Fanfic: Linha tênue entre o amor e o ódio | Tema: Brigas por nada, ofensas de graça

Capítulo anterior: O clima era de puro romance, declarações e mais declarações. Estavam ali sem pressa, sem reservas, entregando-se ao máximo, vivendo num mundo particular que criaram, esquecendo de tudo e de todos. Para ele só ela importava e vice-versa. Fizeram uso de todos os presentes que tinham na caixa. Noite marcada por brincadeiras, risadas, massagem, striptease, carícias, amassos, beijos, abraços, carinho e muito, mas muito amor.

Após um breve cochilo agarrados numa conchinha, o celular de Angela tocou e em seguida notificou, despertando-os. 

Angela: Marcelo, quem será?

Marcelo puxando-a ainda mais para perto de si e beijando-lhe o pescoço, falou com os olhos ainda apertados de quem não estava a fim de despertar: “Amor, não deve ser nada! Vamos continuar nessa posição que está muito frio".

Angela: Eu sei que está frio, mas preciso ver o que é. Vai que é o Chico? – Falou levantando-se e apanhando o celular que estava na bancada próxima da cama. – É a Mô falando que terá um almoço especial na casa do meu vô amanhã e que a mami disse que se eu puder chegar a tempo...

Marcelo: Que horas tem aí? Estava tão gostoso ficar agarradinho nesse frio, volta pra cá!

Angela: 1:30h. Você nem deu importância para o que eu falei, né?

Marcelo: Parê, guria! Claro que dei, tanto que perguntei a hora. Não decidimos a sua volta, mas não sei se tem vôo de manhã, muito em cima. Seria arriscado ir para o aeroporto tentar encaixar, mas pensei em algo aqui.

Angela: Pensou em que?

Marcelo: Vem, deita aqui primeiro. – Falou fazendo sinal com a mão e batendo na cama. – Não vai adiantar ficar aí em pé.

Angela: É, com esse frio não tem condições mesmo. – Falou deitando ao lado de Marcelo, que prontamente a encaixou em seus braços enterrando o rosto no pescoço dela. “Hummm... que gostoso esse cheirinho natural”. – Falou ele.

Angela: Anda Marcelo, me conta o que você pensou.

Marcelo: Então, será que esse convite se estende a mim? Pensei em te levar em São Roque, almoçaria lá com a sua família e veria o Bolota.

Angela: Jura que tem coragem de encarar estrada só para isso?

Marcelo: Só para isso? Você acha que levar minha namorada em casa e ver o filhote é só isso? Faria muito mais por vocês se preciso fosse, meu amor. – Falou beijando-lhe a bochecha.

Angela: Você faz tudo por mim sempre, né?

Marcelo: Eu tento. E aí, topa?

Angela: Marcelo, é loucura! Seus pais expressaram preocupação numa possível viagem de carro, é melhor que eu volte de avião mesmo.

Marcelo: Não quer que eu participe desse almoço diga, melhor ser direta. – Falou soltando-lhe com cautela e virando-se para o outro lado, com ar emburrado.

Angela respirou fundo e sentou na cama fitando-lhe: “Ei, não precisa disso. Vai ficar com essa cara de bosta só porque eu pensei em sua segurança e na preocupação dos seus pais? Claro que quero você comigo lá, mas só pensei o quão desgastante seria para você ir e voltar no mesmo dia de carro.”

Marcelo: Agradeço a sua preocupação, mas não me importo com isso. Seria uma satisfação e não um desgaste. Deixa eu fazer as coisas por você, Angela. Sou acostumado a guiar na estrada.

Angela: Eu sei, mas pensei mesmo em sua segurança. Quantas horas são daqui para lá?

Marcelo: Teoricamente umas 6h de viagem, mas tiro em menos tempo.

Angela: Tem certeza que quer fazer essa loucurinha?

Marcelo: Ficaria chateado se não me deixasse te levar lá.

