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Parte II

— Não seja tola! — Christopher retrucou, irritado. — Isso não é solução para nada, e só vai lhe trazer mais problemas.
Ora, seria impossível sentir-se mais infeliz, Dulce pensou.
— Acreditei que fosse gentil! — explodiu. — Pensei que realmente se importava com o que me aconteceu, hoje. Na verdade, enquanto fingia cuidar do meu bem estar, você estava arquitetando esse plano absurdo!
— Sou gentil! — ele rosnou, parecendo um pouco constrangido, mas quando ela emitiu um som zombeteiro, seus olhos faiscaram. — Sei ser gentil — corrigiu-se. — E serei gentil — prometeu.
Dulce manteve-se impassível.
— Agradeço a oferta, mas não, obrigada — murmurou, encaminhando-se para a porta.
— Antes de sair por aquela porta, srta. Stenson, não acha que deveria considerar o que a sua decisão vai significar para sua irmã?
A voz suave e desprovida de emoção tornou os passos de Dulce hesitantes. Ela sentiu as lágrimas queimarem seus olhos. Assim como sua tia, Christopher conseguira atingi-la, em fazer um grande esforço.
— Por quê? — inquiriu, aflita. — Se precisa tanto de um herdeiro, por que não constitui sua própria família?
Nada daquilo fazia sentido, assim como a reação violenta ele à pergunta.
— Nunca voltarei a me casar — Christopher declarou com firmeza. — Ao menos, não da maneira como está sugerindo.
— Já foi casado?
— Sim. — Belinda... morreu há seis anos.
— Ah... Eu sinto muito — Dulce murmurou.
Christopher continuou frio como sempre.
— Não gosto de falar sobre isso — determinou.
Embora não tivesse coragem de insistir no assunto, Dulce ficou curiosa sobre a mulher a quem ele provavelmente amara tanto, que não queria se casar de novo. Não de verdade, ela se corrigiu.
— Hoje em dia, existem outros meios de ter filhos, sem ter de assumir o compromisso do casamento — sugeriu. —A medicina fez grandes progressos, nessa área.

—Sou grego — ele declarou, como se isso explicasse tudo. Então, voltou ao assunto: — Quero que pense com todo cuidado no que vai ganhar, se aceitar se casar comigo. Poderá criar a filha de sua mãe em meio a um Luxo com que a maioria das pessoas passa a vida sonhando.
Definitivamente, a humildade não era uma das características dele, Dulce pensou.
— Pense bem — Christopher insistiu. — Não vai mais passar necessidades, nem privar-se de qualquer coisa, a fim de garantir que sua irmã esteja bem vestida e alimentada. Não precisará mais se preocupar de onde virá o aluguel do mês seguinte. Receberá uma mesada generosa, para gastar no que quiser. E, como todas as nossas residências contam com empregados de sobra para cuidar das tarefas menos agradáveis envolvidas nos cuidados com um bebê, você terá tempo para aproveitar a vida, em vez de se sacrificar por Maite.
— Não encaro minha irmã como um sacrifício — Dulce protestou, indignada, — e sinto-me ofendida por você insinuar isso.
— Peço desculpas. Não tive a intenção de ofendê-la.
Dulce sabia que ele estava dizendo a verdade, pois a barganha era importante demais para Christopher arriscar perder suas chances por um comentário infeliz. Então, ela fez a pergunta que se formara em sua mente desde o momento em que ele lhe fizera a proposta:
— Por que é tão importante para você se casar comigo e adotar Maite? Poderia sair daqui, agora, e escolher uma dúzia de mulheres com filhos, capazes de desempenhar tal papel tão bem quanto nos.
— Acontece que quero vocês — ele falou com simplicidade.