Fanfic: •°♥Lembranças de Você♥°•{Adapatada} {DyC}

Parte VII

— Mandei chamar um especialista que está muito interessado em seu caso — informou o médico, sempre sério, diligente. — Parece que, contra minhas ordens, pessoas de sua família estão lhe dando informações.
— Não se preocupe. Consegui me lembrar de algumas coisas so¬zinho.
— Mesmo?
— Só preciso de tempo. Mas não quero voltar à minha vida de antes desprotegido, entende?
— Não...
— Deixe que todos falem comigo, doutor. Cuide da parte física e eu cuido do resto, certo?
— Está me dizendo que sua memória voltou?
— Em parte.
— E não quer que sua família saiba disso?
— O fato é que um detetive está querendo falar comigo e acho que isso deve ser importante. E... não confio em ninguém. O acidente ainda está obscuro para mim. Pode dizer a todos que não me lembro dele e não estaria mentindo...
— Quer, então, que eu deixe o detetive interrogá-lo?
— Sim. Ah, e quero que minha esposa esteja aqui quando ele vier. Pode cuidar disso?
— Vou ligar para ela.
O médico virou-se para a porta quando esta se abriu e uma mulher entrou, sorrindo friamente enquanto se aproximava da cama. Dessa vez o reconhecimento de Christopher foi imediato. Sarah Ackerman.
— O sr. Uckermann precisa repousar — disse o médico, captando o apelo mudo no olhar de Christopher.
— Como está se sentindo, Christopher?
Contemplando o sorriso forçado, Christopher recordou-se de uma festa, na qual ela ficara literalmente entre ele e Dulce.
Não a suportava, tinha certeza, mas permitira que Dulce pensasse o contrário simplesmente porque queria provocar o ciúme da esposa.
— Estou... confuso — disse apenas.
— Bem, eu serei breve.
— Srta. Ackerman, acho que meu paciente já teve sua cota de visitas por hoje — interveio o médico, percebendo que Christopher não queria receber Sarah.

E, mesmo sob os protestos dela, a fez sair do quarto.
O telefone estava tocando quando Dulce chegou ao escritório, e ela teve de abrir a porta apressada para atender.
— Taggart Interiores — informou.
— Ah, eu já estava quase desistindo!
— Olá, Trevor.
Dulce olhou para a papelada espalhada sobre sua mesa e lembrou-se da reunião que tivera naquela manhã com a equipe que estava cuidando do projeto atual. Não perderia aquele empreendimento por nada no mundo.
— Já deixei mais de dez mensagens, sabia? — Trevor reclamou, do outro lado da linha.
— Mentiroso. — Ela podia ver as únicas duas mensagens deixadas na secretária eletrônica.—Tive uma reunião com o pessoal do projeto esta manhã e acho que vou conseguir o que queremos.
— Ótimo! Pelo menos, você está de volta ao trabalho. E como vai Christopher?
— Está melhorando, aos poucos. Ele vai sair dessa.
— Fico feliz em saber. Bem, venha para cá o quanto antes, está bem? Quero que dê uma olhada na segunda fase dos planos, que estão em meu escritório.
— Segunda fase? Então...
— Exatamente. A Uckermann Empreendimentos Imobiliários perdeu uma vez mais para nós!
Mesmo satisfeita pela parte que lhe cabia, Dulce não conseguia deixar de achar injusto o fato de terem conseguido uma vitória im¬portante justamente quando Christopher se encontrava em posição de des¬vantagem, tão vulnerável e indefeso. Ela sabia que Christopher estava in¬teressado naquele imóvel havia dois anos. E a batalha fora árdua. Agora estava perdida.
— Nem sei o que dizer — murmurou.
— Diga "parabéns", ora! Seu marido está se recuperando, vai po¬der concentrar a energia em outro empreendimento muito em breve. Não se sinta culpada por nada, meu amor!

— Eu sei, mas... ele vai levar ainda algum tempo para se recuperar e... deixe para lá. Eu irei até aí, sim. Preciso mesmo ocupar minha cabeça.
— Maravilha! Venha e esqueça Christopher por algum tempo. E estou falando a sério!
— Eu sei. Pode me esperar.
Decidida a retomar seu trabalho normalmente, Dulce deixou o escritório para ir até o local que Trevor agora alugava e de onde dava suas ordens. Ele preferia trabalhar ali, mais perto das obras e também mais perto do escritório da Uckermann, o que lhe possibilitava observar os movimentos do rival.
Trevor simplesmente detestava ficar atrás de Christopher, mesmo que fosse apenas um passo. Dulce sabia o quanto Trevor invejava as ins¬talações da Uckermann, um belo edifício antigo, com uma fachada histó¬rica deslumbrante. Se pudesse, compraria e transformaria o prédio, com seu péssimo gosto, em algo horrível.
Meia hora depois, ela chegava ao local onde estava sendo desen¬volvida a segunda fase do empreendimento. Corno deixara o guarda-chuva no escritório, estava ensopada.
— Você não aprende, mesmo, a andar com guarda-chuva, não é? — Trevor a recepcionou com a simpatia de sempre.
Dulce recebeu um olhar solidário de Tina, a secretária que pacien¬temente acompanhava Trevor por toda parte, e entrou na sala, pas¬sando a mão pelos cabelos molhados.
— Mitch vai chegar em breve — Trevor informou, referindo-se ao arquiteto. — E Christopher? Você disse que ele estava melhorando, mas imagino que continue sendo o mesmo brutamontes de sempre.
Dulce revirou os olhos. Trevor conseguia ser detestável, às vezes.
Mitch, de fato, chegou logo em seguida, com os planos em mãos. Dulce ouviu suas explicações, deu palpites, imaginou os interiores que poderia criar e depois decidiu ir até o hospital.
— Agora? — Trevor reclamou.

— Christopher é meu marido, não se esqueça — ela argumentou, antes de sair sem dar chance a Trevor de invadir sua vida particular com mais comentários desagradáveis.