Angela: Ai como esse meu namorado é mimadinho, tem que ser tudo do seu jeito ou faz esse biquinho aí. – Falou com ar de riso, aproximando-se e dando-lhe um selinho. – Desmancha esse bico, vai!

Marcelo: Fiquei chateado, eu todo solicito e feliz em ter a oportunidade de fazer essa viagem e você me vetando.

Angela: Tudo você fica chateado, né? Mas me diz, como faremos?

Marcelo: Bom, tenho que descansar um pouco. A gente dorme até umas 4:30h, nos arrumamos, passamos na casa dos meus pais para trocarmos o carro e colocamos o pé na estrada. Se fizermos tudo a partir desse horário, sairemos daqui às 6h e chegaremos no horário do almoço lá.

Angela: Não ficará pesado mesmo para você? Olha lá, hein?

Marcelo: Vamos descansar? Deixa só eu colocar o despertador para tocar – Falou levantando-se, caminhando em direção à bancada e ajustando o celular, sendo observado por Angela. – Vou beber uma água, você quer?

Angela: Não, quero você! Vem deitar logo, estou morrendo de frio e com saudade já.

Marcelo: Se eu não tivesse com tanta sede me jogaria fácil nessa cama agora, hein?

Angela ficou rindo e se acomodou envolvida numa coberta e num edredom enquanto aguardava Marcelo voltar da cozinha, aquela estava sendo realmente uma noite fria em Curitiba. Na volta ele a envolveu numa conchinha e beijou-lhe o pescoço repetidas vezes e depois a puxou para um beijo calmo. Resolveram que dormiriam, pois logo mais viajariam. No horário indicado o despertador tocou e prontamente levantaram-se. Enquanto Marcelo se banhava, Angela aproveitou para dar uma geral na cozinha e depois os papéis se inverteram com Marcelo arrumando o quarto. Saíram do apartamento pouco mais das 5h. Ao chegarem em casa para a troca dos carros um fato trágico e engraçado fez com que despertassem de uma vez e caíssem na gargalhada: descendo do carro o jornaleiro acertou um jornal semanal em Marcelo, sem que ele visse. Apesar do susto, morreram de rir e ele fez questão de compartilhar em sua rede social. Fez a troca dos carros, deixou um bilhete para seus pais e seguiram viagem rumo à São Roque.

Angela: Amor, seu rosto ainda está vermelhinho. Não quer parar para comprar gelo?

Marcelo: Nossa guria, que pancada levei! Essas coisas só acontecem comigo, mas está tranqüilo. Só vou parar agora quando tiver que abastecer.

Angela: Tem certeza?

Marcelo: Absoluta. O que a minha namorada deseja ouvir?

Angela: Essa hora, Marcelo?

Marcelo: Eu sei que você fica com seu humor alterado ao ter que acordar cedo, mas preciso de música para despertar de vez. Escolhe uma pasta aí no pen drive.

Angela: Lulu Santos?

Marcelo: Você manda!

Angela: Olha que eu acredito, hein? Já parou para pensar que é a nossa primeira viagem juntos?

Marcelo: A primeira de muitas, meu amor. Não vejo a hora de assumirmos e não precisarmos esconder mais nada.

Angela: É o que eu mais quero. Estou muito feliz, viu?

Marcelo: Eu também, você não faz idéia do quanto!

Ao dar uma olhada em suas redes sociais percebeu o quanto a foto do jantar que Marcelo havia postado, sem que ela percebesse, havia repercutido.

Angela: Marrrrrrcelo, eu vou te matar.

Marcelo: O que foi, guria?

Angela: Você postou uma foto em que minhas unhas aparecem. Você é louco ou o que? Está o maior comentário, reconheceram.

Marcelo: Que susto, Angela. Não precisa ficar desse jeito, é impossível tirar conclusões com uma foto em que aparecem apenas parte das unhas. Dá margem para muitas interpretações, fica tranqüila.

Angela: Como se você não conhecesse a torcida que tem, né?

Marcelo: Deixa acharem o que quiserem, amor. É até bom que fica como dica. Sabem de nada, inocentes.

