Fanfic: Linha tênue entre o amor e o ódio | Tema: Brigas por nada, ofensas de graça

Capítulo Anterior: "Marcelo: Então, minha mãe disse que faz questão de te conhecer pessoalmente e meu pai concordou dizendo que quer te reencontrar. Pensei em darmos uma passadinha lá em casa, eles estão sozinhos. Entenderei se a resposta for negativa, mas e aí, o que me diz?".

 

Angela: Ai Marcelo, não sei se vou ter coragem de encarar seus pais, por mais simpáticos que eles sejam comigo.

Marcelo: Angel, deixa de besteira!  Encaro sua família numa boa, até quem me detesta. Será rápido, te prometo. E se porventura você não se sentir a vontade, saímos no mesmo instante. Mas garanto que será bem recebida.

Após ficar um tempo cabisbaixa e em silêncio, Angela perguntou: “É importante para você, né?”.

Marcelo: Não nego que me deixaria feliz, porém respeito sua vontade. Já disse que não quero que você faça nada só para me agradar.

Angela: Tá, eu vou. Não vou ficar mais adiando, só espero que não seja uma experiência ruim.

Marcelo não escondeu a felicidade e por impulso beijou-lhe a bochecha: “Não será, amor. Te garanto!”.

Angela se assustou com a reação dele, mas retribuiu com sorriso e um selinho. Marcelo ligou avisando seus pais que estavam chegando. Por onde passava fazia comentários dos locais até que chegou em sua casa e ele abriu o portão: “Chegamos”.

Angela: Dá tempo de desistir? – Falou gargalhando de nervoso.

Marcelo: Parê, guria!

Angela: Olha minhas mãos, Marcelo! Estou tremendo e suando de nervoso.

Marcelo: Calma, nem é uma coisa tão difícil, vai!

Angela: Nesse ponto você tem razão, não serão os primeiros sogros que conhecerei.

Marcelo: Mas serão os últimos. – Falou fitando-a.

O nervosismo de Angela só aumentou com a declaração dele e continuou a rir.

Marcelo: Está achando graça do que?

Angela: Não estou rindo do que você falou, estou rindo de nervoso.

Marcelo: Parê, é um encontro normal, basta agir naturalmente. Meu pai você já conhece, já viu a minha mãe também, não tem mistério nisso.

Angela: Tá, vamos descer antes que eu desista.

Marcelo desceu do carro e ficou aguardando Angela, que retirou o agasalho, óculos e desceu logo em seguida. Ele fez questão de entrelaçar os dedos nos dela demonstrando apoio, segurança e cumplicidade.

Seu Nelson e Dona Leda se encontravam na sala conversando quando Marcelo e Angela apontaram na porta. Imediatamente levantaram-se para cumprimentá-los.

Marcelo: Aooooooo Paraná, chegamos. – Tendo a mão apertada com força por Angela, que meio que reprovou a atitude escandalosa dele.

Angela: Boa tarde, gente! – Falou tímida e visivelmente nervosa, tendo seu rosto avermelhado.

Dona Leda mais comunicativa e desprendida aproximou-se dando-lhe dois beijos e um abraço acalorado. “Enfim estou conhecendo a minha norinha como manda o figurino, né? Seja bem vinda à nossa casa e à nossa família, Angela”. Seu Nelson aproximou-se em seguida e também a cumprimentou com abraço e beijo. “Estamos muito felizes em te receber aqui, filha. Fique a vontade”. Marcelo estava mais do que feliz com aquela recepção, ver a mulher que ele ama sendo bem tratada e querida por seus pais era algo inimaginável, estava saindo melhor do que encomenda aquela ida de Angela à Curitiba.

Marcelo: Eu não ganho abraço e beijo também não?

Dona Leda: Deixa de ser ciumento, Celo. O mimo da vez vai para a Angela. – Arrancando risos dos quatro.

Seu Nelson: Vamos sentar um pouco? – Falou se encaminhando para os sofás, onde cada casal ficou em um. – Não vai ficar muda não é, Angela?

Angela: Não, senhor! Quero agradecer, de verdade, por vocês me receberem aqui. Estou um pouco nervosa e tímida, mas acho que vocês conseguem me compreender, né?

Seu Nelson: Não precisa, Angela.

Marcelo: Já falei para ela, mas ela é cabeça dura. Eu nem fiquei nervoso quando conheci a Dona Ivone, só não sei como será quando eu conhecer o sogrão.

Dona Leda: Por falar na Ivone, como ela está Angela? O meu Celo ainda é o querido Má?

