Fanfic: Linha tênue entre o amor e o ódio | Tema: Brigas por nada, ofensas de graça

Capítulo Anterior: "Angela ficou alguns minutos quieta lendo e Marcelo já esboçava uma reação de nervoso passando várias vezes a mão na barba, Angela só balançava a cabeça negativamente e ele já pode perceber sua irritação. Num tom mais elevado de voz e mãos trêmulas, ela falou: “MEU, EU NÃO ACREDITO. VOCÊ ESTÁ ME FAZENDO DE TROUXA, MARCELO?”.

Marcelo: Claro que não meu amor, não viaja!

Angela: Não viaja? Eu sei muito bem o que eu li, Marcelo! E para de me chamar de amor, ainda mais fazendo essa cara de quem não sabe esconder a besteira que fez.

Marcelo: Que besteira, Angela?  Você está viajando sim!

Angela: Besteira? Queria ver se eu tivesse mandado uma mensagem duvidosa dessa envolvendo qualquer ex. Você deixou claro aí que vocês ficaram aqui fora, Marcelo. Ou será que ficam e eu estou fazendo papel de trouxa?

Marcelo: Acho que você deveria ler mais uma vez pra entender o que eu falei, foi justamente o contrário.

Angela: Não quero ler mais nada, e a propósito toma seu celular que a vontade que tenho é atirar longe, mas sei que foi presente e eu não tenho esse direito. – Falou passando-lhe o celular e Marcelo pode observar suas mãos trêmulas da raiva que estava sentindo.  – Como eu posso ser tão idiota?

Marcelo: Não fala assim Angel, me deixa explicar... Ela que tanto negou lá dentro, aqui fora quem não quis fui eu.

Angela: Será? Não é o que parece, tanto que você fica todo nervosinho quando esse assunto é questionado, você faz questão de ressaltar essa ficada como um prêmio. Procura ela então Marcelo e faz bom proveito, porque a trouxa aqui você não engana mais.

Aquelas palavras de Angela fizeram com que Marcelo ficasse sem saber como agir. Ele e Letícia não haviam tido mais nada e o que ele quis dizer realmente foi que os papéis foram invertidos e fora ele não quis nada, por mais oportunidades que tiveram. Seu impulso o levou a abraçar Angela, que tentou fugir desse abraço, deixando escapar algumas lágrimas. Marcelo então continuou: “Não é questão de ressaltar como prêmio, Angela. Mas é que eu passei por mentiroso pro Brasil inteiro. Eu não estou aqui com você? Faço de tudo pra ficarmos juntos, pra te agradar e você acha mesmo que eu iria fazer isso tudo só pra curtir? Parê, guria”.

Angela: Se for assim eu também passei por mentirosa, porque meu beijo deu amnésia, mas nem por isso fiquei remoendo essa história no pós. No momento não consigo saber o que você quer de mim, aliás, o que queria de mim. Só me pergunto o que eu estou fazendo aqui numa cidade que eu não conheço nada e nem ninguém, só quero voltar para o lugar que eu nem deveria ter saído.

Marcelo: Angela, nós dois passamos pela mesma situação. Esses questionamentos sempre farão parte, tanto pra mim quanto pra você! Pelo amor de Deus, eu te amo! Entendeu? Eu te amo e quero que você faça parte do meu futuro, caminhe junto comigo. Parê com isso, por favor, me escuta!

Angela: A impressão que eu tenho é que você dá tanto ênfase nessa história porque queria ou quer ficar com ela. Marcelo, não acho que eu mereça ser feita de idiota outra vez, não por você. Eu não sou “tapa buraco”, “supre carência” ou “chiclete” que se usa e joga fora, tenho sentimentos, Marcelo.

Marcelo: Angela desde o início era você, sempre foi. Você fez a sua escolha e eu resolvi partir pra outra. Mas quando é pra ser não adianta. Eu não estou te fazendo de idiota, embora você tenha essa personalidade, seja bocudinha, eu não me imagino com ninguém a não ser você. É contigo que eu sonho, que eu quero estar sempre perto, partilhar meus sonhos, que nos tornemos um só... O que mais eu tenho que fazer pra você acreditar em mim?

Angela: Por que você tem que ser desse jeito, Marcelo? Contestador, querer sempre ter razão das coisas. Se beijou ou não vai fazer diferença para você? Me irrita, me entristece. De verdade, achei isso uma falta de respeito.

Marcelo: Não faz nenhuma diferença, o que importa pra mim é você! Desculpa, a última coisa que eu queria era te chatear, te deixar assim...

