Fanfic: Linha tênue entre o amor e o ódio | Tema: Brigas por nada, ofensas de graça

Capítulo Anterior: "Banho regado a beijos e muito chamego, já seria um preparo para o que seriam os próximos minutos. Estavam saudosos um do outro e então entregaram-se à paixão e amaram-se calmamente durante aquela noite".

Nas primeiras horas do sábado Marcelo acordou assustado com um barulho na porta e acabou assustando Angela.

Angela: O que foi, Marcelo?

Marcelo: Não está ouvindo?

Angela: Ouvindo o que, meu? Você estava tendo um pesadelo?

Marcelo: Não, escuta.

Angela: Aaaah, esse barulho na porta? É o Chico querendo entrar... Quase me matou de susto!

Marcelo: Desculpa,amor! – Falou beijando-lhe a testa. – Mas que força é essa desse cachorro? Achei que estavam derrubando tudo aqui.

Angela: Ele sempre faz isso quando deixo a porta fechada. Se incomoda de ir ali abrir? Ele gosta de dormir aqui nos meus pés ou agarrado.

Marcelo: Ah não, posso até abrir, mas nada de dormir na cama.

Angela: Marrrcelo, deixa de implicância com ele e abre logo fazendo favor?

Marcelo então levantou-se e foi abrir a porta. Chico passou por ele que nem uma bala em direção à Angela, pulando e latindo querendo chamar a atenção.

Marcelo: Olha isso, Angela.

Angela: O que foi agora, Marcelo?

Marcelo: Esse Bolota nem tchum pra mim, correu logo pra você.

Angela: Normal né, Marcelo? – Falou sentando. – Pega ele pra mim?

Marcelo: Ah não, Angela.

Angela: Só um pouco, Marcelo, ele é carentinho também. Filho de peixe, peixinho é!

Pegando Chico e entregando para Angela, Marcelo falou:” Ê Bolota, nunca pensei que você seria meu concorrente”.

Angela: Tá vendo nenê, seu pai quis me conquistar e esqueceu que você me conquistaria também. – Falou acariciando Chico. – Marcelo, não precisa ficar com ciúme! Vem deitar aqui com a gente, vem. Tem Angel para Zagonel filho e Zagonel pai.

Marcelo fez charminho, mas acabou indo deitar. Ficou imóvel enquanto Angela e Chico se divertiam.

Angela: Vai ficar assim? – Colocando Chico próximo dele falou: “Pega ele nenê, o faz entrar na bagunça também. Que namorado mimado que eu tenho, meu Deus”.

Marcelo: Eu não sou mimado. E esse Bolota não tem jeito... Aiii! Para de me morder Chico, não ouve a sua mãe.

Angela aproximou-se de Marcelo e enchendo-o de beijinhos falou: “Você fica tão bonitinho com essa carinha emburrada de ciúme”.

Marcelo: Não é ciúme, é falta de respeito!

Angela: Está muito engraçadinho, muito engraçadinho.

Enquanto isso Chico rodou a cama inteira até deitar exatamente entre eles. – “Marcelo, não se mexe. Olha que bonitinho o jeito que o Chico deitou”.

Marcelo: É muito bonitinho, mas muito folgadinho... Ele está entre nós, amor! Parece até que é de propósito!

Angela: Marcelo, deixa de implicância! Ele só quer ficar junto dos pais. Há pouco você reclamou que ele correu pra mim e agora está achando ruim quando ele está junto dos dois.

 Marcelo: É implicância mesmo, você me conhece. Mas eu já amo esse Bolota, ele é insuportável que nem a mãe!

Angela: Nossa, tadinho! Às vezes me pergunto aonde vai parar seu romantismo, Marcelo.

Marcelo: Para com isso, amor!  Você sabe que vocês são o ar que eu respiro, razão da minha existência. – Deu um breve selinho e perguntou: “Gostou da minha dose de romantismo agora?”.