Angela: Graças a Deus, bem! Ainda é sim, Dona Leda! A mami é louca por esse Má.

Marcelo: Como a senhora sabe que a Dona Ivone me chama assim?

Angela olhou para Dona Leda um pouco assustada, o combinado era manter aquela ligação de tempo atrás em segredo, mas ela mesma acabou se entregando.

Dona Leda: Acho que falei um pouquinho demais, mas deixa eu aproveitar e completar: naquela época que você estava triste, abatido pelas coisas que aconteceram e, principalmente, por ter dado um tempo com a Angela, eu acabei procurando-a.

Surpreso, Marcelo falou: “Jura? Então agora entendi porque a senhora falou daquele jeito mais cedo. Como vocês puderam me esconder isso hein, dona Leda e dona Angela?”.

Dona Leda: Conversa de sogra e nora, Celo! E não olha para ela assim que ela não tem culpa, eu pedi segredo.

Angela: Dona Leda, ele fala isso, mas vive de segredinho com a minha mãe, vive sendo acobertado por ela.

Marcelo: Não é, mãe! Ela só me ajuda quando preciso. Cecelo deve ter virado churrasquinho tostado nessa conversa de vocês, hein?

Angela: Ele fala assim para a gente contar a conversa, todo curioso.

Dona Leda: Nós o conhecemos bem, Angela.

Seu Nelson: Não está na hora, Leda?

Marcelo: De que? 

Dona Leda: Preparei uma mesa para tomarmos um delicioso café.

Marcelo: Hummm... Já até imagino as gostosuras e exageros, claro. Deve ter comida para um batalhão.

Angela: Ai gente, não precisava.

Seu Nelson: Claro que sim. Gostaria que a família inteira estivesse reunida, mas os demais tiveram compromissos.

Em pensamento, Angela comemorou pelo encontro ser apenas com os sogros, o que já estava sendo muito difícil para ela. Apesar da receptividade, ainda se sentia desconfortável. Dona Leda os convidou para sentar à mesa e de fato havia uma farta mesa de café da tarde. O clima era de harmonia, os quatro se entenderam tão bem que parecia que já se conheciam há anos. Tempo marcado por muita risada, histórias antigas e pedido de desculpas pessoalmente. Apesar de já ter feito isso, Angela fez questão de zerar a situação chata ocorrida no reality com um pedido de desculpa formal e olho no olho. O papo estava tão bom que perderam a noção da hora e quando Marcelo deu uma dispersada e olhou para o relógio percebeu que já estava num horário um pouco avançado para terminar de preparar a surpresa para Angela.

Marcelo: Olha a hora já, nem percebemos o tempo passar. Nós já temos que ir.

Dona Leda: Mas você estava falando sério quando disse que não ficariam aqui?

Marcelo: Sim! A gente passa tanto tempo longe que procuramos ficar o mais tempo possível sozinhos. – Falou deixando Angela completamente envergonha e até soltou um “Marrrcelo”.

Dona Leda: Ah, não acredito!

Seu Nelson: Sua mãe arrumou lá o quarto.

Marcelo: Ah é? Mas eu já deixei tudo pronto lá no apartamento, seria uma desfeita. De outra vez a gente fica aqui não é, Angela?

Angela: É sim.

Marcelo: Então, vamos? Só preciso ir no quarto pegar roupa.

Angela: Tudo bem. É o tempo que eu ajudo sua mãe a tirar a mesa e lavar a louça.

Dona Leda: Nada disso, Angela. Você é visita!

Angela: Não senhora, Dona Leda. Faço questão de ajudá-la.

Dona Leda: Angela, você não aprendeu a respeitar os mais velhos? Estou dando uma ordem. Vai junto com o Celo e aproveita para conhecer a casa.

Angela: Assim eu vou ficar mais envergonha e chateada sogri... Dona Leda.

Dona Leda: Eu vou me chatear desse jeito, Angela. Vai logo, anda.

Marcelo: É melhor não contrariar a Dona Leda, amor. Vamos, vem conhecer a casa e nosso quarto. – Falou já de pé e estendendo a mão para que ela levantasse e fizeram um tour pela casa até chegarem ao quarto dele.

Marcelo: Eis nossa suíte presidencial, amor.

Angela: Que broxante, Marcelo. Mas seu quarto é lindo! Olha que fofura a forma com a qual sua mãe arrumou.

Marcelo: Quer agradar a norinha. – Falou abraçando e beijando-a. – E aí, está mais calma? Viu que não tem bicho de sete cabeças e meus pais não mordem?

