Fanfic: Linha tênue entre o amor e o ódio | Tema: Brigas por nada, ofensas de graça

Capítulo anterior: "Priscila: O que houve, Celo? Por que você está com essa cara de aflição?

Marcelo: Que história é essa de unfollow que tanto chega em minhas notificações?".

Priscilla: Ah, eu dei unfollow na Angela no instagram.

Marcelo: Como assim? Eu não pedi e nem autorizei isso.

Priscilla: Marcelo, eu apenas retribuí o gesto. E outra, pra que você quer manter contato? Ela não te acrescenta em nada.

Marcelo: Desnecessário isso. Agora me causou problemas.

Priscilla: Que problemas?

Marcelo: Primeiro diante da minha torcida, se tem uma coisa que eu gosto de cumprir é com a minha palavra. Eu disse que não retribuiria unfollow por ser uma coisa pequena e não ver necessidade nisso. E o segundo eu nem quero imaginar no que vai dar...

Priscilla: Eu quero é saber por que você tanto teme no que nisso vai dar.

Marcelo: Tenho meus motivos.

Priscilla: No papel que me encontro atualmente, acho que você deveria me contar as coisas. Eu preciso saber do que se passa.

Marcelo: Não necessariamente. Mas quero dizer que não gostei nada dessa atitude. Não faz as coisas sem me consultar. Quando você falou vistoriar, não passou pela minha cabeça que faria esse tipo de coisa. É incrível que nunca tenho paz.

Priscilla: Ai Marcelo, pra mim você está fazendo tempestade em copo d’água. E outra, não quero sua imagem vinculada a dessa guria.

Marcelo: Essa guria tem nome, Angela. Nós estaremos ligados sempre, não adianta tentar desvincular. Mexer no que está quieto é pior, não percebe?

Priscila: Não, não percebo. E vocês estarão ligados sempre? É o que veremos.

Marcelo: Sim, sempre! É inevitável falar do Marcelo e não lembrar da Angela e vice-versa. Além do mais...

Priscila: Além do mais o que? Não estou acreditando...

Marcelo: Quer saber? Já que está todo mundo reunido, voltemos para sala.

Priscilla: Ih gente... Tá todo tenso, querendo reuniãozinha de família. Estou curiosa.

Era notória a tensão de Marcelo. Estava se sentindo pressionado pelos fãs, de certa forma, pela família e sua principal preocupação seria em como Angela receberia essa história do unfollow que não partiu dele. Preferiu não responder a provocação da irmã e saiu bufando.

Seu Nelson: Posso saber o que estava se passando no quarto?

Dona Leda: Vocês estavam discutindo?

Marcelo: Não precisam se preocupar, um assunto profissional acabou entrando num pessoal. Há algum tempo venho procurando a melhor hora de contar algo para vocês, mas me faltava coragem. Antes de qualquer interrupção, gostaria que me deixassem falar até o final. Talvez não tomem como surpresa, mas acredito que meu comportamento tem deixado vocês um tanto intrigados: mais quieto, mais caseiro, sem envolvimento com mulheres e dia e noite grudado num telefone. Já percebi que sou alvo de observações e a Thaís até me confidenciou esses dias. Pois bem, eu não estou solteiro como tenho declarado em entrevistas.

Thaís: Até que enfim...

Dona Leda: Eu sou a última a saber, então?

Marcelo: Não mãe, é a primeira vez que estou falando sobre isso. Na verdade a segunda, a Thaís descobriu sem querer e acabei contando. Só a família dela, e agora vocês, tem conhecimento.

Dona Leda: Sim, mas quem ela é? Desconfio que seja uma daquelas gurias que você andava postando foto.

Marcelo: Não é. Vou direto ao ponto porque vou acabar me enrolando. Eu e a Angela estamos juntos. Não era dessa maneira que eu gostaria de falar, mas diante de um ato impensado, ou não, da Priscila, eu fui obrigado a não mais postergar essa situação. E sim, é a Angela que vocês estão pensando.

Apesar de no fundo saberem que Marcelo ainda gostasse de Angela, não imaginavam que esse sentimento poderia estar sendo recíproco a ponto de estarem num relacionamento. A reação foi de surpresa, mas nem tanto feliz. Logo as expressões de decepção foram surgindo e Marcelo se sentiu completamente acuado.

Marcelo: Vai ficar todo mundo me olhando com essa cara? Será que não conseguem esquecer o que passou? Aquilo era um jogo! O pai teve a oportunidade de conhecê-la melhor no pós, a Thaís falou com ela esses dias... Me apaixonei de verdade, estou feliz com ela. Será que nem da minha própria família eu posso ter apoio?

Dona Leda: Filho, muda o disco.

Priscila: Celo, eu esperava ouvir tudo de você, menos isso.

Thaís: Você já sabe a minha opinião, e ela permanece!

Priscila: É isso que você realmente quer? Ela é um campo minado e você bem sabe disso. Ela pode acabar com você sem você nem sentir.