Angela: Pouco forçado, né? A única coisa verdadeira que gostei foi o beijinho. Marrrrrcelo, hoje é dia doze?

Marcelo: Dia doze foi o dia em que o Brasil fez gol, né?

Angela: Tá louco, Marcelo? Estou falando de hoje e não do mês passado. Agora que lembrei que tenho compromisso.

Marcelo: Você é tão lentinha assim que não consegue pegar as coisas nas entrelinhas? Compromisso?

Angela: Como assim, Marcelo? É que meus amigos marcaram um encontro em Itu e, não sabendo que você viria para cá, acabei aceitando.

A fisionomia de Marcelo mudou na hora. O sorriso largo deu lugar à expressão de desanimo e ciúmes. “Amigos, Angela?”.

Angela: Sim, uma turma que conheço há anos. Não precisa fazer essa cara, Marcelo. É uma turma mista, com vários casais e eu fiquei no quarto das solteirAs.

Marcelo: Não tenho como esconder a minha frustração, Angela. Dessa vez eu não tinha vindo para passar só uma noite, queria aproveitar essa data... Mas não tem problema, eu antecipo minha passagem. – Falou levantando da cama, indo em direção à porta e Chico pulando em seguida acompanhando-o.

Angela: Ei, espera. Aonde você vai?

Marcelo: Beber uma água, a garganta até secou.

Marcelo saiu cabisbaixo, enquanto Chico o aguardava no corredor. Angela permaneceu na cama sem saber como reagir pois tinha certeza que renderia uma DR.

Marcelo: Chico, o que você quer? Para de me seguir que eu não estou sendo a melhor companhia. Quer descer? Água? Ração? ... Ela nem lembrou que data é hoje, Chico. Já foi marcando de viajar com os amigos. Ela é solteira por acaso? Isso sim é broxante.

No momento em que Marcelo frisava a frase “Isso sim é broxante” num tom mais alto e revoltado, Angela apontou na cozinha perguntando: “O que é broxante, Marcelo?”

Marcelo: Você, Angela! Me chama pra vir até aqui e eu achando que passaríamos o final de semana perfeito, aí você mata minhas esperanças indo viajar com os "amigos".

Angela: Vamos por partes, Marcelo. Isso não é uma viagem, é apenas um encontro num local diferente que sempre fazemos, não tem nada demais. E outra, não passou pela minha cabeça que você pudesse estar aqui hoje.

Marcelo: Ah não, né? Você me chamou realmente para cuidar do Chico. Enfim Angela, eu vou antecipar minha passagem e você vai nesse encontro.

Angela: Meu, para! Não é possível que a gente não consiga ficar sem discutir um dia, Marcelo. Não te chamei aqui para cuidar do Chico, ele foi um pretexto para nos acertarmos e eu juro que não lembrava desse encontro. Mas você só entende as coisas do seu jeito, né?

Marcelo: Desculpa meu jeito, eu sei que não foi só por isso que você me chamou. Mas é que não me contento com pouco e idealizei mais tempo com você. Mas tudo bem, eu vou embora e se você quiser eu levo o Chico. – Falou deixando a cozinha e indo em direção ao quarto.

Angela estava impaciente com a situação e reação de Marcelo, a birra já tinha começado. – “Chico, seu pai me dá mais trabalho que você”. – E saiu em direção ao quarto. A água caindo indicava que Marcelo estava no banho. – “O que você está fazendo, Marcelo?”.

Marcelo: Acho que tomando banho, né?

Angela: AFF, você entendeu o que eu quis dizer.

O celular de Marcelo começou a tocar insistentemente, interrompendo-os.

Angela: Ô Marrrcelo, seu celular está tocando aqui, é seu pai.

Marcelo: Atende aí, por favor, já estou saindo.

Angela então atendeu e já pode ouvir Seu Nelson dizer: “Filhão,bom dia”.

Angela: Oi Seu Nelson, é a Angela! O Marcelo está no banho e pediu para eu atender!

