Fanfic: •°♥Lembranças de Você♥°•{Adapatada} {DyC}

Parte VIII

O detetive Newcastle parecia não ter expressão alguma no rosto.
— Eu preferiria falar-lhe a sós, sr. Uckermann — disse, tranquilo.
— Mas eu prefiro que minha esposa fique aqui — Christopher rebateu, lançando um breve olhar a Dulce, que estava sentada logo ao lado.
Conformado, o detetive começou:
— Pelo que sei, o senhor não se lembra de nada. Não tem nem uma vaga idéia de ter combinado alguma coisa com o sr. Rowden?
— Não.
— Era amigo dele?
Christopher olhou para Dulce antes de responder:
— Acho que não.
Ela interferiu, ajudando-o:
— Não, não eram amigos, apenas conhecidos. O detetive voltou-se para ela.
— E a senhora é muito chegada à família Rowden?
— Sim. Quando meus pais faleceram, eles se tornaram minha fa¬mília.
— E tornou-se amiga do sr. Rowden desde então...
— Sim.
— Qual é o foco de sua investigação? — Christopher indagou, sentin¬do-se desconfortável com uma lembrança furtiva que não conseguia identificar.
De repente, uma conexão se estabeleceu: uma conversa entre ele próprio e Will. Pouco tempo atrás, em seu escritório. Will estava agitado e lhe dizia:
— E ela também está roubando, há anos! Para dar àquele seu amiguinho alcoólatra, o tal Rowden! Milhares de dólares, Christopher! Não pode agir como se não soubesse! Fale com ela! Sua esposa é uma ladra!
O detetive continuava sua linha de investigação, trazendo Christopher de volta ao presente:

— O combustível do Cessna acabou e o avião simplesmente despencou no rio.
As palavras eram duras, terríveis, mas para Christopher era como se tudo não tivesse acontecido, a não ser pelas dores que ainda sentia, porque não se lembrava de absolutamente nada.
— Imagina que o tanque tenha sido esvaziado de propósito, dete¬tive? — Dulce indagou, percebendo a intenção do policial.
— Precisamente. Estamos investigando, fazendo perguntas a pes¬soas que viram o sr. Uckermann no aeroporto naquele dia. Também esta¬mos investigando quem teve acesso ao avião. — Ele se voltou para Christopher e completou: — Imaginei que o senhor pudesse se lembrar de algo...
— Eu bem que gostaria.
— Tem inimigos, sr. Uckermann?
— Acho que obterá uma resposta mais definida se falar com minha família e meus sócios. Não me lembro de nada nesse sentido.
— Sra. Uckermann, seu marido teria inimigos?
— Bem, ele tem concorrentes nos negócios, mas não acredito que alguém chegasse ao ponto de... a não ser que... o alvo fosse Charles — ela observou. — Ele tinha problemas com bebida, relacionava-se com pessoas não exatamente idôneas... não tinha endereço fixo, es¬tava sempre envolvido com alguma coisa escusa. Não sei se estou indo longe demais, mas não deixa de ser uma possibilidade.
— Tudo é possível — concordou o detetive. — Estamos investi¬gando a vida do sr. Rowden também. A senhora teria... notado algo nos dias que precederam o acidente? Qualquer coisa...
— Bem, eu... não moro com Christopher. E... não o vejo com frequência.
— E o sr. Rowden?
Dulce corou de imediato e Christopher entrou em pânico ao perceber sua reação. Ela tinha visto Charles? Falado com ele?!

— Charles me procurou na véspera do acidente — ela revelou, tentando aclamar-se. — Ele parecia querer me dizer alguma coisa, mas achei que fosse em relação a meu casamento. Ele sabia de nossa situação. Eu lhe disse que não queria falar a respeito e ele... me abra¬çou e depois se despediu.
Christopher sentiu uma pontada de dor, que nada tinha a ver com os ossos ou músculos injuriados.
— Ele não lhe deu nenhuma indicação de que iria se encontrar com seu marido no domingo, que viajariam juntos?
— Não. Só me pareceu um pouco ansioso.
O detetive agradeceu, levantou-se, e Dulce o imitou. Mas, enquanto ele seguia para a porta, ela se voltou.
— Você vai embora? — Christopher perguntou, temendo a resposta; queria que ela ficasse.
— Preciso ir. Tenho assuntos a resolver. Mas seus pais virão ainda hoje e acho que Will também.
— Por favor, fique.
Christopher detestava implorar, mas não podia deixá-la ir. Percebia que ela travava uma batalha íntima diante de seu pedido e sabia que isso tinha a ver com sua vida pregressa.
— Você parece tão cansado! Sinto-me mal por mantê-lo acordado — disse Dulce, por fim.
— Eu não conseguiria dormir agora, mesmo que quisesse. Há mui¬tas informações em minha cabeça.
— Parece que o dr. Alastair retirou as restrições quanto a comentar coisas do passado...
— Se não consigo me lembrar, alguém tem de me ajudar, não acha? Ele deve ter entendido isso. E, se eu me lembrar, de nada vai adiantar porque o resultado ainda será o mesmo. Você... pensou no que eu lhe disse ontem? Sobre voltar para casa?
— Não.
— Não? Não pensou?
— Pensei, mas não vai ser possível voltar.