Marcelo: Parê de falar assim de algo que nem tem idéia de como está.

Priscila: Não tenho? Olha você já diferente conosco, mentindo para sua própria família. Você está se afastando e a culpa é dela.

Marcelo: Está falando besteira, olha o quanto tempo que eu estou em casa com vocês. Isso é afastar? E não menti, apenas omiti. Estava sem jeito de contar por justamente esperar esse tipo de reação. Estou sendo pressionado de todos os lados, só Deus sabe o que eu e ela estamos passando.

Priscila: Quer dizer que se não tivesse o unfollow hoje não ficaríamos sabendo desse tal namoro?

Marcelo: Claro que sim, não sou o tipo que esconde as coisas e vocês sabem disso! Já estava me programando para contar, mas não dessa forma. Você me colocou numa sinuca de bico hoje!

Seu Nelson: Calma, Marcelo! Não precisa alterar a voz, estamos numa conversa tranquila.

Marcelo: Calma, pai? O que estou ouvindo é descabido. Se tem uma coisa que eu sou é família, faço tudo para estar bem com vocês sempre, nunca menti, nada.

Os nervos já estavam à flor da pele na conversa. Marcelo estava nervoso não apenas com aquela situação, mas prevendo que o pior estaria por vir com Angela. Dona Leda sentiu um mal estar diante daquela situação, não estava acostumada a ver seus filhos numa discussão daquele nível. Seu Nelson foi até a cozinha buscar um copo de água afim de acalmá-la e Thaís pediu que Marcelo se recolhesse para evitar mais confronto. Foi contra a vontade, pois estava preocupado com a mãe, e ainda teve que ouvir que ele era o culpado da situação.

Chegando ao quarto o celular estava tocando, era Angela. Deixou tocar até cair na caixa postal, sabia que com o nervosismo não conseguiria falar com ela sem que houvesse uma discussão. Com o friozinho que estava em São Roque, Angela rejeitou uma saída com as amigas para ficar com Chico em casa. Já estava deitada quando tentou contato com Marcelo e não conseguiu. De tão cansada que estava acabou pegando no sono com o celular na mão. Os pensamentos de Marcelo alternavam entre preocupação com a mãe e com Angela. Sua vontade era voltar na sala e saber o estado em que sua mãe se encontrava, mas preferiu evitar qualquer possível desentendimento. Estava deitado na cama quando bateram na porta do quarto.

Seu Nelson: Marcelo?

Marcelo: Entra... Cadê a mãe? Como ela está?

Dona Leda: Calma, Celo! Estou aqui e bem, foi só um mal estar.

Marcelo levantou e foi até eles, abraçando e beijando a mãe.

Marcelo: Eu não tive culpa de nada.

Seu Nelson: Fica calmo filho, está tudo bem. Eu e a sua mãe queremos conversar com você.

Indicando com a mão que eles sentassem e com olhos marejados Marcelo começou a falar: “Eu não queria causar esse tumulto, na verdade eu não quero criar clima na nossa família. Não queria que esse assunto fosse explanado dessa forma, eu ia conversar com vocês, já estava me preparando. Sabia que seria difícil, que vocês não concordariam e estava com medo de enfrentar”.

Seu Nelson: Bom, primeiro eu vou falar e depois passo a palavra para sua mãe. Guri, você sabe que eu não me envolvo nas suas questões pessoais, só puxo a sua orelha quando realmente vejo que você não está indo pelo caminho certo. Como você falou ali na sala, eu tive a oportunidade de conhecer o doce de menina que é a Angela, ainda assustada com o turbilhão de coisas e ataques que estavam acontecendo após a saída do programa, mas mostrando uma grande preocupação comigo e com a sua mãe pelas atitudes de vocês. O muito que vi com o pouco que conheci só serviu para me mostrar que era apenas uma guria de bom coração, com algum trauma e que desenvolveu um mecanismo de defesa. Não sou contra, gosto dela e o principal de tudo é que eu te amo e estou com você em qualquer circunstância.

Houve um tempo de silêncio onde apenas os olhares se cruzavam. Dona Leda então perguntou: Terminou, Nelson?

Seu Nelson: Acho que essas palavras são suficientes.

Marcelo estava encostado na escrivaninha de braços cruzados e cabisbaixo, aquele Marcelo que fazia questão de fixar o olhar numa pessoa ao conversar havia dado lugar a um tímido, receoso e acuado.

Dona Leda: Celo, olha pra mim. Vem, senta aqui próximo. - Marcelo então atendeu ao chamado, mas com uma fisionomia bem abatida. – Dona Leda continuou: “Confesso que essa notícia me pegou de surpresa. Lembro de um dia ter visto várias ligações dela e você desconversando, mas não imaginava que poderia estar tendo algo. Você sabe que eu sou sincera e direta, não posso forçar uma reação que não é real...”