Seu Nelson: Oi, Angela! Quanto tempo não nos falamos. Está tudo bem?

Angela: Agora está tudo bem sim, graças a Deus!

Seu Nelson: Que bom! Esse guri apronta, né? Apesar de ainda não ser nada formal, fico feliz por ver que meu filho e você estão bem e felizes.

Angela: Apronta só um pouquinho, mas é normal! Eu agradeço e fico bastante feliz também vendo o apoio que o senhor está nos dando.

 “Pronto!” Falou Marcelo saindo do banheiro e aproximando-se de Angela, que passou o celular para ele e sentou na cama.

Marcelo: Fala Seu Nelson, já estão falando mal de mim é? Eu não apronto não, muito pelo contrário... Mas o que o senhor manda?

Seu Nelson: Então, nós estamos indo para o sítio hoje e sua mãe e eu queremos toda a família reunida. Para você é uma ordem, mas o convite estende-se à Angela também.

Marcelo: Já estou me arrumando para voltar, podem ir adiantando e eu chego depois. A Angela infelizmente não vai poder ir por já ter compromisso, mas em breve a gente marca uma reuniãozinha com ela.

Seu Nelson: Tudo bem, então. Você foi mal educado e nem me deixou despedir dela. Diz que mandei um abraço e faça uma boa viagem!

Marcelo: Pode deixar, seu Nelson! Até mais.

Angela ficou sem entender aquela justificativa de Marcelo. Não queria perguntar, mas sua curiosidade foi maior: “Por que você respondeu aquilo ao seu pai, Marcelo?”.

Marcelo: Porque ele estava nos chamando para passar o final de semana no sítio da família

Angela: Ah, entendi. Seu pai foi tão simpático comigo na ligação, igual sua...  Você vai ficar assim com essa cara de bosta?

Marcelo: Igual quem? E a propósito, ele te mandou um abraço.

Angela: Sua... sua irmã. Mas me diz, você vai ficar com essa cara?

Marcelo: Me deixa, Angela... Aliás, quer saber? Estou mais chateado com o seu esquecimento do que com o tal encontro.

 Angela: Meu Deus, como é difícil hein? Eu esqueci o quê?

Marcelo: Nossa, guria! Que importância você dá ao nosso relacionamento? A data de hoje não te lembra nada?

Angela: Ai Marcelo, você é tão sentimental, nossa senhora! – Levantando-se da cama, indo em sua direção e segurando sua mão, continuou: “Só pra você saber que eu não esqueci, hoje faz um mês que eu entendi que era você e mais ninguém. Um mês que nós resolvemos, enfim, abrir mão do passado para trilharmos um futuro juntos, mesmo com todos os empecilhos. Tivemos uma noite maravilhosa naquele doze de junho, e como você me mesmo me falou um dia, foi o melhor dia dos namorados que passei. – Abraçando-o e beijando seu rosto questionou: “Você acha mesmo que eu esqueceria? Seu tonto! ... Não vai me abraçar?”.

Meio arredio, Marcelo a envolveu em seus braços e falou: “Confesso que achei que tivesse esquecido, planejei um dia diferente para nós hoje, mas paciência, né? Me sinto o homem mais realizado ao ouvir tudo isso. Obrigado por ter nos permitido viver essa intensidade que é o nosso relacionamento. Um mês juntos que mais parece um ano. Que esse seja o primeiro de muitos meses ao seu lado. Não preciso nem dizer o quanto eu te amo e o quanto você me faz feliz. Você é a mulher da minha vida!”. Finalizou puxando-lhe mais para perto e beijando-a calmamente, sendo correspondido por Angela e nos próximos minutos sendo interrompidos por Chico, que entrou correndo e latindo no quarto. Ambos riram e terminaram o beijo com um selinho, permanecendo abraçados.

Marcelo: Bolota, você está andando muito com a sua tia que divide apartamento com sua mãe, viu? Não estou gostando!

Angela: Para, Marcelo!

