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CAPÍTULO 3

Parte I

— Pelo bem de Maite — acrescentou.
Não era fácil ceder nessa questão, mas depois de ver Lefka e Althea cuidarem de Maite durante urna hora, Dulce não teve como negar a própria incapacidade de cuidar do bebê, enquanto seu braço direito estivesse engessado.
Ficou ali parada, tensa, esperando que Christopher lhe perguntasse por que havia mudado de idéia. Para sua surpresa, ele se limitou a balançar a cabeça em muda aceitação da decisão dela.
— Vou lhe mostrar o seu quarto ele disse, pondo-se de pé.
— Não será necessário. Althea fará isso. Mas preciso apanhar algumas coisas no meu apartamento... roupas e... — começou a explicar mas calou-se, constrangida pelo olhar que ele lançou para as roupas sujas e estragadas que ela vestia.
— Se der a Althea uma lista do que precisa, pedirei que ela acompanhe o pai até o apartamento e traga o que você pediu.
— Obrigada — Dulce agradeceu e só então deu-se conta a nova informação que acabara de receber. — Pai?
— Nikos, meu motorista — Christopher esclareceu. — A família ocupa o último andar da casa, que foi transformado num apartamento completo e independente.
Enquanto falava, Christopher foi se aproximando dela e, quanto mais perto chegava, mais nervosa ela ficava. O movo disso, Dulce não saberia explicar. Então, ele segurou seu queixo e, naquele momento, ela descobriu a razão de sua agitação. A sensação provocada pelo contato de sua pele com a dele era deliciosa, o que implicava em uma atração sexual que Claire simplesmente não queria admitir.
— Pare de sentir medo de mim — Christopher ordenou, parecendo ter captado os sentimentos dela através do olhar.
— Não tenho medo de você — Dulce retrucou, afastando-se.
Com um suspiro irritado, ele lhe deu as costas.
— As chaves do seu apartamento estão comigo — anunciou e, ao ouvir o som de surpresa emitido por ela, voltou a encará-la. — Quando a ambulância chegou, pedi a Nikos que trancasse e, depois, me entregasse as chaves.

— Se tem as chaves — Dulce falou com sarcasmo, — estou surpresa que não tenha transferido o apartamento inteiro para cá, enquanto eu não podia impedi-lo!
Na verdade, referia-se ao fato de sua irmãzinha ter adquirido um guarda-roupa completo, além de todos os apetrechos imagináveis, necessários aos cuidados com um bebê.
Para sua surpresa, ele reagiu como se houvesse recebido uma bofetada.
— Eu jamais retiraria qualquer coisa da sua casa, sem o seu consentimento! — protestou, indignado. — Isso seria quase o mesmo que roubar!
— Não hesitou antes de me roubar! — Dulce acusou.
Desta vez, ele não escondeu a profunda irritação.
— Roubei as duas — admitiu, enfatizando a diferença, — para o bem de vocês, uma vez que nós dois sabemos que seria impossível você retomar a sua vida sem a minha ajuda, nas condições em que se encontra. Agora, podemos encerrar esse assunto? Não vai nos levar a nada e tenho coisas mais importantes para fazer.
Magoada pelo tom duro, Dulce virou-se e dirigiu-se para a porta, sem dizer mais nada.
— Não... — ele falou em voz muito baixa.
— Não o quê? — Dulce balbuciou, prestes a explodir em lágrimas.