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Parte IV

— Pelo amor de Deus! — Christopher exclamou de súbito. Precisa se mostrar tão abalada por me encontrar aqui? Não vim atacá-la... embora seja prudente fazer alguma coisa com relação ao robe — acrescentou, apontando para a abertura reveladora.
Aflita, Dulce abaixou os olhos e, constatando que se encontrava totalmente exposta, deixou cair a toalha pequena com a mão esquerda, uniu os dois lados do robe na frente o corpo, prendendo-os com o braço engessado.
— Não costuma bater, antes de entrar? — inquiriu, mais embaraçada do que furiosa.
— Eu bati — ele retrucou, — mas como você não respondesse, imaginei que estivesse dormindo. Então, entrei.
— E acha que agiu de maneira correta? — ela desafiou, ressentida. — Certamente, não vê mal algum em entrar no quarto de uma hóspede, enquanto ela dorme!
Christopher não se deixou abalar pelo ataque, limitando-se a empinar o queixo e estreitar os olhos, como se esperasse que Dulce lhe pedisse desculpas!
Então, emitiu um suspiro impaciente.
— Tudo isso não passa de uma grande tolice desnecessária — resmungou, antes de adiantar-se para ela com passos determinados, levando-a a recuar, apreensiva.
Em seguida, abaixou-se e apanhou as duas extremidades do cinto do robe. Era evidente que estava furioso, mas havia algo mais se passando por trás daquela expressão dura e fria, o que perturbou Dulce, embora ela não fosse capaz de identificar que outro sentimento tomara conta dele.
Quando ele deu mais um passo, quase colando o corpo ao dela, Dulce entrou em pânico, certa de que seria beijada. O que ele fez, no entanto, foi amarrar o cinto, de maneira que o robe ficasse preso com firmeza em torno do corpo dela.

Como se estivesse saindo de um passeio na montanha russa, Dulce sentiu-se trêmula e atordoada, mas a sensação de alívio foi imensa.
Então... Christopher beijou-a.
E, depois de tudo o que acabara de acontecer, ela simplesmente não tinha mais armas para lutar. A onda de alívio havia relaxado a tensão em seus músculos, e ele a apanhou desprevenida e indefesa, em um beijo arrasador.
Os lábios macios, quentes e experientes colaram nos dela. Os olhos azuis de Dulce se arregalaram, e ela se descobriu a fitar os dele, tão escuros, sentindo como se estivesse caindo em um abismo. Todo o resto de seu ser acompanhou a queda, sem que ela tivesse a menor chance de escapar.
Então, da mesma maneira abrupta com que iniciara o contato, Christopher o desfez.
— Agora, sinta medo — sugeriu em tom amargo, antes virar-se e ir para o outro canto do quarto.