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Parte III

— Fique tranqüila — ele falou. — Sua irmã está perfeitamente segura. Veja.
Seguindo a direção em que ele apontava, Dulce viu Maite confortavelmente instalada em uma cadeirinha para bebê, presa pelo cinto de segurança do banco da frente, ao lado do motorista sorridente.
— Não havia necessidade de ter tido tanto trabalho por nossa causa — ela murmurou sem jeito. — Já fez muito por nós.
— Não foi nada — Christopher declarou em tom casual.
— A cadeirinha não é nova, é? — Dulce inquiriu, alarmada.
O olhar arrogante que recebeu como resposta deixou-a boquiaberta.
— Não vou poder reembolsar a despesa! — exclamou, sentindo-se mais aflita a cada minuto.
— Não espero que me reembolse — replicou o homem para quem, era óbvio, dinheiro nunca fora problema, e podia ser jogado fora.
Então, dando de ombros, como se o assunto o estivesse entediando, virou-se para a janela.
Dulce, porém, não poderia deixar a situação como estava.
— Pedirei a minha tia que lhe devolva o dinheiro —declarou com teimosia.
— Esqueça.
— Não quero esquecer! Detesto ficar em dívida com quem quer que seja!
Ele a ignorou.

— Por favor, coloque o cinto de segurança — instruiu e, ao perceber que ela abria a boca para persistir no assunto, impediu-a de falar. — Já chega. O que está feito, está feito. A cadeira foi comprada e seria inútil discutirmos por isso.
Dulce abaixou a cabeça e tentou prender o cinto.
— Não consigo! — admitiu com um suspiro, após alguns instantes.
Era frustrante sentir-se tão inútil e as lágrimas embaçaram-lhe a visão.
Christopher ajudou-a e, então, ergueu os olhos e viu que os dela estavam cheios de lágrimas.
— Não fique chateada por eu ter essa tendência autoritária — murmurou em tom de desculpas. — Trata-se de uma... falha de caráter. Não gosto que questionem minhas decisões e, por isso, reajo mal.
— Você não deveria ter gasto dinheiro conosco, sem o meu consentimento — Dulce insistiu.
— O que está feito, está feito. Como está o seu punho? — ele perguntou, mudando de assunto deliberadamente.
— Está bem — ela mentiu.
A verdade era que uma dor latejante tomara conta de seu braço. E de sua cabeça, também. Fechou os olhos e recostou no banco, tentando relaxar, ao mesmo tempo em que admitia para si mesma que, se pudesse, dormiria por um ano inteiro.
Infelizmente, não poderia sequer pensar em dormir. Teria de encontrar um meio de cuidar de Maite, enquanto tivesse o braço engessado.