Angela: Não é o que parece, Marcelo. Eu não quero mais ficar aqui. – Falou enxugando o rosto e caminhando em direção a porta.

Marcelo: Angela, espera. Eu sei que errei e peço milhões de desculpas por ter lhe magoado, mas não faz nada de cabeça quente. Senta um pouco aqui, vou buscar uma água. Se for preciso eu saio, mas tenta se acalmar. Eu te amo muito, acredita em mim, ninguém mais me interessa além de você!

Angela acabou acatando aquilo que Marcelo estava falando por perceber que não teria o que fazer, pois não conhecia a cidade, só tinha contato com alguns membros da família de Marcelo e São Paulo não era  bairro vizinho, sendo assim, precisaria de tempo para voltar. Encaminhou-se para o sofá e ao sentar, apoiou as mãos no rosto, cabisbaixa, enquanto algumas teimosas lágrimas insistiam em cair. Marcelo foi até cozinha buscar água e ofereceu-lhe. Ainda trêmula, aceitou e ficaram em silêncio por um bom tempo, ela sentada no sofá e ele encostado na parede de acesso à cozinha, num campo que permitia observá-la. Aproveitou o momento em que Angela levantou a cabeça para apoiar o copo que estava em suas mãos no sofá e quebrou o silêncio.

Marcelo: Psiu... está mais calma?

Angela: Estou um pouco chateada ainda, Marcelo.

Marcelo: Não fique, não fiz por mal. Sou impulsivo, Angel! Me subiu um troço quando vi aquilo, não gosto que digam que estou mentindo, assim como agora não estou gostando de te ver assim e duvidando de mim.

Angela: Às vezes acho que não sou nada especial, que é só carência sua. Olha essas brigas, cada vez mais um sai mais machucado. Parece que nunca iremos dar certo...

Marcelo: Não fale isso, Angel! Não é carência, se fosse eu não teria escolhido te procurar, estar num relacionamento sério, fazer questão de conhecer a sua família, trazer você para conhecer meus pais, te presentear com o Bolota que é como se fosse um filho nosso, te dado um anel marcando meu território, fazendo mil loucuras para estar sempre com você... Isso não se faz por carência e nem por aventura, isso se faz por amor. Nós só vamos dar certo se nos comprometermos em fazer dar certo, podendo até errar em algumas coisas, mas sempre visando ficarmos bem, Angel. Larga mão desse bode, não vamos perder tempo brigando! Olha tudo que eu faço por você, guria. Programei tanta surpresa para essa noite e uma resposta mal interpretada nos colocou nessa situação.

Angela: Tá bom Marcelo, senta aqui. – Falou olhando para ele e tendo o pedido aceito. – Eu te desculpo. Pensando bem, você sempre fez e faz de tudo por mim. Me dá o dedinho – Falou já esticando o dedo mínimo.

Marcelo: Só o dedinho? – Estendendo o dedo e abraçando-a em seguida.

Angela: Engraçadinho... Falando sério agora, eu também tenho que te pedir desculpas por duvidar dos seus sentimentos, mas é que eu não suporto ver seu nome ligado a outras pessoas, entende? Sou insegura, quando essas coisas acontecem minha cabeça não para de trabalhar, já vou imaginando mil coisas e acabo perdendo a noção do que é real. Me perdoa?

Marcelo: Parê! Não precisa se desculpar e muito menos ficar insegura, eu sou seu! Ninguém mais me interessa, só você! Foi você que meu coração escolheu para se apaixonar, cuidar, proteger, mimar e, principalmente, amar. Você é a mulher da minha vida, Angela! –Falou fitando-a e com olhos marejados.

Angela ficou derretida com a declaração de Marcelo, por mais que ela sentisse no fundo todo esse amor qa parte dele, ouvir aquilo tudo a deixou feliz e confiante. Não pensou duas vezes e o abraçou fortemente falando em seu ouvido: “Obrigada, viu? Por tudo! Eu te amo muito, Marcelo”. Marcelo apenas sorriu e beijou-lhe a testa. Não satisfeita, Angela segurou seu rosto acarinhando-lhe e iniciando um calmo beijo com um selinho.

Marcelo: É tão bom te beijar, te abraçar... Daria tudo para termos mais momentos como esse, sem as brigas, claro.

Angela: Amo estar com você, me faz um bem que você não tem idéia! São muito ruim essas nossas brigas, sabe? E pior ainda não ter você sempre comigo.

Marcelo: Queria poder me acorrentar em você e não largar nunca mais, mas o preparo de um jantar me espera. Vai se arriscar comer a comida do Cecelo ou quer partir para sobremesa logo?