Marcelo: Sorte dele é que eu tenho que me arrumar para ir embora, senão ficaria do lado de fora do quarto de castigo. – Falou ainda abraçado à Angela e beijando-lhe a testa.

Angela: Não está mais bravo comigo?

Marcelo: Tem como ficar bravo com você?

Angela: Brigada, Deus! – Dando um selinho – Te amo, Marcelo!

Marcelo: Eu também te amo, Angel! – Afastou-se e abaixou na direção do Chico falando: “E eu amo você também Bolota, não precisa fazer essa cara de cão sem dono aí não”.

Angela: Não dou conta dessa implicância amorosa de vocês!!

Marcelo: Estou brincando, agora dá atenção a ele que é isso que ele quer.

Angela pegou Chico e deitou na cama enquanto Marcelo se arrumava. Não queria ir embora e nem tampouco que Angela fosse nesse encontro com os amigos, porém não tinha o direito de barrá-la. Queria que ela fosse junto com ele para o sítio de sua família, mas entendeu que as coisas estavam acontecendo aos poucos.

Marcelo: Estou pronto!

Angela: Lindo! Cheirinho gostoso, cuidado por onde anda todo perfumado assim, hein?

Marcelo: Ué, você nem sentiu direito. Vem aqui sentir de perto e aproveitar para me levar até a porta.

Angela: Esse é o momento mais chato!

Marcelo: Concordo.

Angela colocou Chico no chão e entrelaçou os dedos nos de Marcelo dando uma fungada em seu pescoço. “Hummm, está mais do que cheiroso! Você não vai nem tomar café da manhã?”.

Marcelo: Não, como algo no aeroporto! Esse Bolota está muito esperto, já está lá na porta”.

Angela: Parece até gente, né? Agora ele vai ficar todo amoado igual eu fico.

Marcelo: Não fala assim, fico com vontade de ficar e não posso.

Angela: Você não está chateado mesmo, Marcelo?

Marcelo: Vou ficar se você insistir nisso. Não estou amando a idéia desse encontro, mas fazer o que? Juízo hein, Angela Munhoz?

Angela: Fica tranqüilo, amor! A maioria é casal, eu não teria motivos para fazer besteira e nem é do meu feitio, assim você me ofende.

Marcelo: Parê, guria! Você sabe que eu sou ciumento e sempre farei uma ceninha, mas eu confio em você!

Angela: Acho bom, eu também confio em você!

Marcelo:Bom, agora deixa eu ir brigar por uma troca de passagem. Vamos nos falando! Só posso pedir uma coisa?

Angela: O que você quiser!

Marcelo: Não deixa de me manter informado ou atender meus telefonemas?

Angela: Pode deixar! Mas não fique bravo ou grilado se o sinal não pegar. Lembre-se que você também estará num interior e a comunicação pode não ser cem por cento.

Marcelo: Tá bom, Angela! Mas não aproveita disso para sumir!

Angela: Engraçadinho!

Marcelo: Eu te amo, Angel! Fica com Deus e bom encontro, divirta-se!

Angela: Para de ser irônico, Marcelo.

Marcelo: Ué, estou falando sério!

Angela: Tá bom, Marcelo! Obrigada, viu?

Marcelo piscou o olho para ela.

Angela: Não estou agradecendo pelo que você acabou de me falar e sim por tudo que você tem representando em minha vida. Pela mudança em mim, por me fazer feliz, pelo Chico, pelo que faz, pelo que diz... por tudo! – Falou abraçando-o já na porta do apartamento.

Marcelo: Você não cansa de me surpreender? – Perguntou beijando-lhe a bochecha – Não precisa agradecer, amor! Estarei sempre ao seu lado. Eu é quem tenho que agradecer pela paciência que você está tendo comigo. Te amo muito!

Beijaram-se ternamente e então Marcelo despediu-se dela e do Chico: “Breve estaremos os três juntos”. – Falou ao apertar o botão do elevador e a porta se fechar.