Angela: Estou mais calma sim, eles estão sendo muito generosos e agradáveis comigo. Seus pais são um encanto!

Marcelo: É bom ouvir isso e ver que vocês se deram bem, confesso que até eu tive receio.

Angela: Receio eu tenho de como será quando eu conhecer sua família completa.

Marcelo: Shiiu... não pensa nisso agora. – Falou ainda abraçados e beijando-lhe a testa. – Deixa eu separar uma muda de roupa aqui. Fica a vontade, se quiser esparramar aí na cama... É bom que a gente já aproveita e inicia os trabalhos, deixando uma baguncinha aqui.

Angela deu um tapinha nas costas dele e se afastou. Ficou olhando cada detalhe do quarto e principalmente os inúmeros porta-retratos espalhados na escrivaninha do computador. Ficou encantada com as fotos dele bebê, gordinho, com a Lívia e surpresa em ver uma foto dela com o Chico.

Angela: Marrrcelo, que fofura é essa aqui? Você era uma graça gordinho!

Marcelo: Parê, guria! Mas eu não era gordinho e sim reforçadinho, agora eu sou gostosinho.

Angela: Ai Marrrcelo... Estou falando sério! A sua afilhada é uma princesinha, dá vontade de apertar de tão fofa.

Marcelo: Ela é mesmo, queria muito que você a conhecesse.

Angela: E essa foto aqui? – Falou pegando o porta-retrato com a foto dela e Chico.

Marcelo: Gostou? – Falou aproximando-se dela e envolvendo-a em seus braços

Angela: Adorei!

Marcelo: A mulher da minha vida e meu Bolota. – Falou ao pé do ouvido e enchendo-lhe de beijinhos na bochecha seguido de beijão.

Angela: Adorei mesmo ver que eu e o Chico estamos de alguma forma presentes aqui. Terminou? Estou um pouco cansada e seus pais podem estranhar essa demora.

Marcelo: Já terminei sim, vamos.

Encaminharam-se para sala para despedir-se de Seu Nelson e Dona Leda e partirem para o apartamento.

Angela: Muito linda a casa de vocês, viu? De um bom gosto sem fim!

Dona Leda: Obrigada, Angela.

Marcelo: Bom, já estamos de saída. Vou decidir com a Angela, mas acho que eu vou levá-la em São Roque e volto amanhã mesmo ou na segunda de manhã. Ligo avisando.

Seu Nelson: Olha lá hein, rapaz? Muito cuidado na estrada.

Dona Leda: Celo, não me deixa preocupada.

Angela: Fiquem tranqüilos que a probabilidade maior é que eu volte de avião.

Marcelo: Não mesmo, mas a gente conversa sobre isso depois. Uma coisa ou outra eu aviso. Já despeçam da Angela que só Deus sabe quando ela volta aqui.

Angela: Seu Nelson, Dona Leda quero agradecer outra vez por terem me recebido tão bem aqui. Adorei conhecê-los, viu?

Seu Nelson: Foi uma satisfação te reencontrar, filha. Continua a mesma menina doce e educada.

Dona Leda: Foi um prazer te conhecer. Quando quiser retornar, a casa está a sua disposição. Cuida bem do meu filho, hein?

Angela: Pode deixar, Dona Leda. Obrigada mesmo pela recepção.

Após beijos e abraçados, caminharam em direção à porta, onde Marcelo gritou num tom de brincadeira: “E aí sogrinha, a norinha está aprovada?”. Dona Leda então respondeu: “Siiiim”. – Arrancando gargalhada dos quatro. Marcelo então fechou a porta e entraram no carro.

Angela: Ufa, passei no teste! Meu, eu estava muito nervosa.

Marcelo: Estava linda toda vermelhinha e envergonhada.

Angela: Pelo menos a sogrinha aprovou, né? Já estou mais tranqüila. Agora quero mesmo é saber o que você está aprontando.

Marcelo: Eu, sou um santo.

Angela: Tenha medo desses santos, você não vale nada Marcelo.

Marcelo: “Você não vale nada, mas eu gosto de você. Você não vale nada, mas eu gosto de você.Tudo que eu queria era saber por quê?”. – Cantou Marcelo.

Angela: Engraçadinho. É longe daqui?

Marcelo: Não, já chegamos.

Foram conversando sobre aquele tão esperado encontro até o apartamento. Ao chegarem, Marcelo pegou as duas mochilas e subiram. No elevador:

Marcelo: Preparada?

Angela: Já falei que tenho medo das suas surpresas, Marcelo?

Marcelo: Não deveria, sempre preparo coisas legais.