Angela: E o que seria a sobremesa?

Marcelo: Sabe de nada, inocente! – Falou beijando-a ardentemente.

Angela: Nossa, Marcelo! Bem que dizem que nada melhor que fazer as pazes após uma briga. Mas vamos seguir a programação, tá? Você nunca muda nunca, né? Cheio de más intenções comigo.

Marcelo deu um breve sorriso e falou: “Ô, se é... Más? Minhas intenções são as melhores, amor!” – Voltando a beijá-la. Ficaram entre beijos e carícias até ele tomar coragem de ir preparar o jantar e Angela ficou deitada ali mesmo no sofá, estava cansada pelo dia cheio e certamente ele demoraria na cozinha e não aceitaria sua ajuda. Após determinado tempo na cozinha, Marcelo voltou para a sala e percebeu que Angela cochilava, então decidiu pôr a mesa e preparar o ambiente para que estivesse tudo organizado na hora de despertá-la. Como já tinha meio caminho andado, foi coisa rápida. Aproximou-se dela com muito jeito e sentou-se na beirada do sofá enchendo-a de beijos. “Amor, acorda! Já está tudo pronto, vamos jantar?”.

 Angela: Jantar o que?

Marcelo: Deixa de ser curiosa. Já adianto que não está apresentável, mas o tempero é o melhor: amor.

Angela: Bobo! Me ajuda a levantar?

Marcelo: Na verdade eu gostaria de te ajudar a atolar, mas vem, vamos fazer tudo bonitinho.

Angela: Ai Marcelo, deixa de graça...  Você não colocou fogo na casa? Eu apaguei.

Marcelo: Sou prendado, Angela Munhoz!

Angela: Quero ver!

Então dirigiram-se à mesa, Marcelo como um bom cavalheiro puxou a cadeira para ela sentar-se e em seguida ascendeu as velas que havia colocado como decoração. Foi até a cozinha buscar a entrada (pãezinhos com um patê que lembrava a cápsula), o prato principal (que nem ele soube denominar) e um vinho.

Angela: Marcelo, quer ajuda?

Marcelo: Não, minha vez de te surpreender com meus dotes culinários.

Angela: Que medo!

Marcelo: Não precisa. Só não vale fazer cara feia e nem rir do meu prato. Vai ter que comer quietinha como eu comi o miojo e o omelete.

Angela: O que não fazemos por amor, né? Agora abre essa panela que estou mó curiosa, cheirando está!

Marcelo: Prova esse pãozinho com o patê. Vê se te lembra algo.

Angela: Atummmmmm... Delícia, amor!

Marcelo: Confundindo pela segunda vez, mas está valendo. Me empanturrei de pão ali na cozinha que nem sei se vou conseguir jantar.

Angela: Abre logo isso, Marcelo!

Marcelo: Calma, guria. Deixa eu servir o vinho antes.

Angela: Vacilou em não ter Quinta Moraes ou XV de Novembro aqui, hein? São os melhores, vai cair no conceito da sogrinha!

Marcelo: A namorada vacila em não trazer para o namorado também, mas esse é bom. Da próxima me atento aos detalhes.

Angela: Bobo!

Abrindo a panela falou: “Pronto Angela Munhoz, eis aí nosso jantar. Não me pergunta o que é que nem eu mesmo sei, me perdi completamente na receita”.  – Gargalhou puxando uma gargalhada dela também.

Angela: Nossa, Marcelo! Eu nem vou comentar nada, só quero saber o sabor disso. Mas relaxa, viu? Se não estiver bom, me contento com a sobremesa.

Marcelo: Essa não tem erro, amor! Vamos registrar o momento?

Então fizeram selfie e depois foto do prato. De propósito, deixou parte da mão de Angela na foto em que postaria em sua rede social a fim de pôr um ponto final na conversinha de mais cedo e mostrar que estava acompanhado, mas sem que Angela percebesse, e fazendo repercutir horrores. O burburinho e palpites para saber quem era a felizarda agitou aquele sábado . O jantar foi regado à muita conversa, risadas e juras de amor. O ambiente romântico que Marcelo havia preparado fez total diferença para que o clima melhorasse entre eles, esqueceram da briga de mais cedo e se curtiram muito, até arriscaram-se numa dança bem juntinhos ao som da playlist que estava embalando a noite. O clima foi esquentando e então Marcelo a conduziu entre muitos beijos, abraços e carícias até o quarto em que havia mais uma surpresa. Ao chegarem à porta do quarto Marcelo falou ao pé do ouvido de Angela: “Preparada?”.