais. Os rostos agora tocavam-se, e as respirações se misturavam, tornando-se uma só. Os lábios dele roçaram a orelha dela, fazendo-a se arrepiar. Instintivamente, ela agarrou e apertou seus ombros, numa demonstração clara de prazer.
- E na sua imaginação - ele murmurou ainda com os lábios em sua orelha - Eu cantava alguma canção em especial?
- Algumas. - ela respondeu com a voz fraca, a respiração acelerada - Mas minha favorita sempre foi Carry You Home.
Então, ele pôs-se a cantar aquela canção ao pé de seu ouvido.
Ela fechou os olhos em deleite.
A voz dele era ainda mais doce e apaixonante assim, de tão perto. Pura e simples, sem a interferência de microfones e outros recursos que se usam nos estúdios de gravação. Ela sentia como se estivesse flutuando.
Quando a canção terminou, ambos se olharam nos olhos. E então, seus lábios estavam misturados e seus corpos agarrados novamente. Quando o beijo foi quebrado, os dois respiravam com força.
Naquele momento ela estava cem por cento concentrada nele. Estava mil vezes mais ciente de cada detalhe em sua expressão, de cada traço em seu rosto, da exata forma e textura de seus lábios. Podia sentir com mil vezes mais intensidade o calor de seu corpo, e principalmente, de seus olhos.
E o coração dela se apertou.
A verdade é que ela nunca pôde acreditar na tamanha loucura que acontecera em sua vida. Às vezes ela sentia-se em um filme, ou em uma daquelas fanfictions que algumas fãs escrevem usando seus ídolos como personagens.
Ter um relacionamento romântico com seu ídolo é o sonho de toda adolescente, e em 99% das vezes isso fica apenas no sonho. Mas com ela era diferente. Primeiro, porque ela já não era mais uma adolescente, e segundo, porque não era apenas um sonho. Era real. Era intenso e palpável. Ele estava ali, ao alcance de suas mãos, corpo a corpo com ela. O sentimento era maior do o que qualquer sonho ou imaginação poderia lhe proporcionar. Fantasiar que o seu ídolo é o amor de sua vida era muito diferente de ter certeza. E ela tinha.
- O que você está pensando? - ele perguntou acariciando seu rosto.
Ela correu os dedos em seu cabelo carinhosamente.
- Eu estou com medo. - ela confessou, finalmente.
Ele franziu a testa.
- Medo?
Ela assentiu.
- Tenho medo disso. De nós. Você tomou meu coração por completo, e não sei como vou ficar quando isso acabar.
Ele balançou a cabeça com repulsa e negação, e aplicou um beijo doce e rápido em seus lábios.
- Isso nunca vai acontecer. Nunca.
A paixão com que ele disse aquilo surpreendeu a ambos. Houve três segundos de silêncio e olhares ardentes. Por fim, ele suspirou, e pegou a mão dela, entrelaçando fortemente seus dedos aos dela.
-Olha, eu não sei se você tem ideia do tamanho do impacto que causou em mim. Eu já não posso imaginar minha vida sem você. Sei que você pensa que pra mim isso é só um caso mas está enganada. Eu realmente amo você. Você é um anjo que apareceu em minha vida e eu nunca vou deixar você escapar de mim. Nunca.
Nesse momento, uma lágrima caiu de seus olhos, e ele a secou com o dedo indicador.
- Nunca mais diga essas coisas. - ele disse a ela - Nem mesmo pense nisso. Me dói ver esse olhar angustiado em seu rosto. É como se eu não pudesse respirar.
- Está tudo bem. - ela respondeu - Eu acredito em você.
Ele abriu um sorriso de tirar o fôlego e beijou-a novamente.
- Fico muito feliz por isso.
Ela sorriu e aconchegou-se mais a ele. Seu amor estava ali, firme sob seus dedos, e ela não o deixaria ir tão fácil.
Mais tarde, as canções de James Blunt passaram a ser mais felizes e otimistas. O motivo só ele sabia.
Autor(a): Karolina Wittstain
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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