Como perdeu o sinal, esperou a próxima parada para dar “bom dia” e espantar os burburinhos de que poderia estar com Marcelo. Seguiram conversando e cantando. Como ele bem falou, fariam a viagem em menos tempo que o esperado e próximo das 10h já se encontravam perto de São Roque. Angela aproveitou a oportunidade da parada num posto para conversar um pouco com seus fãs e Marcelo comprou algo para comerem. Na medida em que Angela tentava afastar os rumores, mais se enrolava postando coisas antigas e que os fãs pegaram que tinha algo no ar. Após ver que não estava colando, falou que sairia para tomar banho e não postou mais nada. Marcelo apenas riu da situação e soltou um “eu acho é pouco” para ela. Chegaram em São Roque e foram super bem recebidos pela Dona Ivone, que avistou o genro de longe e já foi gritando: “Máááá, que bom que você veio!”. Ao se encontrem, já na sala, se cumprimentaram com beijos e conversaram sobre a viagem.

Marcelo: Bom estar de volta aqui, sogrinha. A senhora está bem? O filhote deu trabalho? A Angela já correu lá para procurá-lo.

Dona Ivone: Melhor agora com vocês aqui! O Chico é um amor, não dá trabalho algum. Só resmungou um pouco durante a noite, mas deve ter sido saudade da mãe. A Lili nem me falou que você viria.

Marcelo: O Bolota é figura, deve estar enorme. Cada vez que o vejo está diferente, ruim acompanhá-lo de longe. Quanto à Angel não falar nada, quisemos fazer surpresa.

Dona Ivone: Surpresa agradável! Deu tudo certo lá em Curitiba?

Marcelo: Sim, sua filha foi tratada com muito carinho pelos sogros, igual eu sou tratado aqui.

Dona Ivone: Que bom, Má! Ganhei um filho e creio que seus pais ganharam uma filha também.

Marcelo: Com certeza, Dona Ivone! Sou grato por esse carinho que a senhora tem por mim.

Dona Ivone: Você soube conquistar bem a sogra! Só em amar e tratar bem a minha filha e a fazer tão feliz como ela tem demonstrado... Você é um menino de ouro, Má!

Marcelo: Farei tudo que eu puder por ela sempre, a Angela é boa parte da minha felicidade.

Angela apontou no corredor com Chico nos braços e o soltou quando ele começou a latir reconhecendo Marcelo, saiu disparado em sua direção e só sossegou quando ele o pegou no colo para acarinhar e brincar.

Angela: Olha amor, ele sempre te reconhece. Você fala que não, mas olha a festa que ele faz quando te reencontra.

Marcelo: Ai dele se não fizesse né, Bolota? O pai ficaria bravo de não ser reconhecido.

Dona Ivone: Olha como ele fica todo faceiro no braço do Má.

Angela: Já estavam falando de mim aqui?

Marcelo: Claro que não, convencida.

Dona Ivone: Eu estava dizendo ao Má que ganhei um filho e que ele é um menino de ouro.

Angela: Mami, já disse para não dar corda ao Marcelo que ele ficará se sentindo.

Marcelo: Parê, guria. Não preciso me achar, porque realmente eu sou um guri de ouro.

Angela: Ai como é bobo! – Falou beijando-lhe a bochecha

Marcelo: Estou brincando. Fico até sem jeito com a Dona Ivone falando dessa forma.

Angela: Sei, Marcelo!

Dona Ivone pediu licença e se retirou para terminar de organizar as coisas do almoço, pois já queria levar tudo quase pronto. Angela aproveitou a oportunidade e pediu que Marcelo pegasse as mochilas no carro para que tomassem banho antes de seguirem para casa do seu avô. Se dirigiram ao quarto de Angela com Chico. Marcelo se esparramou logo na cama.

Marcelo: Tem certeza que temos que tomar banho agora?

Angela: Ih, porquinho! As coisas se inverteram?

