Fanfic: Linha tênue entre o amor e o ódio | Tema: Brigas por nada, ofensas de graça

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A selfie que a Polly mandou com a Angela mexeu com Marcelo. Apesar de sua beleza estonteante, pode perceber em sua fisionomia que o olhar e o sorriso não soavam verdadeiros, demonstravam na verdade certa tristeza e ele tinha a certeza de que era o responsável por aquilo. Assim como ele, ela não estava nada bem e isso o incomodou bastante. Sua pretensão nunca foi magoá-la, ao contrário. Se deu conta do quanto foi impulsivo e grosso em suas ações e palavras e não estava sabendo como chegar nela para pedir perdão. Apesar de o medo estar falando mais alto, precisava arrumar urgentemente um meio de reverter àquela situação, tinha consciência de que estava agindo feito moleque, coisa que ele sempre repudiou. Sua vontade era pegar o primeiro vôo para SP, mas tinha o batizado da Livinha e uma bateria de exames agendados. Por um momento pensou em desistir e deixá-la em paz acreditando que seria o melhor para ela, mas logo esse pensamento caiu por terra quando lembrou o quanto ela o fazia feliz e que não desistiria tão facilmente do amor de sua vida. Seus olhos brilharam só de pensar em reencontrá-la  e ter a oportunidade de desfrutar da sua companhia outra vez! Sabia que não seriauma tarefa fácil, mas precisava fazer alguma coisa que a surpreendesse positivamente, a fizesse baixar a guarda e receber o seu perdão.

Passaram-se os dias, completando assim uma semana que eles não haviam tido mais contato. 

Na manhã da quinta-feira (26/06), às 7h da manhã, Angela foi acordada pelo som estridente da campainha. Ao checar de quem se tratava, deparou-se com um motoboy que tinha em suas mãos um lindo buquê de anêmona lilás. Havia um lindo cartão dependurado contendo a seguinte mensagem: 
"Essas flores significam persistência. É loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo!"

Angela não ficou muito contente em ser acordada às 7h da manhã para receber um buquê de flores!  Ainda por cima, sem assinatura! Como de costume, pensou em mil possibilidades de quem teria enviado. As colocou num vaso na sala, dirigiu-se até seu quarto e voltou a dormir. Estava aproveitando esse tempo de copa e trégua na agenda para regularizar seu sono.  Só não contava que às 9h seu sono seria novamente interrompido pela chegada de mais um buquê, dessa vez de acácias amarelas. Imediatamente procurou o cartão. A mensagem era:
"Essas flores significam amor secreto. Aprendi uma vez a olhar o mundo de cabeça para baixo. Já pensaste como é que pode funcionar em determinados momentos? O que é ruim fica bom, o que é infeliz fica feliz, o que é triste fica alegre e quando a gente olha para o chão, vê o céu."
 “Novamente sem assinatura? Não é possível!” – resmungou em alta voz. Arrumou outro vaso e, dessa vez, as colocou na cozinha. 

Como estava com dor de cabeça por ter seu sono interrompido, tomou um remédio e deitou-se ali mesmo no sofá com a TV ligada num volume baixo e acabou cochilando. 
Às 11h a campainha tornou a tocar, fazendo-a acordar assustada! “Meu Deus do céu, que manhã mais agitada!”. – exclamou levantando-se do sofá!  E dessa vez o buquê era de bonina branca e o cartão dizia: "Essas representam a confiança. A confiança mútua é um elo que fortalece o relacionamento. Quando o ciúme leva a briga, é o amor que recebe o primeiro golpe! ;p".
 Angela já começou a ficar um pouco incomodada por não saber quem era seu "admirador secreto" e por ser acordada tantas vezes! “Meu, que saco! Já não sei onde arranjar vaso para colocar essas flores! Não é possível, tão querendo transformar meu apartamento numa floricultura?”.

Estava tão curiosa e importunada que resolveu deixar um pouco o orgulho de lado e resolveu tentar ligar para Marcelo para saber se dessa vez era ele o remetente, mas só dava caixa postal.  Mandou whatsApp, não foi sequer visualizado. Mandou sms, não obteve resposta. Sua última tentativa foi acessar o twitter e stalkear, mas sem sucesso. Sua última interação teria sido há mais de 10hrs. “Acho que isso é um sinal de que não temos mesmo o que falar. Não sei o que me deu na cabeça para procurá-lo. Sou mesmo uma tonta! Agora ele vai achar que pedi arrego.”. 

Estava saindo do banho quando às 14:14h (sintonia)  chegou outro buquê, esse de amarilis vermelho. O cartão dizia: "Essas simbolizam o orgulho.  E o orgulho é inimigo do amor. Na verdade, quem ama perde o orgulho e dedica-se exclusivamente a amar quem o ama!". – “Olha, dessa vez, se superaram!”

Mais uma vez stalkeou Marcelo, tanto no instagram, quanto no twitter, mas não achou vestígios. 


16:10h e mais um buquê à sua porta! “Moço, o senhor não está cansado de vir tanto aqui não? Acho que é mais fácil deixar tudo de uma vez, facilita a vida de nós dois”. Disse num tom de irritação e o motoboy só conseguia rir. 
Dessa vez eram gérberas rosa claro e a mensagem do cartão dizia: "Essas flores representam a alegria. Se existe felicidade perfeita eu não sei, mas perto de você me sinto perfeitamente feliz." – 
“Isso só pode ser uma brincadeira e de muito mau gosto. Está me cheirando à troll da Monique pra apontar bem o dedo na minha cara indicando a besteira que fiz em me envolver com quem não deveria”. - pensou Angela. 

 Embora estivesse um tanto quanto aborrecida por estar recebendo presentes o dia inteiro sem saber de quem, no fundo seu coraçãozinho palpitava se não poderia ser o Marcelo o responsável, mas não queria acreditar nessa possibilidade para não se decepcionar. Diante mão, o iceberg deu início a um processo um pouco lento de degelo, no fundo estava gostando da atenção e mimos que estava recebendo durante todo aquele dia. Tinha uma certeza: o remetente sabia exatamente que aquele era um dia em que ela estaria em casa o dia inteiro, ou seja, era alguém conhecido ou próximo dos seus.  

Angela sentiu-se aliviada ao perceber que as entregas deram uma trégua! Aproveitou o tempo disponível para tentar responder entrevistas por email e algumas cartinhas recebidas dos fãs, mas flores espalhadas pela casa, juntamente com a dúvida que estava corroendo seus pensamentos, não a deixaram fazer nada. De fato, quem quer que seja que estivesse fazendo aquilo, havia mexido com seus sentimentos e tocado sua pedrinha de gelo, ops, seu coração.