Fanfic: •°♥Lembranças de Você♥°•{Adapatada} {DyC}

Parte II

E o som da voz dele fizera seu coração acelerar! Como não se lembrar da primeira vez em que o vira e o achara tão forte, tão bonito, tão decidido? Ele se aproximara, falara com ela, perguntara se ela trabalhava para Trevor como designer de interiores e ela confirmara. Trevor era um arquiteto conhecido por seu mau gosto nos desenhos que fazia para os prédios da cidade. Christopher era seu mais forte concor¬rente, e todos reconheciam seu bom gosto.
Fora assim que Christopher entrara em sua vida. Tão logo o relaciona¬mento deles se tornou mais firme, Charles reaparecera e lhe implorara que não se casasse com Christopher antes mesmo que ele, Charles, a pedisse em casamento.
Charles confessara seu amor, mas Dulce não o levara a sério, por¬que estava envolvida com Christopher e também porque sabia que Charles continuava tendo problemas com o alcoolismo. Além do mais, ela o via como um irmão, nada mais.
A paixão que sentia por Christopher era tão forte que levou algum tempo até dar-se conta do erro que estava cometendo; não reconhecera, na época, que Christopher era mais perigoso do que uma serpente e que seu coração era mesquinho ao extremo. Infelizmente, aprendera a conhe¬cê-lo da pior forma possível.

Ao ver o caixão ser baixado para a sepultura, Dulce sentiu uma dolorosa pontada no peito. Lembrou-se do encontro que tivera com ele no sábado anterior ao acidente. Ele fora a seu apartamento, e sua aparência estava horrível. Chorara muito, gritara, dissera coisas terríveis.
Minha vida acabou!, ele se lamentara, e a lembrança da cena fez Dulce estremecer. Ela tinha lhe oferecido comida e café, mas ele re¬cusara. Estava atormentado e só conseguia repetir que não se confor¬mava, que não aceitava, numa interminável lamentação. Beijara-a antes de ir embora e lhe sussurrara ao ouvido que ela era a mulher de sua vida.
Pensar nisso agora era doloroso. Charles lutara contra o vício, mas perdera sempre. No entanto, não merecia morrer.
— Quer ir até nossa casa? — Marly perguntou quanto o funeral acabou e as pessoas começaram a ir embora.
Robert permanecia calado, o olhar vitrificado fixo no túmulo recém-selado.
— Não, hoje não. Outra hora, talvez — Dulce prometeu à mulher que, um dia, sonhara ser sua sogra.
Era incrível o contraste entre os pais de Charles e os de Christopher, refletiu Dulce com um arrepio. Nola e John Uckermann eram frios e egocêntricos, totalmente diferentes de Robert e Marly, tão doces, calorosos...
O fato de Christopher e Charles estarem juntos no avião permanecia um mistério para todos. Os dois não eram amigos; mal se conheciam, na verdade.
Tudo que se sabia até então era que o avião seguia para Portland quando caíra no rio e depois afundara. O resgate fora praticamente imediato, caso contrário Christopher não teria sobrevivido e o corpo de Charles não teria sido encontrado.
As causas do acidente ainda estavam sendo investigadas, mas não havia dúvida de que era Christopher quem pilotava a aeronave. Restava descobrir se houvera falha mecânica ou humana.

Depois de se despedir de Robert e Marly e abraçá-los com força, Dulce voltou ao táxi que aguardava na entrada do cemitério. Pediu ao motorista que a levasse ao Hospital Uckermann, depois recostou a cabeça no banco, adormecendo quase imediatamente.
Era o dinheiro que fazia o mundo girar, não o amor, refletiu Dulce ao entrar no luxuoso saguão do Hospital Uckermann. Ele era destinado àqueles que tinham as contas bancárias mais polpudas. E o avô de Christopher fora um daqueles milionários que gostavam de aparecer tanto fazendo caridade quanto exibindo sua fortuna.
Dulce preferiu subir os seis andares a pé, pois isso lhe daria tempo de preparar-se para encarar novamente o homem com quem se casara oito anos antes. Por uma fração de segundo ela se lembrou de como tinha sido bom no começo. Pena que seu casamento tivesse se dete¬riorado daquela forma...
Das janelas enormes do corredor, ela podia ver o céu cinzento. Cinzento como sua vida fora desde a noite em que tivera aquela ter¬rível discussão com Christopher e saíra de casa.
Ao virar no corredor onde ficava o quarto dele, Dulce vacilou, avistando Nola e John Uckermann do lado de fora do quarto. Os dois a viram de imediato e não disfarçaram a contrariedade. Nunca aprovaram o casamento do filho.