Angela: Tenho que concordar, mas me dá medo mesmo assim. O que você aprontou, hein?

Marcelo: Não vai estar cem por cento porque tive que sair para te buscar, passamos lá em casa e sei que você não terá paciência de ficar de olhos vendados.

Angela: Fico boba do quanto você me conhece, Marcelo.

Marcelo: Tenho que conhecer para não dar mancada, né?

Angela: Adianta logo qual é a surpresa!

Marcelo: Mais alguns andares e sua curiosidade terá fim.

Angela: Misterioso. Tá frio, né? Nossinhora!

Marcelo: Vem cá que eu te esquento. – Falou puxando-a para um abraço.

Angela: Ai que abraço gostoso. Você tá quentinho.

Marcelo: Eu sou quente, amor.

Angela: Ai como você é bobo, Marcelo.

Marcelo: Opa, chegamos!

Angela: Achei que não ia chegar nunca, estou cansada!

Marcelo: Mas já te aviso que não terá muito descanso. – Falou com um sorriso maroto e tirando a chave do apartamento do bolso. – Fecha os olhos, amor.

Angela: Ai Marcelo, eu vou ver de qualquer jeito. Abre logo isso.

Marcelo: Mas que guria impaciente, meu Deus do céu!

Assim que abriu a porta se depararam com flores, velas, incensos e corações que Marcelo havia espalhado pelos principais cômodos do apartamento. Apesar de sempre se denominar pouco romântica, com suas surpresas e atitudes, Marcelo estava conseguindo derreter o coraçãozinho de gelo de Angela.

Marcelo: Vem, entra. Não está do jeito que eu gostaria, mas dá pro gasto. – Falou já fechando a porta e largando as mochilas numa cadeira próxima.

Angela o abraçou e falou: Que bonitinho, amor! Você sempre pensa em tudo, né? O que eu não tenho de romântica, você tem por nós dois.

Marcelo: Tento te agradar, mas você ainda não viu nada!

Angela: Tem mais?

Marcelo: Muito mais. – Falou beijando-lhe ardentemente e sendo correspondido por Angela. O clima começou a esquentar ali na sala mesmo até que as notificações do twitter de Marcelo não pararam de tocar cortando o clima.

Angela: Nossa, tem alguém muito desesperado para falar com você, hein? Vê aí quem é!

Marcelo: Não quero saber, quero você. – Falou beijando-a novamente e sendo interrompido outra vez pelas notificações.

Angela: Sem condições, Marcelo. Vê isso ou desliga.

Tirando o celular do bolso, Marcelo falou: “ É notificação do twitter, Angela. Não deve ser nada importante”.

Angela: Como não deve ser importante se não para de notificar, Marcelo? Vê aí e me orienta onde fica o banheiro, por favor. Desde o vôo estou apertada, nossinhora.

Marcelo: Vem, é aqui na segunda porta à esquerda.

De tanto Angela insistir resolveu ver do que se tratavam as notificações e o twitter estava pegando fogo com a declaração de alguém que questionava o lance que ele havia tido com Letícia no bbb e que ela negava. Ler aquilo feriu seu ego de homem e ele acabou respondendo de maneira dúbia, deixando os fãs de todos os lados “alterados”. Angela logo saiu do banheiro e com a idéia de tomar banho.

Angela: E aí, descobriu quem está morrendo?

Marcelo: Sim! Não é nada demais.

Angela: E estava naquela agitação toda? Apesar desse frio, vou tomar um banho.

Marcelo: Opa, vou junto!

Angela: Meu, esse celular ainda notifica? Deixa eu ver o que foi?

Marcelo: Não, Angela! Deixa isso quieto, vamos curtir nossa noite.

Angela: Ai ai ai, Marrrrcelo, o que você aprontou?

Marcelo: Nada, respondi umas pessoas e falei que estava indo para o banho, só.

Angela: Deixa eu ver então.

Marcelo ficou extremamente desconfortável com o pedido de Angela, percebeu que havia falado o que não deveria e que teria que agüentar as conseqüências disso por conhecê-la muito bem.

Angela: Me dá logo, Marcelo. Que enrolação!

Marcelo: Aí.  – Falou estendendo a mão com o celular.

Angela ficou alguns minutos quieta lendo e Marcelo já esboçava uma reação de nervoso passando várias vezes a mão na barba, Angela só balançava a cabeça negativamente e ele já pode perceber sua irritação. Num tom mais elevado de voz e mãos trêmulas, ela falou: “MEU, EU NÃO ACREDITO. VOCÊ ESTÁ ME FAZENDO DE TROUXA, MARCELO?”.