Fanfic: •°♥Lembranças de Você♥°•{Adapatada} {DyC}

Prólogo
Novembro
Vozes no escuro... Pareciam dizer que alguém perdera a memória, que não falava mais, que podia ser temporário, que ele abrira os olhos duas vezes e dissera alguma coisa mas que estava semi-inconsciente. Os médicos disseram que era normal depois de um trauma tão grande... E se ele não se recuperasse? Seria terrível... Alguém dizia:
— Esqueça, seria muita sorte...
O primeiro pensamento real que ele teve foi: "Estou morrendo!" Seu corpo inteiro doía. Todos os ossos pareciam estar quebrados, e a dor era lancinante. Conseguiu abrir os olhos, mas o quarto não era familiar; não reconhecia nada, nem mesmo a mulher parada junto à janela, olhando para a noite lá fora. Então outro pensamento lhe ocorreu: "Estou num hospital".
A mulher virou-se e ele a reconheceu: sua esposa. Era estranho, mas não se lembrava do nome dela, nem do seu próprio.
— Christopher? — ela murmurou, aproximando-se.
Christopher Uckermann, trinta e oito anos, dono das Indústrias Uckermann, filho de um industrial, neto de outro... O avô de Christopher nunca tivera escrúpulos, mas tino para os negócios nunca lhe faltara, e ele conseguira fazer fortuna no mercado imobiliário de Seattle. Pelo menos algo de bom ele fizera, ao fundar uma entidade filantrópica e um hospital... onde seu neto se encontrava agora.
— Christopher? — a mulher chamou outra vez, mas ele não conseguia responder.
Apenas olhava para ela, admirando sua beleza e achando difícil acreditar que realmente fosse sua esposa.

— Consegue me ouvir? — perguntou, entre apreensiva e ansiosa. Seus lindos olhos castanhos estavam fixos nele, sem disfarçar o nervosismo.
Imagens confusas do médico entrando no quarto para examiná-lo voltaram a sua mente. Apesar da dor, Christopher virou lentamente a cabeça na direção da janela. De onde estava, conseguia avistar as luzes da cidade. Também podia distinguir o som de chuva, firme e persistente.
"Meu nome é Christopher Uckermann", pensou e esforçou-se para dizer a frase em voz alta, porém faltava-lhe força para articular as palavras. Teria sofrido algum tipo de traumatismo que tivesse lhe afetado a fala? Para sempre?!
Numa segunda tentativa conseguiu produzir um som que mais pa¬recia um grunhido, mas era melhor do que nada, pensou.
Sentiu sono. Mas algo lhe dizia que deveria permanecer acordado e alerta. Por quê? Ele não fazia a menor idéia...
As pálpebras pesaram e ele mergulhou novamente num estado de profundo torpor. Ao abrir os olhos pela segunda vez, foi contemplado com a visão daquela mulher tão familiar. Dulce... sim, Dulce Savinon Uckermann... sua esposa.
Já era dia, e ela se encontrava ao pé do leito hospitalar, exibindo a mesma expressão de ansiedade. Christopher pigarreou baixinho e ela pa¬receu se surpreender.

Mal podia acreditar que aquela mulher deslumbrante fosse sua esposa! Por algum motivo que ele não conseguia definir, tinha a des¬confortável sensação de que não a merecia.
— Olá... — Apesar do imenso esforço que teve de fazer para pro¬nunciar aquela única e minúscula palavra, ela soou mais como um sopro fraco.
No entanto, não de todo inaudível, pois a mulher o fitou atenta¬mente, como que entre curiosa e alarmada.
— Fico feliz por você estar se recobrando — ela falou. — Mas não se esforce sem necessidade. O médico recomendou o máximo repouso.
— O que... aconteceu? — Christopher conseguiu perguntar, num fio de voz.
Em vez de responder, Dulce caminhou até a janela, e ele a seguiu com o olhar, movendo a cabeça na mesma direção.
— Não se mexa! — ela pediu. — Eu não... não vou ficar muito tempo aqui. Só estou pensando como vou fazer... Seus pais logo es¬tarão aqui. Eles estão muito aliviados.
— Meus pais? — ele repetiu, confuso.
— Não se lembra de nada?—ela indagou, notando-lhe a expressão atordoada.
— Foi... um acidente de carro? — arriscou.
— O médico me orientou a não forçar sua memória — explicou ela. — Você deve se lembrar por si mesmo.
Mais do que saber por que fora parar numa cama de hospital, Christopher gostaria de perguntar a Dulce o que acontecera para deixá-lo com aquela estranha impressão de que precisava de seu perdão e carinho.

— O dr. Alastair está vindo para cá — ela informou, acrescentando em seguida: — Voltarei esta noite, ainda.
Ela se foi, mas seu perfume ficou, parecendo a Christopher ainda mais familiar do que ela própria.
— Olá, meu amigo!
Christopher abriu os olhos para ver o médico inclinando-se sobre ele, sorridente. Era um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos.
— Sabe quem sou eu?
— O médico.
— Isso mesmo, acertou! Meu nome é dr. Alastair.
— Há quanto tempo estou aqui?
— Quatro dias. Lembra-se de alguma coisa sobre o acidente? Tudo o que havia na mente de Christopher era um grande vazio. Queria lembrar, mas sua cabeça doía. Sentiu a mão do médico em seu ombro.
— Não se esforce demais. Vai se lembrar. Sabe seu nome?
Dulce o chamara pelo nome, mas o médico não sabia disso. Não sabia ao certo por quê, mas sentia que precisava fingir. Por isso res¬pondeu apenas:
— Não.