Marcelo: Não, mas será que não dá tempo de um cochilo? Estou cansado!

Angela: Falei que seria puxado, mas você é um puta de um teimoso, né?

Marcelo: Ei, eu não estou reclamando. Deita aqui comigo um pouco, só uns 30min.

Angela: Faz o seguinte, fica aí descansando com o Chico que vou ver se a mami está precisando de ajuda.

Marcelo: Ah não, vamos tomar banho então. – Falou ao sentar na cama.

Angela aproximando-se dele e ficando de pé entre suas pernas falou: “Deixa de besteira, amor! Deita aí com o Chico, faz ele de almofada que ele ama dormir assim. Eu vou lá na cozinha e volto já. – Abaixou para dar-lhe um breve selinho, colocou Chico em seus braços e saiu do quarto.

Marcelo: Essa sua mãe não é fácil, Bolota. Vê se fica quieto aqui porque quero descansar um pouco, tá? – Falou deitando. Chico rodou a cama inteira, mas acabou deitando bem próximo dele, lambendo seu rosto. – Bolota, que susto. Falei pra ficar quieto, teremos o resto dia para brincar.

Angela deu sua contribuição para o almoço. Ao voltar para o quarto se deparou com a fofura do Marcelo agarrado ao Chico, num sono tão tranqüilo que ela ficou observando-os por um tempo com carinha boba e optou por tomar banho antes de acordá-lo, ele aparentava estar realmente cansado. Após arrumada, se juntou aos dois na cama e os acordou com beijinhos e afagos.

Marcelo: Tem muito tempo que está aí?

Angela: Não, acabei de deitar.

Marcelo: Estou doido ou você trocou de roupa?

Angela: Troquei sim, você estava num sono tão gostoso que eu resolvi me arrumar antes de te acordar.

Marcelo: Dormi muito?

Angela: Não, acho que mais ou menos o tempo que você queria mesmo. O pessoal já foi, vai lá se arrumar para irmos também! Terão pessoas desconhecidas, mas não se preocupa que não vai ter a formalidade de te apresentar para muita gente.

Marcelo: Tudo bem, mas não tenho problema com isso.

Angela: Eu sei! Deixa essa preguicinha de lado e vai banhar, amor. – Falou beijando-lhe a testa.

Marcelo: Por mim ficaríamos aqui com o Bolota mais um tempo.

Angela: Por mim também, mas já está todo mundo lá. Se demorarmos a chegar será aquela coisa de todo mundo ficar nos olhando e você sabe que não gosto disso.

Marcelo: Já entendi, Angela.

Marcelo foi para o banho e, depois de arrumado, os três seguiram para a garagem para conhecer o carro de Angela. Antes Marcelo aproveitou para acessar suas redes sociais e dar o “ar da graça” evitando suspeitas.

Angela: Amor, agora você vai conhecer meu carrinho. O que eu ganhei tem a mais a sua cara e o que você ganhou tem a mais a minha. Acho que nós tínhamos que escolher os carros e não ganharmos os das provas, né?

Marcelo: Você não quer nada né, Angel? Não teria graça, amor. Cada prova era propaganda de um carro.

Angela: É, eu sei! Quero só ver o que meu consultor particular tem a dizer do meu carro.

Marcelo: Primeiro comentário: eu gostaria de estrear de outro jeito, mas o Bolota ficou, né? Na volta ele vem com a Dinda, hein? Segundo: o carrinho é show, ao andarmos vejo quais melhorias precisam ser feitas, mas acredito que já tenha vindo topado.

Angela: Ai Marcelo, precisa desses comentários?

Marcelo: Mas eu não estou brincando, gosto do perigo e sei que você também. – Piscou para ela com um sorriso de canto de boca e entraram no carro. A casa do avô de Angela era próxima e durante o caminho a atenção estava voltada para Chico. Ao estacionarem o carro, foi inevitável que não roubassem a cena, pois alguns membros da família estavam curiosos para saber quem era o acompanhante de Angela.